Em todo o Brasil, trabalhadores vão à greve e às ruas contra desmonte da previdência
Jornal O Poder Popular
Em todo o Brasil, os militantes do PCB e de seus coletivos de luta estiveram presentes, desde as primeiras horas deste dia 14 de junho, nos piquetes e ações coordenadas pelos sindicatos de trabalhadores e movimentos sociais no Dia da Greve Geral convocada pelas centrais sindicais, organizações da juventude e frentes nacionais de defesa dos direitos das classes populares para o enfrentamento à proposta de Reforma da Previdência do Governo Bolsonaro, aos cortes na Educação pública e ao desmonte da legislação trabalhista e social no Brasil.
Em Niterói (RJ), a camarada Kate Lane, Professora de Artes do Coluni, Colégio de Aplicação da UFF (Universidade Federal Fluminense) e militante da Unidade Classista e do PCB, foi atropelada por um motorista que covardemente avançou com seu carro sobre os ativistas que participavam de manifestação em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro, na av. Marques do Paraná. Três pessoas ficaram feridas e levadas para unidade hospitalar. Por sorte, nada de grave aconteceu com a camarada e os demais manifestantes. A atividade teve prosseguimento e à tarde aconteceu um grande ato público na cidade.
No Rio de Janeiro, os portuários e estivadores paralisaram o porto e bloquearam ruas. Militantes da Unidade Classista se dirigiram para o Aeroporto Santos Dumont, onde fizeram discursos contrários à destruição dos direitos da classe trabalhadora, em ato promovido pelos aeroviários. A principal atividade da manhã aconteceu em frente ao INTO – Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, bloqueando a Avenida Brasil. Estudantes e trabalhadores da UFRJ, uma das universidades que mais sofreu ataques por parte do governo Bolsonaro, tendo 41% de seu orçamento congelado, também participaram das mobilizações e fecharam a Linha Vermelha, que dá acesso à entrada da instituição.
Petroleiros paralisaram atividades em oito estados e, além de protestar contra o desmonte da Previdência, manifestaram-se contra as medidas do Governo Bolsonaro que apontam para a privatização total da Petrobras, em defesa da soberania nacional e da utilização dos recursos naturais do país em benefício da população brasileira. Nas primeiras horas da madrugada, os trabalhadores cortaram a rendição nos turnos de nove refinarias da Petrobras: Duque de Caxias (Reduc/RJ), Gabriel Passos (Regap/MG), Landulpho Alves (Rlam/BA), Abreu e Lima (PE), Manaus (Reman), Paulínia (Replan/SP), Mauá (Recap/SP), Presidente Getúlio Vargas (Repar/PR), Alberto Pasqualini (Refap/RS). Também foram paralisados o Terminal Aquaviário de Suape (PE), a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (BA), a Termelétrica Aureliano Chaves (MG), a unidade de processamento de xisto SIX (PR) e a Araucária Nitrogenados (PR). Segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), a greve contou com apoio e participação dos trabalhadores administrativos e de outras unidades do Sistema Petrobras.
Em Rio Branco (Acre), estudantes e trabalhadores promoveram bloqueio de estradas. No Amazonas, estudantes e professores fecharam parcialmente a entrada da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). No Centro Histórico da capital, Manaus, bancários se reuniram na Praça da Polícia em um ato que contou também com os trabalhadores de refinarias da Petrobras. No Amapá, professores, técnicos administrativos e estudantes da universidade federal (Unifap) suspenderam as aulas e fizeram ato pela manhã em Macapá.
Na Bahia, os operários da indústria paralisaram a produção, e as principais vias de acesso para o Polo Petroquímico de Camaçari e para o Porto de Aratu foram bloqueadas pelos sindicalistas. Motoristas e cobradores pararam os ônibus e trens de Salvador. Em Ilhéus, Itabuna e Lauro de Freitas foram realizados atos pela manhã. Em Fortaleza (CE), os operários da Construção Civil, liderados pelo seu combativo Sindicato, juntaram-se se aos demais trabalhadores, trabalhadoras e estudantes contra o projeto antipopular de Bolsonaro. Na Paraíba, militantes da União da Juventude Comunista participaram ativamente, desde o início da manhã, das atividades de mobilização junto aos demais companheiros e companheiras em João Pessoa e nos municípios adjacentes.
