O impeachment de Bolsonaro e a Greve Geral

imagemFoto: Nino Guimarães – PCB da Bahia – 24 de Julho

Movimento de massas, Impeachment de Bolsonaro e a Greve Geral

Editorial do Jornal O MOMENTO

Por Milton Pinheiro

Uma nova situação política se apresentou na dinâmica das lutas de classes no Brasil. Um cenário fértil de mobilizações populares tem impactado as ruas diante do descalabro social operado pelo governo do agitador fascista Jair Bolsonaro. Essa estratégia do caos controlado tem contribuído para o desemprego, gerado fome e miséria social. Nesse quadro, os preços administrados pelo governo (energia, combustíveis e saneamento básico) e a ganância da burguesia interna contribuem para o avanço da inflação e para uma carestia sem precedentes nos anos 2000, que atinge os mais vulneráveis dentro da estrutura capitalista.

Todo esse arcabouço de espoliação social tem sido implementado a partir da dramática situação da crise sanitária por causa da Covid 19. Contudo, em reação ao projeto do governo, a cena política está se movimentando pela presença de centenas de milhares de pessoas nos atos políticos, manifestações e paralisações. Trata-se dos primeiros passos que comprovam o começo firme das movimentações de massas que, mesmo no patamar da etapa em que nos encontramos, servem para estabelecer um freio de emergência na ampliação da lógica destrutiva do governo de extrema direita.

Os dias nacionais de luta, a exemplo do 29 de maio, 19 de junho, 03 de julho e o 13 de julho, que foi um dia de combate às privatizações, serviram como movimentos educativos no sentido de trazer para as ruas centenas de milhares de pessoas, organizadas pelo protagonismo da esquerda socialista e pelas organizações do campo proletário e popular. É importante registrar que esses atos foram organizados e dirigidos pela esquerda que, a partir de agora, pode estabelecer, com suas ações, uma mudança na relação de forças dentro da luta de classes. O papel da esquerda revolucionária é se posicionar em melhores condições para enfrentar o combate direto entre capital e trabalho.

Para além das manifestações contidas no calendário de lutas pelo Fora Bolsonaro/Mourão, precisamos construir uma férrea unidade de ação para barrar as contrarreformas, avançar na vacinação contra a Covid 19 e impor derrotas ao projeto capitalista em curso no Brasil. A construção dessa unidade de ação, frente única da esquerda com as organizações proletárias e populares, deve nos orientar para o trabalho de base com ênfase nas ações por local de trabalho, estudo, moradia: mesmo com os impedimentos gerados pela pandemia e com total cuidado sanitário.

Ações do trabalho de base devem ser dirigidas para o que precisamos fazer nos entreatos, ou seja, entre um dia nacional de manifestações e outro, o que fazer? Essa dinâmica de dias nacionais de lutas, atividades nos entreatos, presença constante no trabalho de base nas mais diversas periferias, denúncias constantes dos atos criminosos do governo e muita agitação e propaganda com nosso programa mínimo, podem contribuir para o avanço do bloco proletário, popular e de esquerda, ao tempo em que pode incidir positivamente para conter a dinâmica com que a burguesia opera na institucionalidade da democracia formal e na relação de força que fomenta a questão do impeachment de Bolsonaro.

O trabalho de base, o avanço das lutas populares e a superação do déficit organizativo da esquerda podem consolidar um movimento cujo papel fundamental é a organização da greve política contra o governo de extrema direita, a burguesia e o bloco neofascista. Essa conformação tem que colocar um freio de emergência na movimentação das hordas neofascistas e mudar o patamar da luta de classes.

A construção da greve geral, a partir da pressão das ruas, deve passar por uma ampla articulação e mediação com as Centrais Sindicais. Além disso, teremos que construir um forte e amplo movimento de base para que possamos fortalecer o trabalho na perspectiva da greve geral. Essa possibilidade, em se tornando concreta, colocará em movimento o conjunto da nossa classe e abrirá uma jornada de lutas por avanços táticos e estratégicos. A classe trabalhadora brasileira poderá dar a sua contribuição na luta pela transformação do nosso continente, assim como têm se movimentado os/as trabalhadores/as do Chile, Colômbia, Peru, etc.