Cumplicidade com o tráfico de drogas
Cumplicidade com o tráfico de drogas
Le Monde Diplomatique Brasil – Chistian de Brie
Qualquer que seja a atividade, a partir de, digamos, um punhado de milhões de dólares em negócios, nada escapa aos banqueiros. Nem mesmo o dízimo do culto. Desde a Renascença, o banco está no coração da civilização material e da economia capitalista. Foi seu promotor e inspiração, tecendo suas redes por toda a Europa, depois pelo mundo. Engenhoso, criativo, estrategista e poderoso, priorizando ao máximo seus interesses e ambições, para melhor ou para pior. Durante séculos financiou as conquistas coloniais, o tráfico de escravos, as guerras mais fratricidas e assassinas. Drogas? Em última análise, elas não são mais que um mercado entre outros.
Há séculos o banco lava e recicla o dinheiro das fraudes fiscais; das transferências ilícitas de capitais; tráfico de armas, alimentos, tabaco, álcool e outras mercadorias; de superfaturamentos e comissões por baixo do pano; falsas faturas; fortunas saqueadas por ditadores e tiranos ao redor do mundo… Ora, lavar e reciclar é precisamente o problema dos traficantes: os bilhões em divisas, produto da venda, chegam em pequenas quantias. É preciso depositá-las, em pequenos pacotes1 em contas abertas, agrupá-los em outras contas em nome de intermediários indulgentes, advogados, consultores, agentes de câmbio, intermediários, prestadores de serviços; transferi-los em seguida para instituições protegidas pelo sigilo, lavá-los por meio de circulação intensa de transferências entre vários lugares ao redor do mundo; reuni-los e, por fim, distribuir as despesas em nome de empresas de fachada, que vão investir em atividades legais ou fornecerão empréstimos sem devolução ao emissor – empréstimos back to back2– depositário de origem, para financiar suas operações.
Tudo isso os bancos sabem fazer. Eles têm redes globais equipadas para esse fim e desfrutam de um privilégio exorbitante: o segredo em relação a terceiros, incluindo o Estado, particularmente nos paraísos que eles controlam, eufemisticamente chamados de “fiscais”, mas que seriam mais bem denominados de paraísos da criminalidade, versão moderna das ilhas e portos onde os piratas de antigamente acumulavam o produto de seus saques. Pelos serviços prestados, remunerados por uma comissão sobre cada transação, há um monte de dinheiro a ganhar. Em suma, os parceiros precisam um do outro.
Conhecemos os argumentos dos bancos, preocupados com a respeitabilidade. Primeiro de tudo: sem Estado ou burocracia nas questões que devem permanecer sob responsabilidade dos banqueiros, únicos profissionais competentes. A experiência demonstra amplamente que em caso de dificuldades é dinheiro público que vem para resgatar bancos falidos, por vezes depois de os responsáveis desaparecerem, após terem feito fortuna.
Além disso, o setor bancário é o menos vigiado pelo comércio internacional: em geral, não se exige licença para exportar capitais, não é preciso oferecer nenhuma informação sobre trocas internacionais, não há nenhuma barreira física. Um botão basta para enviar bilhões de dólares de um canto a outro do mundo e encobrir os rastros de modo que nenhum investigador possa encontrá-los: quantidade, rapidez e proteção garantidas. Pouco antes da falência fraudulenta do Penn Square Bank, em 1982, a mais famosa das empresas de auditoria financeira, a Peat Marwick, tinha assegurado ao público a excelência das contas da instituição. Ora, ninguém controla os controladores.
Feche os olhos
Segundo argumento invocado pelos bancos: eles estão afastados de negócios criminais, particularmente os das drogas. Se acontece, raramente, de estarem envolvidos, é sem seu conhecimento ou por causa da desonestidade de um gerente que será punido. De resto, eles não estão preparados para controlar a origem dos depósitos, a verdadeira identidade dos depositantes que se escondem por trás de contas ou empresas de fachada. Por mais grosseiro que seja, o argumento, bem orquestrado, funciona. Mas, na verdade, os bancos não só não fogem do dinheiro da droga, como se atiram a uma feroz concorrência para captá-lo.
Foi observando a extraordinária proliferação, no final dos anos 1980, de bancos de todas as nacionalidades em Palermo e em Catânia, na Sicília, em Miami e Los Angeles, que investigadores italianos e norte-americanos se convenceram de que esses lugares tinham se tornado hubs para o tráfico de heroína e cocaína. Na mesma época, nas menores cidades das áreas de coca na Bolívia, Peru e Colômbia, havia sucursais de bancos norte-americanos, britânicos, holandeses, alemães, suíços, franceses. Para quais negócios e para qual dinheiro, senão os das drogas?
