100 anos de Haydée Santamaría: «Hay que defender la vida»

imagemHaydée Santamaría – Créditos / Prensa Latina

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Haydée Santamaría, intelectual e revolucionária cubana, nasceu há cem anos. A Casa das Américas, que Santamaría fundou em abril de 1959, continua a evocá-la, dando seguimento a um extenso programa.

«Os tecidos da memória» é o título da mostra de artes visuais que ocupa o saguão, a Galeria Latino-americana e o segundo andar da sede da instituição, localizada no bairro habanero de El Vedado.

Também na Casa das Américas, o visitante pode apreciar a exposição «La vida es hermosa cuando se vive así», que reúne livros, documentos e objetos com valor histórico do centro cultural, indica a Prensa Latina.

A comemoração dos cem anos de Yeyé, como Haydée Santamaría era conhecida entre os amigos e mais próximos colaboradores, prossegue este ano com concertos dos músicos José María Vitier e Amaury Pérez, segundo indicou a Casa ao dar conta da programação relacionada com o centenário.

Foram também divulgados apresentação especial do Ballet Nacional de Cuba, eventos dedicados às lutas das mulheres latino-americanas e a edição número 63 do seu Prêmio Literário, que foi transferido para final de abril, para coincidir com o 64.º aniversário da fundação da Casa.

Nascida em 30 de dezembro de 1922, Haydée Santamaría ficou também conhecida como Heroína de Moncada e da Sierra, pela sua ligação ao assalto ao quartel da ditadura de Fulgencio Batista em Santiago de Cuba, em 26 de julho de 1953, e por ter integrado o Exército Rebelde.

Ao anunciar as atividades relacionadas com o centenário do nascimento da política e guerrilheira cubana, o presidente da Casa das Américas, Abel Prieto, destacou que a sua personalidade marcou a intelectualidade da Ilha e da América Latina pelo seu sentido ético, o seu sentimento anticolonial, anti-imperialista, martiano e por sua obra prática.

Revista e livro dedicados
O número duplo 308-309 da revista trimestral Casa de las Américas é dedicado à fundadora da instituição e heroína da Revolução cubana, ali se reunindo testemunhos, documentos, discursos, cartas e entrevistas para se poder «aquilatar a excepcional personalidade» da mulher que nasceu em Encrucijada (província de Villa Clara).

Ainda em homenagem a Santamaría, a Casa co-editou, com a Ocean Sur, a obra «Hay que defender la vida». Haydée Santamaría contada por ella misma, com o intuito de promover o ideário da protagonista entre as novas gerações de cubanos e entre os leitores do continente.

Jaime Gómez, vice-presidente de Casa das Américas e um dos compiladores do volume, afirmou a propósito que «o Moncada, a clandestinidade, a serra, o exílio, o triunfo de Janeiro de 1959 e a Casa faziam parte de uma mesma coisa, faziam parte da sua luta, da sua vontade de trabalhar permanentemente por toda a justiça possível».

Numa entrevista que concedeu ao jornalista mexicano Rodolfo Alcaraz, em maio de 1968, incluída no atual número da revista da Casa das Américas (p. 62-92), Haydée fala da vitória da vida sobre a morte.

«Pero de todas maneras la vida vence a la muerte. Siempre la vida es tan grande, tan hermosa, que cuando hay una razón de vivir, eso vence a todo. Yo creo que cuando la vida tiene una razón, tanto sentido, es tan importante, la vida y la muerte se entrelazan. Porque cuando se ama tanto la vida, sabe uno lo que significa vivirla, y no se teme a la muerte. Por eso es que los que tienen una vida sin sentido le temen tanto a la muerte. Los que más aman la vida se enfrentan más a la muerte; por eso se dice que los revolucionarios no le temen a la muerte, no temen morir. Yo creo que eso es al revés, ¿por qué?, ¿por qué razón? ¿Qué vida hay más hermosa que la de un revolucionario, que la de los revolucionarios? Un revolucionario ve de verdad la hermosura, ve lo hermoso, hace que la vida sea más bella.» (p. 78)

Trajetória revolucionária

Nos momentos mais difíceis da guerrilha dirigida por Fidel Castro, em fevereiro de 1957 marchou ao seu encontro em companhia de Frank País, Faustino Pérez e outros membros da Direção Nacional do Movimento 26 de Julho para coordenar o apoio da planície, e para guiar o jornalista do New York Times, Herbert Matthews, à presença de Fidel. A publicação da entrevista que o jornalista fizera com o líder da guerrilha faria cair por terra a propaganda de Batista baseada na suposta morte de Fidel. Ao final de abril, Haydée voltaria a subir a Sierra acompanhando o jornalista estadunidense Bob Taber, que desejava entrevistar Fidel.

Dali partiria para o exílio, designada por Fidel como delegada do Movimento 26 de Julho para aglutinar forças no exterior e obter armas.

A Revolução no poder
Após o triunfo da Revolução Cubana, voltou a Cuba ainda como líder do Movimento 26 de Julho (Direção Nacional) e trabalhou durante um curto tempo no Ministério da Educação. Fidel lhe confiou então a missão de fundar em 1959 uma instituição cultural que seria emblemática entre os intelectuais e críticos de todo o planeta: a Casa de las Américas.

Ali receberia os intelectuais mais importantes do mundo que visitavam Cuba. Haydée foi criadora e patrocinadora do Movimento da Nova Trova, com o qual logrou difundir a obra artística de jovens talentos musicais como Silvio Rodriguez, Pablo Milanés e Noel Nicola, entre outros, que difundiam uma nova sonoridade diferente das formas habituais em Cuba.

Fez parte da Direção Nacional das ORI (Organizações Revolucionárias Integradas) e em 1965 esteve entre os fundadores do novo Partido Comunista de Cuba, no qual seria eleita membro de seu Comitê Central.

Integrou a presidência da Organização Latino-americana de Solidariedade (OLAS), que se reuniu en Havana em 1967, com a intenção de coordenar a luta insurrecional em todo o continente.

Morte
Cometeu suicídio em Havana no dia 28 de julho de 1980.

Quase trinta anos depois de sua morte, numa tarde de domingo, em 7 de setembro de 2008, seus filhos, Celia (45) e Abel (48) faleceram em um acidente de trânsito em Miramar (Havana).

Fonte da biografia: EcuRed
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)