KKE: avançar na construção do poder operário e popular!

imagemDiscurso do SG do CC do Partido Comunista da Grécia (KKE), Dimitris Kutsumpas no 20° Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários em Atenas

Boletim de Informação da Seção de Relações Internacionais do Comitê Central do KKE

Damos as boas vindas ao 20° Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários, aqui em Atenas, a cidade onde começaram há 20 anos os Encontros Internacionais, com a iniciativa de nosso Partido.

Aqui estamos hoje, frente a todos vocês, cumprindo um século de vida e ação, para os cem honrosos e heroicos anos do KKE, sentimos um orgulho saudável.

E isso porque seguimos com dinamismo, com determinação, os passos dos mortos heroicos e honrados de nosso Partido, que deram o bem supremo do ser humano, sua própria vida, à luta pelo triunfo da vida.

O Partido resistiu com valentia a todas as voltas da luta de classes.

E nos anos duros da clandestinidade, das perseguições, das execuções, dos encarceramentos e dos maus tratos, e nos últimos 44 anos de legalidade burguesa

Manteve-se de pé na grande involução histórica da contrarrevolução de 1991, e até o dia de hoje. Encontrou a força de sair adiante contra vento e maré.

Escalando passo a passo a abrupta subida da reconstrução.

Detectando as causas que levaram à vitoria da contrarrevolução, estudando e debatendo, desde os primeiros questionamentos de 1996 até a formulação coletiva no 18° Congresso do conjunto das causas da interrupção do processo da construção socialista no século XX, considerando mais que tudo a experiência da URSS.

Estudando página por página os documentos do Partido, os arquivos históricos, para alcançar essa grandiosa trajetória, com vitórias e derrotas, com saltos adiante e retrocessos, com erros e fraquezas, porém também com o heroísmo inigualável de cem anos cumpridos.

Camaradas,

Em vão as sereias da reação e do oportunismo cantam o fim da História, o fim da classe operárias e de seu movimento, a vida as desmente.

A classe operária assumirá cedo ou tarde seu papel histórico, que consiste na abolição definitiva da exploração do homem pelo homem e na construção da sociedade socialista-comunista.

E isso porque possui a força relativa à produção industrializada concentrada. Daí emanam virtudes como a coletividade, a disciplina consciente, a incomparável resistência às adversidades, todas elas provadas em grandes lutas de classes.

A Comuna de Paris e a Revolução de Outubro constituem os exemplos brilhantes que inspiram nossas lutas. Assim como as milhares de mulheres e homens trabalhadores de nosso país que se colocaram em primeira fila e resistiram inúmeras adversidades, que deram suas vidas, durante esses 100 anos e até nossos dias.

Ocorreram batalhas que deixaram sua marca indelével no próprio corpo do movimento operário grego, na trajetória da luta de classes.

Que deixaram ensinamentos positivos e mostraram debilidades desde cedo, que temos que estudar do ponto de vista da vanguarda operária, na perspectiva do desenvolvimento da árdua luta de classes.

A classe operária não conquista essa posição de maneira espontânea, mas sobre a base da teoria e da ação revolucionárias do Partido Comunista, ou seja, de sua vanguarda consciente e organizada.

Camaradas,

A existência de um programa revolucionário, a fé na cosmovisão do marxismo-leninismo e no internacionalismo proletário, os princípios da construção de um Partido de Novo Tipo, o estudo elaborado de nossa experiência histórica, constituem, sem dúvida alguma, armas modernas nos conferem a supremacia, porém a questão que se apresenta é como utilizá-las criativa e acertadamente em nossa luta cotidiana, em nossos esforços de todos os dias.

Não é suficiente apreciar o valor das lutas operárias com vistas a reivindicações imediatas, assim como o papel do Partido nestas. O que constitui um critério de avaliação é em que estas medidas ajudam ao progresso da consciência política. O que constitui um critério de progresso é o avanço da construção partidária nos centros de trabalho, assim como a composição social dos afiliados ao Partido, os grupos de idade e a participação feminina. Outro critério constitui o aumento constante do nível teórico, político e organizativo do Partido, assim como a melhoria da capacidade de direção e de criação de vínculos com a classe operária, partindo do Comitê Central e chegando até a célula.

As complexas tarefas atuais não devem nos fazer descuidar do principal e fundamental que é trabalhar na infraestrutura para que o Partido seja preparado, que não seja tomado de improviso ante eventuais voltas e bruscas encruzilhadas, que tenha sempre a possibilidade de previsão e adaptação a tempo, sem perder de vista seu principal objetivo.

