Sociedade se mobiliza para o julgamento do estupro e morte de adolescente na Paraíba
Adital
Quase três anos após o desaparecimento e estupro seguido de morte de Ana Alice de Macêdo Valentin, 16 anos, no município de Queimadas, Estado da Paraíba, a sociedade organizada em torno do Comitê Ana Alice segue mobilizada aguardando o julgamento do caso. Este está marcado para iniciar nesta terça-feira, 18 de agosto, no auditório da Câmara Municipal de Vereadores de Queimadas, a partir das 8h30.
O Comitê de Solidariedade Ana Alice foi formado no intuito de lutar pela resolução deste e de outros crimes de violência contra a mulher. A entidade reúne organizações em torno da bandeira de luta pelo fim da violência de gênero no Brasil. O Comitê realizará uma vigília no dia 18, em frente ao local do julgamento, com mulheres vestidas de branco e segurando flores vermelhas, cruzes pretas, cartazes e faixas pedindo punição exemplar para o criminoso. Haverá ainda uma panfletagem e a exibição de um painel com o rosto de Ana Alice, no Centro da Cidade, para sensibilizar a população e conscientizar sobre a temática.
O julgamento será conduzido pelo Juiz Titular da 1ª Vara Mista de Queimadas, Antonio Gonçalves Ribeiro Junior, responsável pelo caso e contará com representantes da defesa do réu e os assistentes de acusação do Ministério Público, além de testemunhas de defesa e de acusação. Terão permissão para acompanhar o julgamento a família da vítima e do réu e representantes de movimentos de mulheres e do Comitê Ana Alice.
O Comitê organiza, desde o último mês de julho, uma agenda de atividades, com palestras nas escolas públicas, colagem de cartazes pelas ruas e diálogos com entidades sociais e religiosas, no sentido de não só unir a sociedade por justiça, mas também conscientizar para prevenir novos casos. Desde que o crime ocorreu, o Comitê se articulado com as famílias de outras vítimas, como as de Isabella Pajuçara e Michelle Domingues, duas mulheres assassinadas durante um estupro coletivo ocorrido também em Queimadas, em fevereiro de 2012. Ambos estiveram unidos durante momentos críticos, como a fuga e posterior recaptura do preso assassino de Ana Alice, em abril de 2014, e o julgamento do mentor do caso do estupro seguido de morte das duas mulheres, em setembro de 2014. Com estas ações, o Comitê e a família de Ana Alice esperam que a repercussão do caso sirva de exemplo para inibir a atitude de outros agressores e ajudar a formar uma consciência de não violência contra a mulher.
O caso Ana Alice
No dia 19 de setembro de 2012, a adolescente de Queimadas Ana Alice de Macedo Valentim, jovem agricultora militante do Polo da Borborema, foi abordada quando chegava em casa depois da aula. Foi estuprada e violentamente assassinada aos 16 anos de idade, tendo seu corpo enterrado em uma fazenda, na zona rural do município de Caturité. Para a família, a adolescente permaneceu desaparecida por quase 50 dias, quando, nas imediações de sua comunidade, uma nova mulher desapareceu, sendo encontrada apenas no dia seguinte, com marcas de esganadura, escoriações e amputação parcial da orelha direita. Ainda muito perturbada por tamanha violência, ela foi capaz de reconhecer seu algoz (e vizinho), Leônio Barbosa de Arruda, um vaqueiro, à época com 21 anos de idade.
Arruda acabou preso e confessou o crime contra sua vizinha e contra Ana Alice, confessou, inclusive, que, neste último crime, não agiu sozinho, teve a ajuda de um comparsa, à época menor de idade. Contudo, as duas não foram as únicas vítimas. Em 2011, ao sair de um baile de Carnaval, ele havia feito sua primeira vítima. De posse de uma arma, obrigou que uma jovem de Boqueirão entrasse em seu carro e a estuprou. Dias mais tarde, após prestar depoimento sobre o primeiro caso, na delegacia desse município, tentou fazer uma nova vítima, uma adolescente de 14 anos, que teve sorte diferente, quando um amigo a libertou da barbárie.
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