Ditadores argentinos condenados

Os ex-ditadores argentinos Jorge Rafael Videla (1976-1981), à esq., e Reynaldo Bignone (1982-1983), à dir., foram condenados ontem, respectivamente, a 50 anos e 15 anos de prisão pela execução de um plano sistemático de apropriação de bebês durante o período em que estiveram à frente do governo. As crianças eram filhas de opositoras da ditadura – que deram à luz enquanto estavam presas – e foram dadas a outras famílias, geralmente de militares. Videla e Bignone já estão cumprindo prisão perpétua devido a outros crimes de lesa-humanidade. Segundo a organização Avós da Praça de Maio, cerca de 500 crianças nasceram em cativeiro ou foram sequestradas com os pais – destas, 106 já tiveram a verdadeira identidade restituída.


Montadoras cortam produção em junho e regularizam os estoques

O Estado de S. Paulo

Com vendas recorde para o mês de junho, embaladas pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a indústria automobilística conseguiu reduzir os estoques de carros novos de 43 para 29 dias, período considerado “saudável” pelo setor. Foram vendidos no mês passado 353,2 mil veículos, 22,9% mais que em maio e 16,1% que em junho de 2011. Desse total, 340,6 mil são automóveis e comerciais leves, alvos do benefício fiscal.

A média diária de vendas de carros subiu de 12,4 mil em maio para 17 mil no mês passado e vem mantendo esse ritmo nos primeiros dias de julho. Na terça-feira foram licenciados 17,1 mil veículos e na quarta-feira, 17,6 mil. Os estoques baixaram de 409 mil para 342 mil veículos.

O bom desempenho das vendas – que também contou com facilidades no financiamento – não se refletiu, ainda, na produção. Houve recuo de 2,6% em relação a maio e de 7,6% na comparação com um ano atrás, com 273,6 mil unidades fabricadas.

O setor aposta em reversão do quadro nos próximos meses. Várias empresas que operavam com jornada reduzida retomaram as atividades. Fiat e Volkswagen, por exemplo, voltaram a fazer hora extra em fins de semana.

“A tendência é de aumento de produção”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes e Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Segundo ele, vários fornecedores de autopeças afirmam que os cortes nas encomendas pararam.

Belini credita a retomada das vendas à redução do IPI, anunciado em 21 de maio, e com previsão de acabar em 31 de agosto. Ele diz que a Anfavea não está pleiteando prorrogação do benefício, pois acredita que a economia como um todo vai melhorar nesse segundo semestre. Dirigentes do setor, porém, já declararam que, sem o subsídio, não será possível atingir a meta de crescimento.

O corte do IPI, diz Belini, levou à queda na estimativa de geração diária do imposto, de R$ 38,9 milhões para R$ 18,5 milhões. Quando somados outros impostos (PIS, Cofins e ICMS), a estimativa passa de R$ 168 milhões para R$ 171,3 milhões. “A arrecadação foi mantida.”

Inicialmente, a Anfavea trabalhava com alta de 4,5% a 5% em relação aos 3,6 milhões de veículos vendidos em 2011, mas Belini não tem novas projeções. A Fenabrave – que reúne os concessionários – já trabalha com previsão de queda de 0,4% no segmento de automóveis e comerciais leves. Para caminhões e ônibus, a redução pode chegar a 30%.

No semestre, as vendas somam 1,71 milhão de veículos, queda de 1,2% em relação ao mesmo período de 2011. Até maio, a queda acumulada era de 4,8%. Na produção, o recuo é de 9,4%, para 1,55 milhão de unidades, quase o mesmo porcentual do mês anterior, de 9,5%.

Empregos. Mesmo com a produção em queda, a indústria contratou 1,9 mil funcionários em junho. A maioria é de pessoal terceirizado que passou a fazer parte da folha de pagamento da Fiat, em Betim (MG). Toyota e Hyundai também estão contratando para iniciar operações nas fábricas de Sorocaba e Piracicaba.

Ao mesmo tempo, há demissões em fábricas que passam por reestruturação, como a da GM em São José dos Campos. Nas últimas semanas, a empresa dispensou 356 pessoas e pode cortar mais, com a possível desativação da uma linha de montagem. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio de Barros, fala em até 1,5 mil cortes.