É impossível observar de maneira integral o avanço de nosso trabalho, julgá-lo de maneira exigente, detectar e corrigir a tempo erros e omissões, se não tivermos adquirido já a nível pessoal a habilidade de julgar o fator subjetivo, considerando também as circunstâncias objetivas específicas, as condições que existem independentemente de nossa vontade e de nosso desejo, de nossa intervenção.

A experiência tanto grega como universal confirma que, exceto onde se estabeleceram as premissas de uma situação revolucionária e a classe operária tomou e manteve – enquanto manteve – o poder, a influência e a força político-ideológicas do Partido, caso se considere sua ação combativa e vanguardista na luta, sua atitude consequente, seu desinteresse e sua contribuição em sacrifícios incomensuráveis, não correspondiam na realidade com o fato de que se confirmava em regra geral suas previsões e seus avisos ao povo.

Não é algo estranho. A classe operária estabelece as condições para que predomine a ideologia do socialismo só quando conquista o poder político e enquanto avança a construção socialista.

Isso não significa que o KKE contemple passivamente sua responsabilidade de contribuir com o desenvolvimento da consciência política da classe trabalhadora. Uma coisa é a exigência do Partido de lutar contra e de desfazer-se quanto antes de suas debilidades, suas deficiência e seus eventuais erros, e outra coisa é que tenha a ilusão de que a consciência socialista possa prevalecer nas condições do capitalismo. O que o Partido exige de si mesmo, o exame crítico e autocrítico dos resultados de sua ação, não pode fazer-se com os mesmos critérios, desde o próprio ponto de vista que o dos partidos burgueses, dos partidos que aceitaram lutar dentro dos limites do sistema capitalista ou apregoam nas massas que o capitalismo se reforma em socialismo.

O que tem uma imensa importância para o KKE é em que medida seus laços se ampliam e se aprofundam enfocando sobretudo nas fábricas, nos grandes centros urbanos, em setores de importância estratégica.

Repudiamos qualificações e ocorrências ideológicas que confundem o caráter classista, que ocultam a linha de separação entre as duas classes fundamentais, a burguesia e a classe operária.

O KKE se trabalha para que a luta de classes se oriente para a derrubada do sistema capitalista e aspira a que a luta de todos os setores da classe operária, assim como das camadas medias populares, convirja para essa orientação, pela melhoria das condições de trabalho e de vida.

O objetivo de nosso esforço cotidiano é a emergência concreta da classe operária como vanguarda revolucionária e não como vanguarda stricto sensu nas lutas sindicais e populares. Os setores populares das camadas médias têm que convergir quanto for possível para uma ação comum e uma aliança com a classe operária, para que a aliança social possa aparecer o mais massiva possível.

Somos conscientes de que o movimento operário e seus aliados na Europa e na Grécia se encontram em uma etapa de relativa recessão, de mal-estar, inclusive de quase inatividade, apesar das manifestações frequentes da crise econômica.

A tendência de desmassificação e de alteração da orientação classista se formou há muitos anos, muito antes da restauração capitalista na URSS e nos demais países da construção socialista, sobretudo por causa da gestão socialdemocrata.

O eurocomunismo constituiu um vetor fundamental através do qual o capitalismo da Europa ocidental – tendo a socialdemocracia como braço direito – desferiu golpes devastadores contra o movimento operário sindical, o que gerou como resultado sua paulatina recessão, inclusive sua degeneração. Ocorreram lutas que não conseguiram, entretanto, diferenciar positivamente a correlação de forças a nível europeu, muito pelo contrário.

Na Grécia, uma parte importante dos trabalhadores, homens e mulheres, das massas populares, se sentiu extenuada ou desiludida porque as lutas sindicais não trouxeram resultados imediatos.

Outra parte deles está à espera, em vão, é claro, de que se coloque algum fim às duríssimas medidas, albergando a esperança de que alguma mudança possa acontecer por cima.

A atitude que predomina é a de exigências reduzidas. Trata-se de uma espécie de correntes que se envolvem em torno do operário, do empregado, do trabalhador autônomo e do campesino pobre desde sua primeira juventude e que se fortalecem, certamente, de maneira decisiva no centro de trabalho, enquanto é preparada a consciência para considerar o capitalista como o que dá trabalho e que distribui as rendas.

O medo e a ilusão, a passividade e a frustração constituem expressões da impossibilidade de compreender tanto a relação entre economia e política como o caráter classista dos partidos; expressões da ignorância ou do conhecimento em meio ao que é e de como funciona o sistema capitalista e do papel revolucionário da classe operária; expressões das ilusões consolidadas do parlamentarismo. É certo que tanto o movimento comunista internacional como nosso Partido têm responsabilidades por não ter podido libertar-se a tempo e perenemente da rede de inserção burguesa que conta com a participação ou o apoio de maiorias e governos parlamentares burgueses.

