Cartão de crédito lidera calote dos brasileiros

O cartão de crédito é apontado pelo consumidor brasileiro como o principal meio de pagamento que o levou ao calote. No mês passado, 31% dos inadimplentes indicaram o cartão como o vilão da crise de suas finanças pessoais, revela pesquisa da Boa Vista Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Em março deste ano, esse indicador para os cartões estava em 29% e, seis meses antes, em 23%.

O resultado de junho para os cartões supera de longe a importância dos carnês e boletos bancários (22%) e dos cheques (24%)como vilões da inadimplência. Em março, o cartão já havia desbancado o carnê e passou a liderar o ranking dos meios de pagamento que levaram o consumidor a engrossar a lista da inadimplência.

Especialistas ressaltam que o avanço do uso do cartão sobre outros meios de pagamento e a multiplicação dos plásticos explicam parte do resultado.

Este ano deve fechar com 193,2 milhões de cartões de crédito, segundo projeções da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A marca supera a população do País que, de acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somou 190,7 milhões de pessoas. Significa que cada brasileiro, do bebê de colo ao idoso, carrega mais de um cartão de crédito na carteira.

Se forem considerados os cartões de crédito e os de lojas, o total de plásticos até dezembro deve atingir 462 milhões, o equivalente a 2,4 cartões por pessoa, segundo a Abecs. Levando-se em conta o total de cartões de crédito e de lojas em relação à População Economicamente Ativa (PEA), isto é, aquela em idade produtiva, o número de cartões por brasileiro sobe para 4,4.

Juros. Além da multiplicação dos plásticos, a elevada taxa de juros cobrada pelos cartões joga mais lenha na inadimplência dessa linha de crédito. Dados do Banco Central mostram que o calote do cartão acima de 90 dias atingiu 29,5% em maio, a maior marca em 12 anos. Durante 28 meses seguidos, de fevereiro de 2010 a junho deste ano, a taxa média de juros do cartão ficou estacionada em 10,69% ao mês, revela pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). A resistência da taxa de juros do cartão, a mais alta entre as várias linhas de crédito ao consumidor, vai na contramão até da taxa básica de juros, a Selic, que já caiu três pontos porcentuais entre dezembro de 2011 e a semana passada.

“O cartão é o meio de pagamento vilão da inadimplência”, afirma o diretor do SCPC, Fernando Cosenza, responsável pela pesquisa trimestral que consulta 1.100 inadimplentes para traçar seu perfil. Ele ressalta que, na edição de junho, o cartão de crédito foi uma unanimidade entre os consumidores como principal meio de pagamento que levou à inadimplência. Em todos os estratos de renda (alta, média e baixa), entre homens e mulheres e também entre trabalhadores formais e informais.

Cosenza diz que a facilidade de se obter crédito no cartão, que é pré-aprovado e está na carteira do consumidor, combinada à falta de informações centralizadas do sistema financeiro sobre os limites totais de crédito concedido a cada consumidor por cartão, agravam o quadro da inadimplência.


Governo quer reduzir área de floresta conservada

O Estado de S. Paulo

No início de 2006, um decreto do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou a Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, a maior de um conjunto de unidades de conservação no sul do Pará que ajudaria a conter o avanço das motosserras na Amazônia. Pouco mais de seis anos depois, o governo de Dilma Rousseff estuda tirar um pedaço da Flona de até três vezes o tamanho da cidade de São Paulo para resolver a disputa de terras na região.

A decisão tem tudo para se tornar histórica. Mais do que a terça parte da maior Floresta Nacional do País, de pouco mais de 1,3 milhão de hectares, está em jogo o destino da política de combate ao desmatamento na Amazônia. Ambientalistas certamente verão nela o início do desmanche das unidades de conservação, cujo ritmo de criação despencou desde o início do governo Dilma.

O problema é um pouco mais complicado. Grande parte das unidades de conservação criadas nos últimos anos não concluiu o processo de regularização das terras. Há bilhões de reais em indenizações a serem pagas. A reivindicação por terras no interior dessas áreas de proteção que implica em redução das unidades de conservação pode chegar a 1 milhão de hectares apenas no sul do Pará, segundo estimativas preliminares.

“Há situações a serem corrigidas”, diz a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. “Mas é preciso separar o joio do trigo, para ver quem tem direito à posse da terra e quem a ocupou ilegalmente, para especular e desmatar. Há muito interesse de grilagem na região.”

