Itaú Unibanco fecha 9 mil vagas

O Itaú Unibanco, o maior banco privado do País, fechou 9 mil postos de trabalho em um ano – mais de 40% apenas no segundo trimestre. A redução do número de vagas acompanha uma tendência do setor, mas é mais expressiva que nos concorrentes. O assunto preocupa o sindicato dos bancários e se tornou tema da campanha salarial da categoria, que começou ontem.

De acordo com dados obtidos no balanço do banco, o Itaú Unibanco empregava 92.517 pessoas no País em junho deste ano, 9.014 menos que em junho de 2011. Boa parte dessa redução ocorreu recentemente, com um corte de 3.777 vagas entre março e junho. De janeiro a junho, o saldo é negativo em 5.741 postos.

Bradesco e Santander também reduziram o número de trabalhadores no segundo trimestre, mas em volume menos significativo. Foram fechadas 571 vagas no Bradesco e 135 no Santander de março a junho. No acumulado do ano, o saldo é negativo em 153 postos no Bradesco e positivo em 316 no Santander.

Entre junho de 2011 e junho deste ano, Bradesco e Santander registraram aumento no número de funcionários – 6.214 e 1.557 novas vagas, respectivamente. No Bradesco, com a perda do Banco Postal para o Banco do Brasil, houve abertura de novas agências e contratações.

Procurado pelo Estado, o Itaú Unibanco informou por meio de nota que os recentes desligamentos estão ligados à venda da processadora de cartões Orbitall – cerca de 40% do total – e que na fusão remanejou 2 mil funcionários. “A prioridade do Itaú Unibanco é a busca constante de eficiência, não demitindo e, sim, realocando profissionais.”

Para os representantes dos trabalhadores, os cortes ainda são um reflexo da fusão. Em 2008, os dois bancos empregavam 108.458 pessoas – 77.354 no Itaú e 37.104 no Unibanco. Em relação ao total de colaboradores hoje, foram fechados 15.941 postos.

Os sindicalistas também atribuem os cortes de vagas ao crescimento dos correspondentes bancários – casas lotéricas, lojas de roupas, farmácias e outros varejistas que realizam operações como abertura de conta-corrente, serviço de cobrança e crédito.

Segundo o Banco Central, entre maio de 2011 e julho deste ano, os correspondentes bancários saíram de 160 mil para 332 mil. Os três maiores bancos privados registraram crescimento dos correspondentes, mas em magnitudes diferentes: a alta foi de 5,0% no Santander, 64% no Bradesco e 256% no Itaú Unibanco.

“O emprego bancário está sendo deslocado”, afirma Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região. Para Bárbara Vallejos, técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), os bancos estão atendendo os novos clientes da classe C por meio do correspondente bancário, enquanto mantêm nas agências as contas maiores.

Reversão. O emprego no setor bancário, que vinha crescendo com vigor, sofreu uma reversão, acompanhando o desaquecimento da economia. No primeiro semestre, foram abertos 2.350 novos postos, abaixo dos 11.978 do mesmo período de 2011, revela pesquisa do Dieese e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), com base em dados do Ministério do Trabalho.

O resultado só foi positivo por conta da Caixa Econômica Federal, que aumentou em 3.492 o número de vagas. Nos bancos múltiplos com carteira comercial, que inclui Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, o saldo foi negativo em 1.209 postos de trabalho.

“Os bancos privados se esconderam atrás dos bancos públicos, que estão contratando”, disse Carlos Cordeiro, presidente da Contraf. Para o sindicalista, os bancos querem ampliar sua eficiência reduzindo o número de trabalhadores, porque perderam rentabilidade com a queda da taxa de juros promovida pelo governo federal.

Em nota enviada à reportagem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que o quadro total de funcionários do setor continua crescendo. Em junho de 2012, eram 509 mil pessoas, uma alta de 0,4% em relação aos 506.723 de dezembro de 2011. No ano passado, foram criados mais de 20 mil empregos, um aumento de 4,9% comparado com 2010. “O sistema bancário apresenta a menor rotatividade dentre todos os setores da economia”, diz a nota.


