PIB: Mantega conta com o ovo no… da galinha



Que os dados do PIB não representam melhoria na qualidade de vida da maioria da população, como temos divulgado e debatido ao longo deste Olhar. Ocorre que, quando da divulgação dos números, o Governo Federal, seus paus mandados nos movimentos sociais e a imprensa vendem ao país o que seria, na versão deles, o “retrato fidedigno” de nossa situação econômica.

Partindo do ponto de vista deles, a alta de apenas 0,2% representa uma desaceleração econômica sim, mas do passado – mesmo que este seja recente. Tal índice não reflete, portanto, a realidade que acompanhamos nas últimas semanas de endividamento recorde das famílias, queda da produção industrial e concessão de políticas setoriais no segmento, redução de juros pelos bancos e aprofundamento da crise do capitalismo no contexto global.

Para se ter idéia, apenas duas notícias divulgadas nesta sexta-feira dão a medida certa do que teremos pela frente:

– O relatório de emprego dos EUA mostrou criação de 69 mil vagas em maio (menor resultado em um ano), ante expectativa de 155 mil. A taxa de desemprego passou a 8,2% no mesmo mês, ante projeção de 8,1%; e

– Os índices de atividade industrial da China e da Europa mostram desaceleração acima do esperado no país asiático (de 53,3 em abril para 50,4 em maio) e o menor índice dos últimos três anos no Velho Continente (45,1). para completar, a taxa de desemprego superou os 11% na Zona do Euro.

Com este “quadro”, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou no final da manhã que “o cenário a partir do segundo trimestre começará a ser positivo”. Segundo ele, o PIB do Brasil crescerá com “os efeitos da baixa nas taxas de juros, bem como o impacto do câmbio favorável”.

Enfim, ele aposta no endividamento ainda maior da população e em seus “chefes” do Federal Reserve norte-americano (que comandam a taxa de juros e o câmbio do dólar) para que haja crescimento do PIB e ao longo da próxima divulgação do PIB, marcada para 31 de agosto – na fase “quente” das eleições municipais. Que os trabalhadores não se deixem enganar, pois, mesmo que isto aconteça, a maior parte deste crescimento vai para o bolso dos banqueiros, grandes fazendeiros, empresários…