Advogado quer proteção para locais apontados por ex-delegado

A pedido do jornalista Marcelo Netto, um dos autores do livro “Memórias de uma guerra suja”, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro acompanhou o ex-delegado Cláudio Guerra à usina de açúcar da fazenda Cambahyba, no norte do Estado do Rio de Janeiro, onde o ex-delegado do DPOS (Departamento de Ordem Política e Social) afirma terem sido incinerados corpos de presos políticos torturados durante a ditadura militar.

O advogado ajudou a cuidar da segurança do ex-delegado durante a fase final do livro em que ele confessou participação direta nas incinerações e assassinatos de presos políticos, além de vários atentados, como os do Riocentro e contra o jornalista Alexandre Von Baumgarten, nos anos 80.

Antônio Carlos de Almeida Castro visitou com Cláudio Guerra e a Polícia Federal os cemitérios clandestinos da ditadura apontados pelo ex-delegado no livro.

Em entrevista ao Poder Online, o advogado se diz extremamente preocupado com o fato de esses locais estarem abandonados pelo governo.

Ele cobra da ministra do Direitos Humanos, Maria do Rosário, que faça um pedido formal à Polícia Federal para cuidar da segurança desses cemitérios clandestinos e inciar as investigações sobre os corpos ali enterrados, antes mesmo da instalação da Comissão da Veerdade.

Poder Online – O senhor esteve na usina em que os corpos teriam sido incinerados?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Estive sim, junto com o delegado Cláudio Guerra e a Polícia Federal, a pedido do jornalista Marcelo Netto.

Poder Online – Como foi?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Primeiro quero dizer o seguinte. O Marcelo me procurou para que o orientasse e ao delegado Cláudio sobre questões de segurança durante a fase final do livro. Como o livro mesmo retrata, num determinado momento ele recebeu recados ameaçadores. Eu disse que ele deveria, naquele momento, procurar a Polícia Federal para ter algum tipo de segurança até o livro sair. E que, depois, a sua notoriedade seria a maior segurança. Então procuramos a PF que nos acompanhou em alguns lugares e foi extremamente prestativa.

Poder Online – E na usina?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Pois é. Trata-se de um grande forno, numa antiga fazenda de açúcar em Campos, no Norte do Estado do Rio de Janeiro. É claro que, a esta altura, tantos anos passados, não haveria mais vestígios de corpos incinerados. Mas foi muito impactante. As descrições do delegado no livro batem em tudo com o que vimos lá. Encontramos um velho funcionário da usina no local. Ele confirmou que, nos tempos áureos, ali vivia cheio de coronéis, generais. Fiquei muito, muito impressionado.

Poder Online – Vocês foram a outros lugares?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Sim. A juíza da Vara de Execuções de Campos autorizou que o delegado Cláudio Vieira nos levasse a alguns lugares fora do Estado que, segundo relata no livro, teriam sido usados como cemitérios de presos políticos torturados e mortos.

Poder Online – Quais lugares?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Aqueles mesmos que ele cita no livro. O primeiro, próximo à estrada para Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. O Outro, em São Paulo, no sítio que, segundo o Cláudio, pertenceu a um integrante da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury . Um tal de Joe. O livro aponta-o como Josmar Bueno, um juiz de boxe. O outro cemitério clandestino que visitamos foi nas proximidades de Belo Horizonte, onde, segundo o Cláudio, ele matou e enterrou o Nestor Veras (membro do Comitê Central do Partido Comunista até hoje dado como desaparecido). E, por fim, fomos ao penhasco na Floresta da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro, de onde o Cláudio afirma que foram jogados alguns corpos de militantes de esquerda junto aos de criminossos comuns.

Poder Online – E o que foi feito? A Polícia Federal os acompanhou?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Sim acompanhou. Foi muito prestativa. Mas estavam ali numa fase de cuidar da segurança do Cláudio. Foram feitos alguns filmes até, fotos. Mas estou muito preocupado.

Poder Online – Preocupado? Por que?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Porque acho que esses sítios precisam ser cercados, cuidados para evitar que alguém venha a destruir provas das atrocidades ali cometidas.

Poder Online – Mas isso não é trabalho para a Comissão da Verdade?

