Previsão para 2013 é de crescimento do PIB de 4% ou mais, diz Mantega

o número de setores beneficiados pela desoneração da folha de pagamentos é 15, e não 20 como comentou o ministro Mantega. A informação foi passada pela assessoria do ministério da Fazenda) O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou nesta sexta-feira, ao comentar os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) referentes ao segundo trimestre, divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que o país vai ser se recuperar ao longo do segundo semestre e que em 2013 vai crescer pelo menos 4%. Também afirmou que a solidez da economia do país seguirá atraindo investidores externos.

“Precisamos olhar para frente e não para trás”, disse. “Projeções para o ano que vem são de crescimento de 4%, ou mais. E não é previsão do governo. É de especialistas”, disse.

O ministro da Fazendo, Guido Mantenga, concede entrevista coletiva para comentar o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, no escritório do gabinete ministerial no edifício do Banco

Mantega garantiu que, quando a crise econômica melhorar no exterior, o país terá “crescimento fantástico”. O ministro não respondeu se o governo acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer em 2012 menos do que cresceu em 2011 (2,7%).

Segundo o ministro, o governo toma medidas para ajudar o crescimento econômico, como desoneração da folha de pagamento para 15 setores.

Ele ainda lembrou que o governo reduziu o custo do investimento e deve continuar com essa política. Mantega lembrou que pacote de concessões lançado pelo governo federal reduz o custo de infraestrutura do país. “O custo de transporte vai cair”, disse.

O ministro lembrou que o governo trabalha para desonerar e garantir o investimento. “Vamos terminar o ano com investimento de mais de R$ 40 bilhões”, disse.

Quanto à confiança dos investidores estrangeiros, Mantega citou que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) chegou a R$ 8 bilhões em julho. “O investidor não vê perspectivas de recuperação da economia global, mas vê grandes vantagens no Brasil”, afirmou.

Demanda

Mantega afirmou que não vê problemas para expansão da oferta. “É rápida a expansão da oferta, temos mais problema de demanda do que de oferta”, considerou.

Para ele, a indústria está reagindo, refletindo os investimentos ao longo do tempo. “Nesse setor, o investimento chegou a R$ 5 bilhões”, lembrou.

Mantega ressaltou que em 2009, por conta da crise econômica mundial houve retração no primeiro trimestre, mas já no quarto trimestre daquele ano a expansão foi retomada.

“Em 2010 ‘bombou’, crescendo mais de 20%”, disse, lembrando que os investimentos voltam com a melhora da expectativa e da confiança.

As medidas já tomadas, segundo o ministro, tornam a indústria mais competitiva. “O preço do produto brasileiro em dólar caiu 30% com desonerações. Estamos criando um país mais competitivo”, disse.


Mercado de trabalho é motivo de grande preocupação, nota Bernanke

Valor

A estagnação do mercado de trabalho é um motivo de grande preocupação não apenas por causa do enorme sofrimento e perda de talento humano como também pelo fato de os altos níveis de desemprego vão causar danos estruturais à economia americana por muitos anos, avaliou o presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke.

Em seu aguardado discurso no simpósio que acontece em Jackson Hole, em Wyoming (EUA), o dirigente do banco central americano enfatizou que o Fed está pronto para atuar conforme a necessidade a fim de “garantir uma recuperação econômica mais forte e uma melhoria nas condições do mercado de trabalho em um contexto de estabilidade de preço”.

Apesar de sinais positivos, Bernanke acredita que a situação econômica americana “está longe do satisfatório”. Reconheceu, no entanto, que a política monetária tanto ortodoxa como heterodoxa, forneceu apoio importante para a retomada da economia e ajudou a manter a estabilidade de preço.

“Apesar da preocupação recorrente sobre riscos deflacionários, por um lado, e repetidos alertas de que uma política de juro abixo pode iniciar uma inflação, por outro, a inflação tem ficado próxima da meta de 2% do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) e as expectativas inflacionários permanecem estáveis”, observou.


Superávit primário soma R$ 5,570 bilhões em julho, diz BC

Valor

O superávit primário do setor público consolidado alcançou R$ 5,570 bilhões em julho, ante R$ 2,794 bilhões em junho, de acordo com a Nota de Política Fiscal divulgada hoje pelo Banco Central.

O Governo Central registrou superávit primário de R$ 3,835 bilhões; os governos regionais, superávit de R$ 1,005 bilhão; e as empresas estatais, superávit de R$ 730 milhões.

O superávit acumulado em doze meses atingiu R$ 107,960 bilhões, equivalente a 2,51% do PIB.

