Solidariedade à luta das mulheres afegãs!

imagemFoto RAWA (Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão)

Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

A ação midiática em torno da recente desocupação do exército estadunidense no Afeganistão oculta a luta das mulheres que se organizam desde a década de 60 contra as violentas leis islâmicas que subjugam as mulheres e contra o imperialismo desde 2001. A mídia também busca apresentar as ações da OTAN como em favor das mulheres nesse território e apaga a contribuição dos Estados Unidos no armamento dos grupos islâmicos – que se tornaram o Talibã – e todas as consequências nefastas dessa intervenção.

O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro presta toda sua solidariedade às mulheres afegãs e suas lutas contra o patriarcado, o Talibã e outras facções fundamentalistas, o imperialismo estadunidense e contra o capital. Convidamos também, todas e todos a entender um pouco mais do cenário que está colocado para as lutadoras afegãs.

O QUE O TABILÃ E O IMPERIALISMO REPRESENTAM PARA AS MULHERES?

O Talibã é um conjunto de facções, produto da política externa dos Estados Unidos que, com o objetivo de derrubar a Revolução Socialista que iniciou-se em 1978 no Afeganistão, financiou diversas milícias reacionárias e fundamentalistas no interior do país e no Paquistão. A Revolução Socialista conduzida pelo Partido Democrático Popular do Afeganistão ( PDPA), proclamou um estado laico; substituiu os tribunais religiosos por civis, libertando as mulheres de leis arcaicas; tentou realizar um reforma agrária; proibiu a compra de mulheres como noivas, construiu escolas, ambulatórios, moradia social; criou o Conselho de Mulheres com cerca de 150.000 membros, que passa a oferecer serviços sociais; criou milhares de postos de trabalho para as mulheres; realizou declarações sobre os direitos das mulheres e igualdade entre os sexos.

Em 1986, metade dos trabalhadores da saúde e da educação e cerca de 15% dos jornalistas eram mulheres. Haviam sete deputadas e milhares estavam nas forças armadas e nas Brigadas em Defesa da Revolução. Essas medidas tiveram força principalmente em Cabul, onde a intervenção soviética, solicitada pela direção comunista, garantiu esses ganhos.

O Talibã tomou o poder entre 1996 – 2001, quando iniciam uma série de ações de terror, contra mulheres, comunistas e população LGBT. A ocupação dos EUA do Afeganistão se deu em 2001, com uma suposta missão “civilizadora”. Depois de 20 anos dessa ocupação, seus resultados mostram seu claro caráter racista, xénofobo e ao mesmo tempo, estratégico para a superpotência imperialista. Cerca de 180 mil pessoas, 50 mil das quais civis, morreram durante esse período. Mais de 60 mil pessoas ficaram gravemente feridas e 11 milhões de refugiados deixaram suas casas e o país. Antes da guerra, o país tinha 38,3% de sua população vivendo em estado de pobreza, índice que saltou para 70%. A média de vida da população é de 18 anos e de acordo com a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID), 6,8 milhões de afegãos vivem sob risco de insegurança alimentar aguda. O destaque do país é na produção e tráfico de drogas: hoje o Afeganistão é o maior produtor mundial de ópio.

Para as mulheres afegãs, as consequências são ainda mais dramáticas. Há vários apontamentos na mídia internacional sobre como a indústria do trabalho sexual cresceu para servir aos exércitos de ocupação. Estupros frequentemente são realizados pelo exército estadunidense contra supostos suspeitos de terrorismo. Além disso, na “zona verde”, proliferou um número imenso de ONGs, com um aumento do número de mulheres educadas no governo, ligadas à propaganda estadunidense, que tenta justificar a ocupação e esconder a situação das mulheres fora da zona verde.

De acordo com a entrevista dada por Komun-Academy, da RAWA ( Associação Revolucionária de Mulheres do Afeganistão), em 2019, isso tem uma dupla função: usar essas mulheres para enganar o mundo sobre a situação real das mulheres afegãs e as apresentar como um triunfo de sua guerra de ocupação; cooptar essas mulheres sob sua proteção e impedir que elas se juntem à luta revolucionária.

Neste cenário, reconhecemos a luta das mulheres afegãs durante os anos de ocupação imperialista e do regime dos talibãs e seguimos na construção do socialismo como um caminho para a real emancipação das mulheres.

Coordenação Nacional do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Filiado à Federação Democrática Internacional de Mulheres ( FDIM)

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