No setor de caminhões, também há cortes. A Volvo dispensou 208 funcionários em Curitiba e a produção foi reduzida de 107 para 83 caminhões ao dia. A Mercedes-Benz tem 1,5 mil funcionários em lay-off (dispensa temporária) até o fim de outubro.


Pedidos de falência crescem 11% no semestre

O Estado de S. Paulo

O número de pedidos de falência no País cresceu 11% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 975 pedidos, enquanto em 2011 o total ficou em 877, de acordo com o Indicador de Falências e Recuperações, divulgado ontem pela Serasa Experian. Na comparação com maio, o número diminuiu, passando de 203 para 158 – queda de 22%.

Do total de pedidos de falência realizados entre janeiro e junho, a maioria (529) foi feito por micro e pequena empresas. Entre as médias empresas, foram registrados 286 pedidos e, entre as grandes, 160. O número de falências decretadas aumentou, passando de 314 no primeiro semestre de 2011para 341 no mesmo período deste ano.

O número de pedidos de recuperação judicial também cresceu na mesma base de comparação. Nos seis primeiros meses de 2012, foram 395 requerimentos, enquanto no mesmo período de 2011 foram 239 pedidos. As micro e pequenas empresas também lideram a lista de pedidos de recuperação judicial, com 202 requerimentos. Foram feitos 129 pedidos de recuperação judicial por médias empresas e 64 pedidos pelas grandes.

De acordo com o Serasa Experian, o cenário de crescimento nas falências é resultado de “maior percepção do risco na economia e o minguante crédito externo; a baixa atividade econômica; crédito doméstico mais seletivo; alta inadimplência das empresas e dos consumidores; e desvalorização do real como reflexo da crise”.


Cautelosos com economia, investidores fogem do risco

Valor Econômico

O vigor dos ativos considerados seguros, como os títulos da dívida dos EUA e o dólar, indica que os investidores receberam as intervenções do Banco do Povo da China (PBoC), Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) com cautela, especialmente na véspera do importante relatório mensal do mercado de trabalho dos Estados Unidos.

O BCE confirmou as expectativas do mercado e reduziu sua taxa de juro de referência de 1% para 0,75% e zerou sua taxa de depósito. O BoE, por sua vez, anunciou a ampliação do programa de compra de títulos da dívida pública (Gilts) em mais 50 bilhões de libras. A única surpresa foi o PBoC, que reduziu a taxa de depósito de um ano em 0,25 ponto percentual, para 3% e a taxa de empréstimo em yuan em 0,31 ponto, para 6%.

O entusiasmo inicial pelas ações dos três BCs globais se esgotou rapidamente. Os comentários do presidente do BCE, Mario Draghi, derrubaram o euro nos mercados de moedas. Os investidores, que esperavam mais medidas de liquidez, não gostaram de ouvir que o programa de compra de bônus e outras medidas extraordinárias são temporários.

No encerramento da sessão em Nova York, o euro era cotado a US$ 1,239, vindo de US$ 1,252 no fim da tarde de ontem. No mercado de bônus, os juros projetados pelos bônus americanos (T-notes) de 10 anos chegaram ao fim do dia a 1,597%, de 1,633% na terça-feira.

O índice Dow Jones caiu 0,36% e fechou com 12.897 pontos. O S&P-500 recuou 0,47%, para 1.367 pontos, enquanto o Nasdaq Composite ficou estável com 2.976 pontos.

Em Frankfurt, o índice de ações DAX recuou 0,45%, para 6.535 pontos. O CAC-40, de Paris, caiu 1,17%, para 3.229 pontos. Na contramão, o FTSE 100, de Londres, subiu 0,14%, para 5.693 pontos.


Juros caíram de 12% a 17% desde março

Valor Econômico

As taxas médias de juros de algumas das principais linhas de crédito para pessoas físicas e empresas caíram de forma consistente desde março, mas a intensidade dos cortes varia bastante entre os bancos até agora. Do lado dos clientes, isso significa que há espaço para pesquisas e para barganhas. Do ponto de vista dos investidores, que o impacto nos resultados das instituições não será linear.