O resultado nominal, que inclui o superávit primário e os juros nominais apropriados, registrou déficit de R$ 11,866 bilhões em julho, ante um déficit de R$ R$ 13,325 bilhões em junho. No acumulado em doze meses, o déficit nominal atingiu R$ 118,631 bilhões (2,75% do PIB).

O resultado negativo foi formado pelo déficit nominal de R$ 7,537 bilhões do governo central, déficit de R$ 4,779 dos governos regionais e superávit de R$ 450 milhões das estatais

A dívida líquida do setor público atingiu R$ 1,504 trilhão (34,9% do PIB) em julho. Em junho, atingiu R$ 1,503 trilhão (35,1% do PIB).


Nível de reservatórios hidrelétricos está sob controle, diz ONS

Valor

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, afirmou hoje que o nível dos reservatórios hidrelétricos no país está sob controle. Segundo ele, nesta época do ano é comum o preço da energia no curto prazo subir por conta do período seco, quando chove menos no país.

“É típico nesta época do ano aumentar o PLD [preço de liquidação das diferenças, ou preço de energia no curto prazo]”, afirmou. “Estamos entrando em agosto. O início do período úmido é só em novembro”, completou.

Chipp explicou que, por conta do El Niño, está previsto um nível de chuvas acima da média no Sul e um pouco abaixo da média no Nordeste, a partir de novembro, quando começa o período úmido. “Este ano foi diferente de 2010 e principalmente de 2011. Está chovendo muito pouco, por conta do El Niño. Mas não é uma coisa atípica e não estamos tendo nenhum problema”, disse. “A hidrologia no período úmido quando se configura o El Nino, não é preocupante”, disse.

Com relação ao Nordeste, afirmou ainda que o governo está “cuidando disso antecipadamente e aumentando o intercâmbio de energia para o Nordeste”. Ele participou do último dia 3º Brazil Windpower, evento de energia eólica, no Rio.


Lobão nega estatização do setor elétrico

Valor

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, buscou desfazer as interpretações do mercado de que a Medida Provisória 577 tem caráter estatizante sobre o setor elétrico. “Não estamos promovendo a estatização do setor”, afirmou em entrevista coletiva sobre a medida.

Ele disse que a MP tem como objetivo permitir a intervenção em empresas com dificuldade financeira com maior rapidez quando houver necessidade.

Lobão fez questão de destacar que o governo não tem a intenção de ferir contratos, mas de assegurar o fornecimento de energia aos consumidores. Segundo ele, recuperação judicial é focada nos credores de uma companhia, enquanto a intervenção é focada na garantia dos serviços prestados aos consumidores.

Lobão, disse que a MP prevê que as concessionárias sob intervenção terão sua administração assumida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

De acordo com ele, a Agência poderá designar uma empresa para conduzir a gestão enquanto não se concluir a intervenção, que pode durar um ano, com possibilidades de prorrogação.

“A gestão é assumida pela própria Aneel, por meio de um interventor”, disse. Mas ele não descarta que a agência designe uma empresa – como a Eletrobras – para conduzir o processo.

O ministro-chefe da AGU, Luís Inácio Adams, destacou que a intervenção só dura até o momento de declaração do fim da concessão. Quando isso ocorrer, o governo precisará fazer uma nova licitação dos ativos.

“O setor elétrico é tão sensível que não podemos ter um minuto sequer de negligência”, disse Lobão.

Lobão reconheceu que recursos da União poderão ser aportados em concessionárias do setor elétrico sob intervenção da Aneel.

“A MP [577] autoriza o aporte de recursos que podem vir do Tesouro, da CCC [Conta de Consumo de Combustíveis], da RGR [Reserva Global de Reversão] e da CDE [Conta de Desenvolvimento Energético]”, afirmou o ministro.

A declaração de Lobão levanta dúvidas, indiretamente, sobre o conteúdo do pacote de energia que está sendo finalizado pela presidente Dilma Rousseff. O próprio ministro havia dito, no fim de julho, que esses três encargos setoriais seriam extintos das contas de luz e suas atribuições passariam para o Tesouro Nacional.

O ministro evitou confirmar a intervenção no grupo Rede, mas admitiu que a Aneel vai “examinar” o assunto nas próximas horas.


Dilma cobra ministras sobre acordo do Código Florestal: ‘E eu não sei de nada?’

