Boletim do BC já aponta PIB abaixo de 2% este ano

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O pessimismo se disseminou entre analistas em relação às perspectivas de crescimento do Brasil este ano, que recuaram para menos de 2%. Segundo a pesquisa Focus, que o Banco Central (BC) faz com as principais instituições do mercado financeiro, divulgada ontem, a expectativa geral passou de 2,01% para 1,9%. Foi a décima semana seguida de redução das estimativas. Este prognóstico, que vê desemprego em alta, renda em baixa e queda do consumo, tem perspectiva de queda confirmada pelas previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), embora num patamar menos dramático. Segundo o relatório “Projeções para a economia mundial” do Fundo, também anunciado ontem, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) brasileiro vai crescer 2,5% este ano, ante uma previsão anterior de 3,1%.

– Na verdade, já estamos vivendo isso tudo, porque essa previsão do mercado (Focus) para 2012 leva em conta uma aceleração no segundo semestre, ou seja, uma melhora daqui para frente – enfatizou o economista-chefe da Sulamerica Investimentos, Nilton Rosa. – O pessimismo só está sendo cristalizado nas previsões, mas já era percebido, principalmente, pelos empresários: o futuro não será tão cor de rosa.

Segundo o analista, o impacto negativo na confiança dos empresários é bem mais rápido do que no sentimento da população. Porém, por mais que o consumidor se mantenha otimista e alimente a atividade econômica, pelo menos por enquanto o endividamento das famílias impede que o consumo continue no mesmo ritmo de antes:

– O crédito significa comprometimento de renda futura e diminui o espaço para gastar.

Isso já começa a se refletir nas expectativas para o ano que vem. Nas estimativas dos especialistas colhidas para o relatório do BC, a projeção de crescimento caiu de 4,2% para 4,1% em 2013. Aqui, o relatório do FMI diverge do boletim Focus. Para o Fundo, em 2013, haverá uma recuperação da economia brasileira, e o PIB crescerá 4,6%, meio ponto percentual acima de sua projeção anterior.

A projeção do FMI para o crescimento global em 2012 foi revista de 3,6% para 3,5% e, em 2013, de 4,1% para 3,9%. O vice-presidente executivo de Tesouraria do banco WestLB, Ures Folchini, lembra que os sinais de desaceleração econômica, em diferentes partes do mundo, intensificaram-se. Na sexta-feira, a China reportou um crescimento de 7,6% da economia no segundo trimestre, o menor número desde 2009. Os EUA, que vinham criando cerca de 200 mil novos empregos por mês, no início do ano, em junho criaram apenas 80 mil. Um sinal de que a engrenagem econômica está funcionando num ritmo abaixo do esperado.

– Antes, o foco de preocupação era a crise do euro. Agora, há vários focos. Os EUA que não crescem como se espera, a China desacelerando de fato. Tudo isso, reflete no ritmo da economia brasileira, que deve crescer 2,5% contra os esperados 5% do início do ano pelo governo – avalia Folchini.

Analistas divergem sobre taxa de juros

Mesmo com uma piora no cenário para o crescimento da economia brasileira, os economistas ouvidos no Focus não alteraram a previsão para o comportamento da taxa básica de juros (Selic). Eles apostam que o Comitê de Política Monetária (Copom) cortará os juros básicos até 7,5% ao ano. Na semana passada, o colegiado cortou a taxa em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano. Os próximos passos na condução da política monetária devem ser indicados na ata da reunião do Copom que será publicada na quinta-feira. Economistas já trabalham com a hipótese de que o BC será mais agressivo para favorecer o crescimento. Os mais audaciosos apostam que o Copom levará a Selic a 6% ao ano até o fim de 2012.

Relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), porém, indicou que a perspectiva de aceleração futura da inflação pode levar o Copom a adotar uma postura mais cautelosa em relação à Selic:

“Enquanto a piora nas estimativas sobre a atividade poderia sugerir uma extensão do ciclo de queda dos juros (em relação à precificação atual dos mercados), a rigidez das estimativas sobre a inflação pode apontar para uma estratégia mais cautelosa”, avaliou a Febraban. “É por conta disso que o mais provável é que o BC siga com o seu pragmatismo atual, preservando ao máximo o seu raio de manobra.”

O corte na previsão de crescimento do FMI foi um dos mais profundos entre as principais economias analisadas. A previsão para a Índia sofreu a maior revisão, de 6,8% para 6,1%. Na mesma magnitude que o Brasil, aparece o Reino Unido, cuja projeção de crescimento foi reduzida de 0,8% para 0,2%. Segundo a equipe do economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, após um primeiro trimestre de expectativas animadores, a economia global voltou a apresentar sinais de fraqueza entre abril (quando o relatório anterior fora divulgado) e junho. Ele acrescentou que os riscos “permanecem muito elevados”. As principais causas foram a nova onda de tensão financeira na zona do euro e sua periferia e a desaceleração das economias emergentes.

Principal economia emergente, a China teve sua expansão revisada para baixo tanto em 2012 – de 8,2% para 8% – como em 2013 – 8,8% para 8,5%. Entre os parceiros no chamado Bric (grupo das quatro grandes nações emergentes), a Índia viu subir a projeção para o seu PIB no ano que vem – de 7,2% para 7,5%. As projeções para a Rússia ficaram inalteradas este ano – expansão de 4% – e caíram ligeiramente, de 4% para 3,9%, em 2013.

Entre os países ricos, o FMI manteve inalterada a previsão de contração de 0,3% na economia da zona do euro e reduziu de 0,9% para 0,7% a expansão do próximo ano. Além do Reino Unido, sofreu forte revisão nos números a Espanha, que, em vez de um ano, terá dois de recessão. Os EUA tiveram a previsão de PIB diminuída de 2,1% para 2% em 2012 e de 2,4% para 2,1% em 2013. O Japão foi a surpresa positiva entre as economias avançadas, com expansão estimada em 2,4% este ano, alta de 0,4 ponto percentual sobre a marca do relatório anterior.

A revisão das projeções do FMI não surpreendeu o professor Luiz Carlos Prado, da UFRJ. Para ele, o país não tem como dar um novo salto de crescimento se não houver investimento público. Apenas o consumo não tem como segurar uma forte expansão no PIB:

– Além disso, a crise encontrou um país que vem postergando decisões importantes, como reformas estruturais e investimento em educação – afirmou.


Adesão oficial da Venezuela ao Mercosul será adiada

Valor Econômico

A cerimônia de ingresso da Venezuela no Mercosul, marcada para o dia 31, terá efeito simbólico, e só em agosto os governos do bloco esperam que possa ter efeito legal, de acordo com as regras do protocolo de adesão firmado pelo país em 2006. “Será uma cerimônia política”, reconheceu, em conversa com o Valor, o assessor internacional da presidência de República, Marco Aurélio Garcia. Os paraguaios, que não foram ouvidos, contestam até o prazo de agosto, alegando que, sem o voto do Paraguai a incorporação é impossível.

No dia 31, será reativado o grupo de trabalho criado para discutir as condições de entrada da Venezuela no Mercosul, especialmente a adesão dos venezuelanos à Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco, que garante imposto de importação idêntico nas transações com terceiros países. A definição sobre a TEC é pré-condição para o ingresso no Mercosul, mas o grupo de trabalho deverá ter um prazo, ainda não estipulado, para definir como a Venezuela adotará esse compromisso. Pelas regras do bloco, essa definição deveria ocorrer antes da incorporação do país.

Os sócios do bloco têm um número limitado de produtos com autorização a ter tarifas diferentes da TEC – são 200 no caso da Argentina e Brasil e mais para os países menores. Os venezuelanos deverão reivindicar também sua lista – há indicações de que querem mais de 200 produtos.

