A Semana no Olhar Comunista – 0025
Segundo matéria publicada pela Folha de S. Paulo, integrantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) começaram a se mobilizar para reduzir os poderes do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, no Conselho.
Recentemente, ministros do STF atenderam a ações da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e suspenderam investigações do conselho contra tribunais. Foi uma reação à corregedora do CNJ, Eliana Calmon, que divulgou relatório mostrando que magistrados e servidores movimentaram R$ 856 milhões em operações financeiras consideradas “atípicas” pelo Coaf, órgão de inteligência do Ministério da Fazenda, entre 2000 e 2010.
Para que tudo não se resuma a uma disputa palaciana, entretanto, é preciso pressão constante da sociedade sobre o magistrado – encastelado, como sempre, em um verdadeiro universo paralelo.
Empresa alemã compra parte da MPX, de Eike Batista
A empresa alemã EON está adquirindo, por R$ 850 milhões, 10% da empresa MPX, braço de energia do grupo EBX, controlado por Eike Batista. A nova joint-venture será a maior empresa privada de energia do país, e desenvolverá projetos que somarão 20 mil MegaWatts, ou 20% da capacidade brasileira. A MPX tem projetos fora do Brasil (Chile), concessões de gás natural (bacia do Parnaíba, no Maranhão) e uma mina de carvão (em Seival, no Rio grande no Sul). Em 2013, começará a produzir carvão na Colômbia.
A internacionalização do capital é uma das tendências centrais do capitalismo. No caso da geração de energia, este tipo de investimento requer concessões do Estado e não poupa recursos não renováveis, como o carvão, na busca por maiores lucros. É um setor estratégico, que não deveria estar em mãos privadas.
Operação terrorista mata cientista nuclear iraniano
Tudo leva a crer que os EUA e Israel estão por trás da operação que matou o cientista nuclear Ahmadi Roshan, em Teerã, no dia 11 de janeiro. Uma bomba, colocada por um motociclista, explodiu em seu carro.
A razão por trás do atentado é, certamente, a suposta intenção do Irã de desenvolver armas nucleares. No entanto, o próprio ministro de Defesa norte-americano, Leon Panetta, admitiu, em recente entrevista à rede CBS, que o Irã não quer desenvolver armas mas sim uma capacidade nuclear para a geração de energia, assim como vários outros países da região, como a Arábia saudita e os Emirados Árabes, que desenvolvem programas nucleares – com o apoio dos EUA e de empresas da França e da Coréia do Sul – para reduzirem sua dependência à geração de energia pela queima de óleo (aliviando, também, o consumo das suas reservas de petróleo).
O acontecimento reflete a mudança na estratégia militar americana: menos invasões, mais espionagem e ações terroristas para subjugar países e povos que se querem independentes.
Budapeste se levanta contra o autoritarismo da nova Constituição húngara
Milhares de cidadãos húngaros foram às ruas protestar contra a adoção, pelo governo da Hungria – do Partido Fidesz, de centro-direita –, de uma nova Constituição que limita os poderes dos juízes e do Parlamento, cerceia a liberdade de imprensa e aponta para a criação de um regime autoritário no país. Minorias como os homossexuais e os ciganos estão sob ameaça. Até a conservadora Comissão Européia irá à Justiça se Hungria não modificar o texto da Nova Constituição que limita independência de poderes.
O movimento do governo é mais uma tentativa de combater a revolta dos trabalhadores húngaros contra o desemprego e a perda de garantias que sobreveio à queda do regime comunista, nos anos 90, agravado, hoje, pela forte crise econômica que se abate sobre a Europa, e uma cartada do partido Fidesz para manter-se, pela força, no poder.
Brasil não investe em prevenção de tragédias
Os números falam por si: R$ 6,3 bilhões para o socorro, entre 2006 e 2011, e apenas 745 bilhões para evitar os problemas causados por enchentes e outras catástrofes, conforme dados da Confederação Nacional dos Municípios.
Além do descalabro, em si, da falta de investimentos em contenção de encostas, reflorestamento, construção de diques, barragens, construção e limpeza de galerias fluviais e outras obras extremamente necessárias, a discrepâncias dos números reflete a falta de planejamento com o próprio desenvolvimento urbano e da infra-estrutura de transportes e outras áreas, que faz com que, na lógica do exercício do poder voltado para a defesa dos segmentos mais ricos da população, dos interesses imobiliários e do mercado em geral, as populações de baixa renda sejam obrigadas a morarem em áreas de risco – como encostas e margens de rios – e as verbas públicas sejam gastas, prioritariamente, em obras supérfluas ou de menor impacto para o bem-estar das camadas menos favorecidas.