O Estado de S. Paulo

Inconformada com o acordo feito na quarta-feira, 29, na Câmara, entre o relator do Código Florestal, deputado Luiz Henrique (PMDB-SC), e a bancada ruralista, a presidente Dilma Rousseff inaugurou uma nova forma de cobrança de seus ministros: o envio de bilhete flagrado por fotógrafos, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), na manhã desta quinta-feira, 30, no Palácio do Planalto. “Por que os jornais estão dizendo que houve um acordo ontem no Congresso sobre o Código Florestal e eu não sei de nada?”, reclamou a presidente, em bilhete endereçado às ministras Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, mas entregue primeiro à Ideli, pelo chefe do cerimônia da Presidência.

“Não houve acordo com o Congresso e o governo. A posição do governo era de defesa da MP com foco especial na escadinha. O relatório votado manteve a escadinha”, explicou Ideli, na parte que pôde ser registrada pelas câmeras. A ministra Izabella também respondeu à presidente, mas não foi captada pelos fotógrafos.

Em seguida, em seu discurso, a presidente Dilma, demonstrando sua insatisfação em relação ao acerto no Congresso, afirmou: “Governo não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele”, desabafou Dilma sobre Código Florestal, ressalvando, no entanto, que “o governo está aberto a negociações”. A presidente fez questão de dizer ainda que “o governo considera importante alguns itens dessa medida provisória, entre eles, o que nós chamamos de escadinha e também não vê motivos, não há motivos econômicos para que nós não mantenhamos as áreas de proteção ambiental ao longo do leito dos rios, sejam eles perenes ou não”.

A presidente Dilma quer que, no Senado, a base governista modifique o texto aprovado na comissão mista já que acredita que ele será referendado pelo plenário da Câmara. Quer que o Senado retome o texto original da MP, com uma área maior de recomposição ambiental na beira dos rios, do que a que foi aprovada na comissão especial na quarta-feira à noite.

Após a cerimônia, em entrevista, a ministra Izabella disse que “o governo vai continuar o diálogo e tentar ver como vai corrigir isso”, lembrando que a MP enviada pelo governo fazia um “equilíbrio entre o social e o ambiental”. Segundo Izabella, “o que nós vimos (na votação) foi uma decisão, que foi um retrocesso do ponto de vista de recuperação ambiental, porque iguala os grandes proprietários aos pequenos proprietários, diminuindo possivelmente – ainda não temos os números, vamos ver o impacto no meio ambiente – daquilo que é obrigatório de recuperação”. A ministra acrescentou ainda que foi uma decisão da comissão mista “não pactuada com o poder Executivo, que sempre teve a posição de manter a medida provisória fundamentalmente na escadinha”. E completou: “vamos avaliar como se desdobra agora”.

A ministra Ideli, por sua vez, por meio de nota oficial, depois de reiterar que o texto aprovado na quarta-feira “não teve aval ou concordância do Governo Federal”, afirmou que, durante toda a tramitação do texto, todos os ministérios envolvidos na discussão “sempre deixaram claro que o ideal era manter a proposta original da MP 571”. Ideli justificou também que, nas conversas mantidas ao longo do dia, com vários parlamentares da comissão, em especial o presidente e o relator da matéria, foi reafirmado que a posição do governo era pela manutenção sem alteração do item 61 – A, que se referia à escadinha, alterada pelos deputados. Para Ideli, “este item produz equilíbrio socioambiental ao determinar que todos precisam recuperar áreas de preservação, mas quem tem mais terras, deve recuperar mais”.

Texto aprovado. Pelo texto aprovado, em rios de até 10 metros de largura em propriedades médias, de 4 a 15 módulos fiscais, a recomposição de áreas desmatadas será de 15 metros contados da borda da calha do leito regular. Nos outros casos, com rios de qualquer largura, em propriedades acima de 15 módulos fiscais, a definição da área de recuperação foi remetida ao Plano de Regularização Ambiental, respeitado o parâmetro de, no mínimo, 20 metros e, no máximo, 100 metros, contados do início da margem. Na MP, a exigência era maior. Para propriedades de 4 a 10 módulos fiscais, 20 metros e, imóveis acima de 10 módulos fiscais, o mínimo de 30 metros e o máximo de 100 metros. Para imóveis menores, ficou mantida a exigência de 8 metros até 2 módulos, e de 15 metros até 4 módulos.

O relator da MP fez outra mudança no texto de quarta-feira, atendendo a pressão dos ruralistas, principalmente de Tocantins e de Mato Grosso, Estados incluídos na Amazônia Legal. A mudança reduziu a área de recomposição no cerrado amazônico, que passou a ser beneficiado com a regra que limita em 25% o total do imóvel para recuperação da vegetação, no caso de médias propriedades. Toda a região abrangida pela Amazônia Legal seguia regras mais rígidas. Com a mudança, apenas áreas de florestas da Amazônia Legal ficam excluídas do limite de 25%.