Produção cai 7,3% na agroindústria

O Estado de S. Paulo

A redução na produção de derivados de cana-de-açúcar determinou a queda do setor de produtos industriais derivados da agricultura de 7,3% no primeiro semestre do ano, ante o mesmo período do ano passado. A produção de açúcar cristal caiu 38% e a de álcool, 28,5%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra prejudicou o resultado dos derivados da cana-de-açúcar. Houve redução da área plantada e menor produtividade, em função das condições climáticas desfavoráveis, que atrasaram o início da moagem e reduziram o teor de sacarose da cana-de-açúcar. Além disso, influenciou o desempenho a consideração dos motoristas de abastecer os seus carros com gasolina, em vez de álcool hidratado.


Itália afunda na recessão e PIB pode cair até 2,5%

Valor Econômico

A Itália afunda na recessão e caminha para queda de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, ilustrando os enormes problemas econômicos e fiscais do país. Ao mesmo tempo, a Alemanha surpreendeu ontem com a composição da fragilidade das novas encomendas industriais: o declínio foi causado sobretudo pela menor demanda interna alemã e não pelos mercados de exportação.

Qualquer atenuação na crise europeia será benéfica para o crescimento da economia mundial, mas até agora os indicadores econômicos inquietantes se repetem mês a mês. Na Itália, terceira maior economia da zona do euro, o setor de estatísticas do governo estimou que o PIB declinou 0,7% no segundo trimestre e foi 2,5% inferior ao mesmo período do ano passado.

Alem da Itália, Espanha e Bélgica já anunciaram o resultado do segundo trimestre com contrações de 0,4% e 0,6%, respectivamente. As três economias representam um terço do PIB da zona do euro e os dados sugerem contração forte em toda a região.

No caso da Itália, o declínio na atividade doméstica não surpreendeu. Houve enorme queda de vendas no varejo e o sentimento dos consumidores está em nível negativo recorde, indicando que os gastos das famílias podem ter declinado mais 1%. Os empréstimos dos bancos para empresas também diminuíram, e talvez os investimentos também.

Analistas não esperam melhoras em breve. Dados da produção industrial de junho mostram contração maior que prevista, de 1,4% no mês. Somado ao baixo sentimento no setor privado, a industria continuará a derrubar o PIB.

A projeção do governo de contração de apenas 1,2% do PIB neste ano está superada. Analistas já apontam queda de 2,5%, em linha com as estimativas da Confindustria, a Fiesp italiana. A boa noticia é que o fisco italiano aumentou a coleta de impostos em 4,3% no primeiro semestre, totalizando € 191 bilhões, num cenário de reintrodução de taxa sobre a primeira residência, por exemplo.

O governo de Mario Monti insiste que vai cumprir a meta de reduzir o déficit publico para 2% neste ano, dos 3,9 % de 2011, mesmo com a recessão e a alta no custo de financiamento da divida.

Se a Itália não surpreendeu, na Alemanha a questão ontem era por que a fragilidade das novas encomendas industriais vem sobretudo do mercado interno, em total divergência com a percepção geral sobre a força alemã comparada a outras economias, principalmente na zona do euro. Uma explicação seria a hesitação por companhias alemãs em investir.


Senado conclui votação e MPs do Brasil Maior vão à sanção presidencial

Valor Econômico

O Senado aprovou ontem os projetos de lei de conversão resultantes das medidas provisórias 563 e 564, com medidas de incentivo à indústria nacional previstas no Plano Brasil Maior. Os senadores mantiveram os textos aprovados pela Câmara antes do recesso parlamentar, porque as MPs perderiam a validade se não fossem votadas até o dia 15. Ontem foi o primeiro dia de votações do esforço concentrado do Senado. Os textos vão à sanção presidencial.

A MP 563 prevê redução de impostos e desoneração da folha de pagamentos de alguns setores, na tentativa de estimular o crescimento da economia.

A oposição tentou suprimir o artigo 73, que muda a Lei de Licitações (8.666, de 21 de junho de 1993). O texto permite dispensa da licitação na contratação de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), em que houver transferência de tecnologia. Os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Álvaro Dias (PSDB-PR), líder da bancada tucana, alertaram para o risco que a proposta traz à lisura de compras. Para os tucanos, a redação não restringe a dispensa de licitação a medicamentos, já que fala em “produtos estratégicos” a serem definidos por uma comissão. “Estraçalha a Lei de Licitações”, disse Dias.