Antônio Carlos de Almeida Castro – As informações do Cláudio no livro são um excelente roteiro para a comissão iniciar seus trabalhos. Mas ela ainda não foi instalada. Está muito atrasada, infelizmente. E, enquanto a comissão não começa seus trabalhos, cabe, sim, ao Estado proteger esses locais.

 

Poder Online – Com qual base legal?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Basta um pedido formal da ministra dos Direito Humanos, Maria do Rosário, à Polícia Federal.

Poder Online – E por que isso não foi feito?

Antônio Carlos de Almeida Castro – Não sei. Não consigo entender como uma coisa tão urgente ainda não foi feita. A Polícia Federal foi muito prestativa. Mas agora é hora de o Ministério dos Direitos Humanos agir. Nesses locais talvez se encontrem provas valiosas para a história do país. Revelações sobre corpos de pessoas cujos parentes até hoje não sabem o destino. É um apelo que faço à ministra Maria do Rosário e ao governo em geral. Que protejam urgentemente estes locais. Que façam buscas, enfim, que o Estado se mostre presente para evitar a destruição da história desse país. Não pode esse assunto já estar aí, na mídia, e os lugares permanecerem desprotegidos, à mercê da ação de criminosos que queiram desfazer provas do passado.

 


Governo intervém e assume Copa

O Estado de S. Paulo

Faltando apenas 13 meses para a Copa das Confederações e 25 meses para a Copa do Mundo, o governo brasileiro intervém na preparação e na prática assume junto com a Fifa a organização do Mundial de 2014. Ontem, a Fifa anunciou que o governo passará a fazer parte do Comitê Organizador Local, pela segunda vez na história das Copas. A outra foi na África do Sul em 2010. Joseph Blatter, presidente da Fifa, ainda deixou claro: os interlocutores do projeto são Jérôme Valcke, da entidade, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, sem citar nenhum dos membros do COL ou da CBF.

Para altas fontes do governo, o anúncio é um reconhecimento do fracasso dos cartolas brasileiros na gestão e da necessidade de que o Planalto assuma um papel protagonista. O Estado revelou no final de 2011 que a Fifa e o governo já haviam iniciado uma aproximação, deixando a CBF do já enfraquecido Ricardo Teixeira de lado. O grupo que o substituiu não convenceu a Fifa de que poderia tocar o projeto e a aliança com o governo acabou sendo concretizada. As reuniões ocorrerão a cada seis semanas.

A pessoa escolhida para entrar no COL foi Luis Fernandes, secretário-executivo do Ministério do Esporte. Ele se recusa a falar em intervenção do governo. Mas admite que houve um sentimento mútuo de que essa aproximação seria “uma necessidade”. “Entramos numa fase decisiva da preparação e selamos a parceria em um outro patamar superior”, disse Fernandes, professor universitário. Além disso, Marco Polo Del Nero, representante do Brasil na Fifa, também passará a integrar ao COL.

Perguntado sobre o motivo de não terem feito isso antes e apenas no final do processo, Valcke, admitiu: “Às vezes cometemos erros e temos que tomar decisões na vida, antes tarde do que nunca. Essa é a reflexão do dia”. “Essa decisão ajudará a superar desafios”, apontou Rebelo.

O anúncio ainda enterra uma das promessas de Teixeira, de que a Copa seria realizada por uma entidade sem a participação do governo. O Estado apurou que a decisão já havia sido costurada dias antes e apenas esperava uma oficialização de Rebelo, o que ocorreu ontem.

O COL tradicionalmente é uma estrutura independente e que apenas ganhou a intervenção do estado na África do Sul, país que sofreu com incertezas até às vésperas do Mundial. Segundo Valcke, a participação do governo naquele caso ocorreu por “questões óbvias”. Agora, essa necessidade volta a ser demonstrada com o Brasil, colocando o País no mesmo patamar dos sul-africanos.

“Essa é uma responsabilidade que nós dividimos com o Brasil e com seu governo. Sem contar com as possibilidades do governo e sem garantias, seria impossível organizar o Mundial”, declarou Joseph Blatter.

Dupla. A reunião ainda serviu para colocar um fim à crise entre Valcke e o governo, pelo menos de forma pública. Blatter se encarregou de anunciar que os dois interlocutores do Mundial serão Rebelo e Valcke, obrigados agora a trabalhar juntos até 2014. “Não falamos mais de problemas pessoais. Isso está liquidado”, declarou. “Não há mais problema. Tudo foi resolvido”, insistiu o cartola.