Quanto a dizer que os bancos não estão equipados para investigar a origem dos depósitos e a identidade dos depositantes é uma brincadeira para qualquer pessoa familiarizada com as minuciosas investigações pessoais, familiares e patrimoniais, e as garantias que eles estão em condições de acumular sobre qualquer um que solicite um empréstimo, ainda que modesto. Em todo o mundo, um número considerável de bancos e agências aceita todos os dias o depósito ou retirada em dinheiro de milhões de dólares, operações em contas numeradas ou de “laranjas”, por trás da dupla fachada de um advogado ou empresa fiduciária da qual não querem saber nem a origem nem o destino, muito menos a identidade e a atividade real dos clientes, em virtude de normas que eles mesmos estabeleceram. Regra de ouro: feche os olhos, desde que o delinquente use terno de flanela cinza.
União renovará concessões de energia com tarifa menor
Valor Econômico
O governo está com uma decisão praticamente tomada sobre as concessões do setor elétrico, dependendo apenas de um aval da presidente Dilma Rousseff. As concessões de usinas hidrelétricas, distribuidoras de energia e linhas de transmissão que vencem em 2015 serão prorrogadas por um período de 30 anos, segundo um auxiliar direto da presidente. Dilma pretende resolver o assunto no primeiro semestre.
A possibilidade de relicitação dos ativos, que voltam às mãos da União com o fim dos atuais contratos, foi descartada. Após o leilão dos aeroportos, com ágio médio de 347%, o governo vê as concessões do setor elétrico como uma das maiores pendências a serem resolvidas, na área de infraestrutura, nos próximos meses.
Diferentemente do que se esperava, a solução para as concessões não virá por meio de proposta de emenda constitucional (PEC) nem por medida provisória (MP), mas por um projeto de lei em regime de urgência. Na avaliação do governo, não há entrave constitucional para resolver a questão e nem a necessidade de que a prorrogação esteja valendo imediatamente, o que justificaria a edição de uma MP.
Por isso, avalia-se que o melhor caminho é enviar ao Congresso um projeto de lei em caráter de urgência, que tem 45 dias para ser votado em cada uma das casas legislativas – Câmara e Senado – antes de trancar a pauta. A tramitação é a mesma de uma medida provisória. A única diferença é que a MP tem vigência imediata. Até agora, a decisão é por um projeto de lei enxuto, que trate exclusivamente de prorrogar as concessões.
Todas as condições sobre a prorrogação deverão ficar mais para a frente, quando a lei for regulamentada, por meio de decreto presidencial. Essas condições englobam o ponto mais sensível das discussões: o desconto nas tarifas que as atuais concessionárias precisarão oferecer para continuar com seus negócios.
Por temer que a tramitação no Congresso fuja de controle e a redação final ganhe contornos indesejados – devido ao lobby do setor elétrico -, o governo prefere deixar todos os detalhes para a fase de regulamentação. Pesa ainda o fato que o assunto deve estar resolvido ainda em 2012, mas os cálculos para definir quanto as tarifas vão cair não estão concluídos. “O ganho para a modicidade tarifária está sendo calculado pela Aneel”, afirma um assessor da presidente.
No fim do ano passado, a agência reguladora informou ao Tribunal de Contas da União (TCU) que os investimentos não amortizados das concessões elétricas com vencimento em 2015 atingem R$ 47,1 bilhões e podem gerar indenizações desse montante, caso não sejam prorrogadas.
No total, 20.206 megawatts (MW) de geração, 80.233 quilômetros de linhas de transmissão e 37 distribuidoras têm contratos prestes a vencer. Isso representa 18% do parque gerador do país, 84% da malha de transmissão e 23% da energia comercializada. A empresa mais prejudicada é a Eletrobras. A paulista Cesp, a mineira Cemig, a paranaense Copel e a gaúcha CEEE também têm concessões perto de expirar.
A conta bilionária comunicada pela Aneel ao TCU é apenas uma somatória dos investimentos não amortizados, segundo o cálculo das concessionárias. Antes de definir os descontos que serão aplicados às tarifas atuais para prorrogar os contratos, a agência fará uma espécie de auditoria nos números, chegando a um valor – conforme já avisa um diretor da Aneel – consideravelmente mais baixo.
