Retratos de uma sociedade profundamente doente
Em 2012, 4.993 mulheres no Estado do Rio de Janeiro relataram ter sido vítimas de estupro. Em comparação com 2011, significa um aumento de 23,8%. A violência é absurda: em 2012, a cada dez minutos uma mulher foi vítima de lesão corporal dolosa no Rio de Janeiro.
Ao todo, 58.051 mulheres foram vítimas de agressão – 159 casos por dia, quase sete agressões por hora. Na comparação com 2011, a lesão corporal dolosa teve crescimento de 6,3%, informa o Dossiê Mulher 2013, feito pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). Os números são ainda mais alarmantes se comparados com os de 2008, quando ocorreram 45.773 casos, quase 12.300 a menos que em 2012.
Em 52,2% dos casos, são companheiros ou ex-companheiros que espancam, cortam, torturam. Quanto ao estupro, o percentual também é alto: 51,2% das vítimas conheciam o agressor , eram conhecidos (11,5%), tinham algum grau de parentesco, incluindo padrastos (29,7%), eram companheiros ou ex-companheiros (10%). A faixa etária das molestadas também é estarrecedora: em 51,4% dos casos, são crianças de até 14 anos.
Os números, todos em alta, confirmam que a despeito da pretensa elevação da renda, do crescimento da economia ou da obtenção de bens de consumo, a sociabilidade capitalista faz mal à humanidade, marcando de maneira mais cruel as mulheres, como as vítimas de assassinatos são majoritariamente de jovens negros. Uma sociabilidade que trata o ser humano como mercadoria, e as relações humanas como “coisas” com valores de uso e troca, retira sua máscara para apresentar seu viés mais repugnante.