Um em cada 5 mortos em São Paulo é vítima de PM
Levantamento feito pela Folha, com base nos dados da Corregedoria da Polícia Militar, revela que, das 1.299 pessoas mortas na capital nesse período do ano passado, 290 foram atingidas por PMs -22,3% do total.
As 290 mortes cometidas por PMs são casos de “resistência seguida de morte” (229) e homicídios dolosos fora do trabalho (61).
Essa é a maior média de mortos por PMs desde 2005, proporcionalmente ao total de pessoas mortas na cidade. Maior até do que em 2006, quando o Estado enfrentou três ondas de ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Naquele ano, as mortes atribuídas a PMs na capital (192) representavam 6,8% do total de mortes (2.814).
Para o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, a letalidade policial é uma de suas preocupações à frente da tropa.
“Mesmo assim é preciso considerar que 83% das pessoas que se envolvem com ocorrências policiais são presas ou conseguem fugir. Os mortos em confronto com PMs são apenas 17%”, disse.
“Nossa finalidade sempre é evitar a morte, seja ela do criminoso ou do policial. No último ano, conseguimos apreender 22 mil armas. Isso mostra o quanto as pessoas ainda andam armadas.”
Para evitar as mortes cometidas por PMs, a corporação mantém um programa de investigação semanal para analisar cada um dos casos em que policiais matam, seja no trabalho ou fora dele.
O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, diz ser preciso melhorar a qualidade do PM. “Se você conseguir reduzir a letalidade policial, aí sim, São Paulo vai poder comemorar a queda no homicídio”.
O advogado Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos, vê como assustadora a proporção de mortes cometidas por PMs.
“A polícia precisa acabar com a prática de atirar primeiro e perguntar depois, como costuma ocorrer nos casos de violência seguida de morte.”
“Só com o treinamento dos policiais esses índices de letalidade vão reduzir”, disse Fuchs.
Planalto estuda represálias contra barreiras argentinas
Valor Econômico
Nos primeiros 24 dias do ano, o Brasil vendeu em média 10% a menos à Argentina do que exportou no ano passado, o que indica uma queda próxima a US$ 150 milhões até o fim do mês, apesar de um grande crescimento nas exportações de automóveis.
O governo brasileiro já estuda possíveis ações de represália, caso comprove que a queda nas exportações resultou de barreiras ilegais impostas pelos argentinos, segundo informou um ministro ao Valor. Informalmente, já se cogita uma queixa contra a Argentina no órgão de solução de controvérsias do Mercosul.
A medida poderia ser seguida por outros sócios do bloco, escancarando a insatisfação regional com os controles de importação do país vizinho. A intenção é impor limites aos danos provocados pelas medidas protecionistas adotadas pela Argentina para equilibrar as contas externas, salvaguardando setores que nem sequer têm impacto expressivo nas contas totais de comércio, como calçados.
Em 1º de fevereiro, entra em vigor a mais recente medida de controle criada pelo governo argentino, a exigência de uma Declaração Jurada Antecipada de Importação (DJAI) aos interessados em trazer mercadorias do exterior ao país. O temor que a medida provoque interrupção no comércio entre os dois países levou o governo brasileiro a programar uma visita da secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, a Buenos Aires, na primeira quinzena de fevereiro. “Com o início da vigência do mecanismo poderemos avaliar melhor o impacto”, disse a secretaria.
“A visita à Argentina é uma mensagem de preocupação de nosso lado, agora transmitida pessoalmente”, explicou, lembrando que o governo editou nota manifestando inquietação depois do anúncio da criação da DJAI argentina. “O recurso ao órgão de solução de controvérsias é apenas uma entre várias possibilidades”, disse Tatiana, confirmando que a ação é cogitada no governo. “Mas nossa ênfase, no momento, é a negociação.”
Nos últimos dias, como parte da regulamentação da medida que criou a DJAI, agregou-se a exigência de um formulário especial dos importadores, pela Secretaria de Comércio Interior argentina, chefiada por Guillermo Moreno. O Itamaraty tem acompanhado as notícias sobre as medidas, mas delegou ao Ministério do Desenvolvimento as conversas com os argentinos.
Há informações desencontradas em Buenos sobre o prazo que o governo local levará para processar as informações e liberar a importação dos produtos listados na declaração antecipada – as previsões variam entre 72 horas e dez dias. Incomoda à cúpula do governo brasileiro a continuidade no atraso das licenças de importação já existentes, que supera o máximo de 60 dias previsto pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em alguns itens dos setores de têxteis, calçados e máquinas agrícolas.
