PIB per capita deve cair este ano

O mundo vai ficar mais caro para os brasileiros. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil deverá cair de US$ 12.788, em 2011, para US$ 12.465 este ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A queda será a primeira desde 2009. Naquele ano, porém, a economia brasileira se retraiu, enquanto a expectativa é de crescimento em 2012.

O que deve contribuir para a piora da renda média do País em dólar é a desvalorização do real. No ano, a moeda brasileira já perdeu 10,97% em relação ao dólar – em 12 meses, 29,30%. Em menor grau, a desaceleração do crescimento brasileiro também deve pesar. No primeiro trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil cresceu apenas 0,2% ante os últimos três meses de 2011.

“O fator cambial é bem importante. O real mais desvalorizado explicaria esse número um pouco mais fraco. O crescimento menor da economia do Brasil também deve pesar”, diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultorias. A previsão do FMI é que o Brasil cresça 3% este ano, mas já há no mercado quem aposte num número abaixo disso.

A queda do PIB per capita não significa que os brasileiros vão perder qualidade de vida, afinal uma economia pode crescer com o câmbio depreciado.

Pela previsão do FMI, o PIB per capita brasileiro só vai voltar ao patamar de 2011 daqui a dois anos, quando o indicador deve chegar a US$ 13.488 – para 2013, a previsão é de US$ 12,728.

Histórico. Apesar da queda prevista para este ano, o PIB per capita brasileiro em dólares tem crescido constantemente, com destaque para uma evolução mais rápida na última década. Em 2010, o Brasil ultrapassou os US$ 10 mil e se tornou um país de PIB per capita médio.

O desempenho do indicador só começou a acelerar com a criação do Plano Real. Até então, os sucessivos planos econômicos fracassados comprometeram o resultado brasileiro. O atraso fica claro quando o País é comparado com a Coreia do Sul.

Na década de 80, os dois países tinha um PIB per capita de mesmo patamar, mas o investimento maciço dos sul-coreanos em educação e produtividade acelerou o desempenho do país asiático. Este ano, o PIB per capita da Coreia do Sul será de US$ 23.680, quase o dobro do brasileiro. “Como resultado de vários investimentos em educação, principalmente na década de 90, os coreanos passaram a gente e nos deixaram para trás”, afirma Homero Guizzo, economista da LCA Consultores.

Contramão. Em 2012, desempenho do Brasil estará na contramão de países com mesmo patamar de desenvolvimento. O PIB per capita da China e da Índia deverá ter alta de 8,9% e 4,7%, respectivamente. Esse aumento ainda ocorre porque os dois países têm uma renda baixa, o que facilita o crescimento.

“A China e da Índia têm muito espaço para crescer e chegar mais perto do PIB per capita brasileiro. Essa tendência não deve durar para sempre”, diz Guizzo.

Já os países em crise deverão ter uma redução do PIB per capita, diz o FMI. Pela previsão do órgão, deve haver uma redução de 1,6% em toda a Europa. Na Grécia, a queda prevista é de 10,6%, em Portugal de 7,8%; na Espanha de 6,8% e Itália de 6,4%.


R$ 115 bi para o campo

Correio Braziliense

A presidente Dilma Rousseff divulga amanhã o Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013, que prevê a liberação aos produtores rurais de R$ 115,2 bilhões, 7,2% a mais do que em 2011. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) terá de fazer um esforço grande de execução. No ano passado, dos R$ 107,5 bilhões disponibilizados em crédito, foram utilizados apenas R$ 94 bilhões. A presidente anunciará ainda um corte nas taxas de juros dos financiamentos, de 6,25% ao ano para 5,5% ao ano.

