Protesto reduz ritmo no Porto do Açu, de Eike Batista

Cerca de 1.500 operários que trabalham na obra do Porto do Açu, em São João da Barra, do empresário Eike Batista, cruzaram os braços nesta segunda-feira por melhores salários e condições de trabalho. Atualmente o empreendimento emprega 4.500 pessoas.

A manifestação dos trabalhadores começou cedo, depois que o grupo atravessou um ônibus na estrada de acesso ao porto nesta manhã e bloqueou a passagem para a obra dos demais funcionários. O protesto reduziu o ritmo da obra, que não parou totalmente, informou a assessoria da LLX, empresa do grupo EBX responsável pelo empreendimento.

Segundo a LLX, a responsabilidade sobre os trabalhadores é do consórcio ARG Civil Port, empresa contratada pela OSX, outra empresa do grupo, e pela LLX Minas-Rio. Uma reunião marcada para amanhã deverá decidir se o ritmo das obras será retomado.

“As empresas acompanham a negociação entre os trabalhadores e a ARG. A LLX e a OSX cumprem rigorosamente todas as normas e determinações da legislação brasileira e exigem em contrato o mesmo padrão de seus parceiros”, informou a LLX em nota.

Em março do ano passado os trabalhadores da ARG no Porto do Açu também fizeram greve para reivindicar aumento salarial e adicional de periculosidade, o que foi conseguido após reunião com a ARG.

 


TCU aponta mega fraude em investimentos pós-privatização de ferrovias

O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, por unanimidade, no último dia 15, relatório apontando contabilização irregular de até R$ 25,5 bilhões pelas concessionárias de ferrovias sob a rubrica “investimentos”. O setor foi privatizado no Governo Fernando Henrique Cardoso.

Segundo o TCU, as empresas contabilizaram como “inoperantes” cerca de dois terços da malha ferroviária brasileira (28 mil km). Segundo o economista Samuel Gomes, da Rede Desenvolvimentistas, houve omissão da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) na regulação e na fiscalização do transporte ferroviário no período de 2007 a 2011.

“As constatações do TCU são gravíssimas e, quando comparadas com os resultados da ampla investigação do Ministério Público Federal, compõem um quadro que deve abalar a consciência republicana de qualquer pessoa. Esses R$ 25,5 bilhões serão cobrados da União no momento de extinção da concessão”, afirma Gomes, para quem a destruição do sistema ferroviário brasileiro é  defendida por governo e oposição.

Lembrando que os contratos das concessões ainda levarão dez anos para vencer, o economista avisa que o montante pode aumentar. “Se somarmos os valores da destruição parcial ou total de 2/3 da malha ferroviária (21 mil km), teremos um rombo adicional de mais R$ 30 bilhões, elevando o prejuízo para os cofres públicos a mais de R$ 50 bilhões”, calcula.

“É preciso denunciar isso. Na medida em que se explique o que acontece no transporte ferroviário hoje, ninguém de bom senso deixará de se revoltar”, prevê, dizendo “não entender o que se passa” no governo em relação à política de transporte ferroviário. “Já está  mais do que demonstrado que o modelo (de privatizações de serviços públicos) é um rotundo fracasso. Até quando vamos fechar os olhos para o que vem acontecendo?”, critica.

 


Militar alertou sobre falhas na Antártida

Correio Braziliense

A tragédia na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), que destruiu 70% da base, deixando dois militares mortos e um ferido, estava anunciada há pelo menos seis anos. Em 2006, o oficial de reserva da Marinha Antonio Sepulveda alertou, em artigo, sobre o estado de severa degradação em que se encontrava a estação, com o sistema elétrico defeituoso e vários outros problemas.

No texto, publicado pelo Jornal do Commercio, Sepulveda afirmou que a estação não recebia manutenção adequada e que seu orçamento começou a sofrer cortes desde o início da década de 1990. “Alguns sistemas vitais se encontram comprometidos: rede de esgoto, proteção contra incêndios e transferência de energia elétrica”, escreveu. De acordo com o militar, em 2006, três tanques de combustível desabaram por conta de bases apodrecidas, o que poderia ter causado derramamento de óleo.