O tema deve ser abordado também por Tatiana, que se reunirá com a secretária de Comércio Exterior da Argentina, Beatriz Pagliari. Não está previsto nenhum encontro com Moreno, considerado na Argentina o verdadeiro controlador das decisões relativas a comércio e investimentos no país.
O resultado negativo do começo do ano pode ser atribuído, apenas em parte, à queda de quase 60% nas vendas de minério de ferro (US$ 34 milhões a menos, em 17 dias úteis), causada pela interrupção de fornecimento com as enchentes verificadas em Minas Gerais.
Mas a disparidade dos números mostra que, embora haja fortes quedas em exportações de bens manufaturados, nem todos os setores são afetados da mesma maneira. Há casos de forte alta nas vendas, como nos automóveis (56% na média diária de exportações), veículos de carga (146%) e tratores (127%), fio-máquina (119%) e máquinas e equipamentos para terraplenagem (77%).
A lista dos 25 principais produtos de exportação do Brasil à Argentina revela queda de 40% na entrada de máquinas e equipamentos de uso agrícola (exceto tratores) e redução de 15% na venda de partes e peças automotivas. Excluídos os 25 principais produtos vendidos pelo Brasil, a lista restante de exportações brasileiras à Argentina (que inclui itens como têxteis e calçados) mostra queda de 33%, ou US$ 10 milhões diários a menos.
No setor privado brasileiro, setores como o de eletroeletrônicos, mais afetados pelas barreiras comerciais no vizinho, são favoráveis a medidas duras de retaliação à Argentina, até com criação de restrições a investimentos da Argentina no Brasil.
Mas, em reunião há uma semana na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), os dirigentes empresariais aprovaram uma “agenda positiva” de negociações, com medidas para equilibrar, sem protecionismo, a balança comercial bilateral. Entre essas medidas, estão a maior inclusão dos argentinos nas compras governamentais brasileiras, estímulos à associação de empresas e ações conjuntas de defesa do mercado regional.
‘Cai risco de quebra de banco europeu’
Valor Econômico
O risco de quebra de banco tipo Lehman Brothers na Europa diminuiu bastante desde dezembro, mas restam vulnerabilidades no setor bancário europeu e não “é bom banco privado depender exclusivamente do dinheiro do banco central”.
Foi o que afirmou ontem o presidente do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), uma espécie de xerife das finanças globais, Mark Carney, que é também presidente do Banco Central do Canadá, em entrevista ao Valor.
Carney substituiu em novembro a Mario Draghi na presidência do FSB, quando o italiano assumiu o comando do Banco Central Europeu (BCE). Sua tarefa é trabalhar para evitar a repetição da crise financeira de 2008.
Educado nas universidades de Oxford e Harvard e ex-banqueiro do Goldman Sachs, Carey, de 46 anos, trabalhou em Londres, Tóquio e Nova York e também no ministério de finanças canadense. E está em posição particularmente confortável porque o Canadá se destacou na crise pelas duras reformas, que preservaram seus bancos, como também no Brasil.
Na entrevista, ele considerou que a evidência mesmo no momento é de que crise na zona do euro é um aspecto central da vulnerabilidade do sistema financeiro global. Mas que desde dezembro as autoridades europeias começaram a tomar medidas importantes. E para a estabilidade financeira no curto prazo, o fornecimento de liquidez bilionária pelo Banco Central Europeu (BCE) “tem sido uma iniciativa muito importante””.
O BCE emprestou em dezembro € 489 bilhões para mais de 500 bancos em operação, pela primeira vez, de três anos, com taxa de apenas 1% ao ano. “Essa ação afasta o risco de crise de liquidez de um banco europeu””, disse Carney. Além disso, notou que os bancos do velho continente têm ainda colateral (garantias) que se contam em trilhões de euros, e que podem usar para obter mais liquidez junto ao BCE.
No entanto, o xerife das finanças nota que a situação continua difícil na Europa. “Não é uma boa coisa que um banco privado dependa exclusivamente do banco central. Há ainda esse processo de desalavancagem de bancos europeus, que reduz a concessão de credito à economia real””.
Para Carney, os europeus precisam se concentrar na situação da Grécia. Considera que as negociações do país com bancos credores são muito delicadas e o resultado “poderia ser determinante para a estabilidade financeira mundial””. Se positivo ou negativo, dependerá do pacote final.
