Década dos Anos 80: Anulando la Aurora II

imagemInty Maleywa, Guerrilheira do Bloco Martín Caballero das FARC-EP

A década dos anos 80 inicia com a doutrina de segurança de Turbay. No primeiro ano de aplicação deste Estatuto foram detidas 60 mil pessoas. Em 1980, a Anistia Internacional acusou o governo colombiano e os militares de praticar até 50 tipos de tortura. O paramilitarismo continua com o apoio do governo, do narcotráfico e fazendeiros. Estas autodefesas se fortalecem e delas nasce concretamente o grupo MAS, Morte Aos Sequestradores. O povo recebe baixos salários e há o congelamento dos programas sociais.

Anulando la aurora II visa expressar com força uma grande árvore, onde esta coloca em destaque grandes líderes que lutaram pela justiça e igualdade do povo colombiano. Jaime Pardo Leal, da União Patriótica, se encontra no começo do tronco. Acima de Pardo Leal, à direita, se encontra Oscar William Calvo, da Frente Popular, e à esquerda, junto ao grande condor andino, brota Jaime Bateman Cayón, do M19. São eles o exemplo dos vários líderes que nesta década entregaram sua vida ao povo.

Estes mártires se encontram rodeados de símbolos representativos das riquezas na Colômbia, como a escultura indígena, o condor, a orquídea, a palmeira, a arara, o veado; fauna e flora que reflete a grande diversidade de espécies que se encontram em nosso país e a cultura de nossas próprias raízes.

Anulando la aurora II também visa representar a grande cidade com imensos edifícios em evidência. Estes se transformam em barras para lembrar as prisões de nosso país, que nesta década foram superpovoadas graças aos presidentes Julio Cesar Turbay e Belisario Betancourt, sendo todas aquelas expressões de inconformidade e manifestações de desejos ou lutas por uma mudança na Colômbia, reprimidas, torturadas ou assassinadas.

Nas ruas da cidade podemos observar como, dentro de um tanque, se aproximam os presidentes desta década, junto com o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan. Seu objetivo é massacrar o povo colombiano com o apoio do Exército e dos paramilitares, das altas hierarquias da igreja, que permitem e apoiam estas injustiças ao povo. O exército e os paramilitares, sob as ordens dos poderosos, reprimem os inconformados e os desprotegidos, não se importando de assassinar seus irmãos que lutam pelas grandes mudanças a favor das maiorias.

O povo se encontra aterrorizado pelos horrores vividos. A força militar e o paramilitarismo se fortalecem e se tornam aterradores por suas ações de tortura e morte. A suposta doutrina de segurança imposta é realmente uma doutrina de morte.

Em 1982, entre os dias 4 e 14 de maio, nossa organização realizou a Sétima Conferência, formulando o Plano Estratégico da organização insurgente. A partir deste momento, passamos a empregar as letras EP em nossa sigla e passamos a nos chamar FARC, Exército do Povo. O plano foi denominado como Campanha Bolivariana pela Nova Colômbia. Nesta Conferência foi traçado o Novo Modo de Operar, uma nova concepção operacional e uma nova tática de guerra irregular que surgiu a partir da experiência da operação Cisne 3 do Exército.

Em 1983, ocorreu o Pleno Ampliado do Estado Maior Central. O Pleno centrou sua atenção em analisar se na realidade as Frentes estão desenvolvendo sua gestão militar conforme a concepção e o projeto do Novo Modo de Operar, segundo formulou a Sétima Conferência.

Em 28 de março de 1984, deu-se uma trégua e cessar-fogo com o governo de Belisario Betancur. Em maio de 1984, lançou-se a União Patriótica. A assinatura da trégua deu início a um processo de diálogo pela paz com o governo e as FARC, dando impulso ao movimento político União Patriótica.

Foi nesse mesmo ano de 84 que começou o extermínio da União Patriótica, onde 5 mil militantes e dirigentes foram assassinados pela oligarquia colombiana com o apoio do paramilitarismo e do Exército, como estratégia contrainsurgente. Foram assassinados 4 candidatos à Presidência da República: Jaime Pardo Leal, Luis Carlos Galán, Bernardo Jaramillo Ossa y Carlos Pizarro León Gómez.

Em 27 de dezembro de 1984, realizou-se um Pleno Ampliado do EMC das FARC-EP, onde foi ministrado um curso sobre estratégia militar, concepção e técnicas operacionais e Novo Modo de Operar como tática. Também sobre a condução de tropas e implantação estratégica.

Em 17 de fevereiro de 1987, ocorreu um Pleno do EMC das FARC-EP. Ali foram desenvolvidos planos para cada Frente a fim de dar passos para a mobilidade total. Era preciso enfrentar as violações à trégua da parte do governo e sua terrível guerra suja.

Em Anulando la aurora II, a folhagem da árvore encontra-se frondosa, com a unidade guerrilheira que, na década de 1987, formou a Coordenadora Guerrilheira Simón Bolívar. É possível observar Manuel Marulanda rodeado por Manuel Pérez e Francisco Caraballo, estando também presentes Jacobo Arenas e Alfonso Cano.

No dia 25 de dezembro de 1987, um Pleno Ampliado do EMC das FARC-EP foi instaurado. O informe central ao Pleno diz: “no momento, temos que nos ocupar básica e principalmente do problema da ascensão de nosso movimento para encarar a guerra depois de quase cinco anos de inatividade militar frente a um inimigo que rompeu a trégua e se prepara”.

Finalizamos esta década com um Pleno do Estado Maior Central em 1989. Insistiu-se no reforço do Novo Modo de Operar: “a primeira mudança a ser implantada no cérebro dos comandos e combatentes”, expressaram as conclusões.

Anulando la aurora II recorda um pintor colombiano que viveu o repúdio e a polêmica das classes dominantes por sua maneira de pensar e expressar suas ideias. Carlos Correa. Esteve comprometido com a luta contra a repressão das ditaduras de Laureano Gómez, Roberto Urdaneta e Gustavo Rojas Pinilla. Simpatizante do Partido Comunista, seus quadros refletem esta inclinação. Para a infelicidade da memória da Colômbia, por conta da solidão, da pobreza e do repúdio por parte do Estado, o pintor foi obrigado a destruir a maioria de suas obras com temas socialistas. Este é um evidente caso, ainda que não o único. Pelo contrário, é grande o número de artistas que foram esmagados pelo sistema por suas afinidades de luta e mudança, especialmente todas aquelas expressões com pinceladas progressistas.

Fonte: http://resistencia-colombia.org/index.php/farc-ep/cultura-fariana/galeria/51-inti-malewa/4133-decada-de-los-anos-80-anulando-la-aurora-ii

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)