O Valor fez um levantamento detalhado sobre os juros cobrados por Banco do Brasil, Itaú, Caixa, Bradesco, Santander e HSBC em nove linhas de crédito desde janeiro (os resultados podem ser vistos no site do Valor). Os dados são do Banco Central e representam a taxa média efetiva cobrada dos tomadores, incluindo encargos.

Eles diferem do dado consolidado divulgado pelo BC até maio porque a autoridade monetária leva em conta o volume de crédito tomado em cada banco. Se apenas um banco reduz a taxa e todos os clientes migram para essa instituição naquele mês, o dado do BC apontará a taxa contratada nesse banco específico, e não quanto os demais cobraram.

Conforme os dados levantados, a Caixa foi a mais agressiva nos cortes e as reduções mais drásticas ocorreram no cheque especial e no capital de giro pré. A taxa anual do cheque especial do banco estatal diminuiu de 151% para 65% ao ano entre março e junho, com o custo caindo em 57%. No capital de giro, o juro foi derrubado de 25% para 14% ao ano na mesma comparação, uma redução de 44%.

Já o Banco do Brasil liderou a baixa na taxa para o financiamento de veículos, que diminuiu 33%, de 22,5% para 15% ao ano. O BB também foi o que mais cortou a taxa do desconto de duplicatas, em 17%, e do capital de giro com taxas flutuantes, concedido a grandes empresas, cujo custo baixou 22%.

Entre os privados, o Itaú Unibanco fez os movimentos mais agressivos. A taxa do banco para crédito pessoal caiu 20%, passando de 62% para 50% ao ano. Na linha de veículos, o custo anual diminuiu 20%, saindo de 24,5% para 19,5% ao ano. No Bradesco, as reduções ficaram em torno de 10% nas linhas de crédito pessoal, veículos e capital de giro. A maior queda, no entanto, foi no crédito para aquisição de bens para pessoa física, com o custo diminuindo 17%, de 42% para 34,5% ao ano.

O maior corte feito pelo Santander ocorreu no financiamento a veículos, em que a taxa anual caiu 13%, saindo de 22,9% para 19,9%. No crédito pessoal e no capital de giro, a baixa ficou em 8% e 10%, respectivamente. Segundo o diretor de produtos do banco de origem espanhola, Nilo Carvalho, a queda menor que a dos rivais no crédito pessoal e em veículos se explica. “Nossos juros caíram menos em algumas linhas porque já tínhamos taxa mais barata que os concorrentes [do setor privado]”, afirma.

Em relação ao cheque especial, em que o Santander cobra a maior taxa, de 222% ao ano, o executivo destaca a prática do banco, herdada do Banco Real, de oferecer dez dias sem juros nessa modalidade. “Essa é uma linha emergencial. E quando o cliente usa direito, paga a menor taxa do mercado, que é zero.”

O HSBC reduziu as taxas muito levemente, e em cerca de metade dos casos as margens ficaram praticamente estáveis quando se considera a queda da Selic.

Ao se tentar capturar o impacto dos juros menores nos resultados dos bancos, os dados indicam que o efeito será maior na Caixa, que tem a União como única acionista. Mas apesar de reconhecer que os juros menores afetam negativamente o resultado, o banco estatal confia que o crescimento do volume das operações, o aumento da base de clientes e cortes de custos vão permitir que seu lucro aumente em 2012, na comparação com o resultado do ano passado. “Não repetirá a alta de quase 30% vista entre 2010 e 2011, mas o lucro deste ano deve mostrar crescimento”, diz o superintendente nacional de contabilidade e tributos da Caixa, Marcos Brasiliano Rosa.

Segundo ele, o volume de crédito comercial contratado por mês no banco estatal subiu de R$ 11 bilhões no primeiro trimestre para R$ 15 bilhões entre abril e junho, uma alta de 36%. “Estamos colhendo os frutos da ousadia”, afirmou Rosa, que disse que a expansão supera a projeção inicial quando os cortes de taxas começaram.

