Que arquivos, Amorim?



O ministro começou mal, muito mal, sua argumentação – na verdade um pedido de “desculpas” ou de “autorização” aos chefes das três forças: “A lei diz que nós temos todo o dever de cooperar”, afirmou. “Em termos gerais, tudo estará aberto”.

Antes, tinha sido ainda pior. Quando da instalação do órgão, se esquivou ao ser questionado sobre a abertura dos centros de informação. Chegou a dizer que não se falou “sobre isso” no encontro da comissão e em seguida disse “que tudo foi falado” sem especificar a questão dos centros. Agora, sinaliza que o “coração” dos documentos repressivos possa ser aberto, sem especificar quando isso poderá ocorrer e sobre quais condições.

Demonstra ter sido um mentiroso (“tudo” não havia sido entregue?), e que continua covarde e submisso aos gorilas de pijama – bem como todo o governo ao qual representa na pasta da Defesa.

A pusilanimidade, as desinformações e a covardia de um Executivo que fez o Brasil ser condenado por duas vezes na Organização dos Estados Americanos (OEA), bem como a proteção “ad eternum” que o Supremo Tribunal Federal (STF) quis dar aos torturadores, quando não reviu a Lei de Anistia, deixa claro: não podemos esperar nenhum esclarecimento e punição por parte dos altos escalões da República. A responsabilização dos agentes de Estado que torturaram, mataram e desapareceram com militantes da Democracia só ocorrerá se houver pressão ensurdecedora da sociedade.