Passageiros da exploração privada



A publicação comenta a tendência de que o setor de transporte rodoviário, responsável pelo deslocamento da maioria dos trabalhadores nas áreas mais densamente povoadas do país, venha a ser o principal alimentador da inflação esse ano. O transporte público é caro: nas famílias que têm renda de até dois salários mínimos, o transporte chega a pesar em quase 8% na composição dos gastos.

Mas essa é apenas uma das faces do problema. Em geral, as frotas de ônibus são precárias, principalmente nas áreas dos subúrbios das cidades grandes e nas cidades de médio e pequeno porte, com veículos antigos que quebram com frequência.

Em geral, os trabalhadores das empresas de ônibus são submetidos a longas jornadas de trabalho, sem ter acesso, muitas vezes, sequer a banheiros e água para beber nos terminais. estas são, por exemplo, as razões que levaram os motoristas e cobradores da empresa de ônibus Real, no Rio de Janeiro, a entrarem em greve, no dia de hoje.

É sabido que o sistema, ainda por cima é ineficiente, seja quanto à forma da tarifação  quanto ao atendimento aos usuários. São linhas exploradas por uma ou duas empresas, na maior parte dos casos, mantidas pelo claro exercício de influência política pelos donos das empresas junto ao Poder Público.

Sem falar que há, comprovadamente, outras alternativas de transporte muito mais racionais e eficientes, muito melhores para o trânsito e a vida nas cidades,  como os sistemas de metrô, pré-metrô, VLTs, barcas.

A questão não é apenas a inflação. É a estrutura privada da exploração dos serviços de transportes que impede que os avanços sejam realizados, uma estrutura que deve acabar.