O assunto está em estudo no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), subordinado ao ministério, e deve ser levado ao gabinete da presidente (mais informações nesta página). Enquanto a decisão não sai, a Flona do Jamanxim abriga rebanhos e pastagens degradadas, além da produção de café, milho e arroz onde, por lei, a única atividade econômica deveria ser o uso sustentável de produtos da floresta.

Ameaças. Em maio deste ano, segundo dados mais recentes de desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Jamanxim perdeu 1 km² de floresta – o segundo maior abate de árvores detectado em unidades de conservação no mês. No final do governo Lula, houve duas Operações Boi Pirata dentro da Flona, na tentativa de conter o desmatamento ilegal na unidade. Nessas operações, os animais eram apreendidos pelo governo e depois leiloados.

“Temos uma produção diversificada”, diz Nelci Rodrigues, uma das líderes do movimento para excluir áreas de produção da Flona. Paranaense, ela ocupa um terreno de 2,4 mil hectares, mas sustenta que apenas ocupações até 1,1 mil hectares devem ser reconhecidas, de acordo com o limite da lei de regularização fundiária na Amazônia.

Lobby. Ocupantes da Jamanxim contam com um forte lobby no Congresso, ao qual aderiram parlamentares da base de apoio do governo. O deputado Zé Geraldo (PT-PA) passou de defensor da criação da Flona a advogado da redução da área.

“Foi um remédio amargo, necessário na época, para conter a grilagem desenfreada e a frente de desmatamento”, sustenta o deputado. Ele calcula que cerca 500 famílias deveriam ter suas posses reconhecidas. Ainda pelos seus cálculos, a área no interior da unidade cuja ocupação deveria ser reconhecida alcança 600 mil hectares – quase metade do território da Jamanxim.

Documento encaminhado à ministra Izabella Teixeira pela advogada dos ocupantes da Flona, Samanta Pineda, alega que as pessoas que reivindicam a posse da terra foram atraídas pelo próprio governo federal a ocupar a Amazônia, nos anos 1970. “A inauguração da BR-163 era a concretização da promessa de que a região realmente seria foco dos recursos para o desenvolvimento”, afirma no texto.

Várias unidades de conservação no sul e oeste do Pará foram criadas para evitar a expansão do desmatamento após o asfaltamento da rodovia, que liga Cuiabá a Santarém.


China vê tempos difíceis

Correio Braziliense

A China — segunda maior economia do planeta e principal parceiro comercial do Brasil — pode enfrentar tempos difíceis, alertou ontem o primeiro-ministro Wen Jiabao. “O índice de crescimento econômico está dentro das margens fixadas anteriormente este ano e as políticas de estabilização funcionam, mas a recuperação econômica não é estável”, declarou Wen durante visita à província de Sichuan.

As previsões do líder, de que as dificuldades podem continuar ainda durante um bom tempo, não são nada boas para a economia brasileira. Desde o início da crise mundial, em setembro de 2008, o país viu minguar as exportações para seus dois tradicionais grandes parceiros — Estados Unidos e Europa —, enquanto as relações comerciais davam um salto com a Ásia, em grande parte devido às compras chinesas.

Mas em razão da desaceleração do comércio global, o governo brasileiro já foi obrigado a rever para baixo suas expectativas. No último relatório de inflação, divulgado no fim do mês passado, o Banco Central (BC) reduziu em R$ 3 bilhões o saldo da balança comercial este ano — de US$ 21 bilhões para US$ 18 bilhões. Os últimos dados sobre a economia chinesa, por sua vez, dão conta de que a China cresceu “apenas” 7,6% no segundo trimestre, o pior desempenho dos últimos três anos.

A previsão chinesa parece positiva se comparada ao crescimento esperado para a economia mundial —não mais que 3,3%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) — e aos 2,5% esperados para o Brasil, conforme projeção do BC, já considerada otimista. O mercado estima uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no máximo, em torno de 2%. Mas o percentual é pouco para a China e evidencia sua forte desaceleração frente os resultados de 2010, de 10,4%, do ano passado (9,2%).

Diante da dificuldade em manter o ritmo, Jiabao pediu grandes esforços para fortalecer a vitalidade e o dinamismo do crescimento. “Precisamos avaliar a situação de forma exaustiva e reconhecer os problemas”, disse. Segundo o primeiro-ministro, o governo dará prioridade à  geração de emprego. Entre as medidas a serem adotadas está o corte de até 50% no imposto sobre  lucros de  empresas estrangeiras no país.