Esforço para mostrar que está tudo bem

Sorrisos, apertos de mão e até uma exibição de embaixadinhas e cobranças de pênalti. A cúpula da Fifa, do COL e do Ministério do Esporte tentou de tudo para passar imagem positiva a respeito da reunião de ontem, em Zurique.

Quem destoou foi o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke (aquele do “chute no traseiro”), que não conseguiu esconder o desconforto em alguns momentos. Na foto, Bebeto, Valcke, o presidente da Fifa Joseph Blatter, Ronaldo e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

 


Congresso pode abrir terras indígenas para mineração

Valor Econômico

As reservas indígenas do país poderão ter suas portas abertas para a exploração de recursos minerais, uma prática que hoje é proibida por lei. O tema polêmico ficou no limbo durante quase duas décadas, mas voltou à baila no início deste ano, com a retomada pelo Congresso do Projeto de Lei 1.610, que trata da mineração em terras indígenas. Uma Comissão Especial foi criada na Câmara para tratar exclusivamente do assunto, em discussão na Casa desde 1996. A previsão é que um substitutivo do texto original seja votado e encaminhado ao Senado na primeira quinzena de julho, para depois seguir à sansão presidencial. A proposta, se for adiante tal como está, tem tudo para alterar radicalmente a fotografia da exploração mineral no país.

Pelas novas regras, a entrada de empresas nas terras indígenas fica condicionada ao pagamento de royalties aos índios que tiverem áreas afetadas pela lavra. A empresa que explora o minério tem de desembolsar aos índios algo entre 2% e 3% da receita bruta aferida no negócio durante todo o tempo de exploração. Para administrar esse dinheiro, será criado um fundo específico de captação. A gestão dos recursos e dos repasses que serão feitos aos índios fica nas mãos de um conselho administrativo formado por representantes do governo, da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Ministério Público Federal e da população indígena afetada.

A proposta em andamento também altera o modelo de autorização para exploração mineral. Hoje, a permissão de lavra é dada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) ao primeiro empreendedor que apresentar o estudo técnico e o pedido de exploração da área, isto é, o critério é a ordem de chegada. No caso das reservas indígenas, essa exploração ficaria condicionada à realização de leilões. A empresa interessada teria de ganhar uma concessão para explorar a região, a qual teria a sua viabilidade exploratória atestada por levantamentos preliminares feitos pelo governo. A licitação das áreas só ocorreria após a realização de audiências com as comunidades indígenas e a emissão de laudos antropológico, ambiental e mineral, além da emissão da Licença Ambiental Prévia concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Outro ponto polêmico trata dos critérios de decisão sobre as áreas que poderiam ser ou não exploradas. Ficou estabelecido que terras indígenas ocupadas por aldeias que nunca foram contatadas devem ser mantidas como estão, sem nenhum tipo de ação exploratória. Em todas as demais, porém, a palavra final sobre a possibilidade de execução de lavra seria dada pelo Palácio do Planalto. Na prática, significa que os índios sempre seriam ouvidos e teriam espaço para apresentar seus pedidos de compensação para liberar a terra, mas não teriam poder de veto sobre a execução de um projeto.

A Funai apoia a proposta. “Acompanhamos o assunto de perto e esperamos que essa solução saia neste ano”, diz Aloysio Guapindaia, diretor do Departamento de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai.

Mesmo com as resistências que o assunto enfrenta (ver texto abaixo), o relator do projeto original, senador Romero Jucá (PMDB), afirma que a proposta tem tudo para ser aprovada já no próximo semestre. “O projeto está maduro, o governo acompanha esse assunto de perto e o Ministério de Minas e Energia defende a regulamentação”, diz.

Para o relator do projeto atual na Câmara, deputado federal Édio Lopes (PMDB-RR), a proposta conseguiu alcançar um “ponto de equilíbrio” entre o interesse nacional e as demandas indígenas. “Pela primeira vez, temos uma grande possibilidade de aprovarmos essa matéria. Está na hora de regularizar a mineração em terras indígenas. O país não pode mais prescindir desse potencial, sobretudo no arco Norte do país”, comenta.

