Como na música: “Palavras, apenas palavras…”



A presidente Dilma Rousseff fará o anúncio nesta quarta, afirmando que após as variadas e repetidas tragédias “causadas pela natureza”, o governo elaborou cadastro com os municípios mais vulneráveis aos fenômenos climáticos.

A presidente provavelmente lembrará a tragédia ocorrida na Região Serrana do Rio de Janeiro no início de 2011, e pode ser até que no teatro montado caiam lágrimas de seus olhos. A verdade, entretanto, é que as prioridades do Governo são outras – a saber: os bancos, a indústria automobilística, as empreiteiras, etc.

Não fosse isso, o Palácio do Planalto não teria demorado mais de um ano e meio após aquelas enchentes para formular algo. Nesse meio tempo, a burguesia brasileira ganhou redução de impostos, “desoneração da folha de pagamento” e outras benesses.

Enquanto isso, o governo editou seis medidas provisórias sobre o tema dos desastres naturais. Vamos aos números: a MP 566, por exemplo, liberou R$ 706,4 milhões para ações de defesa civil, auxílio-financeiro aos municípios afetados e ressarcimento a agricultores que perderam a safra com a estiagem. Levantamento no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) aponta que apenas 14,6% da verba foi de fato paga durante os mais de 100 dias em que a MP está em vigor.

Por sua vez, a MP 569 destina R$ 688 milhões para a compra de alimentos e abrigos emergenciais e distribuição de água em carros-pipa para as pessoas atingidas pela seca, mas somente 22,9% do dinheiro chegou aos municípios previstos.

Sobre a MP 572, dos R$ 381 milhões liberados, apenas 0,01% (R$ 100 mil) chegaram às comunidades afetadas.

Os números comprovam: o falatório de amanhã é farsa, ultraje aqueles que falecem nesses desastres.