A história de um judeu progressista

Fábio Grobart nasceu no dia 30 de agosto de 1905, na aldeia de Bialystok, na Polônia. Ainda adolescente, este judeu foi obrigado a sair da escola e passou a trabalhar como aprendiz de alfaiate. Vincula-se à luta revolucionária em 1922, ao entrar para a Liga Juvenil Comunista. Por essa razão, foi condenado à morte e forçado a fugir de seu país. Viajou para Cuba, onde se ligou de imediato ao proletariado da ilha. Ajudado pelos companheiros do Centro Operário, de Havana, começa a trabalhar numa alfaiataria e passa a militar no sindicato de sua categoria profissional, participando das lutas sindicais.

Participou de ações dos trabalhadores contra o regime tirânico do presidente Gerardo Machado. Foi amigo do jovem comunista Ruben Martínez Villena. Em 1928, foi designado pelo Partido Comunista de Cuba (do qual foi membro fundador, em 1925, junto com o líder estudantil Julio Antonio Mella) para fundar a Liga Juvenil Comunista. Junto com militantes desta organização e do Partido, ajudou na organização dos mais de 250 mil trabalhadores dos engenhos de açucar e das plantações de cana, trabalho que culminou, em dezembro de 1932, na realização do congresso que criou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Indústria Açucareira (SNOIA).

Na década de 1940, dedicou-se a uma análise exaustiva do movimento operário cubano, especialmente nos aspectos de métodos de direção e trabalho, ligação dos dirigentes com as massas e influência negativa do praticismo. Nos anos 1950, trabalhou no exterior para o movimento sindical, pois foi ameaçado de morte. Por isso, e também para tratar de problemas pulmonares, o Partido o enviou para a Europa. Morou em Budapeste, Praga e Viena. Trabalhou na revista “Por uma paz duradoura, por uma democracia popular”, dos partidos comunistas, e, em 1952, prestou assistência aos sindicatos da América Latina filiados à Federação Sindical Mundial (FSM).

Sob o pseudônimo de Alberto Blanco, trabalhou nessa tarefa por nove anos, nos quais teve contato íntimo com os problemas dos sindicalistas da região e manteve contato permanente com as mais destacadas lideranças operárias latino-americanas.

Estava em Praga à época do triunfo revolucionário de janeiro de 1959. Lá, foi visitado por dezenas de dirigentes cubanos, entre eles os comandantes Ernesto Guevara e Raúl Castro, os quais o convidaram a voltar para Cuba (o que ainda não havia feito por estar esperando uma decisão do partido a esse respeito), para contribuir com a Revolução que encarnava os sonhos de toda a sua vida. Foi fundador do Partido Comunista de Cuba, em outubro de 1965, e membro de seu Comitê Central até o IV Congresso, em 1992. Foi deputado na Assembleia Nacional do Poder Popular, membro do Conselho Diretor da revista Cuba Socialista, diretor do Instituto da História do Movimento Comunista e da Revolução Socialista de Cuba. Recebeu numerosas condecorações nacionais e internacionais. Faleceu em Havana, no dia 21 de outubro de 1994.

*Daniel Silber é membro do PC Argentino