Os graves eventos na Síria estão acontecendo há dois meses.
Eles irromperam quando um movimento de protesto, abordando demandas locais e públicas, foi lançado pela população do Estado de Daraa.
Tal movimento explicitou alguns dos graves problemas da vida política da Síria, como seguidos estados de emergência, a atividade política governamental, etc.
Ainda mais, esses protestos produziram uma dissidência popular por causa da deterioração da vida, assim como da deterioração das condições sociais como conseqüência do sistema econômico na Síria, que está se tornando uma economia de livre mercado, reduzindo o apoio à população e ajudando os ricos, inclusive os de fora do país; por causa da erosão de subsídios voltados para as necessidades básicas e para as produções agrícolas; por causa da redução de todo o controle estatal sobre o comércio exterior onde tal medida não foi acompanhada pela modernização na indústria Síria. Além disso, a taxa de desemprego tem aumentado, especialmente entre os jovens.
Isso fez com que três leis fossem expedidas: a anulação das leis de emergência, a anulação da Corte de Segurança do Estado e a legalização das manifestações pacíficas. Comitês especiais foram criados com o comprometimento de organizarem eleição, partidos, leis de mídia, etc. Outros regulamentos relacionados aos aspectos social e econômico foram antecipados.
De qualquer maneira, protestos se espalharam para outras cidades onde autoridades tratavam os manifestantes nas ruas fazendo uso de algumas medidas de segurança exageradas. Houve várias vítimas.
Logo que esse movimento popular começou, uma excepcional campanha de mídia foi compartilhada por muitos canais de TV Árabes e internacionais, usando os mais avançados meios tecnológicos. Falsificações, exageros, incitamentos psicológicos foram incluídos. Especialmente importante é o interesse Americano e a alegação de simpatia pelos cidadãos Sírios.
Independentemente do aparato de mentira, tal simpatia cínica esquece as mortes, as destruições, as guerras e as lutas étnicas, especialmente no Iraque, perpetuadas pelas sucessivas administrações Americanas.
A Síria tem desempenhado um papel fundamental na oposição e resistência aos planos Americanos no Oriente Médio que visam criar um espaço regional oposto às necessidades dos povos Árabes, desferindo golpes aos direitos do povo Palestino de autodeterminação e criação de um Estado nacional com Jerusalém como capital e aos direitos Sírios de rever os territórios ocupados. É por isso que o nosso partido apóia a firmeza da Síria frente a esses planos. Essas instâncias nacionais e patrióticas têm sido apoiadas pelos povos Árabes, pelo movimento comunista mundial e pelos movimentos de libertação nacional no mundo.
Vimos insistindo que uma política exterior de resistência deva ser acompanhada por uma contrapartida interna igual à exterior. Ignorar este fato pode pavimentar o caminho para que os poderes da dominação internacional manipulem a situação e tentem descarrilhar o curso para servir aos seus interesses.
Nosso partido tornou a situação conhecida para todos publicamente desde o começo; tornou público que protestos e manifestações são compartilhados pelas massas, que são contra o colonialismo e todas as formas de intervenção externa nas relações Sírias.
Nosso partido vem exigindo que a violência acabe; que as exigências das massas sejam atendidas, que as manifestações sejam tratadas pacificamente, etc. Também alertamos para o fato de que alguns conspiradores possam tentar fazer uso do protesto popular para inflamar as lutas étnicas e destruir a unidade nacional do povo Sírio na tentativa de espalhar um caos estimulado por círculos externos opostos às políticas nacionais da Síria.
Não nos esquecemos de alertar, diversas vezes, o fato de que o governo deve continuar promovendo reformas progressistas, que devem ser implantadas o mais rápido possível. Deixamos claro que tais medidas requerem a restauração da normalidade nas cidades da Síria e a cessação da violência, das prisões e das reações desproporcionais por parte dos partidos.
O curso dos eventos mudou recentemente.
Gangues armadas atacando o exército e a polícia, saques às instituições públicas e privadas têm acontecido. Diversos militares e civis foram assassinados. A vida normal em diversas cidades não existe mais. A conduta agressiva dessas gangues sublevou o movimento de protesto pacífico. A mídia mostrou filmes apresentando grupos terroristas fundamentalistas que admitiram receber dinheiro e armas de fontes externas para comporem os ataques contra o pessoal da segurança e da polícia e suas famílias.
O Partido Comunista Sírio (Unificado) publicou um documento que foi amplamente apoiado pelas forças nacionais exigindo que uma conferência geral nacional aconteça e que todos os partidos políticos, incluindo a oposição nacional dentro da Síria, os representantes sindicais, os intelectuais, as elites econômica e cultural e o clero façam parte da conciliação.
A tarefa da conciliação é alcançar um programa nacional que coloque o país no trilho de uma reforma econômica, social e política ampla e que poderá ajudar a criar uma nova Síria democrática, um estado de liberdade pública para todos os cidadãos, todos as organizações da comunidade civil tais como partidos, sindicatos e associações civis, um estado que reconheça o pluralismo político, a liberdade de reunião e expressão de opiniões, um estado que liberta a vida pública da regulação e das modalidades de censura impostas, um estado que permita que os cidadãos falem das suas diferentes necessidades políticas, sociais e econômicas dentro de um quadro de conciliação e competições pacíficas, um estado que estabeleça instituições nas quais todos os cidadãos possam reorganizar a Síria, para restabelecer a dignidade do seu povo, alcançar um desenvolvimento social e econômico justo, defender os interesses da massa popular, solidificar a firmeza do nosso país face aos planos de submissão e reforçar a luta pela libertação das Colinas de Golã.
Recentemente, tornou-se claro que as intervenções imperialistas nas relações internas da Síria sob o pretexto da instauração da democracia são lideradas e fundadas pelos governos Francês e Americano, além do Britânico e Alemão, que compartilham uma ampla campanha midiática contra a Síria. Tal campanha é divulgada pela oposição Síria que vive fora do país e que aprecia os planos Americano-Israelenses na região.
Nosso povo encara as ameaças contra nossa terra com seriedade.
Ele se unifica confrontando essas ameaças que estão condenando à falência nossas tentativas de mudar o curso da política nacional do nosso país, se opõe aos planos Americanos e Israelenses, luta pela libertação das Colinas de Golã, apóia a luta do povo Palestino pela libertação de sua terra e construção de um estado independente com Jerusalém como sua capital, pela libertação do Iraque, ocupado pelos EUA, e do sul do Líbano, ocupado por Israel.
Digno de nota é dizer que apreciamos as atitudes firmes e positivas da Rússia e da China que dão completo apoio à Síria nessa crise.
Agora o nosso partido está em contato com outros partidos Sírios, com as forças nacionais de oposição, com as diferentes organizações civis da comunidade para colocar suas propostas em prática, ou seja, promover uma conferência nacional pela conciliação.
Com nossos melhores desejos, camaradas.
Hunein Nemer
Primeiro Secretário do Partido Comunista Sírio (Unificado)