Trump assume de vez o seu racismo
OLHAR COMUNISTA – 15/01/2018
Dessa vez não tem como negar ou desmentir. Donald Trump, ao declarar publicamente considerar que países como Haiti, El Salvador e outros da América Central e da África são “países de merda” e que os Estados Unidos deveriam receber apenas imigrantes noruegueses ou de outras nações desenvolvidas, reafirmou o caráter racista de sua personalidade e de seu governo. Com a declaração, Trump isolou-se mais ainda nos planos interno – a renúncia do embaixador dos EUA em El Salvador deixou claro que há limites mesmo para os republicanos participarem do governo – e internacional, como comprovam as inúmeras condenações e críticas recebidas de diversos governos desde então.
As declarações de Trump são mais uma bofetada no povo norte-americano, composto, em sua origem, por imigrantes irlandeses e de outros países europeus, seguindo-se os escravos africanos. Até hoje, os trabalhadores de todas as partes do mundo que se dirigem aos Estados Unidos em busca de trabalho e melhores condições de vida, mesmo que isso represente uma grande ilusão, pois, em sua imensa maioria, acabam exercendo funções subalternas em péssimas condições de trabalho.
Esse grande contingente de trabalhadores esteve e está na base da geração de riqueza dos Estados Unidos. Por muitos anos e muitos por toda a vida, ganham o seu sustento em empregos precarizados e vivem como ilegais, sujeitando-se a duras condições de vida e trabalho e baixa remuneração – o que engorda os lucros dos empresários que os contratam e aumentam o bem-estar das famílias de camadas médias que os têm como empregados domésticos. Os imigrantes submetem-se a tudo isso na esperança de conseguir a cidadania norte-americana, para garantir sua sobrevivência e tentar uma vida melhor para seus filhos.
Os países desenvolvidos precisam de mão de obra barata para garantir mais lucros para suas empresas e mesmo, em alguns casos, para manter o nível populacional, dada a tendência geral de queda da natalidade entre os nacionais. É fato que outros governos estadunidenses e governos europeus sempre mantiveram uma política hipócrita em relação aos imigrantes, pois, ao mesmo tempo em que anunciam medidas de combate e restrições à imigração, tentam passar uma visão “humana” sobre o tema, realizando ações parciais de inclusão, seja reconhecendo os direitos à cidadania para os filhos ou até promovendo o sorteio de Green Cards, como fez Obama em seu segundo mandato.
Dessa vez, Trump passou de todos os limites.