Se confirmada, a decisão de “enxugar” o projeto de lei tratando das concessões deverá irritar muitos parlamentares, que querem debater as condições impostas para a prorrogação. “Seria um cheque em branco, que a sociedade não pode dar”, diz o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), um dos principais especialistas no assunto, no Congresso. “O governo já demorou demais para definir a questão das concessões. O fundamental, agora, é aproveitar a possibilidade de renovação para assegurar um ganho significativo para as tarifas.”
Com três projetos de autores diferentes em tramitação no Congresso, para tratar desse assunto, Jardim fez recentemente um pedido formal para a instalação de uma comissão especial na Câmara. Isso possibilitaria, pelo menos, aprofundar as discussões, argumenta o deputado.
Simulações feitas pela Abrace, a associação de grandes consumidores industriais de energia, apontam que pode haver economia de R$ 15 bilhões por ano nas tarifas elétricas. Outros números, que circularam recentemente no governo, indicam a possibilidade de redução em pelo menos 25% no valor do megawatt-hora das usinas com concessões vencendo em 2015. Hoje suas tarifas estão em torno de R$ 100.
Já o impacto para os consumidores será muito menor, pois a prorrogação atingirá menos de 20% de toda a energia gerada no país. Além disso, quase metade das contas de luz residenciais é formada por impostos e encargos setoriais, como CCC e CDE, usadas para motivos tão diversos quanto o financiamento do programa Luz para Todos e o subsídio a consumidores da região Norte, ainda não totalmente interligada ao sistema nacional.
O presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica (Abraceel), Reginaldo Medeiros, pede que haja isonomia no tratamento ao mercado livre. Cerca de 28% da energia produzida no país vai para consumidores livres. Por terem demanda superior a 3 MW, eles não precisam comprar exclusivamente das distribuidoras das áreas onde atuam.
Para a Abraceel, o essencial é que a redução de tarifas com a prorrogação das concessões não afete somente o mercado das distribuidoras, mas que essa energia mais barata seja dividida em partes iguais com o mercado livre.
País amplia incentivo às exportações de serviços
O Estado de S. Paulo
Sobe de 18 para 72 tipos de serviços que podem receber financiamento para vendas externas; governo concede ao setor status de bens e mercadorias
O governo iniciou um conjunto de ações para estimular as exportações de serviços. A primeira medida foi a ampliação de 18 para 72 tipos de serviços que podem receber financiamento à exportação com recursos das linhas de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) e Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE). Nos próximos dias será criada a Nomenclatura Brasileira de Serviços (NBS) e entrará em operação a balança comercial do setor.
Com as medidas, o governo pretende levar para o setor de serviços os mesmos instrumentos já existentes para o comércio exterior de bens e mercadorias. “Está tudo convergindo para a atenção ao comércio exterior de serviços”, afirmou o diretor do Departamento de Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Maurício Do Val.
O setor é um dos que mais crescem no País e tem potencial para conquistar novos mercados no exterior. Os principais destinos de serviços brasileiros são a União Europeia e os Estados Unidos, por causa das chamadas operações intercompanies (transações de importação, exportação e remessas entre empresas do mesmo grupo com sede em outros países). O governo espera que ao alavancar as vendas externas de serviços promova também um aumento das exportações de mercadorias brasileiras vinculadas ao serviço prestado lá fora.
A relação dos serviços que podem receber financiamento das linhas de ACC e ACE foi publicada no Diário Oficial da União. O diretor acredita que o financiamento estará disponível imediatamente porque os bancos públicos e privados já ofertavam esse tipo de empréstimo para um número menor de modalidades de serviços. Foram incluídos serviços em várias áreas, como construção civil, mineração, tecnologia da informação e consultoria.
Condição especial. A nova lista é uma reprodução dos tipos de serviços considerados exportáveis que já podem receber recursos do Programa de Financiamento à Exportação (Proex), bancado pelo Tesouro Nacional. No entanto, no Proex, os recursos são liberados apenas após a execução do serviço. Com as linhas de ACC e ACE, o financiamento poderá ser liberado antes da prestação do serviço. “Isso dá condição especial para o Brasil exportar serviços”, disse Do Val. Ele destacou que as linhas são importantes para as pequenas e médias empresas que não conseguem contratar financiamento diretamente no exterior.
O diretor antecipou também que a lista já é um indicativo da nomenclatura (código para registro das exportações e importações) que será criada, dentro de um mês, para o setor. “Vamos tratar serviço como um produto”, explicou. O Brasil vai encaminhar uma proposta ao Mercosul para que a nova nomenclatura seja adotada pelo bloco.