A Venezuela aprovou o protocolo de adesão ao Mercosul em 2006, mas não informou até hoje como pretende cumprir os compromissos do bloco, a começar pela TEC. Até sexta-feira, nem havia registrado nos órgãos do Mercosul a ratificação do protocolo de adesão pelo Congresso. Só na sexta-feira houve o registro, na Secretaria do Mercosul (e não no governo paraguaio, como estava previsto no protocolo). Com o registro, começou a ser contado o prazo de 30 dias antes que se possa oficializar a entrada do novo integrante do Mercosul como membro pleno. Especialistas e o governo paraguaio contestam esse prazo, porque o depósito não foi feito no Paraguai e o país não foi ouvido.

“Está tudo resolvido”, diz Garcia, que afirma ter recebido garantias do governo venezuelano de que não haverá retrocesso nos compromissos assumidos e será regularizada a situação do país para entrada no bloco.

Durante as reuniões do grupo de alto nível criado para discutir a entrada da Venezuela, o governo venezuelano chegou a propor adiar a redução de tarifas já prevista no acordo de livre comércio existente entre o país e o Mercosul – que prevê o fim de taxação no comércio até 2014, com uma pequena cesta de produtos “sensíveis” a ser liberalizada só em 2019.

A ideia não foi aceita, mas também não se cumpriu a previsão, inscrita no protocolo de adesão, de livre comércio a partir de janeiro de 2012. A maior parte do comércio, porém, já tem tarifa, atestam especialistas do setor privado.

A maior expectativa do governo brasileiro e do setor privado é a aplicação, na Venezuela, da tarifa externa comum, que implicaria taxação de 35% para automóveis, por exemplo, hoje submetidos a tarifas inferiores. “A maior parte do que a Venezuela consome ainda vem dos EUA. Nesse mercado vai haver mudança importante a nosso favor”, avalia Garcia, que conta com a tarifa externa do Mercosul para dar vantagem competitiva a produtos brasileiros, como automóveis e máquinas e equipamentos.

Mesmo com a vantagem da TEC, porém, há restrições a importações na Venezuela, devido à necessidade de divisas estrangeiras para garantir o equilíbrio das contas externas venezuelanas, afetadas com a queda nos preços do petróleo. O governo brasileiro argumenta que a entrada dos venezuelanos no Mercosul dará mais instrumentos, inclusive jurídicos, para negociar o fim de barreiras injustificadas ao comércio – ainda que os problemas tenham aumentado, e não diminuído, com o maior sócio no bloco, a Argentina.


Pedidos de falência crescem mais que em 2009

Valor Econômico

A desaceleração da economia, o aumento da inadimplência e a maior seletividade na concessão de crédito afetaram a geração de caixa das empresas, cenário adverso que fez os pedidos de falência subirem com força no primeiro semestre. De janeiro a junho, segundo levantamento da Boa Vista Serviços com abrangência nacional, foram feitos 959 requerimentos, 16,5% a mais do que no mesmo período de 2011. Uma alta nessa comparação não aconteceu nem em 2009, quando o impacto da crise provocou avanço de 3,3% nos pedidos de falência na primeira metade do ano. Desde então, a tendência observada era de recuo no primeiro semestre.

Mais atingida pela piora do ambiente externo e pelo ritmo fraco da atividade doméstica, a indústria também se destaca como setor mais insolvente. Com salto de 21,3% nos pedidos de falência entre o primeiro semestre do ano passado e igual período deste ano, o ramo industrial concentrou 39% dos requerimentos feitos nos primeiros seis meses, fatia dois pontos percentuais acima da registrada na primeira metade de 2011. Essa parcela é ainda mais robusta no segmento de médias e grandes empresas, no qual a indústria representa 59% do total de falências requeridas no período.

A participação da indústria ainda é expressiva nos pedidos de recuperação judicial feitos na primeira metade do ano, com 33% dos casos, assim como nas recuperações decretadas, entre as quais responde por 34% do total. Segundo a Boa Vista, houve aumento de 87,9% nos pedidos de recuperação judicial e de 63% nas recuperações judiciais decretadas no segmento industrial entre o primeiro semestre do ano passado e o mesmo período deste ano.