Ele insiste que um acordo de reestruturação da dívida grega precisa ter credibilidade para baixar a dívida a um nível sustentável, como os 120% em relação ao PIB, no mínimo, como as autoridades europeias tentam obter como compromisso.
Ele aponta duas maneiras de fazer o acordo ser sustentável para os gregos: com maior “haircut”” ou corte acima de 50% da dívida em mãos dos bancos privados ou com participação do setor público – o que implica que o Banco Central Europeu também sofra prejuízo. “Eu não estou dizendo que o setor público deveria participar””, reitera Carney sorrindo, evitando apoiar a demanda do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesse sentido.
Sempre de olho na estabilidade financeira, o xerife das finanças considera também desejável que o fundo conjunto europeu de socorro amplie sua capacidade combinada (dos fundos atuais EFSF e ESM, nas siglas em inglês) para €1 trilhão, o dobro dos recursos previstos para evitar contágio da crise – mas é algo que a Alemanha, no comando da Europa, resiste no momento.
Carney deixou claro que o Acordo de Basileia 3, que exige capital adicional dos bancos, não será flexibilizado, como pedem bancos europeus e americanos em meio à deterioração econômica global.
“É equivocado falar que a regulação complica a situação””, disse. “Os bancos europeus estão subcapitalizados em qualquer padrão, com geração de liquidez insuficiente, daí porque dependem do BCE”, afirmou.
O que ocorre, a seu ver, é que desde a crise de 2008 os bancos europeus fizeram uma recapitalização “relativamente modesta””, com algumas exceções. E isso não é a situação de outros países, cujos bancos estão capitalizados e em melhor posição.
“As regras de regulação se aplicam em todo lugar. E para aquelas economias que não têm sofrido crise, como a canadense, brasileira e australiana, são três exemplos, você acha que tem problema de oferta de crédito? Tem problema de credito no Brasil? Não acredito. No Canadá também não. O problema na Europa começou com capitalização insuficiente””, acrescentou.
A posição firme de Carney levou banqueiros como o presidente do J.P. Morgan, Jamie Dimon, a atacá-lo duramente, insistindo no “atraso”” de exigências adicionais de capital para os bancos.
As respostas de Carney têm sido de apontar “confusão deliberada das consequências de desalavancagem global com reforma financeira””.
Como em Davos todo mundo acaba se encontrando, ontem, horas depois da entrevista ao Valor Carney e Dimon conversavam em pé na entrada do Café Vip no Fórum Econômico Mundial. E pelo que o Valor pôde ouvir, o tema era a implementação da regulação bancária.
Brasileiros ampliam fatias na Europa
Valor Econômico
Enquanto bancos europeus reduzem sua participação no Brasil, o fluxo de bancos brasileiros para a Europa continua aumentando, conforme os dados do Banco Internacional de Compensações (BIS).
A exposição de bancos brasileiros no exterior alcançou US$ 93,8 bilhões em setembro, numa alta de 5% em relação ao trimestre precedente. Nos países desenvolvidos, a alta foi de 11,6%.
A exposição na Europa saltou para US$ 27,3 bilhões, crescendo 7,5%. Os bancos brasileiros diminuíram sua presença na França e em Portugal, mantiveram estável em US$ 1,6 bilhão na Espanha e em Luxemburgo em US$ 2,4 bilhões, e aumentaram na Alemanha e na Grã-Bretanha. Na Grécia, tinham US$ 7 milhões em junho, caindo em setembro para US$ 1 milhão.
Para os países em desenvolvimento, a presença brasileira aumentou US$ 1 bilhão, para US$ 18,4 bilhões. E declinou ligeiramente nos centros “offshore” para US$ 18,8 bilhões.
Em Davos, Luis Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, disse que no caso do banco brasileiro não houve aumento de exposição. Ele acha que as estatísticas do BIS podem significar, na verdade, investimentos dos bancos em suas subsidiárias. “Os dados podem estar enviesados por esse motivo.””
PIB dos EUA cresceu 2,8% no último trimestre de 2011
O Globo
WASHINGTON, DAVOS, RIO E SÃO PAULO – O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu 2,8% no quarto trimestre do ano passado ante o terceiro, em termos anualizados. O resultado ficou abaixo da estimativa de analistas, que era de crescimento de 3,0%, mas representa a maior expansão desde a do segundo trimestre de 2010. No terceiro trimestre do ano passado, o PIB americano aumentou 1,8% e, no segundo trimestre, 1,3%.