Na próxima semana, Dilma anunciará ainda a elevação nos recursos destinados aos pequenos produtores. No ano passado, eles receberam R$ 16 bilhões. Agora, serão concedidos R$ 18 bilhões. As taxas cairão a menos da metade. Atualmente, em 4,5% ao ano, elas passarão a ser de 2% ao ano. O pacote para impulsionar o desenvolvimento rural e, de quebra, dar uma força à indústria nacional, inclui ainda o investimento em máquinas agrícolas para serem doadas aos municípios com até 50 mil habitantes e com uma população composta por, no mínimo, 90% de pequenos agricultores.

Segundo informou o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o governo fará uma licitação de R$ 1,29 bilhão para a compra de 3.591 retroescavadeiras e 1.300 motoniveladoras. As máquinas serão compradas usando a margem de preferência, por meio da qual o governo poderá pagar preços até 18% maiores nas retroescavadeiras e 10% nas motoniveladoras nacionais.

Nos financiamentos que serão anunciados amanhã pela presidente, haverá linhas destinadas à aquisição de maquinário. E também a extensão do acesso ao seguro rural e à garantia de renda, devido à seca que atingiu este ano não apenas o Nordeste como o Sul do país. Outros setores beneficiados com taxas especiais serão o de cooperativas, de bovinocultura, suinocultura, caprinocultura e de corte de leite.(MM)

Sem efeito

As medidas de estímulo à economia adotadas pelo governo este ano ainda não renderam qualquer efeito favorável à produção nacional de aço, que chegou a 17,2 milhões de toneladas no primeiro semestre, 3,4% menos que igual período de 2011. A expectativa do setor, contudo, é que 2012 feche com ligeiro aumento nos volumes produzidos, graças à alta do dólar e aos primeiros reflexos da suspensão dos incentivos de estados à importação de produtos siderúrgicos, com a derrubada da chamada guerra fiscal dos portos. “Devemos fechar o ano um pouco melhor que o ano passado, produzido 2,2% mais, chegando a 36 milhões de toneladas”, disse o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Polo de Mello Lopes, ontem, durante a abertura do congresso nacional do setor, na capital paulista.


Merkel rejeita eurobônus ‘enquanto estiver viva’

O Globo

Às vésperas da reunião de cúpula da União Europeia (UE), amanhã e sexta-feira, os eurobônus voltaram à pauta, citados em documento preparado pelo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. Mas a chanceler alemã, Angela Merkel, já avisou que isso não ocorrerá “enquanto estiver viva”. Hoje, tentando aparar as últimas arestas antes da cúpula, os líderes de Alemanha, Espanha, França e Itália se reúnem em Paris, já sob a sombra de um novo pedido de socorro, desta vez de Chipre. Mariano Rajoy, François Hollande e Mario Monti são favoráveis à emissão de eurobônus, que significaria o compartilhamento, por toda a zona do euro, do peso da dívida dos Estados.

– Não vejo um passivo total da dívida enquanto eu viver – disse Merkel, segundo fontes, em reunião a portas fechadas com parlamentares de sua coalizão.

Na véspera, a chanceler classificara a ideia de eurobônus de “economicamente errada e contraproducente”.

Monti está disposto a debater até domingo

As discussões prometem. O premier italiano, Mario Monti, disse no Parlamento que está pronto para continuar negociando até a noite de domingo, se necessário, para fechar um acordo sobre medidas que acalmem os mercados.

“Em uma perspectiva de médio prazo, a emissão da dívida conjunta deve ser analisada como um passo a mais da união fiscal”, afirmou Van Rompuy. Além dos eurobônus, a cúpula de Bruxelas deve discutir um pacote de crescimento, defendido pela França, de 130 bilhões, e propostas para alcançar uma maior união bancária e fiscal. Esta poderia incluir, segundo o texto de Van Rompuy, até um Tesouro comum a toda a zona do euro.

A França já anunciou que cortará em 1 bilhão os gastos previstos para este ano, além de congelar as despesas no período 2013-2016. O governo informou que serão afetados todas as áreas, com exceção de educação, justiça e MInistério do Interior. A França também reduziu sua projeção de crescimento para este ano, de 0,5% para 0,4%.