Nesta semana, a Comissão Especial de Mineração da Câmara foi até São Gabriel da Cachoeira (AM), para realizar um seminário sobre o assunto com a comunidade indígena. No dia 11, os parlamentares estarão no município de Presidente Figueiredo, também no Amazonas. No fim de semana, seguirão em viagem até o Canadá, país onde o modelo de exploração de terras indígenas mediante o pagamento de royalty já é aplicado há muito tempo. A ideia, segundo o deputado Padre Tom (PT-RO), é colher detalhes do modelo canadense para aprimorar a proposta do país.

O Brasil tem hoje 608 terras indígenas demarcadas, áreas que somam 109 milhões de hectares, o equivalente a 13% do território nacional. Desse total, 98% estão concentrados na chamada Amazônia Legal, área que envolve os Estados do Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia e parte do Maranhão.

O Estado de Roraima, por exemplo, tem quase metade de seu território dentro de reserva indígena. No Amazonas, essa fatia é de 20%. O censo demográfico realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 817 mil pessoas se declararam indígenas, o que equivale a 0,42% da população do país. O número superou em 11% o volume registrado no censo de 2000.

 


Com Prouni, faculdades particulares deixarão de pagar R$ 1 bi em impostos

Valor Econômico

A renúncia fiscal às instituições de ensino particulares que oferecem bolsas de estudo dentro do Programa Universidade para Todos (Prouni) baterá na casa do bilhão de reais no ano que vem caso mantenha o atual desempenho. Os valores que a União deixa de arrecadar do sistema privado de educação superior em troca da concessão de bolsas de estudo para jovens de baixa renda e vindos de escolas públicas têm crescido a uma taxa média anual de 35% desde 2005, considerando valores correntes. No mesmo período, a taxa média de concessão de bolsas do Prouni cresceu num ritmo bem inferior, de 11% ao ano. A arrecadação federal registrou elevação média anual de 12%.

Neste ano, a Receita Federal abrirá mão de R$ 733,9 milhões referentes ao não recolhimento de quatro impostos e contribuições federais (IRPJ, CSLL, PIS e Cofins). O valor representa alta de 44% sobre a renúncia fiscal verificada no ano passado, quando o Prouni distribuiu 170,6 mil bolsas, seu pico em oito anos de programa. Entre 2005 e o início de 2012, o Prouni ofertou 1,043 milhão de bolsas, das quais 518,6 mil foram utilizadas.

Os dados refletem um caixa mais gordo das universidades particulares, que passaram a registrar ganhos maiores com a expansão de suas matrículas nos últimos anos, avalia o especialista em investimento em educação José Marcelino Rezende Pinto, professor da USP Ribeirão Preto e presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca).

O Ministério da Educação (MEC) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a isenção acumulada é proporcional ao imposto devido pelas instituições participantes do Prouni. Fontes governamentais confirmam que o avanço da lucratividade das universidades particulares e novas adesões por parte delas à política educacional federal a cada ano confirmam o forte avanço da renúncia fiscal. Desde seu lançamento, a isenção tributária proporcionada pelo Prouni totaliza mais de R$ 3 bilhões.

Os especialistas também argumentam que, até o ano passado, o modelo do Prouni favorecia o setor privado, que ganhava isenção fiscal apenas por aderir ao programa e abrir oferta de bolsas, não pelos auxílios efetivamente concedidos. “Não havia regra de escalonamento da renúncia. Se a instituição oferecesse 50 bolsas, mas preenchesse apenas 25 teria isenção total. Depois da mudança da legislação [em junho de 2011], o tamanho da isenção passou a depender do efetivo número de bolsas concedidas.” Na edição deste ano, estão inscritas no Prouni 1.319 instituições de ensino superior.

“Se elas matriculam mais, estão crescendo, e a renúncia fiscal vai continuar a crescer”, afirma Rezende Pinto. O especialista acrescenta que esse tipo de constatação reacende a polêmica discussão sobre o modelo do Prouni. “É uma política já estabelecida no ensino superior brasileiro, porque tem, de fato, incluído alunos de baixa renda no sistema, o que é uma coisa boa. Mas ainda assim o Prouni está no meio do caminho, afinal favorece a inserção de alunos no ensino superior privado, e o governo deveria ter empenho maior com as vagas do setor público”, diz Ângela Soligo, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O professor Rezende Pinto pondera que as universidades federais estão passando por um processo “interessante” de expansão e que seria impossível criar 500 mil novas vagas em instituições públicas apenas com os recursos que deixaram de ser arrecadados por causa do Prouni. “Ainda é preferível pegar esse R$ 1 bi e investir na expansão pública. O governo pode pensar numa expansão mais enxuta, de custo menor, como os “college” americanos, as faculdadades voltadas à tecnologia de São Paulo [Fatecs] e até mesmo os institutos de ensino técnico e superior federais”, diz ele.

