Bye, bye Europa?



A proposta revela mais do que uma jogada eleitoral para manter e ampliar os votos dos que não acreditam na possibilidade de sucesso da União Européia e estão insatisfeitos com os rumos do bloco. O governo inglês defende uma flexibilização na política econômica da UE, e vale lembrar que o país não aderiu ao Euro, mantendo sua moeda própria, a Libra, e que as relações britânicas com o bloco sempre foram marcadas por tensões econômicas e políticas, desde que a Inglaterra foi admitida na antiga Comunidade Econômica Européia, há mais de 4 décadas.

Mas a questão de fundo é a constatação, cada vez mais clara, de que a União Européia, criada nos anos 90, num momento em que o pensamento neoliberal dispunha de forte hegemonia, fez a aposta de que a moeda única levaria ao consenso político, às políticas econômicas comuns e ao desenvolvimento de todos. Não foi o que ocorreu: a alemanha dominou os mercados, emprestando dinheiro para que os demais países importassem seus produtos; a grande maioria dos países da zona do Euro, sem poder determinar suas próprias políticas monetárias, endividaram-se fortemente e passaram a adotar políticas de cortes de gastos públicos, demissão de servidores públicos e redução geral de salários,  entre outras medidas, agudizando o desemprego e a desesperança de grandes e crescentes contingentes de trabalhadores. O exame dos resultados do bloco, a partir da introdução do Euro, mostram claramente que, no período, aumentou sobremaneira a desigualdade dentro de cada país e entre os países e entre os países, e a permanência da crise dá sinais claros da falência da proposta.

A possível saída da Inglaterra não aponta para políticas de igualdade social, não aponta para o Socialismo, uma vez que é capitaneada por forças conservadoras. Mas o fato reforça a constatação de que o capitalismo não resolverá os problemas da maioria, e de que a manutenção da forma neoliberal poderá abreviar o seu fim.