Mensagem do Dia Internacional Nelson Mandela
WFTU-TUI-PS&A
Federação Sindical Mundial (FSM)
A Federação Sindical Mundial (FSM) – Organização Internacional dos Trabalhadores dos Serviços Públicos e Afins (TUI-PS&A) – junta-se à humanidade para recordar as contribuições e sacrifícios de um homem que dedicou toda a sua vida à construção de um mundo mais humano, o camarada Nelson Rolihlahla Mandela. Nelson Mandela encarnou mais do que apenas o espírito de estreito voluntariado e filantropia: ele foi um revolucionário. A sua vida recorda a todas as forças progressistas do mundo o valor da solidariedade humana, da ação coletiva e do internacionalismo da classe trabalhadora na luta pela construção de um mundo pacífico e justo. Ao recordá-lo, muitos dos desafios contra os quais ele lutou são ainda uma realidade no mundo capitalista de hoje; o racismo, o patriarcado, a xenofobia, a ganância, a ocupação colonial e o domínio econômico. Devemos recordá-lo prosseguindo a luta pelos ideais pelos quais lutou.
Os sacrifícios e realizações de Mandela devem ser compreendidos no contexto mais amplo das lutas coletivas do povo da África do Sul e dos seus amigos internacionais contra a opressão racial, o colonialismo e o imperialismo. O ícone revolucionário que o mundo passou a amar e a reverenciar, como tantos outros revolucionários icônicos produzidos pela luta internacional contra a injustiça, foi moldado na luta não só contra as políticas racistas do regime do apartheid, mas também contra a exclusão econômica e o domínio sobre os povos africanos que tais políticas procuraram alcançar. Foi apenas um entre muitos homens e mulheres que resistiram durante o período do apartheid na África do Sul; um posto avançado imperialista racista e autocrático na ponta sul de África durante a guerra fria.
Mandela e a sua geração cumpriram a sua missão histórica na luta contra a opressão dos homens pelos homens e a injustiça, cabe agora à atual geração de revolucionários e forças progressistas levar adiante essa luta, confrontando aqueles que vivem da exploração, da discriminação, da divisão e da guerra. Pobreza, desigualdade, desemprego e fome não são condições sociais inevitáveis; estes flagelos sociais são gerados pelo sistema econômico capitalista baseado no mercado que valoriza a acumulação de riqueza para poucos mais do que o sustento e a reprodução da própria vida da maioria. A ganância que é gerada e sustentada pelo capitalismo provoca as guerras, a fome, a pobreza, a desigualdade, os sistemas de saúde pública deficientes e o sofrimento humano geral que enfrenta o mundo de hoje. Embora a caridade e a filantropia possam aliviar o sofrimento das classes mais humildes e das que se encontram na periferia da sociedade, não acabam com tudo isso, nem abordam as causas subjacentes a esse sofrimento humano. Do mesmo modo, a ajuda não põe fim ao sofrimento e à devastação econômica resultantes das sanções imperialistas ilegais, das guerras comerciais e das guerras pela mudança de regime, desencadeadas em países considerados como uma ameaça aos interesses econômicos dos países imperialistas.
Após anos de cortes nas despesas sociais na saúde, educação, transportes, etc., nas infraestruturas públicas, e no Estado, muitos países, não conseguem satisfazer as exigências sociais impostas pelas atuais circunstâncias. A atual pandemia global da COVID19 causa tanta morte e devastação econômica no mundo porque os sistemas de saúde pública foram sucateados por falta de pessoal, subfinanciamento e privatização em favor da exploração privada. Em muitos países, após anos de negligência e subfinanciamento, os hospitais públicos estão lutando para fazer frente ao volume de doentes provocados pelo novo coronavírus devido ao espaço limitado de leitos e ao número demasiado reduzido de dispositivos para salvar vidas, tais como os respiradores. Os trabalhadores da linha de frente são obrigados a pagar um alto preço por terem que trabalhar longas horas enquanto têm de lutar para se munirem de equipamento e vestuário de segurança para se protegerem. No momento em que o mundo recorda Mandela, deve tomar uma posição e pronunciar-se sobre estes assuntos condenando aqueles que procuram lucrar com as doenças, e sofrimento humano. Nesta ocasião especial, o mundo deve também saudar Cuba por enviar as suas brigadas médicas para combater o COVID-19 no mundo todo. É o único contingente médico que dá uma resposta global à pandemia
Aqueles que entenderem Mandela e as circunstâncias que o moldaram devem “agir e promover a transformação social, e fazer do dia-a-dia um Dia Mandela”, condenando as sanções ilegais dos EUA contra Cuba que resultam em dificuldades evitáveis para o povo de Cuba. Em nome de Mandela e do seu legado, devemos denunciar a violenta ocupação imperialista da Palestina por Israel e o assassinato diário e o caos que o sustenta. Aqueles que conhecem Mandela devem pronunciar-se contra a subversão da democracia na Bolívia e as tentativas dos EUA de minar a vontade do povo na Venezuela. O mundo deve exigir o fim das guerras para promover a mudança de regime e condenar os países imperialistas, e os seus representantes, responsáveis pelo sofrimento humano na Líbia, Síria e Iêmen. O mundo deve apelar à liberdade do povo do Sahara Ocidental em relação à violência da ocupação marroquina. Nelson Mandela não foi filantropo nem voluntário, foi um militante dedicado e revolucionário e parte de um movimento revolucionário internacionalista que representa a verdadeira emancipação humana e a liberdade.
A classe trabalhadora e as suas organizações não devem ser confundidas ou enganadas pelo espírito simbólico do “voluntariado” e da “generosidade” do capital e da elite dirigente mundial durante este período. O sofrimento humano que pretendem aliviar durante o Dia Internacional Nelson Mandela é causado pela sua ganância que os leva a explorar o proletariado e a destruir a sua subsistência em busca do lucro. A pobreza e a desigualdade é um produto das políticas neoliberais defendidas pelos fundamentalistas do mercado livre disfarçados de defensores da “democracia” e dos “direitos humanos”. As campanhas de sensibilização sobre a questão ambiental que financiam não podem desfazer os danos causados diariamente pela destruição dos ecossistemas naturais e a poluição dos rios e oceanos resultante das suas atividades comerciais irresponsáveis. Os únicos verdadeiros voluntários são os milhões de trabalhadores mal pagos e explorados em todo o mundo que cuidam da saúde da humanidade, nos vestem, constroem as nossas casas, produzem os nossos alimentos, transportam-nos e suportam o custo de reproduzir os futuros trabalhadores – é entre eles que vive o espírito de Mandela.
Recordemos Nelson Mandela, construindo um mundo justo e derrotando o imperialismo para acabar com todo o sofrimento humano em todos os cantos do globo!!!