Em Maceió, Alagoas, foram fechadas as vias localizadas em frente à UNIFAL – Universidade Federal de Alagoas – na BR 104. Houve paralisação na porta do maior complexo educacional de Alagoas (CEPA), contra os cortes na educação e contra a reforma da Previdência. Em Arapiraca, no interior de Alagoas, o comércio parou. Em São Luís do Maranhão, o transporte coletivo rodoviário amanheceu sem funcionar. Em Recife (PE) e Teresina (PI), o transporte coletivo foi paralisado. Houve ainda greves de outras categorias de trabalhadores, fechamento de escolas e serviços públicos, assim como realização de manifestações em municípios do interior destes estados. Em Natal (RN), motoristas e cobradores e operários industriais pararam no início da manhã. A Polícia Militar agiu com violência contra os manifestantes.
Brasília acordou deserta, pois a paralisação afetou o funcionamento dos ônibus e do BRT; as escolas públicas e a UnB também aderiram à greve e ficaram sem aulas. Em Goiânia (GO), milhares de trabalhadores tomaram as ruas, caminhando da Praça Cívica em direção à rua Goiás. Em Governador Valadares (MG), o ato em defesa dos direitos dos trabalhadores aconteceu, pela manhã, em frente ao prédio do INSS. Em Belo Horizonte, o Metrô amanheceu completamente parado, e os ônibus da capital foram parcialmente paralisados, com fechamento de garagens e obstrução de avenidas. Houve bloqueios na BR 381 e nas Avenidas Vilarinho e Amazonas. Petroleiros, bancários, trabalhadores da Copasa e Cemig e servidores municipais da saúde e administração aderiram à greve. O ato público aconteceu na Praça Afonso Arinos e reuniu milhares de pessoas. O 14 de junho em MG contou com forte paralisação de trabalhadores da educação do estado e dos municípios, além de estudantes, professores e técnicos administrativos da UFMG, da UEMG, do CEFET e dos IFs.
Em Joinville a luta unificou trabalhadores e estudantes na Praça da Bandeira. Militantes do PCB, da UJC e da Unidade Classista, juntamente com outras organizações de luta, do ergueram suas bandeiras e faixas, mostrando que o povo está na rua pra barrar os ataques do Governo Bolsonaro e dos capitalistas. No Paraná, houve paralisação dos ônibus em Curitiba. Em Londrina e em Maringá, apesar da forte repressão da polícia militar, motoristas e cobradores aderiram em peso à greve geral. Em Cascavel, mais de 5 mil trabalhadores realizaram passeata pelo centro da cidade. No Rio Grande do Sul, milhares de trabalhadores e estudantes protestaram em frente às garagens de ônibus e nas rodovias. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, condutores de trens e rodoviários aderiram à greve, mas sofreram com a violência policial. Em todo o Estado, petroquímicos, petroleiros, professores, sapateiros, bancários, agricultores familiares, trabalhadores rurais, servidores públicos e trabalhadores da saúde e da alimentação pararam suas atividades.
No Grande ABC (SP), os operários pararam as máquinas em 98% das fábricas. Um ato unificado dos movimentos sociais no Paço Municipal de São Bernardo do Campo. Em Campinas, os movimentos populares pararam a rodovia Anhanguera sentido São Paulo, próximo do Trevo da Bosh. Em São Carlos, os trabalhadores da Volkswagen aderiram ao movimento: os metalúrgicos cruzaram os braços e participaram dos atos organizados pelos sindicatos dos metalúrgicos, servidores públicos, professores, movimentos sociais, organizações estudantis e partidos de esquerda (PCB, PCdoB, PSOL, PT, Consulta Popular, Levante popular). A cidade de São Paulo amanheceu sem transportes, já que rodoviários e metroviários pararam suas atividades. Militantes da Frente Povo sem Medo do Jaraguá foram para as ruas e realizaram uma marcha da Praça do Panamericano até o coreto da Parada de Taipas, percorrendo a Av. Raimundo P. de Magalhães. Na região do Terminal João Dias, trabalhadores fecharam a rua e marcharam contra a reforma da previdência.