No caso de BB, Itaú e Bradesco, o efeito dos juros menores também deve existir, mas deve ser menor, seja pela intensidade das baixas ou pelo tamanho maior do estoque antigo de crédito comercial, contratado com taxas maiores, que levará mais tempo para ser renovado. No Santander, o impacto deve ser ainda menor, já que as reduções foram menos agressivas.

A despeito da queda de mais de 20% no preço de suas ações desde março, o BB disse, em resposta por e-mail, que “os investidores entenderam como essas iniciativas se reverterão na geração de resultados sustentáveis no longo prazo”. Segundo o banco, a queda nas taxas foi uma decisão estratégica, tendo em vista a queda da Selic e o aumento da competição, “principalmente após o início da livre opção bancária para servidores públicos”. Questionado sobre o motivo de as taxas não terem caído na mesma intensidade que na Caixa, o BB afirmou apenas que “detém taxas fortemente competitivas, posicionando-se, em muitas linhas, como a menor do mercado”.

Procurados, o Itaú enviou nota dizendo que tem processo contínuo de revisão de taxas de juros de empréstimos, com ajustes constantes para adequá-las à realidade do mercado brasileiro, e que vai continuar promovendo ajustes, “especialmente quando houver cortes na taxa básica de juros da economia”. Também em nota, o Bradesco disse que “as reduções de taxas realizadas pelo Bradesco são recentes e, portanto, ainda não refletem efeito no estoque de crédito”. O banco lembrou ainda que aqueles que optarem pelo produto “Conta Fácil” contam com taxas de cheque especial de 3,95% ao mês. O HSBC não quis se pronunciar.


Cai volume de exportação de petróleo e minério de ferro à China no 2º trimestre

Valor Econômico

A venda de minério de ferro para os chineses caiu 2,1% em volume no segundo trimestre, na comparação com mesmo período do ano passado. Em valor, caiu 26,9%. No primeiro trimestre a exportação do minério já havia caído 11,9% em valores, mas ainda havia elevação de volume de 4,9%.

O volume de exportação de petróleo brasileiro à China teve queda de 27,2% no segundo trimestre. A redução em valores foi menor, de 19,4%. A venda de petróleo aos chineses já havia caído no primeiro trimestre, com redução de 31,9% no volume e de 17,4% em valores.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que o cenário começa a mostrar que os efeitos da desaceleração podem afetar não só os preços de itens importantes da pauta como também as quantidades. “Ainda é cedo para falar em queda de volume, mas o quadro do segundo trimestre sugere cautela. Em junho vários produtos exportados tiveram queda de quantidade, mas é preciso verificar a evolução dos próximos meses.” Castro lembra que no início do ano as estimativas gerais do economistas levavam mais em consideração o efeito dos preço nas exportações. A possível redução das quantidades exportadas, porém, vem sendo analisada pela AEB, que pode revisar o saldo da balança comercial previsto para este ano.

Os preços, lembra Castro, continuam sendo uma variável importante no segundo semestre. Ele lembra que no acumulado de janeiro a junho o volume de exportação do petróleo, por exemplo, caiu 5%, mas o preço subiu 10%, na comparação com os mesmos meses do ano anterior. Em junho, isoladamente, porém, o preço do petróleo já teve queda de 5,03%.

Para Fabio Silveira, sócio da RC Consultores, acredita que a perda de volume na exportação deverá ser mais importante do que se imaginava antes. A desaceleração da China pode surpreender neste ano, com um crescimento do país asiático muito menor do que se esperava antes. “Hoje muita gente fala num crescimento da China de 5% a 6%, enquanto antes, no início do ano, as estimativas eram de 8% a 10%.” O esfriamento da economia chinesa deve contribuir fortemente para a queda do valor exportado pelo Brasil.

Silveira acredita que o saldo da balança comercial total brasileira deve cair dos US$ 29,8 bilhões de 2011 para US$ 17 bilhões neste ano. A receita de venda ao exterior com o minério de ferro, acredita, deve cair dos US$ 41,8 bilhões do ano passado para US$ 33,5 bilhões neste ano. Nessa estimativa, diz Silveira, a redução do volume de exportação tem contribuição semelhante à da queda no preço.

