Qual é o custo da verdade?

imagemNota da Unidade Classista de Pernambuco de repúdio à demissão do jornalista João Valadares

Jornalismo. Profissão importante, porém perigosa. Dentre os vários perigos, um deles é falar a verdade. Sim, falar a verdade pode ser perigoso, pode até custar a vida. Felizmente não é esse o caso dessa nota de repúdio. O que não quer dizer que não seja grave.

O jornalista João Valadares denunciou casos de suposto nepotismo cruzado de familiares dos Desembargadores do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) no Tribunal de Contas do Estado (TCE), ademais, a cunhada do Governador Paulo Câmara também possui cargo comissionado no TCE. Pessoas que entram “pela janela” no setor público, ou seja, sem concurso público, mediante “apenas” um sobrenome influente. Qual o custo dessa notícia? A demissão do jornalista João!

É óbvio que uma demissão dessa não vem à toa. Os poderosos senhores de toga mostram sua excrescência, fazem injustiça mais uma vez, a primeira em incluir parentes em órgãos públicos, a segunda em caçar um cidadão de exercer seu dever profissional livremente. Não vamos nem entrar no mérito das inúmeras injustiças praticadas pela alta corte do Tribunal em decisões, no mínimo, controversas, aliadas a interesses privados, dos grandes proprietários.

A denúncia vir de um noticiário fora do Estado já demonstra o quanto os profissionais em Pernambuco são vedados a publicar notícias como essas. Os “podres poderes”, como dizia o poeta baiano, mostram sua podridão “tantas vezes em gestos tão naturais”*, que parece nem indignar a sociedade. Um caso como esse é revoltante. A denúncia em vez de intimidar as Vossas Excelências os senhores Desembargadores, pelo contrário, eles que vão intimidar a empresa a demitir um trabalhador. É mais fácil que corrigir seus erros e desmandos.

A Unidade Classista se solidariza com João Valadares, e repudia o portal OP9 por ter cedido a pressão vinda, indubitavelmente, das vossas excelências desembargadores da (in)justiça e o Governador Paulo Câmara.

*Música: Podres poderes, Caetano Veloso.

QUAL O CUSTO DA VERDADE?