Uber: pro trabalhador, só exploração e descaso
Célula do PCB – Centro de São Paulo
A nova moda da economia capitalista são os aplicativos de transporte. Milhares de brasileiros e brasileiras já tiram parte do seu rendimento mensal, ou ele todo, do trabalho através dos Uber, Rappi e similares. Ganhando pouco e trabalhando muito no transporte de passageiros e entregas, esses trabalhadores cumprem longas jornadas, expostos aos riscos da criminalidade urbana.
No mês de junho, dois casos extremos colocaram em evidência o drama que envolve essa onda da tal “economia colaborativa”. O primeiro deles, em São Paulo, foi o caso do entregador da Rappi que morreu, após um AVC, aguardando mais de 2 horas por socorro. Quando contatou a empresa pedindo ajuda, apenas recebeu a orientação: desative o aplicativo para não atrasar outras entregas. Descaso completo com a vida dos trabalhadores.
Enquanto isso, em Los Angeles, o dono da Uber comprava uma das mansões mais caras já vendidas na cidade, por 72,5 milhões de dólares.
“Esse é o exemplo perfeito da minoria bilionária roubando o resto de nós”, disse Nicole Moore, motorista do aplicativo. “Os motoristas estão morando em seus carros. Nós estamos lutando por salários dignos. Pelo menos compartilhe essa riqueza com as pessoas que de fato constroem sua companhia”.
Superexplorados, motoristas e entregadores de vários países já se organizam coletivamente, fazendo greves para exigir uma remuneração maior e melhores condições de trabalho.
Mas se essas empresas exploram tanto, porque tantas pessoas começam a trabalhar para elas todos os dias?
Em primeiro lugar, por causa do desemprego que cresce a olhos vistos no país. Para muitos, a superexploração desses aplicativos é, pelo menos, uma forma de amortizar o drama do desemprego. Em segundo lugar, mesmo para muitas pessoas empregadas, com o aumento dos aluguéis e do custo de vida, complementar a renda fazendo bico nesses aplicativos é uma alternativa prática, ainda que mal remunerada.
Esses trabalhadores merecem, como todos os outros, um pagamento e condições de trabalho dignas. São eles que encaram o trânsito, o estresse, os riscos, os custos de manutenção dos carros, ou muitas vezes até mesmo gastam com o aluguel desses carros. E os aplicativos, que apenas ligam o cliente ao motorista, arrancam sem nenhum trabalho o dinheiro ganho com tanto suor.
Acreditamos que a solução para isso seria um aplicativo único e público, sob o controle dos próprios trabalhadores, que não fizesse o papel de “atravessador”. Mas, enquanto isso não é conquistado, está nas mãos desses próprios trabalhadores lutar por seu futuro, por mais dignidade e remuneração. Todo apoio à organização e à luta dos motoristas!