Sepulveda destacou a necessidade de modernização da estrutura da EACF, inclusive na área de pesquisa. “Os laboratórios precisam ser reformulados, o auditório e a sala de refeições não comportam mais todos os integrantes da estação no período de inverno.” Escadas estavam corroídas, tratores e escavadeiras avariados e equipamentos de pesquisa, como motos de neve, botes e lancha oceanográfica, operando de forma insegura. “Os riscos se agravam, porque as comunicações em alta frequência, que permitem monitorar os pesquisadores que trabalham mais afastados, não são confiáveis”, escreveu Sepulveda. No artigo, ele defendeu mais investimentos para que a estação fosse recuperada.

Entre 2011 e este ano, os recursos previstos no Orçamento da União para a Missão Antártica caíram de R$ 75,1 milhões para R$ 19,9 milhões. Ontem, dois dias após a tragédia, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, afirmou que irá rever os recursos destinados às pesquisas na EACF. Segundo ele, a pasta investiu R$ 140 milhões de 2007 a 2011 em pesquisas na região. “Não faltarão recursos para a retomada das atividades”, prometeu. Estima-se que cerca de 40% dos estudos brasileiros tenham sido perdidos em decorrência do fogo.

Pane elétrica

O embaixador do Brasil no Chile, Frederico Cezar de Araújo, afirmou que as apurações preliminares sobre o acidente indicam que uma falha no sistema elétrico gerou o incêndio na estação. O Ministério da Defesa, no entanto, nega a informação, alegando ser prematuro apontar causas. Segundo o órgão, isso só poderá  ser feito após o prazo de 40 dias do inquérito policial militar, a cargo da Marinha.

Na madrugada de ontem, por volta da 1h10, os 45 brasileiros que estavam na EACF, incluindo o sargento Luciano Gomes Medeiros, ferido no incêndio, desembarcaram na Base Aérea do Galeão, no Rio, onde foram recebidos pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, e pelo Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Julio Soares de Moura Neto. Antes, em uma escala em Pelotas (RS), desembarcaram quatro pesquisadores, depois transportados até Porto Alegre.

Os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do sargento Roberto Lopes dos Santos deixaram Punta Arenas, no Chile, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), na tarde de ontem. A aeronave deve chegar na manhã de hoje, quando está marcada uma cerimônia de Homenagens Póstumas, a partir das 9h, na Base Aérea do Galeão, com a presença do vice-presidente Michel Temer. O ministro Celso Amorim também deve participar do evento.

O incidente na Antártida será  debatido em audiência pública no Congresso, numa sessão conjunta das comissões de Meio Ambiente; Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática; e Relações Exteriores e Defesa Nacional. O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) protocolou ontem requerimento solicitando que representantes das pastas e membros da Marinha compareçam à audiência.

O senador Rodrigo Rollemberg, do PSB-DF, presidente da Comissão de Meio Ambiente e membro da Frente Parlamentar Mista de Apoio ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar), disse que um dos motivos para a audiência é garantir a rápida reconstrução da base, com novas concepções tecnológicas e segurança. Segundo o embaixador do Brasil no Chile, por ordem da presidente Dilma Rousseff, a base será reconstruída o mais rapidamente possível. No entanto, as obras não devem ser finalizadas em menos de dois anos.

Resgate a navio com combustível

A Petrobras iniciará amanhã  o resgate da embarcação brasileira que naufragou na Antártida, em dezembro de 2011, quando transportava 10 mil litros de óleo combustível para a Estação Antártica Comandante Ferraz, no Polo Sul. A estatal petroleira vai realizar a operação em conjunto com a Marinha. A embarcação levará a bordo uma equipe de militares composta por meteorologistas, navegadores, mergulhadores e médico. O Brasil é signatário de protocolos internacionais de preservação ambiental na região. Embora tenha ocorrido há cerca de dois meses, o acidente só foi divulgado no último fim de semana. Até o momento, nenhum vazamento de óleo foi constatado e a estrutura da embarcação estava preservada.

Três perguntas para José Augusto de Alencar Moreira. Comandante da reserva, ele esteve nas primeiras missões da Estação Comandante Ferraz, em 1984 e em 1985. No verão de 1986 e no inverno de 1987, chefiou a estação.

