DISCURSO DO SECRETÁRIO GERAL DA FSM GEORGE MAVRIKOS
Queridos companheiros e companheiras,
Estimados convidados,
Delegados e delegadas do 16º Congresso Sindical Mundial,
Agradeço a todos por sua presença aqui neste importante congresso sindical internacional.
A participação neste Congresso superou todas as expectativas. Foram superados todos os registros anteriores. Não é uma coincidência. As graves conseqüências da crise econômica capitalista e o bárbaro assalto do capital contra a classe obreira e os povos nos obrigam a nos unirmos e ao compromisso militante. O grande interesse pela participação confirma ainda, que nos cinco anos transcorridos desde nosso último Congresso, demos passos positivos significativos.
Chegamos até aqui, até o Congresso Sindical Mundial, através de grandes lutas em nível setorial, regional e local, através de um debate aberto, democrático e combativo dentro dos sindicatos, nos locais de trabalho, dentro dos setores chave. Organizamos destacadas iniciativas centrais, debates, análises críticas de nosso trabalho, intercâmbio de ponto de vista sobre temas atuais contemporâneos que a classe operária mundial enfrenta.
Queridos amigos e amigas, companheiros e companheiras,
Nosso Congresso tem lugar em um momento crítico. Um período que tem duas características básicas. Uma delas é a profunda crise econômica do capitalismo e a escalada da guerra contra os trabalhadores, que conduzem milhões de trabalhadores a um desemprego massivo, à miséria, à pobreza e à migração. A outra é a crescente agressividade do imperialismo com meios militares, com interferências.
Todos os governos capitalistas, tanto os neoconservadores como os social democratas, em cooperação e frente as dificuldades insuperáveis que têm para gerir a crise, passaram a um ataque sem precedentes de demolição de direitos e ganhos dos trabalhadores. Conquistas alcançadas com duras lutas. Os salários, a seguridade social, os direitos sociais e os acordos coletivos são golpeados. O desemprego e a pobreza estão aumentando. A privatização da saúde, da educação e todas as áreas de alcance estratégico são muito rentáveis para as multinacionais e os monopólios.
Frente a estas políticas antioperárias, a classe trabalhadora em muitos países dos cinco continentes tem resistido, tem mostrado desobediência, tem organizado grandes greves, lutas importantes, iniciativas diversas. Nos damos conta, com maior profundidade, que o modo de produção capitalista não tem nada mais a oferecer que a barbárie.
Os sindicatos filiados e amigos da FSM, na maioria dos casos, estão na vanguarda dessas lutas. No Peru, no México, na Colômbia, no Brasil, na Costa Rica, no Panamá, na África do Sul e na Nigéria, na Índia, no Paquistão, em Bangladesh e Sri Lanka, no Oriente Médio e Norte da África, na França, Portugal e Grécia e outros lugares.
A Federação Sindical Mundial frente ao ataque generalizado do capital não ficou de braços cruzados. Organizou dezenas de iniciativas, dezenas de atos de solidariedade, na prática tem estado ao lado daqueles que lutaram por seus direitos.
Momentos de destaque da ação da FSM, nestes cinco anos, foram quatro grandes manifestações, protestos e concentrações.
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O 1º de abril de 2009, onde em 45 países organizaram-se greves, manifestações, protestos e concentrações.
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A greve de três dias de solidariedade ao povo palestino em junho de 2010, nos portos de todos o mundo, contra os navios mercantes de Israel.
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A grande movimentação de 07 de setembro de 2010 com o tema central da FSM “Não vamos pagar a crise deles”. Somente em Nova Deli, na Índia, participaram mais de um milhão de trabalhadores nesta mobilização. No mesmo dia em 56 países ocorreram iniciativas com as mesmas consignas e as mesmas bandeiras.
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O dia de ação europeu no setor de transporte organizou, em 02 de março de 2011, contra a política da União Européia, contra a privatização do transporte, e para exigir transporte público confiável e acessível para os extratos populares pobres.
No mesmo período, em nome da FSM aproveitamos todas as possibilidades existentes nos organismos internacionais, para por em destaque a necessidade da solidariedade internacional e a coordenação internacional. Assim fizemos com os assassinatos de sindicalistas na Colômbia e nas Filipinas, os cinco cubanos que se encontram ilegalmente encarcerados nos EEUU, etc. Nos encontramos frente a novos deveres históricos e responsabilidades. Estamos convencidos de que nosso Congresso contribuirá com novas forças para cumpri-los.
Companheiros e companheiras de luta,
A segunda característica chave da época em que vivemos é a intensidade dos conflitos e rivalidades imperialistas, a guerra imperialista é outra cara da agressão do capital para fazer frente à crise. Vemos um exemplo muito característico nestes dias na Líbia, onde com a falsa desculpa de proteger os civis, os aviões dos imperialistas, da OTAN e da EU, bombardearam a Líbia. Estas mesmas pessoas que apoiaram o regime antidemocrático de Kadafi, os mesmos que tiraram fotos com ele e firmaram contratos muito rentáveis, depois de organizar a resistência interna, agora bombardeiam e matam o povo da Líbia.