Em 2011, a economia dos EUA cresceu 1,7%, menos que a expansão de 3,0% apresentada em 2010, informou o Departamento de Comércio do país.
Segundo LCA Consultores, os números do PIB americano trouxeram detalhes “majoritariamente frustrantes”, com um fraco resultado no consumo das famílias. Em relatório, a consultoria afirma que a retração dos gastos do governo continuará a pesar sobre o crescimento americano. “Ademais, a acumulação de estoques foi surpreendente, fator que tende a desestimular o aumento da produção neste primeiro trimestre.
Os americanos gastaram mais em carros e caminhões, enquanto as companhias repuseram seus estoques. Mas o crescimento entre outubro e dezembro – e do ano 2011 como um todo – foi comprometido pelo maior corte anual de despesas governamentais em quase quatro décadas.
Os gastos dos consumidores cresceram no últimos meses do ano, e o setor privado investiu mais em estoques, o que indica a expectativa de aumento na demanda. Porém, a maioria dos economistas acreditam que esse movimento de reposição deve diminuir, o que pode desacelerar o crescimento no primeiro trimestre de 2012.
Geithner : muitos desafios para os EUA
Em Davos, n a Suíça, o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse que a economia do país está crescendo a uma taxa de 2% a 3%, mas ainda enfrenta grandes desafios para consertar os danos causados pela crise financeira.
– Eu acho que se olharmos para a previsão do Fed e o consenso dos analistas privados, as pessoas estão bem agrupadas nessa área, mas isso ainda depende do desempenho mundial. Ainda estamos consertando os danos causados pela crise financeira – disse Geithner ao Fórum Econômico Mundial.
– Além disso, enfrentamos um mundo mais desafiador. Temos muitos desafios à frente nos Estados Unidos.
De acordo com o estrategista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, o resultado do PIB demonstrou melhora em comparação com o período de acomodação econômica do segundo trimestre, com o aumento do consumo e dos gastos pessoais, um sinal importante para o governo americano. Esta leitura mantém a economia dos EUA numa situação consideravelmente melhor de curto prazo, diz ele.
Vieira avalia que houve uma melhora no consumo de bens (de 1,4% para 5,7%) sendo a maior alta de bens duráveis (de 5,7% para 14,8%); elevação de investimentos privados brutos (de 1,3% para 20%) e de investimentos residenciais (de 1,3% para 10,9%).
Pelo lado negativo, diz o analista, os investimentos do governo caíram 4,6%, sendo -7,3% do governo federal, -2,6% dos governos estaduais e -12,5% em defesa. Pesou negativamente também a elevação das importações de 1,2% para 4,4%, enquanto as exportações mantiveram alta de 4,7%.
– Mais de 70% do PIB americano depende do consumo das famílias e faz com que o a recuperação do mercado de trabalho seja um dos eventos de maior relevância para a reversão dos efeitos da crise. Deste modo, a melhora na criação de postos de trabalho é um adendo importante para o quarto trimestre deste ano – avalia Vieira.
A LCA projeta um crescimento trimestral anualizado de 1,7% do PIB dos EUA para a média deste primeiro semestre do ano, “Continuamos a avaliar que a economia norte-americana ganhará tração (ainda que moderadamente) na segunda metade do ano, de modo que projetamos crescimento de 2% para o PIB dos EUA em 2012”, diz o relatório.
Assassinato seletivo: isso serve para provocar a guerra
Agência Carta Maior
Esta circulando pelos blogs e redes sociais trecho de um programa de TV paga [Manhattan Conection, ver vídeo acima] em que um dos comentaristas, Sr. Caio Blinder, apóia o “assassinato” de cientistas que participam do “programa de enriquecimento de urânio do Estado Terrorista iraniano”. Argumenta que é “preciso matar gente agora” para evitar mais mortes do futuro, além do que, acrescenta, “você intimida outros cientistas”.
O tema já foi intensamente debatido nos EUA, em 2007, quando o professor de direito Glenn Reynolds criticou o presidente Bush por não fazer o suficiente para parar o programa nuclear iraniano (vejam só Bush acusado de ser soft demais!) e, em seguida, defendeu que os EUA deveriam assassinar líderes religiosos e cientistas nucleares iranianos com o objetivo de intimidar o governo do Irã. Portanto, se nos EUA a justificativa para esse tipo de crime não é algo incomum, no Brasil – salvo engano meu- é a primeira vez que aparece publicamente nos meios de comunicação e por isso julgo necessário tecer algumas considerações.