Quais as diferenças da estação hoje para a época em que o senhor esteve no local?

Passávamos apenas uma estação do ano, verão ou inverno. Agora, eles passam o ano inteiro, o que é bem mais desgastante. Mas a estação foi bastante ampliada e atualmente existem mais facilidades, como acesso à internet.

O risco de incêndio na base era previsível?

Quando chefiei a estação, fiz um relatório alertando para o problema de incêndio. O local é muito fechado, não tem janelas e a circulação de ar é mínima, o que propicia esse tipo de acidente. Era preciso um sistema de detecção de incêndios, que, depois, foi instalado.

Como o senhor avalia o ato dos militares que tentaram apagar o incêndio?

Nós, da Marinha, estamos literalmente no mesmo barco e a estação é como um navio. Se há um incêndio, temos que apagá-lo, não há como chamar os bombeiros. Temos um curso muito eficiente de combate a incêndios e certamente os dois sargentos que combateram o fogo se prepararam para isso.

 


Brasil quer cota para carros do México

Valor Econômico

Na retomada das discussões para revisão do acordo de livre comércio automotivo com México, autoridades brasileiras vão reivindicar a volta do sistema de cotas de importação, que vigorou para o acordo com o México entre 2003 a 2006.

Como argumento, devem apresentar uma informação que causou alarme em Brasília: a importação de carros provenientes de fábricas mexicanas cresceu 220% nas primeiras semanas de fevereiro, em comparação com o mesmo período do ano passado. E, em janeiro, o crescimento havia sido de 200%.

O forte aumento nas compras de automóveis do México indica que as montadoras instaladas no Brasil decidiram antecipar importações, com as notícias de revisão do acordo que garante livre comércio de veículos entre os dois países. A presidente Dilma Rousseff ordenou pressa na negociação de novas regras para o comércio de carros, caso contrário ameaça pedir o cancelamento (“denúncia”, no jargão diplomático) do tratado.

Os ministros de Relações Exteriores, Antônio Patriota, e do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, se reúnem hoje à tarde, em Brasília, com os ministros mexicanos de Relações Exteriores, Patricia Espinoza e de Economia, Bruno Ferrari.

O governo brasileiro já apresentou a proposta de criação de cotas ou alguma outra medida mutuamente satisfatória. Pede, também, a introdução de caminhões leves no acordo entre os dois países e a fixação de percentual maior de componentes nacionais nos automóveis beneficiados pelo livre comércio.

Caso não seja possível concluir hoje um acordo, os dois governos reservaram o dia de amanhã para acertos finais. Ontem, durante boa parte da tarde, autoridades brasileiras envolvidas na negociação se reuniram para discutir a estratégia a seguir na discussão com os mexicanos. A reunião estava marcada para a Cidade do México, mas, a pedido dos brasileiros, foi transferida para Brasília.

Os mexicanos, a princípio, disseram ser contrários a qualquer modificação no acordo automotivo, que vigora desde 2003 e, até o ano passado, rendeu saldos positivos ao Brasil. Somando-se os produtos automotivos incluídos no acordo, esse superávit teria somado, segundo os mexicanos, R$ 12,4 bilhões. O comércio bilateral é anda mais favorável aos brasileiros, com superávit, nesse período, pouco inferior a US$ 22 bilhões.

Os brasileiros argumentam que a crise internacional, a desvalorização do dólar e o vigor do mercado brasileiro ameaçam inundar o país de produtos importados, o que exigiria ações temporárias de proteção à indústria nacional.

 


Cai venda de manufaturas para vizinhos

Valor Econômico

Os manufaturados têm perdido participação de forma generalizada na exportação brasileira. A redução da fatia dos manufaturados acontece não só nas vendas aos Estados Unidos, como também para países da América Latina, considerados destinos com potencial de crescimento para a venda de industrializados brasileiros.

A Argentina, terceiro maior país de destino da exportação total brasileira, é um exemplo. Em 2007, os manufaturados representavam 93% das vendas de produtos brasileiros para o país vizinho. No ano passado, a fatia caiu para 89,9%.