Choque de realidade no petróleo

O Estado de S. Paulo

“A euforia sucumbiu à realidade”, sentenciou o artigo do Wall Street Journal, na semana passada, sobre a crise de confiança que assombra as petroleiras brasileiras. Não há tanto exagero na afirmação. Um levantamento da consultoria Economática com dados de 59 companhias de capital aberto da indústria do petróleo na América Latina e nos Estados Unidos mostra que as verde-amarelas OGX, HRT e Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) estão entre as que mais perderam valor nos últimos 12 meses – uma punição do mercado às promessas não cumpridas.

“É como se a bolha que começou a se encher em 2007 com a propaganda em torno do pré-sal e da Petrobrás estivesse murchando agora”, diz o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires. A crise de imagem, segundo ele, é muito mais um reflexo do que se prometeu lá atrás do que dos resultados em si, já que tradicionalmente essa é uma indústria de risco altíssimo. “Portanto, é natural que haja frustrações no período exploratório”, afirma Pires. De acordo com estimativa do Conselho Mundial do Petróleo, para cada três poços explorados no mundo, dois são secos.

A dimensão das dificuldades que seriam encontradas, no entanto, não ganharam tanto destaque por aqui e o reflexo disso o setor está colhendo agora. O petroleiro mais popular do País, Eike Batista, perdeu mais de R$ 13,2 bilhões em dois dias na Bolsa depois de revisar para baixo a produção de seu primeiro campo de petróleo. No fim do mês passado, a empresa divulgou uma vazão de 5 mil barris de óleo por dia em cada poço do campo Tubarão Azul – quando a previsão inicial, tornada pública no início do ano, era de que a produção chegaria a 20 mil barris. “Se os dados atuais sofreram esse nível de ajuste, que confiança o investidor terá em relação às informações futuras”, diz o analista do banco de investimento Geração Futuro, Lucas Brendler.

Em 2012, os papéis da OGX caíram 56,6%. O desempenho só não é pior do que o da empresa norte americana Dynegy, que há dez dias entrou com um pedido de concordata no Tribunal de Falências dos Estados Unidos e vem acumulando perdas na bolsa de quase 80% no ano.

Quem vem sofrendo há mais tempo no Brasil é a petroleira criada pelo ex-geólogo da Petrobrás, Marcio Mello. A empresa foi criada em 2010 com um projeto ousado de exploração de petróleo na região amazônica da Bacia do Rio Solimões. Antes da abertura de capital da empresa, Mello prometeu aos investidores que encontraria óleo abaixo da camada de gás existente na região, perfurando os poços numa profundidade maior.

Mas sua previsão não se confirmou e até agora ele não achou nada além de gás. Na semana passada, a empresa concluiu a perfuração de mais um poço que se mostrou sem capacidade de produção. “Há uma série de perguntas sem respostas”, afirma um analista. “Como a HRT vai tornar viável a comercialização do gás numa região cheia de entraves logísticos é uma delas.”

Em nota, a empresa afirma que “o desempenho de sua campanha vem apresentando resultados em conformidade com o padrão da indústria”.

Perfil baixo. Mais “low profile” do que suas concorrentes, a QGEP, da Queiroz Galvão, não foi poupada pelos investidores. A empresa, que abriu capital em 2011, já perdeu 49% de seu valor desde o início do ano. No mês passado, a companhia anunciou que não encontrou petróleo em um de seus blocos na Bacia de Santos. “Tínhamos muita expectativa em relação a esse poço mas faz parte do risco do negócio”, diz Paula Vasconcelos da Costa, diretora de relações com investidores da QGEP. A empresa ainda sofre com a manutenção feita ao longo de 2011 no Campo de Manati, onde ela já produz gás natural em parceria com a Petrobrás. Como alguns poços tiveram de ficar fechados, a produção teve uma queda e a geração de caixa também.

O clima de incertezas não paira só sobre as petroleiras privadas. A própria Petrobrás não tem cumprido suas metas. “O governo e os empresários prometeram fazer e acontecer, mas o petróleo brasileiro não é tão fantástico como se vendeu lá atrás”, diz Adriano Pires. “É uma indústria de riscos e incertezas e isso não pode ser ignorado.”


Empresas alertam para novo risco de apagão

O Estado de S. Paulo

Os investimentos das empresas do setor elétrico nos próximos anos podem sofrer um baque em decorrência da intenção do governo de atrelar a renovação das concessões, que vão vencer a partir de 2015, à redução dos custos da energia. Enquanto o Palácio do Planalto corre para definir a fórmula de cálculo do preço da energia nesses contratos, executivos alertam para o risco de um cenário parecido com aquele que levou o Brasil aos apagões do começo deste século.