Derrotada na tentativa de suprimir o artigo, a oposição votou a favor da MP, mas, sobretudo da parte do senador Aécio Neves (PSDB-MG), houve críticas à falta de conexão entre as matérias tratadas pela MP. “São 27 temas absolutamente sem conexão”, disse, protestando contra a demora da Câmara dos Deputados de deliberar sobre Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada pelo Senado alterando o rito de tramitação das medidas provisórias.

Editada pela presidente Dilma Rousseff, em 3 de abril deste ano, com 54 artigos, a MP sai do Congresso com 79. Entre os assuntos tratados, a MP estabelece nova fonte de recursos para a prevenção e o combate ao câncer e para a prevenção e a reabilitação da pessoa com deficiência, promove a inclusão digital nas escolas das redes públicas de ensino, incentiva a infraestrutura de acesso à internet em banda larga, estimula a indústria nacional, com foco na competitividade, na agregação de conteúdo nacional, no investimento, na inovação tecnológica, na produção local, na exportação e na diminuição dos encargos sobre alguns setores.

O relator na comissão mista que analisou a MP, senador Romero Jucá (PMDB-RR), lembrou terem sido acatadas, parcialmente ou totalmente, 32 emendas, e apresentadas outras 23, de autoria do relator.

Do artigo 1º ao 14, o projeto tratar do Pronon (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica), que dá incentivos fiscais a doações, e também do Pronas (Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência). Do artigo 15 ao 23, trata do programa “Um computador por aluno” e define regime tributário para produção de computadores para educação.

Dos artigos 24 a 27, cria um regime especial para construção de creches e pré-escola, dando o mesmo tratamento dado pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, portanto com 1% de tributação para essas obras. O artigo 28 cria o Regime de Especial de Tributação do Programa Nacional de Banda Larga para Implantação de Redes de Telecomunicações (REPNBL- Redes). E dá vantagens para construir infraestrutura de banda larga, atendendo principalmente as regiões menos desenvolvidas do país. Os artigos 34 a 38 tratam de incentivos à telecomunicação rural e também ao programa de máquina para máquina, baixando a taxa de fiscalização do sistema.

O artigo 39 trata de alterações do Reporto, ampliando as ações para logística, capacitação e segurança. Os artigos de 40 a 44 dispõem de regras do Inovar-Auto, novo regime automotivo que dá incentivo à produção nacional e à melhoria do controle ambiental de automóveis produzidos no Brasil. O artigo 46 dá destinação e apreensão de mercadorias não autorizadas apreendidas nos portos brasileiros. O 47 dá possibilidade de alienação, mediante leilão, de mercadorias apreendidas.

Os artigos 48 a 52 mudam as regras de preço e transferência para importação e exportação dentro do mesmo grupo econômico. O projeto também prevê a renegociação das dívidas bancárias.

Dos artigos 54 ao 56, o texto trata de desoneração da folha de pagamento, com ampliação de setores para o próximo ano, principalmente de transporte aquaviário, urbano e aeroviários. Trata, neste ano, da desoneração da folha de pagamento para têxteis, confecções, autopeças, couros, calçados, hotéis, tecnologia de informação, entre outros, e reduz as alíquotas – de 2,5% para 2% – para empresas de serviço e – de 1,5% para 1% para empresas industriais.

Os artigos 57 e 58 tratam de incentivo tributário ao programa de semicondutores. Dos artigos 59 ao 61 baixam o índice de necessidade de exportação para que a empresa seja reconhecida como predominantemente exportadora. O artigo 62 traz para a “Lei do Bem”, reduzindo impostos, smart fones, roteadores digitais e computadores para educação. Os artigos 67 e 68 ampliam a fiscalização na fabricação de cigarros, tornando mais dura a legislação do setor. O artigo 69 prorroga por mais cinco anos os incentivos fiscais do imposto de renda da Sudene e da Sudam.

O artigo 70 trata do enquadramento das agências de fomento como agentes financeiros. O 72 trata de ajuste no cadastro positivo. E o artigo 77, incluído na Câmara, traz isenção de PIS, cofins e IPI para produtos alimentares da cesta básica. Os produtos serão definidos por comissão interministerial. Jucá explicou que o projeto também reduz as exigências da lei de debêntures para investimentos.