Quando Kadafi anunciou que não renovaria seu contrato com a francesa Total, a italiana ENI, a britânica BP, a espanhola Repsol, a EXXON Mobial, então os serviços secretos da França, Grã Bretanha e Espanha começaram a trabalhar para organizar os chamados opositores do regime da Líbia oriental. Então começaram os bombardeios. Todo o mundo, todos os povos sabem que a guerra na Líbia é pelo petróleo, pelo gás natural, pelos gasodutos, pelo acesso à África subsaariana, pela imensa riqueza natural e mineral. Na guerra da Líbia se expressam as fortes contradições inter-imperialistas, as rivalidades inter-capitalistas sobre quem vai ganhar postos na situação internacional, ampliando suas áreas de influência e o desenvolvimento de novas fronteiras onde possam.
A mesma jogada foi realizada no Iraque, no Afeganistão, na Colômbia, nas bases militares em Honduras para o golpe militar, no Haiti em resposta ao terremoto e em Darfur. As mesmas intenções imperialistas incluem os conflitos na Geórgia, na península da Corea e na Costa do Marfim.
Na mesma categoria se encontram os planos dos EUA, da OTAN para o chamado “Grande Novo Oriente Médio”, que anunciou, em 06/04/2009, no Cairo o Sr. Barak Obama, junto a Hosni Mubarak.
Os acontecimentos recentes e os levantamentos populares no Egito, Tunísia, Argélia, Yemen, Bahein, que a FSM apoiou desde o primeiro momento, mostram que os povos estão despertando, têm o poder para defender seus direitos, seus interesses. Ao mesmo tempo, confirmam que as lutas das forças populares contra o desemprego, a pobreza, a violência estatal, contra a corrupção, contra o saque dos recursos produtivos de um país não devem limitar-se à rotação das pessoas no poder, que saia Murak e Bem Ali siga aplicando a mesma política. Deve ser um projeto com perspectiva de mudança de poder. Este é o caminho para a classe operária no século XXI. Para o imperialismo, para o capitalismo não há concessões, não há indulgência.
Queridos companheiros e companheiras,
Todos estes acontecimentos recentes e, principalmente, a guerra imperialista injusta contra a Líbia volta a colocar o papel das Nações Unidas, que decidiu e deu permissão para o ataque militar. A mesma permissão que deu para a guerra contra o Iraque, assim como o ataque da OTAN contra a Iugoslávia. Sem dúvida, ao mesmo tempo nenhum deles tem mostrado interesse em aplicar as resoluções da ONU para o estabelecimento do Estado Palestino ou a solução para o caso de Chiper.
Estimados companheiros e companheiras,
Ante estas circunstâncias complexas e difíceis devemos fazer a pergunta: Que movimento sindical internacional necessita agora a classe operária mundial?
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Um movimento que concilie e se alie com o sistema capitalista para modernizá-lo? Ou um movimento que represente a classe operária e seus aliados e que está em conflito com os capitalistas para derrotar o sistema explorador?
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Um movimento que apóie a guerra imperialista no Iraque, Afeganistão, Líbia e Iugoslávia? Ou um movimento que está em conflito com o imperialismo e as guerras injustas? Que lute pela paz e pela amizade entre todos os povos?
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Um movimento que busque unir a classe operária para cooperar com os monopólios e as multinacionais na linha de colaboração de classe? Ou um movimento que siga a linha de luta classista e uma toda a classe operária em função de seus próprios interesses de classe?
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Um movimento que apóie a política de Israel, que difame Cuba, a Venezuela, o Equador, a Bolívia, o Iraque e a Coréia do Norte? Ou um movimento do internacionalismo proletário que está firmemente ao lado do povo palestino para conseguir sua própria pátria, que apóie a Revolução Cubana e defenda o direito de todo povo decidir sozinho sobre seu presente e seu futuro?
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Um movimento, uma elite burocrática de escritório com ricas remunerações, através da corrupção e das transgressões? Ou movimento cujos dirigentes, cuja direção em nível local, setorial, regional e internacional se identifique com a classe operária, camponeses pobres, jovens, mulheres, imigrantes, sem terra e indígenas?
Ante estas perguntas, nossa resposta é clara, seguimos o caminho da luta classista. Contra imperialismo e o capital. Por um mundo sem exploração do homem pelo homem. Por um futuro que pertence ao mundo do trabalho.
Viva os 66 anos da FSM!
Viva a Classe Operária Internacional!
Viva a Luta Operária!
* O camarada George Mavrikos foi reeleito, por unanimidade, Secretário Geral da FSM. O camarada membro do CC do KKE e da direção do PAME.