A batalha indígena é também a luta contra o capital
Espaços de luta na III Tenda Multiétnica em Goiás
Comitê Regional do PCB de Goiás
Na última semana o PCB e a Unidade Classista se fizeram presentes na Cidade de Goiás, para acompanhar e participar da III Tenda Multiétnica, ação promovida pela Universidade Estadual de Goiás(UEG) junto a diversos povos indígenas. O evento tem como objetivo promover o diálogo, a troca de experiências e vivências entre as diversas etnias existentes no Cerrado Goiano. A atividade foi palco de variada programação (debates, apresentações culturais, oficinas, rodas de diálogo, exposição de fotografia, etc), contou com representantes dos Povos Xavante, Avá-Canoeiro/ Tapirapés, Tapuia, Karajá, além de comunidades Quilombolas, Kalungas, Recantos Dourados e dos recém-homologados Quilombos da Água Limpa (Faina-GO) e Alto Santana (Goiás – GO).
Na III Tenda Multiétnica os diversos povos indígenas, tradicionais, quilombolas e ribeirinhos debateram, ao lado de trabalhadores e suas organizações, bem como de movimentos sociais ligados à igreja e a UEG, temas importantes para as lutas sociais. Entre outras atividades, houve mesas como a de “Movimentos Indígenas no Brasil – Dilemas e perspectivas”, contando com a presença de lideranças dos povos Karajá; Xavantes; Kariri-Xocó; Avá Canoeiro; Tapirapé e Tapuia. Logo após também se discutiu sobre as Águas do Cerrado, momento em que o Grupo de Pesquisa da UEG dialogou com o Povo Xavante, Karajá, Tapuia, Xakriabá e Kalunga.
Os usos e apropriações das águas pelo agronegócio e usinas hidroelétricas foi uma preocupação em comum nas falas dos participantes, que decidiram organizar um encontro no segundo semestre para aprofundar a discussão e realizar ações em conjunto. O Povo Tapuia indicou inclusive a necessidade de se tomar iniciativas capazes para proteger os bens naturais.
Segundo o militante da Unidade Classista e Professor da Universidade Estadual de Goiás, Robson de Moraes, “… a Tenda é um espaço importante de troca de experiências dos diversos povos do cerrado, que historicamente têm suas vivências ligadas ao meio ambiente… dialogar com as comunidades tradicionais é fundamental para se traçarem estratégias de resistência e luta aos ataques que essas comunidades sofrem em seus direitos mais básicos. Sem esses povos, não tem preservação do cerrado”. Destacando que o caminho é a luta social, Elizabete Paraguassu do Movimento Nacional de Pescadores chama atenção para dizer que “Não vamos mais ficar calados diante de tantos abusos”.
Por fim, na última Roda de Diálogo da III Tenda Multiétnica, aconteceu a Mesa Temática “Os (des)caminhos do Brasil”. Na mesa estavam representantes do Movimento Camponês Popular (MCP); Articulação Nacional Quilombola (ANQ); Mobilização Indígena do Cerrado (MOBIC); Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Urbanitária de Goiás (STIUEG); Fórum Goiano contra as Privatizações e UEG. Pelo Fórum Goiano esteve o camarada Walmir Barbosa, da coordenação da Unidade Classista e do PCB, destacando a necessária unidade de trabalhadores, indígenas e povos tradicionais nas lutas, numa perspectiva anticapitalista.