Como se tudo isso não bastasse, a maior parte das escassas verbas voltadas para a reconstrução das áreas atingidas pelas calamidades vem sendo vergonhosamente desviadas. É o poder burguês, na sua plenitude.
Ocupem Wall Street e o futuro
Ativista do movimento Ocupar Wall Street, em entrevista à jornalista e escritora norte-americana Naomi Klein (colunista do jornal The Nation), o escritor e ativista político Yotam Maron atribui o êxito do movimento ao trabalho de organização executado, previa e constantemente, nas comunidades nas comunidades marginalizadas, em todo o mundo, motivadas pelo desemprego, pela dívida e pela falta de perspectivas que hoje predominam para a maioria da população.
Yotam entende que o movimento – e os movimentos congêneres que se espalham pelo mundo – não se batem apenas contras as atuais condições de vida mas apontam, em alguns casos e setores, também, para a construção de um sistema econômico e social alternativo, para a criação de um novo poder dual, que é representado, nesse momento, pelas ocupações. Para ele, no entanto, o principal, agora, é obter pequenas mudanças políticas, e seguir avançando para a esquerda e o próximo passo, nos EUA, é barrar os cortes orçamentários na Educação e outras áreas sociais e exigir a redução dos gastos militares.
Yotam elogia o movimento estudantil chileno e o vê como a volta da esquerda daquele país ao protagonismo político, voltado para a demanda pela Educação pública e gratuita e para a reversão das privatizações iniciadas na ditadura de Pinochet e continuadas nos governos posteriores. No entanto, ele reconhece que o “Ocupem Wall Street” não tem a mesma natureza, pois não começou a partir de uma demanda específica. “Estamos no começo, mas estamos diante de possibilidades até há pouco inimagináveis”, podemos seguir mudando o cenário político, crescer para nos tormarmos um grande movimento de massa com força para propor um novo tipo de mundo”, diz Yotam.
O “preço” da expansão capitalista do Brasil
A expansão capitalista do – e no – Brasil mostra mais uma de suas “faturas”: com uma sobrevalorização de 35% em relação ao dólar, o real seria a quarta moeda mais cara do mundo, segundo a revista britânica The Economist.
A sobrevalorização da moeda brasileira só fica atrás do franco suíço (sobrevalorizado em 62%), a coroa norueguesa (também 62% sobrevalorizada) e a coroa sueca (41%). Na outra ponta estão a rupia indiana (desvalorização de 61%), a hryvnia ucraniana (50%) e o dólar de Hong Kong (49%).
Intenção de compra é a menor dos últimos três anos
A “marolinha” ganha força e impede que o consumidor brasileiro vá “surfar”: segundo pesquisa de intenção de compra no varejo divulgada nesta terça-feira, o percentual de consumidores que pretendem comprar algum bem durável caiu de 78% no quarto trimestre de 2011 para 60,6% no primeiro trimestre deste ano, nível mais baixo desde 2009, logo após o estouro da crise.
A retração é generalizada e atinge sete das 10 categorias de produtos pesquisados, com exceção da linha branca, cama, mesa e banho e do sonho e consumo no capitalismo: os automóveis.
O rio só corre pro mar?
Bancos comerciais depositaram mais de meio trilhão de euros no Banco Central Europeu (BCE) na última segunda-feira, maior quantia já registrada na história da instituição. Preocupados com a crise de dívida e observando a recente injeção de capital pelo BCE, os bancos estão inundados de dinheiro enquanto os povos sofrem. Ao invés de injetarem tal quantia na economia, e com a total subserviência dos governos, os banqueiros estão preferindo guardar seus recursos no caixa do BCE.
A privatização da história ocidental
O Ministério da Cultura da Grécia vai privatizar alguns de seus mais importantes sítios arqueológicos para empresas de publicidade e de outros setores para “facilitar” o acesso às ruínas gregas. O dinheiro gerado, afira a pasta, servirá para a manutenção e monitoramento dos locais. O primeiro local a ser aberto já foi escolhido: será a Acrópole. Muitas fortunas, no mercado negro das artes e objetos arqueológicos, podem vir a ser criadas a partir de agora. E a história da civilização ocidental pode vir a perder importantes capítulos em mãos privadas. As informações são da Dow Jones.