O Chile e a Venezuela – que, ao lado da Argentina, compõem o grupo dos três principais mercados sul-americanos para o Brasil – seguem a mesma tendência. Em 2007, 64% da exportação brasileira para os chilenos era de manufaturados. No ano passado, a participação diminuiu para 52,7%. Para a Venezuela, a fatia caiu, no mesmo período, de 82,9% para 55,1%. Os dados são da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB, diz que, tradicionalmente, os países da América do Sul, além do México, mantêm participação maior de manufaturados nas compras de produtos brasileiros. A localização geográfica, diz, afeta os custos logísticos e contribui para maior competitividade do manufaturado brasileiro quando o destino está a distância relativamente curta. O problema é que, mesmo nesses destinos, os produtos mais industrializados acabaram perdendo espaço na pauta brasileira.

“Isso é resultado da estratégia de países como a China, que estão entrando de forma mais agressiva em mercados em crescimento”, diz Castro. Para ele, uma solução a prazo mais curto seria oferecer a setores com potencial de exportação linhas de crédito específicas para vender a países da América Latina.

O desempenho das vendas de manufaturados aos países da América do Sul acompanhou o recuo dessa classe de produtos na exportação total do país, lembra Castro. Em 2007, os manufaturados representavam 52,25% das vendas externas. Em 2011, a fatia era de apenas 36,05%, de acordo com a classificação de manufaturados do Ministério do Desenvolvimento.

Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, diz que a menor representatividade dos manufaturados também em mercados próximos ao Brasil reflete a perda de competitividade dos produtos de maior valor agregado produzidos no país por conta da pressão de custos internos de produção crescentes, como mão de obra e matéria-prima e serviços. Ao mesmo tempo, um patamar de real valorizado em relação ao dólar tira a rentabilidade das exportações e impede que as empresa repasse a pressão de custos para os preços de exportação.

A crise financeira, avalia Silveira, ainda agravou o quadro, porque ajudou a criar um excedente de produtos no mercado internacional, o que aumentou a concorrência, principalmente dos asiáticos, com o produto brasileiro.

“Esse quadro tende a se acirrar mais em 2012 em razão da crise europeia”, diz o economista. “E o câmbio deve continuar desfavorável à exportação. Ninguém pode cogitar trabalhar com o dólar a R$ 1,90 ao fim do ano, porque uma desvalorização muito grande do real traria alto risco de inflação.”

A expectativa, segundo Silveira, é  que haja o fortalecimento da economia doméstica no decorrer do segundo semestre e, a partir daí, a indústria volte a crescer mais, ganhando escala e competitividade. “O que precisa ser feito é uma discussão ampla, com planejamento estratégico que permita elevar a produção industrial e as exportações para cada um dos países.”

Rodrigo Branco, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), acredita que, no caso da Argentina, podem ter pesado também as barreiras criadas nos últimos anos, como a demora para a liberação das licenças de importação. Isso, diz ele, afetou as exportações de manufaturados brasileiros.

Para Branco, a perda de competitividade do manufaturado brasileiro tem um exemplo contundente nos EUA, parceiro tradicional no comércio de industrializados. Ele lembra que, enquanto os manufaturados perderam espaço na exportação aos americanos, os básicos avançaram.

Segundo os dados da AEB, os básicos representavam em 2007 19,4% das vendas do Brasil aos EUA. No ano passado, essa fatia subiu para 33,8%. Branco diz que, dentro dos básicos, o petróleo teve avanço importante. “Essa perda de fatia dos manufaturados aconteceu por uma concorrência maior dentro do mercado americano. A crise agravou a situação.”

 


Real já  se valorizou 11% ante o dólar no ano

O Estado de S. Paulo

O real caminha para encerrar fevereiro na dianteira do ranking das moedas mais valorizadas do mundo em relação ao dólar, como já ocorreu em janeiro. Até ontem, a moeda brasileira acumulava alta de 11% no ano, à frente do peso mexicano, com ganhos de 8,9%, do dólar da Nova Zelândia, com 8,5%, e de 8% do rand sul-africano. Só o iene perdia do dólar americano: 4,3%.