 


Brizola Neto quer novas regras para criação de sindicatos

O Estado de S. Paulo

O ministro do Trabalho, Brizola Neto, disse ontem que pretende criar regras para regulamentar o registro sindical. Em sua primeira reunião com lideranças de centrais sindicais, o ministro foi cobrado a respeito do assunto pelos dirigentes, que afirmam haver uma “fábrica de sindicatos” no País.

“Queremos acabar com a fábrica de sindicatos fantasmas, sem representatividade”, disse o novo ministro, ressaltando que a falta de regras claras sobre a questão enfraquece a legitimidade de sindicatos “de lutas históricas”. Conforme Brizola Neto, existem hoje quase 10 mil sindicatos em todo o País. Somente no ano passado, o ministério recebeu pedidos para a criação de mais 1.200 sindicatos.

Regras claras. O ministro destacou que atualmente a criação de sindicatos segue normas estabelecidas pela portaria 186 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo ele, essa portaria permite a “subjetividade”. “Queremos regras claras, sem subjetividade muito grande. Queremos regras específicas para que o registro sindical siga um padrão”, declarou o ministro do Trabalho.

Os sindicatos já criados não correm nenhum risco, assegurou. “O que está criado se mantém”, disse, ressaltando que apenas a partir das novas regras é que haverá mudanças para novas entidades.

O ministro Brizola Neto afirmou que receberá sugestões das centrais sindicais nos próximos 30 dias. Depois de agregar as propostas, ele pretende reunir novamente as centrais para discutir o assunto.

Sem espaço. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, cobrou o ministro sobre a perda de espaço do ministério. “Nós dissemos que o Ministério do Trabalho tem um papel absolutamente importante de resgatar o protagonismo no sentido de construir propostas e intervir na realidade do mundo do trabalho”, destacou Henrique.

O ministro concordou com a visão do líder sindical. “Eu acho que o Ministério do Trabalho deixou de participar da discussão de questões fundamentais, como a desoneração da folha de pagamento e o deslocamento da contribuição previdenciária para o faturamento, das mesas nacionais e do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) também”, afirmou Brizola Neto, ressaltando que “certamente” resgatará a representatividade da pasta.

Apesar de reconhecer as críticas lançadas por Artur Henrique, Brizola Neto não culpou seus antecessores por essa perda de representatividade do ministério. Além de Artur Henrique, da CUT, participaram da reunião representantes da Força Sindical e de outras centrais sindicais.

 


Produção industrial alemã sobe

Valor Econômico

A alta na produção industrial na Alemanha em março reduziu o risco de que a maior economia da Europa já esteja em recessão. Mas o cenário ainda é de desaceleração no setor, com efeitos no PIB neste ano, segundo analistas.

A produção industrial cresceu 2,8% no mês, bem mais do que o 0,8% esperado por analistas. O resultado foi influenciado por maior atividade na construção. O crescimento anual, de 1,6%, continua modesto, comparado aos 15% do ano passado. O Índice de Gerente de Compras (PMI), indicador antecedente da atividade industrial, também aponta queda de 5% na produção comparado a 2011.

Os dados sugerem que o PIB no primeiro trimestre pode ter registrado ligeira alta, evitando a recessão, definida por dois trimestres seguidos de contração.

 


Montadoras do ABC passam a trabalhar 4 dias por semana

O Estado de S. Paulo

Com pátios lotados, montadoras do ABC paulista estão adotando a semana de quatro dias de trabalho, casos da Volkswagen e da Ford. A Mercedes-Benz, fabricante de caminhões e ônibus deu licença remunerada de um mês, a partir desta semana, para 480 funcionários.