Na MP 564, que trata da revitalização do BNDES e lhe transfere R$ 45 bilhões do Tesouro Nacional para o banco de fomento federal.

Uma das principais mudanças feitas na Câmara, mantida pelo Senado, foi o aumento na capitalização do Banco do Nordeste (BNB) e do Banco da Amazônia (Basa). Inicialmente, o governo queria ceder apenas R$ 1 bilhão ao BNB e R$ 500 milhões ao Basa até 2014. O projeto aprovado aumentou para R$ 4 bilhões e R$ 1 bilhão, respectivamente.

O relator também ampliou os setores beneficiados pela subvenção econômica concedidos pela MP 564 (um dos pilares do Brasil Maior), incluindo as “empresas de processamento de proteína animal; pesca e aquicultura; óleo de palma; torrefação e moagem de café e fabricação de solúvel; castanha de caju; e ceras de origem vegetal, a nossa cera de carnaúba”. Nenhum desses setores estava previsto na medida provisória original.

Outra medida que não estava no original é a prorrogação dos incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene) até 2018 e a cobertura dos Fundos às PPPs estaduais com a contragarantia da União pela vinculação de receitas tributárias dos Estados. Após negociação com o governo, já na votação da Câmara foi incluída na MP maior flexibilidade aos bancos administradores dos fundos constitucionais para negociar as operações que descumpram os contratos.


SP tem o menor peso na criação de vaga na década

O Estado de S. Paulo

A participação da economia paulista na criação de empregos no primeiro semestre foi a menor para o período em dez anos. O Estado de São Paulo foi responsável por 32,1% do saldo de vagas do Brasil, que contabilizou 1.047.914 postos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em 2002, a participação de São Paulo no primeiro semestre foi de 40% dos quase 762 mil empregos criados no Brasil. Em 2006, no auge, chegou a 45,6%.

O peso de São Paulo caiu este ano sobretudo por causa da crise enfrentada pela indústria. Como o Estado concentra boa parte da produção industrial, sofre mais com a desaceleração do setor. Segundo o Caged, no primeiro semestre, o saldo do emprego da indústria no Brasil foi 127,5 mil mais baixo do que o verificado no mesmo período de 2011.

“O mercado internacional está adverso, ficou mais difícil para exportar. A concorrência da produção brasileira com produtos de outros países, em especial com os asiáticos, também prejudicou a indústria. Além disso, até maio, o dólar ainda estava bastante desfavorável”, diz Anselmo Luis dos Santos, professor da Unicamp e diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit).

O fraco desempenho do setor industrial não é o único responsável pela descentralização do emprego no País. Por trás da redução do peso paulista, estão incentivos fiscais promovidos por alguns Estados, busca das empresas por locais com mão de obra mais barata e até aumento real do salário mínimo, que criou e fortaleceu novos centros consumidores pelo País nos últimos anos, sobretudo no Nordeste e Norte.

Crise. A queda na participação de São Paulo no saldo do emprego do País se acentuou a partir de 2010, quando a economia brasileira se recuperou dos efeitos da crise internacional. Naquele ano, o peso da economia paulista no primeiro semestre caiu para 35,7% ante 40,3%, em 2009. Houve um leve aumento em 2011 (36,7%), mas revertido neste semestre.

Apesar da menor participação na criação de empregos, São Paulo mantém uma liderança folgada na comparação com os outros locais. Depois da economia paulista, aparecem Minas Gerais , Paraná, Rio de Janeiro e Goiás. Esses dois últimos Estados, aliás, foram os que tiveram maior aumento entre 2002 e 2012.

Maior peso

Nesses dez anos, impulsionado por novas oportunidades, o Rio de Janeiro aumentou seu peso na criação de empregos de 3,9% para atuais 8,3%. Entre 2002 e 2012, tiveram início os investimentos para a exploração do pré-sal e a cidade do Rio foi eleita a sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

“O setor de serviços é muito forte no Rio e também é intensivo em mão de obra. Como o setor ainda cresce, o emprego aqui no Rio segue esse ritmo”, diz José Marcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista da Opus Investimentos.

