Pobreza extrema aumenta na América Latina
Santiago do Chile (Prensa Latina)
Um total de 62 milhões de latino-americanos vivia em extrema pobreza em 2017, o que representa 10,2 por cento da população, informou a CEPAL ao apresentar em Santiago do Chile o Relatório Social da América Latina 2018.
De acordo com esse documento, divulgado por Alicia Bárcena, diretora geral da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), esse índice é o maior desde 2008, enquanto a taxa geral de pobreza permaneceu estável naquele ano na região. Dezoito países da área foram tomados como fontes, em comparação com 2016.
184 milhões de pessoas viviam nessa situação, representando 30,2% da população da América Latina e do Caribe. Embora as projeções da CEPAL indicassem para 2018 dois milhões a menos de indivíduos nessas condições, a quantidade daqueles que estariam em extrema miséria aumentaram em um milhão.
Ao analisar as estatísticas, Bárcena afirmou que a região obteve conquistas entre a década passada e a metade da atual, mas a partir de 2015 há um revés, principalmente entre aqueles que vivem na maior miséria.
Sobre esse assunto, ela considerou que os governos deveriam promover políticas públicas complementares de proteção social e inclusão nas regras trabalhistas, com redistribuição da renda para salvar essa situação, no contraponto das políticas adotadas hoje na maior parte dos países.
O relatório também revela profundas diferenças na pobreza entre setores sociais, já que nas áreas rurais a desigualdade é 20% mais alta que nas cidades, sendo que crianças e jovens, mulheres e especialmente populações indígenas são os mais afetados por esse flagelo.
Dos países estudados no relatório, aqueles que mais reduziram a pobreza foram o Chile, El Salvador e a República Dominicana, com base no aumento da renda do trabalho nos domicílios, enquanto a Costa Rica, o Panamá e o Uruguai conseguiram isso aumentando a assistência social às famílias de baixa renda, disse Bárcena.
O documento da CEPAL ressalta que, para avançar na direção de níveis crescentes de participação nos benefícios do desenvolvimento e no exercício dos direitos, é necessário progredir simultaneamente em relação à inclusão social e do trabalho da população por meio de políticas ativas, o que se conhece como uma dupla inclusão.
No entanto, cerca de 40% da população ocupada na América Latina recebe renda abaixo do salário mínimo estabelecido por seu país, e essa proporção é muito maior entre as mulheres (48,7%) e entre os jovens de 15 a 24 anos (55,9).
Bárcena advertiu que essa dupla inclusão melhorou entre 2002 e 2016, embora nessa condição apenas 23,5% das famílias sejam encontradas, enquanto 45% são ‘duplamente excluídas’, porque têm renda abaixo do índice de pobreza e não recebem benefícios sociais que aliviem esta situação.
O relatório conclui que é necessário aplicar simultaneamente políticas trabalhistas e de inclusão social com sistemas de proteção para erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, com uma abordagem de igualdade que leve em conta os setores menos favorecidos, como os jovens, as mulheres, indígenas e pessoas com deficiência.
rgh/rc/jcfl