Segundo especialistas, a valorização do real é explicada, principalmente, pelo otimismo do investidor global com o Brasil. Em janeiro, por exemplo, entraram no País quase US$ 5,5 bilhões na conta do chamado investimento estrangeiro direto. Para se ter uma ideia, no mesmo mês do ano passado, o saldo positivo foi de US$ 2,9 bilhões.

O fluxo cambial – que resulta da diferença entre entradas e saídas de dólares do País – estava positivo em US$ 6,5 bilhões nos 17 primeiros dias de fevereiro, segundo o Banco Central (BC). Quase US$ 4,2 bilhões tinham origem no segmento financeiro, enquanto US$ 2,4 bilhões eram de operações comerciais (exportações menos importações).

Outro fator importante é a política de governos de países desenvolvidos para estimular suas economias em meio à crise. Tanto o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) quanto o Banco Central Europeu (BCE) vêm despejando enormes quantidades de dólares e euros no mercado. Amanhã, por exemplo, o BCE fará uma nova operação para aliviar as dificuldades do setor bancário da região.

Para analistas, a tendência é  de que um cenário parecido se mantenha ao longo de 2012. Por isso, a maioria deles prevê que a cotação a moeda americana não vai se alterar muito na comparação com os níveis atuais. O dólar iniciou a semana valendo R$ 1,708, uma leve alta de 0,12%.

Para o fim do ano, a expectativa da média do mercado é de R$ 1,75, conforme o boletim Focus divulgado ontem pelo BC. O Focus é uma síntese de projeções de aproximadamente uma centena de bancos e consultorias.

“A valorização do real não  é conjuntural, mas sim estrutural, e está relacionada com a boa situação do Brasil em relação aos países desenvolvidos”, afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. O especialista lembra que, desde 2003, quando começou o primeiro mandato do então presidente Lula, o real ganhou terreno em todos os anos, com exceção de 2009. Em 2003, o dólar médio foi de R$ 3,06. Nos anos subsequentes, atingiu R$ 2,93 (2004), R$ 2,43, R$ 2,16, R$ 2,05, R$ 1,84, R$ 1,99 (2009), R$ 1,76, e R$ 1,67.

O diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, está um pouco mais pessimista do que a média do mercado. Para ele, o dólar encerrará 2012 perto dos R$ 2. “Acredito que o cenário externo será pior do que a maioria dos meus colegas avalia hoje”, explicou.

 


Fazenda quer estimular emissão de debêntures

O Estado de S. Paulo

De olho no aumento dos investimentos para o setor de infraestrutura, o Ministério da Fazenda estuda medidas para estimular a expansão dos negócios no mercado de títulos de renda fixa emitidos pelas empresas, as debêntures.

O governo quer retirar os entraves que existem no mercado nacional para garantir liquidez aos investidores que comprarem esses papéis e quiserem depois vendê-los, sem esperar o prazo de vencimento.

A expectativa do governo é de que o mercado de emissão desse tipo de título tenha papel fundamental para as empresas conseguirem parte dos recursos necessários aos grandes investimentos no País, em áreas como energia, aeroportos, portos e transportes. A ideia, segundo antecipou ao Estado o secretário executivo do Ministério Fazenda, Nelson Barbosa, é criar uma espécie de agente formador de preço, conhecido no jargão econômico como “market maker”.

Essa entidade privada funcionaria como um “guichê”, no qual o investidor pode comprar e vender a debênture a um preço justo. A falta desse instrumento é apontada pelo governo como um dos entraves para o desenvolvimento do mercado de debêntures.

O formador de mercado, disse Barbosa, ajuda a definir um preço correto para os papéis e deve estimular mais à frente uma melhor avaliação de risco do setor privado nacional. “Começaremos a ter mais informações das empresas”, disse. Segundo Barbosa, no início se pensou que o BNDESPar, uma subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), poderia cumprir essa função de formador de mercado, mas a ideia foi descartada. “Iria fugir do papel do BNDESpar”, disse. Para ele, não falta demanda dos investidores, mas sim a oferta desses papéis.

Incentivos. Com a conclusão da regulamentação da legislação que garante incentivos tributários aos investidores pessoas físicas e empresas que comprarem debêntures de longo prazo, inclusive estrangeiros, o governo acredita que haverá um grande impulso a partir desse ano para novas emissões.