Já Goiás, assim como todo o Centro-Oeste, aproveitou o aumento das cotações dos produtos básicos exportados pelo Brasil. Entre 2002 e 2012, a participação da economia goiana no primeiro semestre avançou de 4,0% para 7,1%.

“Nesse caso, o dinamismo vem do meio rural, e isso transborda para o meio urbano com impactos diretos e indiretos, influenciando todos os setores”, diz Santos, da Unicamp.


Dividendos de estatais bem abaixo da meta

Valor Econômico

Em fevereiro, o governo federal estimou que sua receita deste ano com dividendos das empresas estatais seria de R$ 19,8 bilhões. Nos meses seguintes, foi elevando essa previsão, como uma forma de compensar a frustração da receita tributária deste ano, que está muito abaixo do previsto, em virtude do desaquecimento da economia. Em maio, ele ampliou a estimativa para R$ 23,5 bilhões e, no mês passado, subiu para R$ 26,5 bilhões. A receita de dividendos passou a ser, portanto, uma variável de ajuste.

No primeiro semestre deste ano, contudo, o cenário macroeconômico afetou o resultado das empresas brasileiras, entre elas as estatais. Como consequência, a receita com dividendos foi de apenas R$ 7,96 bilhões, segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN). Esse resultado foi R$ 2,3 bilhões inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. Ele está de acordo com a situação real da economia, pois a atividade em 2012 está menos aquecida e a lucratividade das empresas, menor.

O lucro semestral da Petrobras no primeiro semestre de 2012 somou R$ 7,8 bilhões, 64% menor que o registrado no primeiro semestre de 2011, quando ela teve lucro de R$ 21,928 bilhões. A pior contribuição para esse resultado veio do período abril-junho, devendo afetar o repasse de dividendos nos próximos meses. No segundo trimestre de 2012, a Petrobras teve prejuízo de R$ 1,3 bilhão (ante R$ 10,9 bilhões de lucro no segundo trimestre de 2011), e foi o primeiro resultado negativo da estatal em 13 anos

Caixa Econômica e Banco do Brasil ainda não divulgaram seus resultados do segundo trimestre, mas os valores sempre foram bem menos expressivos do que os da petroleira. O Banco do Brasil teve um lucro líquido de R$ 2,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, valor 14,66% inferior ao registrado em igual período de 2011. A Caixa teve um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre de 2012, o que representou um crescimento de 46,1% na comparação com igual trimestre do ano passado.

Para atingir sua previsão de R$ 26,5 bilhões com dividendos este ano, o governo terá que obter mais R$ 18,5 bilhões até dezembro. Como a lucratividade da Petrobras vai de mal a pior e as perspectivas dos analistas para o Banco do Brasil não são de expressiva recuperação frente ao primeiro trimestre, resta ao governo apelar para o BNDES e para a Caixa Econômica Federal.

Nessas duas instituições, o governo pode definir a política de distribuição de dividendos que achar mais conveniente, pois tem 100% do capital desses bancos. Os dividendos do BNDES dependem diretamente do volume de empréstimos que ele vem recebendo do Tesouro nos últimos anos. Antes desses repasses, os dividendos repassados pelo BNDES ao Tesouro eram bem baixos. Em 2007, foram de apenas R$ 920 milhões. Em 2009, o BNDES recebeu R$ 100 bilhões do Tesouro e pagou R$ 14,4 bilhões em dividendos. Foi um recorde. Até agora.


Eletrobras fecha acordo com países vizinhos

Valor Econômico

A Eletrobras vai assinar este mês memorando de entendimento entre empresas e governos da Guiana, Guiana Francesa e Suriname para o desenvolvimento de estudos de aproveitamento do potencial hídrico dos três países para a geração de energia de forma integrada. A afirmação foi feita pelo superintendente de operações no exterior da Eletrobras, Sinval Zaidan Gama. A ideia, segundo o executivo, é analisar a possibilidade de escoar a produção de energia dos três países para o Brasil, além do Caribe e Venezuela.

Gama afirmou que, em princípio, está sendo analisada a construção de duas usinas hidrelétricas na Guiana, no rio Mazaruni, e uma no Suriname, no rio Aper, que somariam total de 3 mil megawatts (MW) de potência. No entanto, pondera que o potencial das usinas, a construção de linhas de transmissão e os investimentos necessários serão definidos nos próximos quatro anos.