Chipre, o quinto país a pedir ajuda financeira da UE, sofreu um golpe ontem: o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que não vai mais aceitar os bônus do país como garantia – poucos dias antes de Chipre assumir a presidência rotativa do bloco. Hoje os ministros de Finanças da zona do euro farão uma teleconferência para discutir as solicitações de Espanha e Chipre.

Fontes disseram ontem à agência de notícias Reuters que Chipre pode precisar de até 10 bilhões, mais da metade de seu Produto Interno Bruto (PIB), de 17,3 bilhões. Isso significaria um montante de 10 mil por habitante.

Já a Espanha viu seu custo de financiamento quase triplicar. Ao leiloar ontem papéis de três e seis meses, o Tesouro espanhol teve de pagar aos investidores um retorno de 2,362% e 3,237%, respectivamente, três vezes mais que o registrado há um mês. Além disso, o governo informou que o déficit acumulado nos cinco primeiros meses está em 3,41% do PIB – quase o acordado com a UE para todo o ano, de 3,5%.


Desaceleração e corte na França

Correio Braziliense

A economia francesa desacelerará fortemente em 2012 e registrará um crescimento de apenas 0,4%, muito aquém do 1,7% do ano passado. A previsão foi divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INSEE), revisando para baixo as previsões do próprio governo (0,5%).

O INSEE prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da França se estanque no segundo trimestre, assim como no primeiro, antes de começar a crescer no terceiro (0,1%) e quarto trimestres (0,2%). Já o desemprego se situará a 9,9% este ano na área metropolitana e em 10,3%, caso sejam incluídos os territórios de ultramar.

O governo tenta reverter o pessimismo e anunciou o corte de 1 bilhão de euros em gastos planejados para este ano, segundo informou ontem o ministro do Orçamento, Jerome Cahuzac. O presidente François Hollande está lutando para reduzir o deficit público para dentro da meta de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) até o final de 2012, principalmente através de aumentos planejados de tributos.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault disse a ministros do gabinete que os gastos gerais nos ministérios e departamentos regionais serão congelados a partir de 2013 por três anos, excluindo custos de dívida e aposentadorias.

Os gastos estatais franceses para 2012 devem totalizar cerca de 360 bilhões de euros (US$ 450 bilhões), mas o governo deve anunciar revisões no orçamento ainda hoje, refletindo o debilitado crescimento que afeta as receitas.


Ações da Petrobrás caíram 26% em 4 meses

O Estado de S. Paulo

Apesar de ter a gestão mais bem avaliada pelo mercado do que a de seu antecessor, José Sergio Gabrielli, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, viu as ações preferenciais – com maior liquidez – da companhia amargarem queda de cerca de 26% desde que assumiu o cargo, em 13 de fevereiro.

Relatório distribuído ontem pela Itaú Corretora dá pistas sobre o que, em princípio, parece uma desaprovação da gestão Foster pelo mercado: “A sessão (de anteontem) confirma a nossa tese inicial: enquanto a Petrobrás administrada por Foster e seu time é definitivamente uma melhor companhia, dois fatores permanecem: não podemos lutar contra os números (levará um tempo até que vejamos resultados tangíveis da nova administração); os acionistas controladores continuam os mesmos”, destaca o documento assinado pelos analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes, da Itaú Corretora.

Sendo a Petrobrás uma empresa de economia mista com controle integral da União, fica implícita a preocupação dos analistas acerca de ingerências políticas na condução da companhia. No movimento de queda dos últimos dias, o mercado avaliou mal o fato de o reajuste ter vindo apenas no limite da Cide, o que mostrou a falta de disposição do governo de repassar aumentos para o consumidor.

Na escolha de prioridades entre manter sob controle a inflação – tarefa que seria dificultada diante do repasse do aumento nas refinarias ao mercado varejista – e irrigar o caixa da estatal com um aumento mais consistente, ficou muito clara a opção feita pelo governo.