“Diferentemente de 2004, quando foi formulado o novo marco regulatório do setor que instituiu os leilões de compra de energia, o processo está sendo feito agora a portas fechadas. Isso nos preocupa porque não sabemos qual metodologia será utilizada”, avalia o presidente da Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Vianna.

É justamente a forma de comercialização da energia definida há oito anos que pode ser alterada, segundo o executivo. O temor da entidade é de que os novos contratos voltem a ser definidos por meio da fórmula que calcula as tarifas pelos custos de geração. Nesse modelo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) analisa os componentes de gastos das empresas – incluindo investimentos – para estabelecer um teto tarifário para cada companhia. Mas, para Vianna, a venda de energia por leilão precisa ser mantida com a renovação.

“Não dá para conviver com dois modelos, pois isso criaria uma assimetria ruim para o mercado”, diz Vianna. “Além disso, o modelo de custos é intervencionista e pouco previsível, pois a Aneel dispõe de certa subjetividade ao definir a tarifa. Essa metodologia já deu resultados catastróficos no passado, pois as empresas deixaram de investir, já que a remuneração não era suficiente para isso”.

Para a Apine, a melhor saída seria manter a venda de energia nos leilões periódicos pelas geradoras a preços normais de mercado, mas transferir para os contratos renovados os pagamentos de encargos de transmissão e geração que hoje incidem sobre todo o sistema. “Com esse grupo assumindo inteiramente esse custo, os preços cairiam naturalmente na ponta, para os consumidores finais”, explica o dirigente.

Orientação. Enquanto o governo não chega a um consenso, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) orienta as empresas do segmento a manifestarem previamente a intenção de manter as concessões sob seu domínio. Porém, com ressalva de que essa decisão poderá ser revista.

Segundo a entidade, 37 das 63 associadas têm concessões que vencem em 2015. Entre as interessadas na prorrogação estão distribuidoras sob controle da Eletrobrás, CPFL, Grupo Rede, Energisa, e empresas com controle misto, como Copel e Celg.

Segundo o presidente da Abradee, Nelson Leite, se a proposta de prorrogação das concessões for rígida, pode ser mais vantajoso desistir dos ativos e optar por um ressarcimento. Os recursos viriam da Reserva Global de Reversão (RGR), encargo que financia um fundo destinado a indenizar as empresas em caso de reversão da concessão à União.

Para ele, as distribuidoras já contribuirão para a modicidade tarifária no ciclo de revisão tarifária da Aneel, que recalcula a cada quatro anos o preço das contas de luz dos consumidores usando, na distribuição, a fórmula de cálculo das tarifas pelos custos tão temida pelas geradoras.

A metodologia do terceiro ciclo foi definida em novembro e já resultou na queda das tarifas da Eletropaulo (9,33%), Coelce (10,89%), Edevp (2,72%), Celtins (1,61%) e Copel (0,65%). Como todas as distribuidoras do País terão de passar pelo processo, cálculos da Abradee mostram que o processo vai reduzir o fluxo de caixa de suas associadas em 22% entre 2011 e 2014.

Segundo Leite, cada empresa vai avaliar a melhor forma de lidar com o impacto, por meio da redução de custos operacionais, dos dividendos repassados aos acionistas e dos próprios investimentos, o que pode comprometer a qualidade dos serviços.


Servidores começam a acampar na Esplanada

Correio Braziliense

Para pressionar o governo por reajustes e pela reversão do corte de ponto, 5 mil servidores acampam na Esplanada a partir de hoje. Líderes sindicais, que representam 26 categorias, prometem grande ato na quarta-feiraNotíciaGráfico

De braços cruzados desde 18 de junho, servidores públicos de 26 categorias iniciam hoje o movimento de ocupação da Esplanada dos Ministérios, num ato que tenta provar ao governo que o corte do ponto ordenado pelo Palácio do Planalto não enfraqueceu a greve geral por reajustes salariais.

Cerca de 5 mil trabalhadores deverão começar a chegar a Brasília nesta segunda-feira, em caravanas de ônibus e vans. Alguns trabalhadores virão em voos bancados pelos sindicatos, que oferecerão também a alimentação dos grevistas.

Como ponto de apoio, a organização pretende montar um grande acampamento que será armado no gramado da Esplanada, mas a expectativa é que os grevistas só fiquem no local durante o dia. Para passar a noite, serão oferecidas acomodações nos sindicatos e em residências, conforme informou a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).