Segundo Gama, o objetivo da estatal é contribuir com o desenvolvimento da Guiana, Suriname e Guiana Francesa, oferecendo conhecimento e tecnologia. “Por outro lado, temos possibilidade de conectar esse sistema ao brasileiro”, disse. O executivo participou ontem do Seminário Internacional de Integração Elétrica da América do Sul, organizado pelo Grupo de Estudo do Setor de Energia Elétrica (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Estudos de viabilidade já estão sendo feitos na Guiana por duas empresas brasileiras: Queiroz Galvão e OAS. Já no Suriname, a EBS, estatal do setor elétrico do país, lançou um edital para a contratação de empresas para a elaboração desses estudos. “O BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] vai financiar o governo da Guiana e do Suriname a contratar esses estudos, que são caros”, disse Gama, que não revelou o valor do aporte.

Gama explicou que na conferência Rio+20, em junho, a Eletrobras assinou memorandos de entendimento individualmente com os três países. Um dos memorandos foi com o governo da Guiana, outro com a EBS, do Suriname, e o terceiro com a Électricité de France (EDF), da Guiana Francesa.


Ociosidade cresce na indústria e sugere volta lenta do investimento

Valor Econômico

A indústria chegou na metade de 2012 com uma expressiva capacidade ociosa, indicando que o setor pode elevar a oferta sem novos investimentos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que o nível de utilização da capacidade recuou para 80,8% em junho, quase dois pontos abaixo de igual mês de 2011, quando a indústria operou com 82,4% de sua capacidade. Em meados de 2009, auge da desaceleração provocada pela crise internacional, esse índice foi de 79,5%.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, diz que esse dado indica uma volta muito suave dos investimentos. Ele explica que esse fator se soma às incertezas quanto à recuperação econômica de Europa e Estados Unidos no fim do ano, devido ao risco de um “abismo fiscal”, como foi chamado por Ben Bernanke, presidente do Fed, o banco central americano. “Quando há esse grau de incerteza, é natural vermos o investimento demorar a voltar”, disse.

Para Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o aumento da capacidade ociosa da indústria desestimula novos investimentos. Ele explica que um nível de utilização da capacidade baixo abre margem para que a produção cresça sem novos projetos ou compra de máquinas. “O investimento é balizado pela ociosidade da indústria, da empresa ou da economia, pela expectativa de demanda e pelo custo desse investimento. Quanto maior for o espaço para que a empresa aumente sua produção quando necessário, mais ela vai fazê-lo sem novos investimentos, já que existe capacidade instalada que comporte esse crescimento. Essa é a nossa situação atual”, explica.

A indústria elevou em 3,1% o faturamento no primeiro semestre, apesar da redução da ocupação, usando mais insumos importados. A avaliação é do gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. “O movimento reflete, cada vez mais, o uso de componentes importados, o que acaba impactando o faturamento.” Castelo Branco diz, porém, que a alta no faturamento não é suficiente para reverter o que a CNI tem chamado de “semestre perdido”. Para ele, o maior uso de insumos importados leva a “produzir e empregar menos”.

O aumento do faturamento também não significa, necessariamente, aumento no lucro, explicou o economista. Isso porque a massa salarial e o rendimento médio real (ambos com alta de 6,8% entre os primeiros semestres de 2011 e 2012) têm elevado os custos para o setor. “O nível de estoques acima do desejável também tem impactado no uso da capacidade”, reiterou Castelo Branco. Em junho foi observado uma “certa redução desses acúmulos em alguns segmentos estimulados pelas políticas econômicas [como o de automóveis, que teve uma redução no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)]”, citou.

A pesquisa da CNI também mostrou que o faturamento real da indústria subiu 2,9% em junho, ante maio, feitos os ajustes sazonais, e aumentou 2,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado. O emprego dessazonalizado cresceu 0,3% em junho na comparação com o mês anterior, mas teve retração de 0,2% ante junho de 2011. O número de horas trabalhadas aumentou 1,8% na indústria em junho, ante maio, com ajuste. Ante junho de 2011, contudo, houve diminuição de 1,8%.