A Semana no Olhar Comunista – 0028
Na reunião de Dilma com 90 representantes de 35 entidades, a presidente teve a cara de pau de fazer comentários sobre a violenta ação de despejo contra sem-teto em São José dos Campos. O caso Pinheirinho, aliás, foi aproveitado pelo governo para mostrar aos movimentos que eles seriam “aliados”. Que o Governo Federal tinha lavado as mãos quanto ao caso para dar tratamento eleitoral e politiqueiro, já era sabido. Mas usar isso como mais um argumento de cooptação ultrapassa os limites. Outro ponto a destacar: o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) anunciou no encontro que vai revisar a legislação das ONGs, mantendo o orçamento de “apoio” do governo: oportunistas de plantão, a oportunidade de se institucionalizar sob desculpas está aí…
Vergonha: 3,8 milhões de crianças e jovens estão fora da escola!
Segundo o relatório “De Olho nas Metas 2011”, divulgado nesta terça-feira, 3,8 milhões de indivíduos de 4 a 17 anos ainda estão fora da escola. Baseado no Censo de 2010, o estudo mostra que este número representa 8,5% da população nesta faixa etária. São Paulo, unidade mais rica da federação, é também aquela com mais crianças e jovens a incluir no sistema de ensino: 607 mil. Na sequência estão Minas Gerais (363.981 crianças e jovens fora da escola) e Bahia (277.690). O estudo também leva em consideração a Prova ABC (do final do ciclo de alfabetização) realizada em 2011. Aplicado em todas as capitais brasileiras a 6 mil alunos do início do 4º ano (que concluíram com êxito o 3º ano) de escolas públicas e privadas, o teste revelou que apenas 56,1% das crianças atingiram o conhecimento esperado em leitura, 53,3% em escrita e 42,8% em matemática. Resumimos nosso comentário a uma única palavra: vergonha!
Malandragem dupla
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, antecipou para este mês o pagamento dos reajustes de bombeiros e de policiais militares e civis que aconteceria ao longo de 2012. Bondade? Não… Trata-se de uma tentativa de esvaziar a ameaça de greve da polícia e da defesa civil às vésperas do Carnaval. Na quinta-feira, as categorias se reúnem na Cinelândia, “coração” do Rio, em assembleia que decidirá se iniciam ou não a paralização no dia seguinte. Vamos ver quem é mais malandro…
China medirá distribuição de riqueza
O jornal China Daily divulgou a informação de que o país prepara uma medição da distribuição interna da riqueza. Desde 2000, o governo divulga seu índice de Gini para as zonas rurais. Agora, entretanto, quase metade da população chinesa vive no meio urbano. Para o escritório oficial de estatísticas chinês, o fato de o cálculo atual não abranger os milionário chineses (960 mil pessoas com patrimônio de mais de 10 milhões de yuans, ou US$ 1,58 milhão) é o principal motivo de o cálculo da desigualdade estar incompleto.
Agente do capital aumenta pressão
A agência de classificação de risco Fitch Ratings, que ao lado da Standard & Poor’s e da Moody’s formam o tridente do capeta a espetar a autodeterminação dos povos nesta crise econômica, aumentou a pressão para que a Grécia caia de joelhos diante de seus credores: ela afirmou que “se a Grécia não chegar a um acordo sobre medidas de austeridade haverá um ‘perigo real’ porque o país não conseguirá pagar € 14,4 bilhões em dívidas que vencem em 20 de março, o que resultaria em um default desordenado. Isso vai continuar tendo impacto negativo sobre o sistema bancário grego e vai se espalhar para outros países da zona do euro, como Portugal, Irlanda, Itália e Espanha”. O jogo de cena para que se imponha ao povo grego medidas draconianas, divulgado pela Dow Jones, vai se reforçando…
A direita contra-ataca
O processo contra o juiz Baltasar Garzón por abuso de poder ao investigar os crimes da ditadura Franco (1936-1975) é fruto da reação dos setores mais conservadores da sociedade espanhola. Nesta semana ele voltará a sentar no banco dos réus, e é preciso estarmos todos atentos para as possíveis consequências de uma condenação. Afinal, como afirma matéria da BBC Brasil, “esse processo contra Garzón é um aviso da direita espanhola, que tenta impor um limite à Justiça. Pode-se julgar crimes contra a humanidade ocorridos em outros países, mas não aqui”. Outra polêmica, que pode ser um retrocesso, deve ser evitada: o tratamento judicial que deve ser dado aos crimes contra a humanidade. Coloca-se em questão, na Espanha, se os delitos contra a humanidade são permanentes ou podem ser abarcados pelas leis nacionais de anistia. Pelo exemplo do Brasil, esperamos que a primeira visão prevaleça.
Vazamento de óleo do pré-sal na Bacia de Santos derruba ações da Petrobrás
Uma coluna de produção rompeu-se, deixando vazar 160 barris de petróleo. Os sistemas de fechamento automático do poço funcionaram bem e, como o derramamento se deu a 300 km da costa, não deverá haver problemas nas praias da região. No entanto, o fato é preocupante, pois a exploração de petróleo na camada pré-sal é extremamente complexa e sujeita a grande margem de risco. No caso de sua exploração privada, qualquer medida de segurança a mais é vista como um custo a ser minimizado ou mesmo evitado, para que as margens de lucro se mantenham elevadas, gerando assim, elevados riscos para o meio ambiente e a sociedade.
Direitos humanos sim, principalmente nos Estados Unidos
A declaração dada pela presidente Dilma Roussef, em Cuba, no dia 1º de fevereiro, em resposta a perguntas da imprensa sobre a “questão dos direitos humanos” naquele país, de que o tema não deve ser usado como arma política e que deve ser tratado de forma abrangente, por todos os países, teve um alvo claro: os EUA e sua política de falar uma coisa e fazer o contrário. Citando o exemplo da base de Guantánamo, mantida pelas forças armadas norte-americanas em solo cubano, onde se realizam, assumidamente, práticas de tortura sem qualquer respeito a leis internacionais. Mas é bom lembrar que os Estados Unidos e seus aliados imperialistas não apenas violam direitos humanos em seus territórios mas também exportaram estas violações não apenas na forma de apoios efetivos a ditaduras sanguinárias, como nos casos do Brasil Argentina, Chile e outros países, em décadas passadas, mas também na sustentação que dão, hoje, a monarquias absolutistas e regimes semelhantes, onde não há sequer uma Constituição ou Parlamento, onde mulheres não há direitos civis plenos, como nos exemplos de muitos países árabes e em muitas partes do mundo.
Privatização de aeroportos: vinho velho em garrafas novas
A privatização dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília, pro um valor total de cerca de 25 bilhões de reais, a serem pagos em até 30 anos, se deu com um modelo diferente daquele adotado no governo FHC, nos anos 90, pois o Estado, agora, fará parte dos consórcios que administrarão os aeroportos, com 49% de participação. É uma garrafa nova, mas o vinho é antigo: os grupos privados que compraram os aeroportos foram financiados com recursos públicos (do BNDES, que poderá arcar com até 80% dos investimentos totais previstos); predominam os interesses dos grupos privados, que não pagaram pela construção dos aeródromos e terão o poder de determinar as tarifas a serem cobradas dos usuários; não há garantia de emprego para os novos trabalhadores a serem contratados, e a própria soberania brasileira fica comprometida. E mais: ao contrário do que vem sendo dito pelo governo, a gestão privada não é o modelo predominante nos países capitalistas desenvolvidos.