Repúdio à OEA! Paz na Venezuela e na América Latina!

imagemO Partido Comunista Brasileiro (PCB) e seus coletivos de luta – Unidade Classista, União da Juventude Comunista (UJC), Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Coletivo Negro Minervino de Oliveira e Coletivo LGBT Comunista – se somam ao protesto de personalidades, organizações políticas democráticas e progressistas, movimentos populares e lutadores sociais contra a resolução da OEA, que, encabeçada pelos governos de extrema direita do Brasil e da Colômbia, subservientes aos interesses do imperialismo estadunidense, ameaça com uma intervenção militar na Venezuela. Divulgamos e apoiamos o Manifesto de Repúdio do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela, publicado abaixo. Toda solidariedade ao povo venezuelano e ao governo legítimo de Nicholás Maduro! Trump, mãos fora da Venezuela! Abaixo o imperialismo e seus lacaios! Pela Paz com Justiça Social na América Latina!

Comitê Central do PCB

MANIFESTO DE REPÚDIO À OEA E PELA PAZ NA VENEZUELA E NA AMÉRICA LATINA

O Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela repudia a resolução da Organização dos Estados Americanos (OEA) para ativar o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) contra o Estado Venezuelano, ocorrida neste último 11 de setembro. A resolução é uma evidente ameaça de intervenção militar estrangeira à Venezuela, tratando-se ao mesmo tempo de um atentado contra a soberania e autodeterminação do povo venezuelano, e de uma ameaça à paz e a integração dos povos da América Latina.

A proposta de resolução foi encabeçada pelos governos da Colômbia e do Brasil, em explícita articulação com o golpista fracassado venezuelano, Juán Guaidó, e com o governo dos Estados Unidos. Tais personagens recuperam este infame tratado – criado durante a guerra fria para facilitar intervenções militares na América Latina sob o pretexto ideológico de combate ao comunismo – para empreender mais uma tentativa golpista de desestabilizar e derrubar o governo legítimo de Nicolás Maduro, atentando frontalmente a Carta das Nações Unidas e os princípios da convivência pacífica, da não intervenção e da autodeterminação dos povos, contidos em diversos tratados internacionais para resolução de controvérsias.

Ademais, o governo de Jair Bolsonaro mais uma vez mancha a histórica tradição diplomática do Brasil de promover a paz e a integração dos povos da região, e sob justificativas ideológicas, que correspondem aos interesses dos EUA na região, coloca em risco muitas relações econômicas, sociais e políticas que o Brasil tem com a Venezuela.

Nós, organizações membros do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela e todos os que assinam este manifesto, manifestamos que:
– Defendemos a paz na Venezuela e em toda a América Latina;
– Defendemos a soberania e a autodeterminação do povo venezuelano;
– Repudiamos todas as ameaças de intervenção militar e desestabilização da paz na região;
– Repudiamos todas as sanções econômicas aplicadas à Venezuela, por parte do governo dos EUA;
– Repudiamos todas as tentativas de desestabilização política à Venezuela, por parte da oposição golpista venezuelana, do governo dos Estados Unidos, dos governos do Grupo de Lima, e de qualquer governo ou organismo internacional.

Reiteramos que os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelo povo venezuelano, por meios pacíficos e através de diálogo, neste sentido, apoiamos iniciativas de boa-fé com esse objetivo, como o processo de diálogo de Oslo.

São Paulo, 12 de setembro de 2019.
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Primeiras assinaturas:

1. Celso Amorim, diplomata e ex-chanceler brasileiro
2. João Pedro Stedile, MST e Via Campesina
3. CEBRAPAZ – Centro Brasileiro de Solidariedade aos povos e luta pela paz
4. Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
5. Coletivo Abrebrecha
6. CONEN – Coordenação Nacional de entidades negras
7. Consulta Popular
8. CUT – Central Única dos Trabalhadores
9. CTB – Central de Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil
10. FUP – Federação Única dos Petroleiros
11. Levante Popular da Juventude
12. MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
13. MAM – Movimento Pela Soberania Popular na Mineração
14. MCP – Movimento Camponês Popular
15. MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
16. MMM – Marcha Mundial das Mulheres
17. MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
18. MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
19. PJR – Pastoral da Juventude Rural
20. Rede de Médicas e Médicos Populares
21. Associação Cultural José Martí Bahia – ACJM- Bahia
22. UNEGRO- União de Negros pela Igualdade

O QUE É O BLOQUEIO ECONÔMICO À VENEZUELA?

Desde 2015 os Estados Unidos vêm publicando uma série de sanções econômicas, comerciais e financeiras contra o Estado Venezuelano e seu povo, com um claro objetivo de estrangular a economia do país e gerar uma crise social que desestabilize o governo legítimo de Nicolás Maduro.
Os EUA já congelaram mais de 30 bilhões de dólares venezuelanos; bloqueiam a importação de alimentos, de remédios e a compra de títulos da dívida do tesouro venezuelano por outras nações.
A economia venezuelana é pouco diversificada e muito dependente da renda do petróleo. Cerca de 96% das receitas venezuelanas são adquiridas através da exportação do petróleo, ademais, 80% do abastecimento interno do país vem de importações, por isso o bloqueio econômico atinge tão fortemente a economia do país.
Tais sanções, somadas às especulações monetárias e às ações de empresas venezuelanas de abastecimento e distribuição comercial, têm gerado uma crise econômica sem precedentes no país, acarretando na falta de produtos básicos e medicamentos à ampla maioria da população. A principal vítima deste bloqueio é a população mais pobre. Quem está pagando o preço das tentativas de Trump, do Grupo de Lima e da oposição venezuelana de derrubar um presidente legitimamente eleito são os mais pobres.
QUAIS OS INTERESSES POR TRÁS DO BLOQUEIO?

A Venezuela é dona da maior reserva de petróleo do mundo (18% do petróleo mundial), além de ter grandes reservas de ouro. Por isso, historicamente, têm sido alvo de cobiça internacional, principalmente por parte de governos, empresários e corporações multinacionais que querem se apropriar dessa riqueza estratégica para a economia global.
Os governos de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro promoveram a distribuição da renda do petróleo entre a população mais pobre e historicamente excluída no país. Foram aplicadas políticas sociais nas áreas de saúde, educação, moradia, produção, que impactaram fortemente a desigualdade social que marcava a história do país até então. Tais políticas são um “mal exemplo” para todos os outros governos do mundo que defendem explicitamente os interesses do empresariado e dos setores mais ricos da população.
Os setores empresariais e de alta classe média da Venezuela ficaram muito insatisfeitos com essas políticas e seus resultados, por isso tentam e fracassam reiteradamente em derrotar o governo nas urnas. Ao não ter sucesso, já tentaram dar um Golpe de Estado em 2002 e, mais recentemente, tentaram novamente um Golpe em 2019 com a autoproclamação de Juan Guaidó como presidente do país, com o apoio explícito de Trump, dos governos do Grupo de Lima e de alguns países europeus. Novamente, perderam. A ampla maioria do povo venezuelano segue respaldando o governo de Nicolás Maduro.

Participe da campanha internacional contra o bloqueio à Venezuela #NoMasTrump