A galinha dos ovos de ouro (da Alemanha)



De acordo com a imprensa internacional, a questão será discutida, quanto à sua legalidade Constitucional, na Corte Constitucional da Alemanha,na próxima quarta-feira. O Euro, ao tornar-se moeda única para o conjunto dos países que a adotaram, fez da Alemanha, a economia mais forte da região, o país que mais se beneficiou pois o euro levou à desindustrialização dos países periféricos, como a Grécia, Portugal e outros, que passaram a contrair empréstimos “generosamente” oferecidos pelos  bancos alemães para o financiamento das importações de produtos…alemães. A Alemanha não cresceu muito, mas se manteve em crescimento, para o que contou, ainda, com o aumento da precarização das relações de trabalho internas e a queda na média salarial dos trabalhadores alemães e estrangeiros – legais e ilegais – que trabalham em seu território.

Como seria previsível, com o passar dos anos a situação dos países periféricos – e mesmo de outros países com economias mais fortes, como a Itália – foi se deteriorando, com a elevação dos serviços das suas dívidas e com a sua crescente incapacidades de gerar renda internamente, levando-os aos elevadíssimos níveis de desemprego que enfrentam e à crise social.

Após a adoção do Euro, recrudesceram os efeitos superpostos da natureza do capitalismo e da criação da União Europeia que, com o mercado comum, fez com que prevalecessem os ganhos de escala das empresas – com a conseqüente demissão de empregados – e as diferenças entre os países. Aumentou também, nesse período, a concentração de renda e a pobreza, em toda a região.

A Alemanha tenta administrar a crise. Não pode matar de fome os periféricos, pois de sua exploração – e da exploração dos trabalhadores em seu território – depende a prosperidade de seus empresários, de sua burguesia. Mas começa a pagar um preço cada vez mais alto, o que gera grande insatisfação interna.