O momento mais importante da manifestação será uma caminhada na quarta-feira, que tem previsão de início para as 9h. Os grevistas pretendem cruzar o Eixo Monumental, no percurso que sai da Catedral, passa pelo Congresso Nacional e retorna ao Ministério do Planejamento, do outro lado da via. Para controlar o trânsito, que deve ficar bastante prejudicado durante o ato, a Polícia Militar deslocará um efetivo do Batalhão de Trânsito.

A expectativa da Condsef é de que a mobilização sensibilize o governo para o pleito dos servidores. Do outro lado do balcão, porém, o Ministério do Planejamento já sinalizou que não pretende conceder o aumento linear de 22% pedido (Veja arte) pelos grevistas em razão do impacto no orçamento, que chegaria a R$ 92,2 bilhões.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse ao Correio que o governo está tranquilo com o grande ato dos servidores. “A manifestação é um direito de todos. A Esplanada foi feita para isso. Mas eles precisam entender que não temos condições de dar reajuste a todos. Esse valor de R$ 92 bilhões é incompatível com um quadro de crise. Eles representam 50% da folha de salários dos trabalhadores federais e mais que o dobro que pretendemos gastar com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)”, ressaltou.

Outras manifestações devem acontecer ao longo dos cinco dias de ação esta semana, mas ainda não há uma agenda específica para o movimento. “Atos e mobilizações devem ser decididos na hora, no calor do momento”, explicou o diretor da Condsef, Sérgio Ronaldo.

Mobilização cara

Para engrossar a mobilização que começa hoje, os sindicatos terão de colocar a mão no bolso. Os gastos estão na casa do milhão. Entre os 5 mil servidores esperados durante os cinco dias de acampamento, grande parte deve ser de Brasília. Dos demais estados, chegarão grandes caravanas de Goiás e Minas Gerais, segundo informou a Condsef. A diretoria da confederação não soube informar, porém, exatamente quantos ônibus virão e de quanto será o gasto total da ação. Considerando que cada servidor custe em torno de R$ 50 por dia, entre alimentação e deslocamento, a conta da mobilização deve ultrapassar o R$ 1 milhão. Questionado sobre o custo, o diretor da Condsef afirmou que esse montante é inviável aos cofres do movimento.

Só de Goiás, cerca de 140 pessoas virão das cidades de Goiânia, Luziânia e Formosa em dois ônibus e duas vans. Segundo estimativas do presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado de Goiás (Sintsep/GO), Ademar Rodrigues, o gasto com transporte, estadia e alimentação deve ficar entre R$ 40 mil e R$ 45 mil.

Já os 50 servidores de Minas Gerais virão de avião da capital mineira a Brasília. A estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal no Estado de Minas Gerais (Sindsep/MG) é de que o desembolso total seja de R$ 50 mil. “Será um gasto alto, mas precisamos ficar unidos nessa luta. A opção pelo avião como meio de transporte foi a mais barata, já que o aluguel de um único ônibus, com o combustível, fica por volta de R$ 5 mil”, justificou o diretor do sindicato, Arnaldo José Cruz Júnior. Outros 50 manifestantes devem vir em um ônibus de São Paulo.

Novas adesões

Termina hoje o prazo dado pelas agências reguladoras para que o governo apresente uma proposta de restruturação salarial dos servidores dessas entidades, além da criação da carreira de regulação. Caso não atenda às reivindicações, a categoria já avisou que também cruzará os braços. Servidores de unidades de 10 agências reguladoras de todo o país e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) já avisaram que entrarão em greve caso não sejam atendidos. Nesse caso, só devem funcionar os serviços de urgência, definidos pelo presidente do Sindicato das Agências Reguladoras (Sinagencias), João Maria Medeiros, como “casos que envolvam transfusão de sangue, liberação de órgãos humanos para transplantes e equipamentos de UTI”.

O movimento também deve ganhar a adesão dos trabalhadores petroleiros, que exigem da Petrobras uma nova proposta de participação nos lucros da empresa. A estatal já avisou que irá se reunir com os grevistas amanhã, numa tentativa de reverter a ameaça da categoria de parar as atividades no próximo dia 20. Há algumas semanas eles organizam pequenas mobilizações, como o atraso no horário de entrada do expediente. Conforme explicou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), uma mudança na proposta da participação nos lucros e resultados (PLR) na reunião de amanhã pode mudar o rumo da greve por tempo indeterminado.