Balança Comercial. O passo seguinte será a instalação da balança comercial de serviços. O sistema (Siscoserv) estará implementado cerca de um mês após a criação da nomenclatura. Do Val explicou que a balança possibilitará ao governo aferir os resultados das políticas públicas de estímulo às exportações e traçar novas estratégias.
Segundo os dados elaborados pelo MDIC, com base nos números do BC, a balança de serviços foi deficitária em US$ 36,5 bilhões em 2011. As exportações somaram US$ 36,7 bilhões, crescimento de 21% em relação ao ano anterior. As importações brasileiras de serviços totalizaram US$ 73,1 bilhões, com alta de 22,7% na comparação com 2010.
Inadimplência sobe puxada por cartões
Correio Braziliense
As facilidades oferecidas pelos cartões de crédito, que incluem parcelamentos de 12 a 24 meses, estão levando os consumidores a perder o controle das compras, engrossando os índices de inadimplência. O atraso no pagamento das dívidas em geral pelo brasileiro aumentou 2,91% no primeiro mês de 2012, em comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A elevação foi impulsionada pelo calote nas faturas do cartão de crédito, afirmou o presidente da instituição, Roque Pellizzaro.
Dados do Banco Central apontam que a inadimplência no segmento já atinge 26,74% das operações, três vezes maior que a média do mercado de crédito brasileiro, que está em 7,3%. O total devido pelos brasileiros nos cartões de crédito cresceu em ritmo de epidemia na última década. As concessões de crédito rotativo (conhecido como pagamento mínimo) chegaram ao maior nível da história em dezembro de 2011, R$ 22,2 bilhões — avanço de 825% em dez anos.
Um dos motivos são os juros astronômicos cobrados de quem não paga toda a fatura no dia do vencimento, na casa dos 10% e 11% ao mês, 214% a 250% ao ano. Quando isso acontece, fica mais difícil a cada mês regularizar os débitos, que sobem em ritmo acelerado, só por conta desses encargos. Mesmo para quem opta pelo parcelamento oferecido pela administradora, os juros ficam na casa dos 5% e 6% ao mês ou entre 80% e 100% ao ano, o que pesa no orçamento. A taxa Selic está em 10,5% ao ano.
“O consumidor que entra no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) nessas condições dificilmente consegue sair devido aos juros elevados”, observou Roque Pellizzaro. “O problema é a falta de educação financeira de muitos consumidores, que leva à inadimplência justamente na linha que possui os juros mais altos”, observou o educador financeiro Reinaldo Domingos.
Redução
Dados da consultoria de crédito e risco Serasa Experian também mostram inadimplência do cartão de crédito em ritmo de alta — houve crescimento de 3,5% em janeiro, frente a dezembro passado. O valor médio dessas dívidas não pagas, em decorrência dos juros e do alto endividamento do brasileiro, também se expandiu, passou de R$ 396,77 em janeiro de 2011 para R$ 657,92 em igual mês deste ano — um incremento de 65,8%.
Diante do atoleiro em que o brasileiro se enfiou com o cartão de crédito, a presidente Dilma Rousseff passou a cobrar do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, medidas para reduzir os juros do cartão de crédito. A presidente está preocupada com o endividamento das famílias que ingressaram recentemente no sistema bancário, a nova classe C. Para o governo, a maior parte dela, que já representa mais da metade da população do país, ainda está aprendendo a usar produtos financeiros mais sofisticados, como o cartão, e tem caído nas armadilhas das facilidades oferecidas.
“O problema não é o cartão em si, mas como ele é usado. O brasileiro transforma o pagamento mínimo da fatura em hábito mensal quando ele deveria ser usado em casos de extrema emergência. A mesma coisa ocorre com o cheque especial, que se transformou em parte da renda do consumidor”, alertou Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian. Para ele, já começam a surgir os primeiros sinais de uma reversão no quadro de dívidas não pagas. Mas o pior período para a inadimplência ainda está por vir, segundo especialistas. Março, dizem, será um mês difícil devido o pagamento de impostos como IPVA e IPTU, o que habitualmente deixa as famílias com orçamento mais apertado, gerando mais dívidas e inadimplência.