O economista-chefe da empresa, Flávio Calife, observa que os pedidos de falência aumentaram mesmo com a maior dificuldade imposta pela Lei de Falências de 2005, que estabeleceu dívidas empresariais de 40 salários mínimos como piso para embasar tais requerimentos.

Esse quadro, diz Calife, permite concluir que os efeitos do processo de alta da inadimplência e do endividamento das famílias, assim como da perda de fôlego da economia, que vêm desde meados de 2011, foram mais sentidos pelo caixa das empresas neste ano. “No ano passado, as empresas estavam mais endividadas. Agora, há uma situação de insolvência e os credores estão usando os pedidos de falência para tentar reaver seus créditos perdidos.”

Também está desequilibrando o desempenho financeiro das empresas, segundo ele, o cenário de crise global, que se arrasta por um período mais longo que o esperado e dificulta o pagamento e refinanciamento de dívidas, devido à postura mais cautelosa dos bancos. A indústria, por atravessar situação mais delicada que a dos outros setores da economia, diz o economista, se ressente ainda mais do enfraquecimento das concessões, cuja média diária à pessoa jurídica cresceu apenas 0,6% nos primeiros cinco meses do ano, de acordo com o Banco Central.

De janeiro a maio, a produção industrial encolheu 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Em igual comparação, o volume de vendas do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, registrou avanço de 5,8%. Para analistas, o tombo da indústria deve se manter até o fim do ano e reflete não apenas questões conjunturais como a queda nas exportações de manufaturados e o apetite menor do consumidor por bens duráveis, mas também a perda de competitividade estrutural do setor.

Além do quadro externo complicado – particularmente na Argentina, que é o maior mercado para os produtos manufaturados brasileiros – e do ritmo fraco da economia doméstica, o economista Douglas Uemura, da LCA Consultores, destaca os estoques excessivos como outro fator que diminuiu as margens da indústria no primeiro semestre, apesar de dados de junho sinalizarem que o setor começou o segundo semestre mais ajustado, principalmente no segmento automobilístico, depois da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.

Segundo a Anfavea, entidade que reúne as montadoras instaladas no país, os estoques do setor voltaram à normalidade no mês passado, caindo para 29 dias de venda, ante os 43 registrados em maio. A Sondagem Industrial da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que a relação entre empresas que declaram ter estoques excessivos e insuficientes também melhorou entre janeiro e junho. Ainda assim, o analista da LCA avalia que a primeira metade do ano foi marcada por acúmulo de mercadorias acima do planejado. “A indústria não estava conseguindo desovar esses estoques e há um custo em mantê-los”, diz.

Para Flávio Calife, economista-chefe da Boa Vista, o processo de afrouxamento monetário, a redução dos spreads bancários e as demais medidas de incentivo à economia tomadas pelo governo devem dar algum suporte à situação financeira das empresas na segunda metade do ano, inclusive na indústria, mas não serão suficientes para frear o crescimento dos pedidos de falência. “Essas medidas têm todo um tempo de maturação e não mudam o cenário de alta para os pedidos de falência em 2012.”

Uemura, da LCA, avalia que a reaceleração da atividade esperada para o segundo semestre deve melhorar a geração de caixa das empresas no período. Na indústria, o economista acredita que o câmbio mais depreciado seguirá ajudando a conter o aumento da participação dos importados no consumo interno, mas sem provocar um salto nas exportações diante da demanda global deprimida. Ele também pondera que o recuo lento da inadimplência da pessoa física ainda pode gerar cautela dos bancos em conceder empréstimos, apesar da queda dos juros.


Câmbio respeita intervalo ‘sugerido’ por Fazenda e BC

Valor Econômico

Ontem, em mais um pregão morno, o dólar comercial fechou estável a R$ 2,037, depois de cair a R$ 2,034 (-0,14%) e subir a R$ 2,044 (+0,34%). Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar para agosto caiu 0,12%, a R$ 2,0405.