O trabalho ideológico e a instrução não são suficientes caso se façam só com o motivo da atualidade e em forma de repetição de consignas gerais e de posições de estratégia revolucionária, sem vivacidade nem combatividade, sem enriquecimento através dos acontecimentos.

A exposição de nossas posições em forma de postulados ou de crítica geral dos demais partidos, como em uma classe magistral, não é atraente porque cai em um caldo de cultura onde todos os demais partidos seguem uma via única; enquanto nós seguimos outra via muito distinta, que exige compromisso voluntário e sacrifícios, mais ainda nesse período de vitória da contrarrevolução nos países socialistas.

Tudo parece estar contra nós, enquanto a trajetória do capitalismo produz hoje muitas provas mais sobre a necessidade do socialismo, que é a meta estratégica do KKE. Por outro lado, a História demonstrou que era muito necessária a correção de erros do passado, não só na estratégia do KKE, mas também a nível mundial.

A elaboração da estratégia requer unidade da teoria e da ação. Porém, não é fácil que essa chegue a ser assunto da vanguarda comunista, uma guia de ação e de desenvolvimento das massas operárias e populares mais amplas.

Conseguimos superar a Cila do burguesismo e o Caríbdis do reformismo, do oportunismo, e manter nosso Partido de pé com a ação constante, com a presença cotidiana na luta e nos desenvolvimentos políticos, porém isso não nos sossega, dado que hoje em dia as circunstâncias de ação e as experiências são particularmente complexas e complicadas.

A elaboração de nosso programa e mais especialmente nossa atitude política provocou uma ofensiva sistemática contra o Partido por parte não só do adversário de classe, mas também do oportunismo. Dita ofensiva é insidiosa e elaborada, dado que seus veículos não podem utilizar os argumentos crus e provocativos que empregaram no período de 90-91, quando criaram que a vitória da contrarrevolução constituía uma oportunidade de ouro para que o movimento comunista removesse o marxismo-leninismo ou para que mantivesse algumas ideias marxistas purificadas de seu caráter revolucionário e socialista.

Desde 2012 o oportunismo optou por nos enfrentar, utilizando como arma principal a frustração e a preocupação com o resultado eleitoral negativo e a ascensão abrupta do SYRIZA. Cultivando a falsa esperança de que o SYRIZA não mais podia frear a ofensiva antipopular, tentou arrastar o KKE a uma colaboração política, falando de reformas e de uma suposta retirada da zona do euro, com um governo composto por forças políticas hipoteticamente “de esquerda”. Acusou a linha do Partido e seus Estatutos pela falta de semelhante deslocamento, de agrupação, em um período em que o Partido tinha registrado perdas eleitorais de caráter político-ideológico. O oportunismo provocou o argumento de que essa opção era imperativa por causa da correlação de forças negativa, que constituiria um ponto de partida para sua mudança, acusando o KKE de falta de tática. É óbvio que naquele então, ainda não se tinha revelado plenamente as relações estreitas do SYRIZA com os centros do imperialismo.

É certo que o oportunismo tem uma base social, já que propicia a formação de uma ampla aristocracia operária, e como se estendem as empresas estatais, aumenta o número de cientistas, artistas, docentes, trabalhadores em meios de comunicação, etc., todos eles assalariados. Essa base social projeta a tendência de compromisso com o adversário de classe, a busca de soluções políticas dentro do sistema, do oportunismo dentro do próprio movimento operário, no seio do partido da classe operária. É por isso que a luta contra o oportunismo constitui uma condição sine qua non para manter o cárcere operário e revolucionário do Partido, em cada período e cada fase da luta de classes, da correlação de forças.

Dessa luta, de sua lealdade e habilidade político-ideológicas, de sua consequência organizativa, depende que os partidos comunistas não percam justamente seu caráter comunista.

A experiência na Europa capitalista, na América Latina, demonstrou que quando um PC decide participar de um governo em nome de uma opção transitória, já se vê com as mãos atadas, ainda que não se comprometa com um acordo oficial ou tenha declarado a manutenção de sua autonomia. Os compromissos escritos ou não escritos não representam nenhuma garantia. As leis do mercado capitalista não dependem de acordos políticos. E já existe uma experiência negativa da participação do Partido por uns poucos meses em governos burgueses, em 1944 e em 1989.