No dia 11 de janeiro de 2012, Ahmadi Roshan, engenheiro químico da usina de enriquecimento de urânio de Natanz, foi assassinado nas ruas de Teerã após explosão de uma bomba em seu carro. É mais um de uma série de acontecimentos similares. Em dezembro de 2011, sete pessoas morreram em uma explosão em Yazd. Em 28 de novembro, uma bomba explodiu nas instalações nucleares em Isfahan. Em 12 de novembro, 17 pessoas foram mortas por uma explosão perto de Teerã.. Em 29 de novembro de 2010, o cientista Shahriari foi morto da mesma forma como Roshan, com uma bomba plantada em seu carro. Em todos os casos as autoridades dos EUA e de Israel negaram veementemente qualquer envolvimento.
Mas qual é o problema? De forma declarada ou encoberta tanto EUA, como Israel, sempre adotaram a tática do assassinato seletivo. Desde 11 de setembro, o governo dos EUA tem realizado operações similares (“assassinatos seletivos”) mesmo fora dos campos de batalha do Afeganistão e do Iraque, como no Iêmen, Paquistão, Somália, Síria e possivelmente em outros lugares, causando a morte de mais de 2 mil supostos terroristas e de incontáveis vitimas civis. A justificativa está fundamentada numa autorização legal, aprovada na Câmara e no Senado, atribuindo ao Presidente o poder para adotar as medidas que julgue necessárias para impedir ou prevenir atos de terrorismo internacional contra os Estados Unidos.
É importante notar que até pouco tempo atrás a justificativa para assassinar civis pressupunha a participação direta desses nas hostilidades. Quando se diz que um assassinato seletivo é “necessário” entende-se que matar era a única maneira de evitar um ataque iminente. Mas no caso dos cientistas é praticamente impossível afirmar que matá-los era necessário para impedir o Irã de lançar um ataque nuclear iminente contra Israel ou qualquer outro país. A não ser que haja uma nova doutrina em formação: “assassinato seletivo preventivo”.
Voltando ao porta-voz brasileiro dos fundamentalistas norte-americanos, o Sr. Blinder, que é uma pessoa bem informada, sabe que além da quantidade e qualidade de urânio ou plutônio, a produção de armas nucleares também requer os meios para levá-las ao seu destino (mísseis e ogivas). Portanto, é um projeto que envolve grande quantidade de cientistas, engenheiros e operadores. Levando à extremidade lógica o argumento dos fundamentalistas, será preciso assassinar mais algumas centenas ou mesmo milhares de pessoas. Claro, com o nobre objetivo de evitar mais mortes! Aliás, 90% das mortes de norte-americanos no mundo ocorrem devido à utilização de armas e munições produzidas no próprio EUA.
Portanto, somos tentados a concluir que os responsáveis pela indústria bélica (armas leves) nos EUA deveriam ser assassinados, pois evitaria a morte de milhares de norte-americanos? A ser levada a sério essa proposta (assassinato de cientistas), não é improvável que os congressos científicos internacionais acabem se convertendo em um verdadeiro festival de tiroteios e bombas. Aliás, o suposto efeito da intimidação, pressuposto dessas ações, está gerando um efeito oposto. Cerca de 1.300 estudantes universitários iranianos pediram para mudar as suas áreas de estudo para o campo das ciências nucleares após o assassinato. Veja só Sr Blinder! Será preciso eliminar esses estudantes também porque um dia eles serão cúmplices do projeto nuclear iraniano!
Dentro da mesma linha de raciocínio o proprietário do Atlanta Jewish Times, Andrew Adler, pediu desculpas na semana passada depois de sugerir que o assassinato do presidente Obama era uma opção que deveria ser considerada pelo governo israelense, conforme relatado pelo Huffington Post. De acordo com Adler, Israel tem apenas três opções disponíveis para se manter seguro: 1. atacar Hezbollah e o Hamas, 2. destruir as instalações nucleares do Irã; 3. assassinar Obama!
Estranhamente o “assassinato seletivo” ocorreu três dias após a afirmação do secretario de Defesa dos EUA de que era improvável que os iranianos estivessem tentando desenvolver uma arma nuclear e no momento em que governo iraniano reiniciava as negociações com o grupo (P5 +1) para autorizar a realização de uma visita de delegados da Agência Internacional de Energia Atômica em seu pais.