A General Motors suspendeu trabalhos programados aos sábados na fábrica de São Caetano do Sul, assim como a Fiat, de Betim (MG), que também pode dar férias coletivas a 2 mil trabalhadores na próxima semana, segundo os sindicatos de metalúrgicos.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, aproveita a reunião de hoje, em Brasília, do Conselho de Competitividade do Setor Automotivo para levar ao governo pedido de medidas emergenciais para evitar que o quadro piore e ocorram demissões.

Ele defende a intervenção do governo para o fim das restrições ao crédito ao consumidor, mais redução de juros e ampliação dos prazos de financiamento. “Os bancos privados continuam sabotando a economia, ao dificultar a concessão de crédito e o governo precisa agir de forma mais dura com eles ou colocar os bancos públicos para concorrer mais fortemente”, diz.

Segundo Nobre, a Volkswagen já dispensou boa parte dos trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo na última sexta-feira e volta a adotar a medida nesta sexta. “As dispensas estão sendo anunciadas semanalmente”. Segundo ele, a Volkswagen havia programado jornadas extras aos sábados, suspensas por causa dos altos estoques.

A semana de quatro dias também está sendo adotada pela Ford nas linhas de carros e caminhões. Além disso, a unidade de caminhões parou ontem e só retomará atividades na próxima semana. Nenhuma das duas montadoras se pronunciou.

A Mercedes-Benz informa que a licença para 480 de um total de 6 mil funcionários é para evitar acúmulo de veículos no pátio. Em abril, a empresa já havia dado férias coletivas de dez dias para todos os trabalhadores. A Scania já deu quatro folgas e negocia novas paradas.

Para o segmento de caminhões, Nobre defenderá política específica com redução de preços dos veículos, do combustível (diesel S-50) e do aditivo, e ampliação da rede de abastecimento. O setor enfrenta dificuldades após a obrigatoriedade, a partir deste ano, da introdução da nova tecnologia, chamada de Euro 5, que reduz a emissão de poluentes, mas encarece os preços dos veículos em cerca de 15%.

“A queda nas vendas neste início de ano era prevista, mas está mais forte do que esperávamos”, diz Nobre. Segundo ele, além do preço, os consumidores estão receosos em adquirir os novos veículos por temerem desabastecimento em razão da falta do S-50.

Segunda-feira, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que o setor encerrou abril com 366,5 mil veículos em estoque, o equivalente a 43 dias de vendas. É o maior nível desde novembro de 2008, no auge da crise financeira global, quando o encalhe atingiu 56 dias.

As vendas no primeiro quadrimestre caíram 3,4% em relação ao mesmo período de 2011, para 1,076 milhão de veículos. Já a produção teve recuo de 10,1%, para 998,9 mil unidades. Só a produção de caminhões caiu 30% e a de ônibus, 35%.

 


Febraban diz estar comprometida com expansão do crédito

Valor Econômico

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou nota ontem para informar que, juntamente com os bancos associados, está comprometida com a expansão “vigorosa e saudável” do crédito e disposta a trabalhar em conjunto com o governo.

Em boletim semanal divulgado na segunda-feira, a entidade questionou até que ponto os cortes do juro básico promovidos pelo Banco Central poderiam estimular um aumento significativo da oferta de crédito, enquanto a cautela prevalecer entre os agentes financeiros.

“Alguém já disse que “você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água”. É possível criar condições mais favoráveis à expansão do crédito reduzindo as taxas básicas, mas uma ampliação efetiva das operações passa por uma postura mais agressiva, tanto dos emprestadores como dos tomadores de crédito, que por sua vez depende de expectativas econômicas mais otimistas. No entanto, os números da nossa pesquisa de projeções seguem apontando uma postura cautelosa dos agentes econômicos”, destacou o boletim.

Na nota de ontem, a Febraban ressaltou que tal boletim é produzido pela diretoria de economia da entidade e que a última edição trouxe uma análise da conjuntura do mercado de crédito baseada em dados e estatísticas públicos e na pesquisa sobre expectativas e projeções e opiniões dos analistas, “que não podem ser interpretados como um posicionamento oficial da entidade ou de seus associados.”

O governo endureceu nos últimos meses a campanha pela redução dos juros e do spread bancário, enquanto Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal anunciaram cortes nas taxas cobradas dos clientes. O movimento foi seguido por bancos privados, mas em diversas ocasiões integrantes do governo – inclusive a presidente Dilma Rousseff – insistem que ainda há como melhorar as condições do crédito no país.