O cenário para câmbio já foi explicitado pela Fazenda e pelo Banco Central (BC) e o “recado” dado é que a taxa de câmbio não “pode” ir abaixo de R$ 2,0 nem acima de R$ 2,10.

E, por ora, o mercado não parece disposto a “testar” a disposição das autoridades.

De fato, desde que o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Aldo Mendes, indicou que o BC poderia voltar a comprar dólares e que a moeda abaixo de R$ 2,0 não seria interessante para indústria, o mercado perdeu volatilidade.

Tais declarações foram feitas no dia 3 de julho e o preço médio do dólar comercial desde então tem sido de R$ 2,031, com máxima a R$ 2,04 e mínima a R$ 2,024.

Antes da fala do diretor, o dólar tinha caído para baixo de R$ 2,0 pela primeira vez desde o fim de maio, reflexo de uma melhora de sentimento externo aliada a uma grande oferta de swaps (que equivalem à venda de dólar futuro) feita pelo BC no fim de junho.

A percepção nas mesas é de que o preço só escapa da atual banda com alguma grande movimentação no quadro externo.

Também se espera alguma mudança de preço no fim do mês, conforme o BC deve vir a mercado rolar contratos de swap que vencem no começo de agosto.

Ilustrando a baixa disposição dos agentes em ampliar ou mudar de posição, os estoques de derivativos cambiais na BM&F oscilaram entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões na semana passada.

Os bancos encerram a segunda semana do mês vendidos em US$ 23,558 bilhões, os fundos locais estavam comprados em US$ 17,289 bilhões e os estrangeiros também estavam comprados, mas em US$ 4,365 bilhões.

De forma simplificada, os vendidos ganham com a queda do dólar e os comprados lucram com a alta no preço da moeda americana.

No mercado de juros, a segunda-feira também foi de poucos negócios e movimentação inconclusiva. O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, aponta que os investidores estão no aguardo da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que sai na quinta-feira.

O documento poderá ratificar ou não o atual ensaio do mercado de colocar no preço uma redução de juro também no encontro de outubro do Copom. Na configuração atual, as taxas já embutem uma redução de meio ponto em agosto, que traria a Selic para 7,5% ao ano.

O economista acredita que o BC pode dar alguma indicação de como será a política monetária depois de agosto.

De acordo com Rosa, esse aceno pode ser extraído da avaliação prospectiva que o BC fará da atividade. Se o tom melhorar, fica a impressão de que o ciclo está mais próximo do fim, o que pode reduzir as apostas de juro em 7%.


Empresários brasileiros menos otimistas

O Globo

A desaceleração da economia levou o Brasil a cair seis posições, do 2º para o 8º lugar, no ranking de otimismo elaborado pela consultoria Grant Thornton com base em dados do segundo trimestre. A queda reflete a menor proporção de empresários que se declararam otimistas sobre a perspectiva do nível de atividade nos próximos 12 meses. No segundo trimestre, 61% dos empresários acreditavam que a situação iria melhorar, uma queda de 25 pontos percentuais menor em relação aos 86% do trimestre anterior.

– O empresário brasileiro está mais cauteloso com relação aos investimentos, mas ainda está otimista – diz Madeleine Blankenstein, sócia da Grant Thornton Brasil.

A redução do otimismo no Brasil veio na contramão da média global das 40 economias analisadas pela Grant Thornton. O otimismo médio internacional passou de 19%, no primeiro trimestre de 2012, para 23% neste segundo trimestre.

Segundo Madeleine, o menor otimismo no país está relacionado principalmente à piora da situação econômica em geral. Além disso, a falta de projetos de infraestrutura de longo prazo também influencia o indicador no Brasil, uma vez que prejudica a entrada de novos investimentos e reduz a perspectiva de crescimento futuro.