Fica claro que o objetivo do assassinato dos cientistas é provocar uma forte reação da linha dura iraniana justificando, dessa forma, os famosos ataques preventivos. De acordo com reportagem na Foreign Policy, que teve acesso a memorandos elaborados pelo governo Bush, a Mossad usa as credenciais da CIA para recrutar membros da organização Jundallah (considerada terrorista pelo governo dos EUA) para lançar ataques contra o Irã. Como notou o analista internacional, Pierre Sprey, vivemos um daqueles raros e perigosos momentos da história, quando o “Big Oil” e os israelenses estão pressionando a Casa Branca na mesma direção. A última vez que isso aconteceu resultou na invasão do Iraque.
Por empregos, EUA aposta na classe média de Brasil, China e Índia
Agência Carta Maior
BRASÍLIA – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer tirar proveito do crescimento econômico e da classe média de Brasil, China e Índia, três dos cinco BRICS, o grupo das economias emergentes mais dinâmicas da atualidade, para gerar empregos para norte-americanos. Por isso, decidiu facilitar a entrada especialmente de brasileiros e chineses no país, a fim de explorar as possibilidades comerciais proporcionadas pelo turismo.
A concessão de vistos nas embaixadas e consulados norte-americanos no Brasil e na China terá novas regras que tornarão o processo menos burocrático e mais rápido. A iniciativa faz parte de um programa de incentivo ao turismo estrangeiro anunciado por Obama nesta quinta-feira (19), num local escolhido estrategicamente, por ser atração turística: a Disney World, no estado da Flórida.
Segundo uma nota oficial disponível na página eletrônica da Casa Branca, a sede de Presidência norte-americana, turistas brasileiros, chineses e indianos injetaram 15 bilhões de dólares nos Estados Unidos em 2010, com os quais estimularam a criação de milhares postos de trabalho. Dados do Departamento de Comércio indicam que cada turista brasileiro gasta em média 5 mil dólares, enquanto os chineses deixam 6 mil dólares.
No ano passado, ainda segundo o informe da Casa Branca, as seções consulares norte-americanas examinaram um milhão de pedidos de visto de chineses e 800 mil de brasileiros, crescimento de 34% e 42%, respectivamente. Com o novo programa de incentivo ao turismo, o governo Obama quer aumentar esses números em 40% em 2012.
“O número de viajantes provenientes de economias emergentes – e este é um dos alvos da iniciativa do presidente – com crescente classe média, como China, Brasil e Índia, deve crescer 135%, 274% e 50%, respectivamente, até 2016 em relação a 2010. Portanto, há uma enorme oportunidade aí”, diz a nota da Casa Branca, segundo a qual Obama pretende transformar os EUA no destino número um do turismo internacional.
Segundo a Casa Branca, a indústria do turismo representa 2,7% das riquezas produzidas nos EUA durante um ano (PIB) e emprega 7,5 milhões de pessoas. Com o programa de incentivo, um milhão de novas vagas poderia ser criado.
Reeleição e Dilma
O mercado de trabalho é um dos problemas mais delicados nos EUA desde a eclosão da crise financeira mundial em 2008. E se torna um problema ainda maior em um ano eleitoral como será 2012, em que Obama tentará renovar o mandato.
A taxa de desemprego, que em janeiro de 2008 era de 5%, dobrou até 2010. E manteve-se acima de 9% durante quase todo o ano de 2011. No fim do ano, fechou próxima de 8,5%. Como comparação, a taxa brasileira está em 5,2% (último dado disponível, relativo a novembro), a menor da história.
Relatório sobre a economia mundial em 2012 divulgado na última terça-feira (17) pela agência das Nações Unidas que estuda comércio e desenvolvimento (Unctad) prevê que a economia dos EUA vai crescer 1,5% este ano, 0,9 ponto a menos do que na projeção anterior, feita em junho de 2011.
Para a Unctad, os EUA têm problemas políticos – o Partido Republicano, adversário do democrata Obama, não ajuda o presidente, pois quer sucedê-lo – e pode até entrar em recessão.
O plano turístico de Obama lançado nesta quinta-feira (19) tem um objetivo interno, mas também tem impacto do ponto de vista diplomático, já que a presidenta Dilma Rousseff prepara uma viagem aos Estados Unidos para março. Pretende retribuir visita oficial de Obama um ano antes, apenas três meses depois de ter tomado posse.