Atoleiro (Em R$ bilhões)
Concessão mensal do crédito rotativo do cartão cresce 825% em 10 anos
Meses – Liberação de recursos
Dez/02 – 2,4
Dez/03 – 2,9
Dez/04 – 3,8
Dez/05 – 7,1
Dez/06 – 7,5
Dez/07 – 8,7
Dez/08 – 12,4
Dez/09 – 15,0
Dez/10 – 17,9
Dez/11 – 22,2
BC britânico injeta recursos
Correio Braziliense
Londres — O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou ontem que injetará mais 50 bilhões de libras (R$ 136 bilhões) na economia britânica, conforme informações divulgadas ao fim de sua reunião mensal de política monetária. O BoE, que aumenta assim seu programa de compra de títulos públicos para 325 bilhões de libras (R$ 886 bilhões) para apoiar a abalada economia britânica, manteve a taxa básica de juros principal em 0,5%, nível vigente há quase três anos.
O programa de afrouxamento monetário foi criado em março de 2009 para injetar recursos em uma economia então em recessão. Foi aumentado em novembro daquele mesmo ano para 200 bilhões de libras (R$ 545 bilhões), quantia que se esgotou em janeiro de 2010. O BoE já o reativou uma primeira vez em outubro, mas as novas aquisições dos papéis deviam ser completadas no começo de fevereiro.
A expansão acontece quando o Reino Unido parece se encaminhar para uma nova recessão, depois de seu Produto Interno Bruto (PIB) se contrair 0,2% no último trimestre de 2011. O anúncio do BoE, amplamente antecipado pelos especialistas, foi feito pouco antes do do Banco Central Europeu (BCE), que manteve sem variação sua taxa de juros em 1%.
Arrecadação avança 9% e surpreende
Correio Braziliense
O governo não quer fazer alarde, em um momento que discute um pesado corte no Orçamento deste ano. Mas dados preliminares elaborados pelo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, e apresentados na última segunda-feira, na reunião da junta orçamentária, indicam aumento de 9% na receitas com impostos sobre os R$ 91 bilhões arrecadados no primeiro mês de 2011. Os dados oficiais só deverão ser divulgados depois do Carnaval, segundo a assessoria de Barreto.
As estimativas da Receita supera as do mercado financeiro, que alerta para que o governo tenha cautela nos gastos públicos neste ano, quando a economia deverá crescer bem abaixo dos 4,5% previstos pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Essas projeções estão otimistas, mas, como sempre, a arrecadação surpreende. A gente nunca sabe”, comentou o economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências. Ele prevê aumento de 7%, na comparação anual, na arrecadação de janeiro, chegando a R$ 97,5 bilhões.
Atividade
Para todo o ano, Salto estima elevação nominal de 8,3% e real de 2,7% no total de tributos federais recolhidos aos cofres do Tesouro Nacional, chegando a R$ 1,05 trilhão. No entanto, ele fez um alerta: “Em 2012, as receitas não serão tão surpreendentes. Tudo dependerá do comportamento da economia”, completou. A seu ver, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá avançar algo com 3%, aquém do desejado pelo governo.
A junta orçamentária, composta pela Casa Civil e pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, vem se reunindo para apresentar, até o próximo dia 17, o valor do corte no Orçamento deste ano. A previsão inicial era de que a tesoura atingiria R$ 60 bilhões, mas o aperto poderá ser menor, ficando mais próximo dos R$ 50 bilhões do ano passado. Uma arrecadação maior ajudaria o governo a fazer um contingenciamento menor do que o do ano passado. “Mas precisará de um corte de R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões para conseguir atingir a meta cheia do superavit primário, de 3,1% do PIB”, comentou Salto.
O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, também recomendou parcimônia nos gastos públicos, mesmo que a arrecadação fique acima do previsto. “As receitas com tributos ainda são um ponto de interrogação, pois não se sabe o tamanho da parcela considerada extraordinária”, assinalou. Ele estimou que, caso a atividade se recupere, a arrecadação tenderá a reagir.
Argentina ameaça petroleiras
O Estado de S. Paulo
As companhias petrolíferas instaladas na Argentina receberam uma dura advertência do governo de Cristina Kirchner: ou aumentam a produção de petróleo e gás ou correm o risco de perder as concessões das áreas que exploram. A Petrobrás é uma das companhias ameaçadas.
Os governadores das províncias produtoras de petróleo da Argentina, que fazem parte da Organização dos Estados Produtores de Hidrocarbonetos (Ofephi), se reuniram ontem e emitiram um comunicado dirigido às empresas, exigindo “a máxima produção possível”.
Segundo o governador de Chubut, Martín Buzzi, em 15 dias a Ofephi vai fixar níveis e prazos de produção que as companhias terão de cumprir.