As sociedades de propósito específico, empresas que serão criadas para tocar os investimentos em infraestrutura, poderão emitir uma debênture para financiar o projeto. Os investidores pessoa física que adquirirem esses papéis, seja diretamente ou por meio de um fundo de investimento, estarão isentos do Imposto de Renda. As empresas pagarão uma alíquota única de 15%.

Para que o comprador da debênture tenha acesso ao benefício, a empresa emissora tem que se habilitar no ministério da área relacionada ao investimento. A regulamentação já está  pronta nos Ministérios dos Transportes, Portos, Minas e Energia e Integração Nacional, faltando Cidades, Ciência e Tecnologia e Comunicações. Segundo Barbosa, as primeiras debêntures desse tipo deverão ser lançadas pelo setor de energia que já tem a “cultura” de constituir SPEs.

Para dar segurança aos investidores, o governo pode baixar um ato declaratório ou um decreto deixando claro que, se o empreendedor do investimento não concluir a obra, o investidor que adquiriu a debênture não perde o benefício fiscal. “A responsabilidade é do emissor da debênture. Não afeta o investidor”, disse Dyogo Oliveira, secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda.

 


Alemanha diz sim à Grécia

O Globo

A chanceler alemã, Angela Merkel, obteve ontem uma vitória no Parlamento, que aprovou o novo pacote de ajuda à Grécia, depois de alertar sobre os riscos incalculáveis de uma saída do país meridional da zona do euro. Apesar de ter enfrentado dissidências em sua própria coalizão e uma forte campanha na mídia — o jornal “Bild” estampou em sua primeira página a palavra “Pare” —, Merkel conseguiu que os parlamentares da Câmara Baixa, o Bundestag, aprovassem o socorro de C 130 bilhões à Grécia por 496 votos a favor e 90 contra. Houve cinco abstenções.

Mas isso não impediu que a agência de classificação de risco Standard & Poor”s (S&P) declarasse a Grécia em calote seletivo.

— Acho que esses riscos são incalculáveis e, consequentemente, indefensáveis — disse Merkel aos parlamentares, ressaltando os perigos, para a União Europeia (UE), de a Grécia sair do euro. — Como chanceler, preciso assumir riscos, mas não posso embarcar em aventuras. Meu juramento proíbe isso.

Apesar de a votação representar uma vitória para a chanceler, 17 parlamentares de sua coalizão votaram contra o pacote. Além disso, no fim de semana o ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, afirmou à revista “Der Spiegel” que a única chance de recuperação para a economia grega era o país sair do euro.

— As chances de a Grécia se regenerar e tornar-se competitiva são certamente maiores fora da união monetária — disse Friedrich, ressaltando, no entanto, que é contra expulsar o país. — Não estou falando de expulsar a Grécia, e sim de dar incentivos para uma saída da qual eles necessitam.

A reação de Merkel foi rápida. Seu porta-voz, Steffen Seibert, disse que a chanceler não compartilha dessa opinião e defende que a prioridade, agora, é estabilizar a Grécia. No Parlamento, Merkel admitiu, no entanto, que um novo socorro não garante que todos os problemas da Grécia serão resolvidos: — Não há 100% de garantia de que o segundo pacote de resgate terá sucesso — reconheceu a chanceler.

O “Bild” ainda divulgou no domingo uma pesquisa segundo a qual 62% dos alemães queriam que o Parlamento votasse contra um novo socorro à Grécia. Apenas 33% queriam a aprovação. Em editorial, o “Bild” afirmou que a Europa está “jogando dinheiro em um poço sem fundo”.

Amanhã, Holanda e Finlândia votam

Amanhã, será a vez de os parlamentos de Holanda e Finlândia votarem um novo socorro à Grécia.

Ambos os países têm-se mostrado tão ou mais céticos que a Alemanha quanto à eficácia de dar mais dinheiro aos gregos.

Se o novo pacote de C 130 bilhões for aprovado, os recursos destinados à Grécia chegarão a C 240 bilhões.

Em maio de 2010, a UE e o Fundo Monetário Internacional aprovaram uma ajuda de C 110 bilhões, que no ano seguinte mostrou-se insuficiente.

