INCENDIÁRIOS

Em 2008, visitei Israel. Lá, estive no Museu da Diáspora, que fica dentro do campus da Universidade de Tel Aviv. O lugar é bonito, mas o museu não me impressionou muito. A exceção ficou por conta do setor de maquetes de sinagogas. Fantástico. Templos de todas as partes do mundo, em maquetes com detalhes inacreditáveis. Especialmente imponentes eram as da Polônia e da Alemanha de antes da Segunda Guerra Mundial. Arquitetura arrojada, linhas belíssimas. Saí de lá mais do que nunca revoltado com a bestialidade nazista, que liquidou aquelas obras de arte. Só na Noite dos Cristais, em 1938, cerca de 1.400 sinagogas foram destruídas na Alemanha. Ninguém, claro, foi punido.

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Isso me veio à cabeça hoje, quando li a notícia de que uma mesquita foi queimada na aldeia árabe de Tuba-Zangaria, norte de Israel. Tudo indica que os vândalos covardes são colonos judeus, revoltados contra “concessões” feitas aos palestinos. Só este ano, quatro mesquitas foram vandalizadas na Cisjordânia. Os terroristas continuam, também, o trabalho sujo de destruição de oliveiras palestinas. Desde 1967, cerca de 2,5 milhões de arbustos foram arrancados na Cisjordânia para dar lugar aos assentamentos israelenses ilegais, criar infraestrutura de uso exclusivo dos israelenses e construção do Muro de Separação. Nenhum bandido foi preso. Depois a gente acha que é só aqui o Reino da Impunidade …

Autoridades israelenses lamentaram o ataque à mesquita de Tuba-Zangaria. Dou o crédito de que são sinceras (embora sejam as responsáveis pela ocupação das terras palestinas, que, direta ou indiretamente, causa tragédias como a de agora). Resta saber se, diferentemente do que tem acontecido até agora, haverá investigação rigorosa e punição aos culpados. Não há diferença entre o incendiário dos anos 1930 e o de agora. Ambos estão fora de qualquer conceito de decência e sociedade civilizada.