Para Silveira, com a crise, os chineses podem preferir o fornecimento australiano de minério de ferro, que paga frete menor para chegar à China e ganha mais competitividade num momento de preços menores. Em relação ao petróleo, diz, há vários fornecedores no mercado internacional e, dependendo da negociação comercial, pode haver substituição ao óleo fornecido pelo Brasil.

O minério de ferro, o petróleo e a soja são os principais produtos da pauta brasileira de exportação à China. Juntos, eles representam 85,7% do valor total exportado ao país asiático. Dos três produtos mais importantes vendidos para a China, o único que manteve crescimento no segundo trimestre foi a soja.

O volume de soja exportado aos chineses teve elevação de 21% no segundo trimestre, em termos de volume, e de 30,8% em valores. O desempenho da soja amenizou os efeitos da queda do petróleo e do minério de ferro no mesmo período. Castro lembra, porém, que houve grande antecipação da exportação de soja durante o primeiro semestre e, sazonalmente, os embarques do grão perdem força a partir de julho.

Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Associados, acredita que ainda é cedo para estimar o efeito da desaceleração econômica nas quantidades exportadas pelo Brasil. Para ele, a queda não só no preço como também no volume, se acontecer, deve reduzir o saldo comercial brasileiro a um terço do que foi no ano passado.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Cerca de 17,5% do total vendido pelo Brasil ao exterior vai para a China. Os Estados Unidos ficam em segundo lugar, com 12% e a Argentina vem em terceiro, com fatia de 7,7%.


Uso de capacidade industrial cai para 80,7%

Valor Econômico

O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira caiu para 80,7% em maio, menor nível desde setembro de 2009 (80,6%), de acordo com a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada ontem, em Brasília, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em maio do ano passado, a indústria havia usado 82,5% da capacidade instalada. Em abril deste ano, o índice chegou a 81%.

Entre janeiro e maio de 2012. ano, o indicador apontou recuo de 1,4 ponto percentual. No período, o nível de emprego teve queda de 0,6 ponto, saindo de 113,1 pontos para 112,5 pontos.

“O primeiro semestre foi perdido para a indústria”, disse Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de políticas econômicas da CNI, após apresentar os resultados do setor, em Brasília. “Apesar de termos dados disponíveis só até maio, já podemos falar que foi um semestre negativo, de frustração.”

Com base nesse desempenho, CNI deverá revisar para baixo, na próxima semana, suas previsões para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e para a produção industrial. Atualmente, a entidade projeta, para 2012, alta de 3% para o PIB e de 2% para o setor. Segundo Castelo Branco, as novas estimativas devem ficar bem abaixo das atuais.

Por outro lado, a pesquisa mostra que o total de horas trabalhadas aumentou 0,2 ponto no acumulado de 2012 até maio, de 106,4 para 106,6, e o faturamento real cresceu 2,8 pontos no período, passando de 112,1 pontos para 124,9 pontos. Os números são dessazonalizados.

Castelo Branco explicou que o crescimento do faturamento, apesar do semestre ruim, se deve à diminuição dos estoques. Segundo ele, as vendas aumentaram, mas não a produção, devido ao alto volume de produtos acumulados pela indústria.

Para ele, uma retomada da produção industrial brasileira ocorreria a partir da redução mais intensa dos estoques, o que contribuiria para diminuir a ociosidade das fábricas. Um crescimento no investimento público para acelerar a economia também seria necessário. “Os investimentos sempre acabam refletindo na cadeia produtiva da indústria”, disse o gerente-executivo da entidade.

A CNI avaliou ainda que as medidas relativas a crédito e expansão do consumo já anunciadas terão impacto limitado. “A demanda doméstica dá sinais de arrefecimento e o comprometimento da renda e a inadimplência diminuem o alcance das mudanças”, afirmou o economista.

A mudança no patamar do câmbio, apesar de positiva, também tem pouco efeito prático no curto prazo, na avaliação da entidade. “A mudança no câmbio não compensa todos os outros custos que temos”, avalia Castelo Branco.