Do pacote original, já foram liberadas seis parcelas, no total de C 73 bilhões, sendo C 52,9 bilhões da UE e C 20,1 bilhões do FMI.

Além disso, espera-se que a troca da dívida em mãos dos credores privados — que concordaram com uma redução de 53,5% do valor nominal dos papéis que detêm — traga um alívio adicional de C 107 bilhões para a Grécia. A oferta formal foi feita na semana passada, e o governo grego espera que a operação seja concluída entre 8 e 12 de março.

E foi exatamente essa troca da dívida com os credores privados que levou a S&P a decretar oficialmente, no início da noite de ontem, a Grécia como o primeiro país da zona do euro em moratória. A S&P reduziu o rating do país de “CC” (risco de calote iminente) para “SD” (selective default, ou calote seletivo).

A decisão já era esperada: a agência avisara no início deste mês que faria isso se a Grécia incluísse na proposta de troca uma cláusula obrigando os credores a aceitarem a oferta se uma maioria preestabelecida aceitá-la. A S&P considera isso uma troca forçada.

A agência afirmou ainda, segundo o “Wall Street Journal”, que, se não conseguir um número suficiente de adesões de credores, o calote da Grécia é iminente. A questão agora é se as demais agências de classificação, como Fitch e Moody”s, seguirão a decisão da S&P.

Analistas, no entanto, acham que a reação do mercado não será forte.

— Todos sabiam que haveria algum tipo de swap (troca) — disse à agência de notícias Bloomberg News Ira Jersey, estrategista de juros do Credit Suisse. — Acredito que não vão considerar isso importante.

O Ministério de Finanças grego divulgou um comunicado comentando a decisão da S&P. Segundo a nota, a decisão “já havia sido anunciada e todas as suas consequências foram antecipadas, planejadas e resolvidas” pelo Eurogrupo, que reúne os ministros de Finanças da zona do euro. O ministério disse ainda que o rebaixamento “não afetará o setor bancário” do país e que a nota deve ser revista para cima assim que a troca de dívida acabar.

Ampliação do fundo de resgate é adiada

l No Parlamento, Merkel disse ainda que não há necessidade, no momento, de discutir o aumento do poder de fogo dos mecanismos de resgate da UE. O assunto seria discutido pelos líderes europeus em uma reunião nos dias 1, e 2 de março, mas o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, anunciou ontem que o tema será analisado mais tarde, ainda este mês.

Enquanto isso, a S&P reduziu para negativa a perspectiva do rating do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), de C 440 bilhões, criado para socorrer países em dificuldade.

A S&P disse que isso reflete a redução, em janeiro, das notas de França e Áustria. E alertou que pode haver um rebaixamento do Feef se os ratings de França, Alemanha, Áustria, Finlândia, Holanda e Luxemburgo ficarem abaixo de “AA+”.

Para Thomas Straubhaar, presidente do instituto econômico alemão HWWI, os parlamentares não tinham outra escolha.

— É um valor elevado, mas qualquer outra opção para salvar a Grécia acabaria sendo ainda mais cara — disse ele à televisão alemã. (Com Bloomberg News e agências internacionais)

 


Abimaq prevê crescimento na área agrícola

Valor Econômico

A Abimaq, entidade que representa a indústria de máquinas e implementos do país, prevê crescimento moderado nas vendas internas de máquinas agrícolas nos próximos anos, considerando que os bons resultados obtidos em 2011 tinham bases baixas de comparação, reflexo da crise na temporada 2008/09. A expectativa é diferente daquela manifestada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que no início do mês previu estabilidade nas vendas de tratores e colheitadeiras.

Em 2011, o faturamento com máquinas agrícolas cresceu 34% ante 2010, para R$ 10 bilhões. O cálculo é  do Departamento de Economia e Estatística da Abimaq. Segundo Celso Casale, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, a performance de 2011 se deve aos preços das commodities ainda elevados. “O produtor está capitalizado e sabe que precisa investir em mecanização”. A meta para 2012 é repetir o crescimento de vendas de 2011, de 10% a 15%. A demanda maior deve vir da pecuária bovina e do segmento de grãos, especialmente soja e milho, prevê Casale.

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