Se não se conseguiu pensar e julgar cada problema social, cada fenômeno econômico ou político, como por exemplo o estouro de um escândalo, a aparição de um novo partido, etc., baseando-se na relação entre economia e política, então se faz uma separação entre o problema e a necessidade de lutar contra o capitalismo, que não pode ser entendida, e com razão, por uma grande parte da classe operária hoje em dia.

O critério fundamental para a posição das forças sociais opostas radica no aprofundamento da grande contradição do capitalismo: por um lado, a socialização da produção e do trabalho, o ser humano como uma força produtiva e, por outro, a apropriação privada do produto sobre a base da propriedade privada dos meios de produção. Essa contradição constitui a matriz de todos os contrastes e conflitos do sistema e, portanto, deve constitui a base para a definição do Programa do Partido.

Certamente, a classe operária em seu conjunto não tem consciência dessa contradição do sistema capitalista. Pelo contrário, adota a ideologia burguesa, segundo a qual o modo capitalista de produção e organização de toda a sociedade é historicamente superior, e por isso, insubstituível.

Isso constitui uma vertente do poder capitalista que se impõe não apenas pela força do patronato e do estado, mas também pela manipulação político-ideológica (educação, meios de comunicação, Igreja, mecanismos dos partidos burgueses, mecanismos do estado interconectados com as massas, como os da Administração Local, das organizações semi-estatais [por exemplo, as ONGs], inclusive através das organizações sindicais integradas ao sistema [por exemplo, a GSEE – a CGT grega – ou a ADEDY – a Central Sindical de Funcionários grega]).  A manipulação ideológica da classe operária se reflete em sua consciência política distorcida, em seu apego político a partidos burgueses ou a partidos procedentes de suas fileiras, porém que no caminho acabam sendo burgueses.

Assim, a política de correlação de forças reflete sempre a dominação da classe burguesa, que se vê manifestada em seus órgãos de poder – entre estes, o parlamento – e que define os processos para a formação de seus órgãos, como nas eleições.

Uma mudança verdadeira na correlação de forças pressupõe que uma parte significativa da classe operária, por causa da deficiência do poder burguês, rompeu as cadeias da manipulação ideológica burguesa.

A questão da correlação de forças depende também do grau de maturidade da consciência política da classe operária, em condições não revolucionárias, ao menos para o PC, e de um agrupamento operário e popular em torno deste que não deixa de desmascarar e de confrontar-se com o capital, os monopólios, o sistema político burguês, a legislação, as estruturas jurídicas e repressivas, as concepções educativas e religiosas dominantes, as associações imperialistas interestatais da UE e da OTAN.

O exame crítico e autocrítico exigente da eficiência, do grau de eficácia do fator subjetivo, de nosso Partido, não pode levar-se a cabo independentemente da correlação internacional da luta de classes que tomou um caminho dramaticamente negativo com a vitória da contrarrevolução nos países da construção socialista. É claro, as brechas na dominação do capitalismo, com as crises, as guerras, os antagonismos, se acumula, e formam a perspectiva de novas condições e de oportunidades que requerem que o movimento comunista esteja alerta.

O avanço da luta de classes, da força motriz dos desenvolvimentos positivos, não depende  nem de truques nem de jogos de tática, nem do suposto realismo da fatalidade, nem da angústia pelas porcentagens eleitorais ou da substituição do movimento por “incidentes” e “eventos” hipoteticamente revolucionários; depende da intervenção organizada e focada, com vistas a organizar as forças operárias e populares vanguardistas.

Um objetivo do Partido é incluir em suas fileiras os trabalhadores mais vanguardistas, homens e mulheres, seu rejuvenescimento e o aumento do número de mulheres filiadas. Assim, o recrutamento dos militantes mais destacados das camadas populares de campesinos, trabalhadores autônomos, cientistas e artistas assalariados. Necessita-se um trabalho sistemático e específico, independentemente de atravessarmos um período de lutas ou de estancamento. E o aumento do número de filiados ao Partido não leva automaticamente a lutas mais vigorosas. Existe uma interação, porém que se promove sistemática e estrategicamente, com tarefas, critérios e instrumentos combinados, e não de maneira espontânea e mecanicista.

Uma mudança verdadeira na correlação de forças entre as duas classes opostas só pode surgir de um agrupamento massivo em torno do partido da classe operária, frente ao enfraquecimento evidente, à incapacidade de funcionar, dos mecanismos e das instituições burguesas e de seus governos.

A negativa correlação de forças internacional começará a receber golpes na medida em que, a nível nacional, a luta de classes se desenvolva, adquira orientação anticapitalista-antimonopolista, se confronte de maneira intransigente com a política de saída da crise e com as opções estratégicas da UE.