O acanhado reajuste eleva a desconfiança dos investidores. Não apenas sobre a capacidade de a Petrobrás financiar seus investimentos, como sobre o ritmo de desempenho que o governo irá impor à companhia.

A saída dos investidores estrangeiros, que haviam carregado o mercado no início do ano, a subsequente queda do preço do petróleo no mercado internacional e, agora, um reajuste de combustíveis considerado insuficiente pelo mercado, afetaram os papéis. O plano de negócios com metas menos ambiciosas e investimentos maiores parece contribuir para afastar investidores.

Além da frustração em relação ao controle do preço dos combustíveis pelo governo, o analista Ricardo Corrêa, da Ativa, lembra que Graça também tem administrado uma conjuntura internacional menos favorável que coincidiu com sua entrada no cargo. “O cenário que, no início do ano, fez as ações da Petrobrás subirem, agora se inverteu”, diz o analista.


Produtividade da mão de obra na construção cresce 5,8% em 7 anos

Valor Econômico

Mesmo aquém do desejado, a produtividade do trabalhador da construção civil registrou um aumento de 5,8% no período entre 2003 e 2009. O ritmo de expansão, no entanto, já está diminuindo. Considerando apenas o intervalo entre 2006 e 2009, a alta acumulada da produtividade foi de 4,4%. A desaceleração acontece porque as construtoras estão pagando mais por profissionais menos qualificados.

Esses dados constam em estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), envolvendo 166 empresas de 15 Estados. O diagnóstico será divulgado no 84º Encontro Nacional da Indústria da Construção, que acontece entre hoje e sexta-feira, em Minas Gerais.

A análise mostra que, apesar da produtividade do trabalhador ter se expandido 5,8% entre 2003 e 2009, a de capital (que considera o retorno dos investimentos em máquinas e equipamentos) ficou negativa em 3,5%. Segundo a economista da FGV, Ana Castelo, uma das responsáveis pelo levantamento, o efeito do investimento no aumento da produtividade é gradual e um pouco mais demorado. Com isso, a produtividade total do setor totalizou 1,2% no período.

Entre 2003 e 2009, de acordo com a pesquisa da FGV, o salário dos trabalhadores do setor subiu à taxa média de 4,5% ao ano e, portanto, ficou abaixo da taxa de crescimento da produtividade da mão de obra. Esse cenário é considerado preocupante.

“A maior escassez de mão de obra no período recente tem pressionado os salários e os ganhos de produtividade do trabalhador não foram suficientes para cobrir esse custo adicional”, informou o estudo. Em 2009, o salário médio do trabalhador teve um aumento de 7,6%, enquanto a produtividade apresentou alta de 4,2%.

Para o economista da CBIC, Luis Fernando Melo Mendes, esses dados apontam que a produtividade na construção civil continua crescendo, o que para muitos era visto como uma dúvida, porém, “o aumento da produtividade não compensa a alta dos salários que tem sido puxada pelo crescimento econômico”. Na avaliação dele, sem investimentos em qualificação, a tendência é de que a produtividade da mão de obra continue se desacelerando.

“Para conseguir o desejado salto na produtividade, as principais iniciativas se referem ao treinamento de pessoal e às condições favoráveis de investimento em máquinas, equipamentos e processos produtivos – o que depende de medidas que envolvem as entidades setoriais e os governos”, destaca o documento.

De 2003 a 2009, conforme o estudo, a taxa média de crescimento das empresas formais de construção (com cinco ou mais pessoas ocupadas) foi de 11,2% ao ano, o que é mais do que o dobro da taxa do setor (5,1% ao ano). O pessoal ocupado nas empresas formais registrou expansão de 8,6% no período analisado.

O levantamento aponta que em 2003 apenas 19,5% dos trabalhadores da construção possuíam vínculo formal de emprego, com registro em carteira. Em 2009, esse indicador chegou a 30,1%. Com isso, o contingente de trabalhadores saltou da faixa de 1 milhão para 2 milhões. Em 2009, existiam quase 63 mil empresas formais ativas.


