As LGBTs e os movimentos revolucionários

imagemColetivo LGBT Comunista

Com uma tradição que remonta a Maio de 1968, os Movimentos Sociais surgem debatendo relevantes pautas, como a questão racial, a questão da sexualidade e o feminismo, a questão do meio-ambiente, dentre outras.

Desde sua gênese, os movimentos adquirem uma estrutura de atuação fortemente influenciada por uma forma de organização liberal e pós-moderna, na medida em que se colocam como uma via paralela em detrimento do socialismo real, negando a discussão acerca da centralidade da classe e do trabalho, focando em recortes pontuais da realidade descolados da totalidade.

No Brasil, somente ao final do período da ditadura esses agentes se estabelecem e muito brevemente são cooptados pelos partidos políticos praticantes da estratégia democrático-popular. Assim, como já discutimos em um texto anterior sobre a relação entre tal estratégia e as LGBTs, a luta contra as diferentes formas de opressão se torna majoritariamente institucionalizada, preocupada em buscar alianças e fazer negócios com o Estado para conquistar e garantir direitos.

A história política do Brasil demonstra que, apesar de uma aparente sensação de representatividade e renovação proporcionada pela democracia burguesa, na prática os mesmos grupos há séculos orquestram a exploração da população brasileira. Enquanto isso, se a população geral padece da miséria, fome, falta de emprego e de assistência básica, entre as minorias o cenário se agrava ainda mais. Dados de diferentes fontes estudados e apresentados pelo coletivo ao longo do semestre demonstram que as LGBTs formam um dos grupos mais vulneráveis durante a pandemia, com o agravamento do desemprego, a piora na saúde mental e a falta de uma rede de apoio e proteção.

Assim, ao negar a luta de classes e ter como horizonte a mera inclusão através de políticas afirmativas e a garantia de direitos formais, o movimento LGBT tradicional limita-se a uma atuação subordinada à lógica do Estado e do direito, ambos burgueses, não conseguindo incidir na realidade material de vulnerabilidade em que a maioria de nós se encontra nem lidar com o problema na sua raiz: o modo de produção capitalista, que origina e engendra a LGBTfobia como uma forma particular de oprimir e explorar essa parcela da classe trabalhadora.

Pensar a construção de uma sociedade na qual as LGBTs trabalhadoras não estejam sujeitas às opressões decorrentes da sua orientação sexual e de gênero passa, necessariamente, por uma leitura não fragmentada e sectária da realidade. A análise das experiências do campo da esquerda brasileira no último século demonstra que o único caminho é a organização de um movimento LGBT classista e revolucionário, que não faça concessões à burguesia, mas que, ao contrário, denuncie o seu projeto de violência e exploração contra nós e organize a base de trabalhadoras LGBTs para a construção do poder popular e da revolução socialista.

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