Comunistas latino-americanos reúnem-se em Lima
Entre os dias 8 e 10 de abril, realizou-se em Lima, no Peru, o Encontro Latino Americano dos Partidos Comunistas. Estiveram presentes 11 organizações comunistas representando nove países (Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, Peru, Equador, Venezuela, Bolívia e México). Ao longo do encontro debateu-se uma extensa pauta, incluindo a complexa situação política da América Latina, em função da ofensiva do capital e do imperialismo na região, e o papel dos partidos comunistas na presente conjuntura. O Partido Comunista Brasileiro, fiel aos seus princípios internacionalistas, esteve presente no encontro, com os camaradas Edmílson Costa (Secretário Geral) e Heitor Cesar Oliveira (Secretário de Formação).
O encontro debateu a ofensiva imperialista e conservadora em nosso continente, inclusive com as ameaças diretas a países soberanos, que constroem uma agenda anti-imperialista como a Venezuela e Bolívia, e que sofrem todo tipo de pressão e sabotagem por parte dos EUA e do grande capital. Discutiu ainda formas de estreitamento das relações entre as várias organizações revolucionárias da região, a questão da solidariedade com os povos da região, além de pautas comuns através das quais os comunistas podem contribuir para o desenvolvimento da luta na América Latina.
Também foi parte do debate a conjuntura brasileira, país onde se opera uma ofensiva reacionária e conservadora, com golpes duros contra a classe trabalhadora, como as contrarreformas do governo golpista de Temer, que retira direitos históricos dos trabalhadores e ameaça até a frágil e democracia brasileira. Debateu-se também o avanço de grupos de extrema-direita tanto na sociedade como nos espaços institucionais. Nesse sentido foi aprovada uma moção de solidariedade aos familiares da Vereadora Marielle Franco, do PSOL do Rio de Janeiro, executada em março, e do ex-presidente Lula, que sofre uma seletiva perseguição da justiça brasileira incentivada pela pressão da mídia e que resultou em sua recente prisão. O encontro também prestou solidariedade à classe trabalhadora da Argentina, sob o ataque de uma ofensiva neoliberal que busca desmontar o Estado argentino e os direitos dos trabalhadores.
Foi debatido com intensa preocupação a delicada e tensa situação colombiana, agravada com a prisão de Jesús Santrich, do partido político FARC. O Encontro também prestou solidariedade a Santrich e exigiu que o governo colombiano cumpra os acordos de paz acertados em Havana.
Para Edmílson Costa, Secretário-Geral do PCB, o Encontro dos Partidos Comunistas “possibilitou uma necessária integração de pautas, agendas e análises sobre o desenvolvimento do capitalismo em nosso continente, bem como identificar nas lutas em nossos países elementos que podem colaborar com a luta mais geral da classe trabalhadora em toda a América Latina diante da ofensiva imperialista em curso”. Edmílson enfatizou que é preciso que os partidos comunistas voltem a ter o protagonismo na luta, inserindo-se no cotidiano das batalhas da classe trabalhadora e da juventude latino-americanas.
O Encontro também avançou sobre a construção de agendas comuns, assim como se acertou intensificar a colaboração prática entre os partidos comunistas. Para Heitor Cesar, “é fundamental a construção de iniciativas que aprofundem a análise, o estudo, a investigação de nossas realidades, de elementos comuns da luta em nosso continente e de suas particularidades, de forma a potencializar cada vez mais nossa inserção entre os trabalhadores. Para tanto, é necessária a construção de uma linha política acertada e coerente com a realidade do continente e de cada país, criando assim elementos fundamentais para se prosseguir na luta”.
O Encontro também avançou no sentido de ações práticas no intercâmbio dos Partidos Comunistas, como na decisão de organizar um III Encontro no Brasil e aprofundar o diálogo entre as fundações de estudos e investigações dos Partidos Comunistas.