Rentabilidade das empresas cai e afeta arrecadação da Receita Federal

Valor Econômico

A arrecadação da Receita Federal já começa a sofrer com os efeitos da desaceleração econômica sobre a rentabilidade das empresas. Nos últimos dois meses, houve queda de arrecadação dos tributos calculados sobre o lucro.

O Imposto de Renda (IR) das pessoas jurídicas teve queda real de 13,9% em maio, em relação ao mesmo mês do ano passado. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) teve redução de 9,3% na mesma comparação. A arrecadação geral da Receita somou em maio R$ 77,97 bilhões e teve elevação de 3,82%. O desempenho chama a atenção, porque em abril o IR das empresas e a CSLL já haviam apresentado queda real, de 0,64% e 1,65%, respectivamente, enquanto o recolhimento total aumentou em 3,49%. Os valores foram atualizados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

No acumulado de janeiro a maio, a tributação sobre lucro ainda cresce acima da média, na comparação como mesmo período do ano passado. O IR das empresas teve nesse período elevação de 6,3% e a CSLL, aumento de 8,21%. Os dois tributos crescem acima da média de 3,8% de alta da arrecadação administrada pela Receita. Esse crescimento, porém, ainda carrega o valor recolhido do ajuste dos dois tributos calculados sobre o lucro de 2011.

Com o desempenho dos primeiros cinco meses do ano, a estimativa de crescimento da arrecadação da União foi reduzida para 4% em termos reais. A previsão é de Zayda Manatta, secretária-adjunta da Receita, que há um mês projetava o aumento da arrecadação do Fisco entre 4% e 4,5%. “Podemos dizer que o ritmo de crescimento está mais para 4% do que para 4,5%.”

Everardo Maciel, ex-secretário da Receita Federal, acredita que a evolução do IR e da CSLL reflete uma queda de rentabilidade das empresas, em razão da desaceleração econômica. “O IR e a CSLL são calculados sobre o lucro e são os primeiros a sentir o desaquecimento da economia”, disse.

Uma evolução do Imposto de Renda abaixo da média tem vários impactos, diz Everardo. O tributo é o principal componente das transferências obrigatórias da União a Estados e municípios e também integra os fundos de desenvolvimento regionais. O crescimento da contribuição previdenciária, afirma, ajuda a arrecadação geral da Receita Federal, mas essa arrecadação tem seus recursos destinados à Previdência.

Zayda diz que a arrecadação neste ano está crescendo apoiada no consumo, aumento da massa salarial e venda de bens e serviços. A produção industrial tem dado contribuição cada vez menor para o recolhimento dos tributos.

Há meses a indústria praticamente não aparece na lista dos segmentos que mais contribuíram para o crescimento da arrecadação. As entidades financeiras e o comércio varejista são os setores que puxaram o avanço do recolhimento de tributos em maio. Em uma lista de dez segmentos, a única atividade industrial que aparece é a de fabricação de bebidas.

O fraco ritmo da economia já se reflete na arrecadação de tributos que incidem sobre o faturamento das empresas. Entre janeiro e maio deste ano, a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) destinou R$ 68,4 bilhões aos cofres da Receita, resultado 2,2% acima do verificado em igual período do ano passado. Já o PIS/Pasep somou R$ 18,5 bilhões nos primeiros cinco meses deste ano, o que representa alta de 3,1%.

Zayda também lembrou que a desoneração adotada pelo governo pode, indiretamente, levar a um aumento de arrecadação. “Algumas medidas que o governo toma causam uma mexida na economia. Isso pode eventualmente provocar a arrecadação de outro produto. O governo está desonerando IPI, mas isso pode render arrecadação maior de PIS/Cofins”, disse.

De acordo com a secretária-adjunta, deverá ser feita, em julho, revisão da arrecadação prevista para 2012 no Orçamento da União para considerar medidas recentes do governo, que abaixam as estimativas. É caso da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da decisão de zerar a Contribuição sobre Intervenção no Domínio Público (Cide) sobre gasolina e diesel.