É também nossa responsabilidade reduzir – enquanto depende de nós – as reservas do capitalismo, minimizar-lhe as oportunidades, desfechar-lhe golpes, e concentrar forças com vistas à contraofensiva e à derrubada.

O nível de força do Partido se define por critérios combinados, alguns dos quais desempenham um papel mais decisivo que outros, relacionados com a necessidade de reagrupar o movimento operário, de promover a Aliança Social antimonopolista-anticapitalista, com a luta pelo socialismo-comunismo.

A classe operária tem a maior responsabilidade do nível de orientação e de ação comum com seus aliados. O nível e o alcance da aliança serão julgados em cada etapa pela capacidade do movimento operário de resistir à pressão que exercem sobre ele as camadas pequeno-burguesas, as suas vacilações.

Outro critério é também a resistência em condições de terrorismo patronal e estatal, de violência, de crise econômica capitalista, de guerra imperialista. A combatividade firme na luta cotidiana, como se define pela estratégia do Partido, pode ser um germe prometedor que, cedo ou tarde, brotará.

Ante as batalhas eleitorais, próximas e seguintes, nossa consigna de ataque é que já a promovemos, ou seja: a necessidade de fortalecer o KKE para que a oposição operária e popular saia reforçada frente à política burguesa, ao conceito de via única da UE, que seja em condições de crise econômica capitalista ou de certa recuperação do capitalismo grego, ou bem em condições de maior ou menor coesão na UE.

O reagrupamento do movimento sindical operário tem relação com o maior fortalecimento do movimento de classe, da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), que constitui a maior conquista das últimas décadas para a classe trabalhadora e para nosso movimento, porque lidera as lutas operárias e a promoção da aliança social. O reagrupamento tem também relação com a mudança na correlação de forças das eleições sindicais e com a organização da luta pelos problemas profundos, para que as forças classistas consequentes adquiram a maioria; porém, ao mesmo tempo, se trata de entender a necessidade de uma organização e uma participação massivas nos sindicatos, no movimento, assim como qual linha de luta predomina no movimento sindical.

Cremos firmemente que é errado e ditado pela burguesia e pelo oportunismo o ponto de vista segundo o qual o movimento operário, o movimento popular em geral, não tem que tomar posição a respeito do tema da governança, do poder, porque é um movimento de massas e tem que manter a neutralidade. A neutralidade para eles significa a colaboração classista, os interlocutores sociais, o reconhecimento da prioridade do capital frente à força operária, a da lógica da via única da UE. Os capitalistas, os políticos e os tecnocratas que são seus representantes, acusam as lutas de serem politicamente instigadas e perigosas, fracionárias, porque se supõe que não consideram o fato de que os trabalhadores pertencem a vários ou a todos os partidos políticos. No entanto, o significado do conceito “politização” tem relação com o objetivo da politização, que possui como núcleo a derrubada do poder do capital.

A pergunta que se apresenta, de se os trabalhadores têm que escolher se devem unir-se frente a seus problemas imediatos ou pelo poder operário e popular, é um falso dilema que divide intencionalmente a luta para esmagá-la e acabar com ela. Mais alta consciência política tem a classe operária em sua maior parte, mais a luta pelos problemas imediatos tem a esperança de impedir algo pior ou de obter algo melhor.

Trata-se de um tema de estratégia e de tática, inseparavelmente relacionadas, já que a segunda se define pela primeira sobre a base de sua flexibilidade.

Hoje em dia podemos afirmar com certeza: não se derrotou totalmente a disposição para a resistência e a contraofensiva. Essa disposição existe, não a quebraram apesar dos esforços sistemáticos empregados. E não desvanecerá graças ao KKE e às forças radicais que existem e se alinham com o movimento. Ainda que a correlação de forças permaneça negativa, também permanece a dinâmica do KKE que está relacionada com sua longa experiência, com os ensinamentos que tirou, assim como sua capacidade de resistir às armadilhas de inserção.

Reafirmamos, assim, a fé em nossos povos, nos povos de todo o mundo, na classe operária mundial, que em cada país, em cada continente, lidera as próprias batalhas para que se torne, finalmente, realidade definitiva e irrevogavelmente desta vez a possibilidade da sociedade socialista-comunista realmente superior.

20 IMCWP, Opening Speech by the GS of the CC of the KKE, Dimitris Koutsoumpas

Fonte: http://es.kke.gr/es/articles/DISCURSO-DEL-SG-DEL-CC-DEL-PARTIDO-COMUNISTA-DE-GRECIA-KKE-DIMITRIS-KUTSUMPAS/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Categoria
Tag