A reunião estabeleceu metas para os próximos quatro anos de mandato da presidente, com o objetivo de aumentar a produção de petróleo e gás e convencer as companhias a se associarem a estatais da administração federal, como a Enarsa, ou das Províncias de Chubut, Neuquén, Mendoza, La Pampa, Jujuy, Salta, Santa Cruz, Tierra del Fuego, Río Negro e Formosa.
A Ofephi divulgou documento denominado Pacto Federal de Hidrocarbonetos, no qual ressalta a determinação de “incentivar a participação de terceiras empresas” nas regiões produtoras para “melhorar a economia da produção”. A intenção é que as associações sejam como “empresas nacionais ou provinciais”.
Os governadores também pedem às petrolíferas “maior investimento em exploração e que incrementem o investimento dirigido a um aumento produtivo, sustentando a atividade de serviços e empregos, com o objetivo de manter a paz social”. E, para não deixar dúvidas que os governadores apoiam a investida da Casa Rosada, o texto afirma que “estão alinhados politicamente com a presidente”.
Participaram da reunião os ministros de Planejamento, Julio De Vido, e de Economia, Hernán Lorenzino, e o secretário de Energia, Daniel Cameron. A presidente está irritada com o elevado volume de importações do setor energético em 2011, US$ 9,8 bilhões, um aumento de 110% comparado com 2010.
Estatização. Desde o início do ano, o governo iniciou várias medidas para pressionar as petrolíferas a elevar a produção no país. YPF, Shell, Esso, Petrobrás Energia e Oil Combustible foram denunciadas por “abuso de poder dominante” ao organismo antitruste. E os subsídios para incentivar a produção foram cortados. A maior empresa do país, a YPF, controlada pela espanhola Repsol, tem sido o principal alvo da Casa Rosada, que teria planos de nacionalizar a companhia.
Os analistas dizem que o governo dá sinais de que vai estatizar a companhia, como já fez com Águas Argentinas, hoje Aysa, Aerolíneas Argentinas, Correio, e outras. O presidente da Repsol passou cinco dias em Buenos Aires tentando falar com a presidente Cristina Kirchner, mas o máximo que conseguiu foi uma reunião com os ministros De Vido e Lorenzino. Como resposta, a YPF anunciou o maior investimento de sua história no ano passado: 13,3 bilhões de pesos (cerca de US$ 3,1 bilhões).
Cerrado é o bioma mais devastado
Correio Braziliense
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, divulgou ontem dados sobre o desmatamento em diferentes biomas brasileiros. De acordo com o programa de monitoramento da pasta, realizado entre 2008 e 2009, o cerrado ainda é a vegetação mais afetada, com 7.637km2 destruídos, o que representa 0,37% da área total do bioma. O governo também apresentou dados da pesquisa sobre pantanal, mata atlântica e pampa. Os três tiveram redução nas taxas de desmatamento. “Estamos conseguindo reduzir em um ritmo muito maior do que nos anos anteriores. É preciso monitorar para formular melhores políticas públicas”, afirmou a ministra.
O bioma com o menor índice de desmatamento foi a mata atlântica, que de 2008 a 2009 teve 248km2 derrubados, representando 0,02% do total da vegetação. Atualmente, o estudo mostra que há 22,23% de áreas nativas remanescentes no Brasil. Dos estados brasileiros com mata atlântica, Minas Gerais e Bahia tiveram as maiores taxas de devastação.
No sul do Brasil, a vegetação característica é o pampa. O estudo do ministério mostra que esse bioma é o terceiro mais afetado no país, com uma área desmatada de 331km2. O monitoramento feito por satélite mostra que ainda há 35,89% de vegetação remanescente. Segundo a ministra do Meio Ambiente, uma das possibilidades para explicar o uso da área é a pecuária extensiva na região, além da cultura de arroz e a instalação de indústrias de celulose.
Apesar de ter havido um decréscimo na devastação no pantanal, que é a penúltima na lista dos biomas afetados, a região ainda preocupa. Com 83,07% de área nativa remanescente, o ministério afirmou que não se sabe as reais causas do problema nessa região. “A ação está saindo das bordas e indo para o interior. Isso pode significar ocupação de território ou até a adoção de novas formas de atividade econômica”, relatou.
Izabella Teixeira enfatizou também que parte desse desmatamento é autorizada. “No cerrado, por exemplo, existe uma reserva legal de 20%, como em outros estados. O que precisamos é verificar quanto é legal e quanto é ilegal”, ponderou.