Em maio, a evolução da massa salarial compensou parte da queda de arrecadação com os tributos sobre o lucro. A receita previdenciária em maio teve elevação real de 9,3% na comparação com o mesmo mês de 2011, alta maior que os 3,8% de crescimento real do total arrecadado pelo governo. A Receita credita a alta da contribuição previdenciária ao crescimento de 11% da massa salarial em abril, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Em maio, a contribuição previdenciária foi responsável por 30,8% da arrecadação geral da Receita.


Governo vai acelerar compras de olho em 2013

Valor Econômico

Determinada a impulsionar o crescimento do país, principalmente em 2013, a presidente Dilma Rousseff anuncia hoje um pacote de compras governamentais que poderá movimentar aproximadamente R$ 6 bilhões. O governo considera que o crescimento econômico deste ano está dado e não será vistoso, embora acredite que o resultado do segundo semestre será melhor que o verificado nos primeiros seis meses. Quer, assim, garantir que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 receba a herança estatística mais generosa possível deste ano, o que os economistas chamam de “carry over”.

Constam da lista de compras que poderão ser antecipadas ou impulsionadas pelo governo federal ônibus e mobiliários escolares, retroescavadeiras que deverão ser adquiridas por um “custo menor” pelas prefeituras de todo o país. Também está prevista a compra de caminhões para o Exército, ambulâncias pelo Ministério da Saúde e vagões para a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S/A. (Transurb) e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Além disso, o governo vai antecipar as compras de máquinas, equipamentos e mobiliário para os ministérios da Agricultura, Educação, Justiça, Saúde e Desenvolvimento Agrário.

O governo também deve anunciar a compra e distribuição de motoniveladoras para 1.330 municípios e retroescavadeiras para 3.591 prefeituras, como anunciou Dilma na Marcha de Prefeitos em maio. À época, Dilma estimou que a entrega das máquinas seriam feitas no fim do ano.

A presidente também deve anunciar investimentos para construção de quadras esportivas. O governo deve ainda publicar hoje portaria com a regulamentação do decreto 7.713 de abril deste ano, que prevê as margens de preferência para as compras do Ministério da Saúde, de 8% para “insumos farmacêuticos ativos” em desenvolvimento ou com capacidade nacional de fabricação imediata; 20% para fármacos, medicamentos não ativos e medicamentos que utilizem fármacos específicos; e 25% para produtos biológicos.

O governo também deve anunciar a prorrogação, por mais três meses, do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido para eletrodomésticos da linha branca, móveis, laminados PET, papel de parede, luminárias e lustres. A atual tabela de IPI reduzido perde validade no sábado. A desoneração de PIS/Cofins para as massas também será prorrogada.

A redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que baliza as operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), não está descartada. A decisão sobre o futuro da TJLP, no entanto, cabe ao Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento e pelo Banco Central (BC). O CMN se reúne amanhã.

Desde junho de 2009 em 6% ao ano, a redução de TJLP tem sido motivo de análise na área econômica nos últimos dias. Enquanto um setor do governo entende que a forte redução na taxa básica de juros, a Selic (hoje em 8,5% ao ano), permite a “adequação” da TJLP, outros economistas do governo defendem a manutenção da taxa até que a inflação ceda de maneira “firme” para baixo de 5%.

Para um defensor do corte na TJLP, a medida “dinamizaria” os investimentos privados. Até o início da noite de ontem, o Valor apurou que a divisão no alto escalão do governo permanecia entre os que defendem a manutenção em 6%, os que desejam um corte pequeno, de 0,25 ponto percentual, e os que querem cortes maiores.

Já o anúncio do novo Plano Safra, com cerca de R$ 115 bilhões, deve ser feito amanhã. A cifra é 7,5% superior aos desembolsos do atual Plano Safra. Em São Paulo, o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, disse que o pacote será focado no investimento.