Discurso para inglês ver

 


Este movimento já havia sido iniciado com a redução, pelo governo, da taxa Selic – a taxa com que o governo paga a seus credores – e com os cortes nas taxas de serviços praticadas pela Caixa Econômica e pelo Banco do Brasil.

Os bancos privados tendem a acompanhar o movimento, ainda que num ritmo muito menor, e já anunciaram cortes, ainda que, simultaneamente, tenham feito pressão para uma “compensação” por suas “perdas”, pela redução de impostos que lhes são cobrados. O mercado, como seria de se esperar, tendo em vista a perspectiva de redução dos lucros dos bancos, reagiu com a desvalorização das ações dessas empresas.

O governo agora apela para a pressão popular sobre os bancos, para que eles “façam a sua parte” e reduzam os juros que cobram, voluntariamente, pois, nas palavras de Dilma, “o sistema bancário do Brasil está entre os que mais lucram no mundo” e, por isso, pode oferecer crédito “melhor e mais barato” aos brasileiros.

O sistema financeiro realmente entre os setores que mais lucraram nas últimas décadas, no Brasil e em todo o mundo, e dois bancos privados brasileiros estão entre os dez maiores do planeta. Este fato é uma conseqüência do desenvolvimento do capitalismo, da tendência dos grupos econômicos a buscarem, nos investimentos em “papéis”, compensações pela redução de seus lucros no setor produtivo. Com o tempo, o sistema financeiro cresceu para além da conta e hoje domina o mundo capitalista, tendo papel central das decisões sobre as políticas econômicas de países  e blocos, como no caso do Brasil e da União Européia.

Não será por vontade própria que os bancos abrirão mão de lucros e de poder. Somente a estatização do sistema financeiro permitirá que os recursos existentes possam ser direcionados para a solução dos grandes problemas da sociedade, para a redução das desigualdades e para a construção de uma sociedade justa e igualitária.