Segundo o Jornal Brasil de Fato, a partir do registro inicial das centrais sindicais e de movimentos populares, diversas cidades amanheceram com o transporte público total ou parcialmente parado – como São Paulo, Maringá (PR), Aracaju (SE), Florianópolis (SC), Brasília (DF), Volta Redonda (RJ), Sorocaba (SP), Feira de Santana (BA), Piracicaba (SP), Campo Grande (MS), Curitiba (PR e Salvador (BA), entre muitas outras. Até as 13 horas, mais de 300 cidades de todos os estados haviam registrado protestos. Estima-se que 45 milhões de trabalhadores tenham participado de atos ou paralisações nas primeiras horas do dia.
Das 27 capitais, 19 tiveram o sistema de transporte rodoviário afetado pela mobilização. Outras oito não tiveram interrupção no transporte coletivo por ônibus, mas registraram bloqueios de ruas ou estradas por manifestantes, ou tiveram paralisação parcial no metrô. Também cruzaram os braços trabalhadores de portos como o de Pecém no Ceará; refinarias, como Recap em Mauá e Abreu e Lima em Pernambuco; indústria metalúrgica, como Volks e Mercedes em São Bernardo; energia; bancários em São Paulo e no ABC; pessoal da Saúde; Eletricitários; Correios no Rio e São Paulo; e universidades como UFRJ, UFSC, UFAL, UFBA e UFCG.
Além das paralisações, o dia de Greve Geral foi marcado, já pela manhã, por dezenas de atos em todo país, organizados por movimentos populares como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Movimento dos Atingidos por Barreiras (MAB) e Marcha Mundial das Mulheres, com interdições de rodovias e avenidas. Na cidade de São Paulo, ocorreram bloqueios na avenida 23 de Maio, no elevado João Goulart, na USP e em Sapopemba, entre outros pontos. No estado foram registrados atos em São Bernardo, Diadema, Campinas, Bauru, Itapeva, Sorocaba, Vinhedo, Taubaté e Presidente Prudente.
Houve bloqueios ainda em Santa Catarina (Florianópolis e Chapecó), Alagoas (Maceió), Paraná (Araucária, Francisco Beltrão, Cascavel e Pato Branco), Pará (Belém e Eldorado doas Carajás), Pernambuco (em várias rodovias do entorno de Recife e outros pontos do estado, como Aliança, Jaboatão, Gravatá, Pesqueira e Caruaru), em Minas Gerais (Ouro Preto, Juiz de Fora, Congonhas e BH), Rio de Janeiro (Capital, Niterói e Campos dos Goytacazes), Sergipe (Aracaju e Monte Alegre), Rio Grande do Norte (Natal, Extremoz e João Câmara); em vários pontos na Paraíba; na Bahia (Barreiras, Catités, Santo Antonio de Jesus, Salvador); no Maranhão (São Luís), no Rio Grande do Sul (Porto Alegre e Eldorado do Sul), em Rondônia (Jaru), em Goiás (Goiânia) e em muitos outros locais.
No final da tarde, foram realizados atos públicos nas capitais, reunindo centenas de milhares em todo o Brasil. Mais uma vez o recado foi dado em protesto aos ataques sistemáticos do capital e do Governo Bolsonaro aos direitos políticos, sociais e trabalhistas historicamente conquistados em décadas de lutas. Desta vez, além da sempre decisiva presença da juventude, a classe trabalhadora se fez presente em maior número nas manifestações e, principalmente, realizando a paralisação da produção em inúmeras fábricas, nos transportes e no comércio em diversas cidades. É preciso manter firme a mobilização, pois a guerra contra a Reforma da Previdência e em defesa do emprego, da soberania nacional e dos nossos direitos está apenas começando.