Apesar da queda, os empresários brasileiros ainda estão mais otimistas do que no ano passado. No segundo trimestre de 2011, apenas 40% dos respondentes se declararam otimistas, o pior resultado da série histórica do estudo, que começa em 2007.

Os empresários mais otimistas foram os do Peru (96%), Chile e Filipinas (90%), Geórgia (83%), Canadá (70%), Índia (67%) e África do Sul (63%). Para o estudo, a Grant Thornton ouviu 11,5 mil empresários em 40 países .


Espanha: recessão prolongada

Correio Braziliense

O Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou que a Espanha continuará em recessão em 2013, com seu Produto Interno Bruto (PIB) retrocedendo 0,6%, de acordo com as novas previsões do organismo para a economia global. A Itália, outro país da Zona do Euro em graves dificuldades econômicas, seguirá o mesmo caminho, destacou relatório trimestral da organização divulgado ontem.

A instituição multilateral advertiu que as “turbulências” têm se intensificado na Espanha, que solicitou ajuda da União Europeia (UE) para seus bancos e anunciou, na semana passada, novas medidas de ajuste para economizar até 65 bilhões de euros. Contudo, o Fundo estima que a recessão este ano será

menos severa: a contração do Produto Interno Bruto (PIB) será de 1,5%, em vez dos 1,8% previstos em abril. No caso da Itália, não houve alteração nas projeções de quedas de 1,9% e de 0,3% para 2012 e 2013, respectivamente.

“A turbulência nos mercados tem se acelerado na Espanha devido a novas preocupações quanto a seu sistema financeiro e pelas possíveis implicações orçamentárias”, diz o relatório, em um alerta especial sobre os problemas no setor bancário do país. Em 8 de julho, a UE aprovou uma ajuda de até 100 bilhões de euros para os bancos espanhóis, asfixiados desde o estouro da bolha imobiliária em 2008.

O órgão manteve a projeção de queda de 0,3% na Zona do Euro em 2012, mas cortou em 0,2 ponto percentual a estimativa de 2013, para 1,5%. “Os riscos para essa perspectiva global mais fraca continuam grandes”, afirma o FMI no relatório. De acordo com o Fundo, o risco mais imediato ainda é o de que ações políticas atrasadas ou insuficientes aprofundem ainda mais a crise da Zona do Euro.

Recomendações

Embora a Espanha ainda não tenha solicitado ajuda financeira do FMI, o organismo, que obteve um papel de supervisão do plano europeu, formulou no mês passado algumas recomendações para o governo do país, como a elevação imediata do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e a diminuição dos salários dos funcionários públicos. As medidas anunciadas semana passada pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy atendem a essas orientações: alta do IVA de 18% a 21% e uma reforma da administração.

O relatório do FMI não atualizou as previsões para a Grécia, outro país da Zona do Euro em grandes dificuldades, mas disse que a situação de Atenas continua “confusa”. Quanto a Portugal, que também pediu ajuda do FMI, o relatório informou que o ajuste orçamentário foi desenvolvido “dentro do previsto”. Ontem, o organismo aprovou o desembolso de 1,48 bilhão de euros para o país, como parte do resgate de 78 bilhões de euros aprovado no ano passado. (RH)

Bancos rebaixados

Depois de rebaixar em dois níveis a nota da Itália, na semana passada, a agência de classificação de risco Moody”s cortou, ontem, a avaliação de 13 bancos do país, apresentando como justificativa justamente a maior fragilidade do perfil de crédito do governo italiano. “A redução da nota da dívida de longo prazo da Itália implica um aumento do risco de o governo não conseguir oferecer apoio financeiro a seus bancos em grandes dificuldades financeiras”, afirmou a agência, em um comunicado. Os bancos perderam uma ou duas posições, com o Unicredit e Intesa Sanpaolo caindo do nível A3 para o Baa2. Para a Moody”s, as instituições italianas têm uma alta exposição à economia doméstica e à própria dívida soberana do país.