Eleições para o ANDES/SN: avançar ou retroceder?
Milton Pinheiro
O Andes/SN, Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior no Brasil, terá eleições de 3 a 6 de novembro. Estão em disputa uma visão de Universidade, uma perspectiva de luta para a categoria docente, a relação com o conjunto da classe trabalhadora, uma forma de operar no combate às opressões como sintoma endêmico da sociabilidade capitalista no Brasil, a solidariedade às lutas dos povos pela sua autodeterminação, a defesa dos serviços públicos, o apoio sem trégua às liberdades democráticas e a luta contra o obscurantismo na ciência e na vida social. Mas, também, uma forma de agir na reorganização tão necessária da classe trabalhadora.
Somos e precisamos de um Sindicato que seja um organizador coletivo da luta contra a reforma administrativa que quer acabar com os serviços públicos no Brasil e o ANDES, mais uma vez, será esse instrumento de mobilização e organização desse enfrentamento.
Nosso sindicato tem uma página de lutas na história brasileira, estivemos em todos os momentos dessa jornada, apenas registraria alguns: quando os direitos da nossa classe foram atacados, quando nossa categoria era atingida, quando a conciliação de classe tentou destruir a nossa organização sindical, quando se atacou a democracia, no combate às privatizações, na defesa dos serviços públicos e em defesa da unidade política para enfrentar o governo de extrema direita do agitador fascista Jair Bolsonaro e seus asseclas, pelos estados.
Defendemos uma universidade com interlocução social, como instrumento dos interesses populares, como ambiente da produção científica a serviço dos trabalhadores e da população em geral. Universidade autônoma, gratuita e livre para produzir conhecimento que contribua para superar as mazelas da ordem capitalista.
Defendemos uma perspectiva de luta que opera na defesa da carreira docente, da dignidade salarial, firme na convicção de sermos um sindicato autônomo diante do Estado, da ordem partidária e dos patrões. Um sindicato que, para além das suas lutas específicas, seja aliado presente das lutas gerais da sociedade a exemplo do SUS, contra as privatizações do patrimônio público (Correios, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, etc.), em defesa dos serviços públicos para atender com qualidade o conjunto da população, em defesa das políticas públicas por educação, moradia, terra, trabalho e assistência social.
Defendemos um Sindicato que seja uma trincheira no combate às opressões da sociabilidade capitalista e que contribua, também, com o processo educativo que ajude a superar essas estruturas opressoras na vida cotidiana.
Defendemos um Sindicato que esteja ao lado das lutas dos povos contra à perseguição imperialista e que compreenda a ordem das contradições na geopolítica mundial para prestar sua ativa solidariedade.
Defendemos um Sindicato que esteja presente e em unidade com o conjunto das organizações proletárias e políticas, na luta contra o neofascismo e em defesa das liberdades democráticas. Um sujeito coletivo ativo e presente no combate às hordas da extrema direita e ao governo de Bolsonaro.
Defendemos um Sindicato que esteja ao lado da ciência, da tecnologia com finalidade social e da pesquisa científica para atender ao povo. Portanto, um Sindicato firme no combate ao obscurantismo e seu caráter fundamentalista.
Um Sindicato que entenda a necessidade de ser operador coletivo na reorganização da nossa classe, compreendendo que formas pretéritas de organização estão superadas pela sua conformação na lógica do apassivamento ou da autoproclamação. Um instrumento que possa contribuir para reorganização da nossa classe é tarefa fundamental de um Sindicato classista e organizado pela base como o nosso. Estamos diante de um momento político sem precedente em nossa história, por isso entendemos que com esse compromisso de luta na universidade e na sociedade a CHAPA 1– Unidade para Lutar, em defesa da educação pública e das liberdades democráticas, é garantia de luta que fará o ANDES/SN avançar.
Milton Pinheiro é Cientista Político e professor titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Membro do Comitê Central do PCB.
Candidato a primeiro vice-presidente do ANDES/SN, na Chapa 1.