Juros ainda ajustam-se ao Copom e deixam PIB de lado

Agência Estado

Os investidores em juros deram prosseguimento ao ajuste pontual das taxas, com pequeno avanço das curtas e queda das longas. Mas o movimento não teve relação mais forte com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que cresceu 0,4% ante os três primeiros meses do ano, nem com as declarações sem novidades relevantes do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, no simpósio anual de Jackson Hole. Na visão de operadores e analistas as taxas devem seguir com movimentos estreitos, à espera da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e dos próximos indicadores de atividade. Mesmo porque, o PIB veio em linha e foi considerado apenas um dado retrovisor.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI janeiro de 2013 (522.810 contratos) estava em 7,27%, de 7,26% no ajuste. Já a taxa do contrato de juro futuro para janeiro de 2014 (300.405 contratos) marcava 7,82%, ante 7,83% na véspera. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (85.490 contratos) indicava 9,02%, de 9,08% na quinta-feira, enquanto o DI janeiro de 2021, com giro de 5.340 contratos, apontava 9,59%, de 9,66% no ajuste.

O anúncio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do PIB no segundo trimestre veio acompanhado pela revisão em baixa, de 0,2% para 0,1%, do crescimento da economia no primeiro trimestre ante os últimos três meses de 2011. Entre os componentes, após uma contração de 5,9% no primeiro trimestre ante os três últimos meses de 2011, o setor agrícola se recuperou com expansão de 4,9% no segundo trimestre, ante os primeiros três meses do ano. O PIB da indústria caiu 2,5%, após uma expansão de 1,7% nos três primeiros meses do ano. O PIB de serviços mostrou alta de 0,7% no segundo trimestre contra o primeiro trimestre do ano.

O resultado do PIB como um todo, segundo o próprio IBGE, teve maior impacto positivo do setor de serviços, ao passo que a indústria atuou em sentido oposto. Uma parte desse resultado da indústria pode ser explicada pelo recuo de 0,7% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no segundo trimestre contra o primeiro trimestre do ano, em face de uma produção menor de máquinas e equipamentos, bem como de caminhões – duas áreas diretamente ligadas ao setor industrial.

De acordo com cálculos do Banco WestLB no Brasil, o PIB do Brasil cresceu 1,61%, em termos anualizados, no segundo trimestre. O estrategista-chefe da instituição, Luciano Rostagno, acredita que pode ser possível que a economia chegue ao final do ano com um crescimento anualizado de 4%, como projetam autoridades do governo.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou que a economia conseguirá crescer mais nos próximos trimestres. “O terceiro e quarto trimestre serão melhores”, afirmou o ministro, em São Paulo. “A indústria ainda não foi bem porque exportou menos e sofre no País concorrência com as importações”, explicou.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, trouxe análise semelhante, reiterando, em nota, que a tendência é de intensificação da atividade não só na segunda metade deste ano, mas também em 2013. Ele participa do simpósio de Jackson Hole, onde o presidente do Fed fez um aguardado pronunciamento nesta manhã, sem, no entanto, trazer novidades relevantes. Bernanke apenas reiterou a fraqueza da recuperação dos EUA e reforçou que a autoridade monetária “vai fornecer acomodação política adicional conforme o necessário” para promover a recuperação econômica e dar suporte para o mercado de trabalho.


PIB foi afetado por investimento baixo e indústria fraca, dizem economistas

Agência Estado

O desempenho das contas nacionais na passagem do primeiro para o segundo trimestre mostra a persistência de problemas relacionados ao baixo investimento e à resistência da indústria em mostrar recuperação, apontam especilistas. O Produto Interno Bruto (PIB) registrou aumento de apenas 0,4% no período – resultado, contudo, melhor que o do trimestre anterior, de alta de 0,1%, segundo dado revisado.

“O número mostra que o governo tem uma missão a cumprir por meio de aumento em investimentos públicos, que ficaram estancados no segundo trimestre por problemas de gestão em ministérios e falta de projetos”, avalia Rochlin.

Pelo lado da oferta, diz Rochlin, o PIB no período continuou sendo prejudicado pela anemia do setor industrial, que deu uma contribuição negativa para a conta do período, con retração de 2,5% perante os primeiros três meses deste ano. Na mesma base comparativa, o recorte da indústria de transformação apontou um tombo de 5,3%. Na avaliação do professor, o resultado ruim no setor continua sendo justificado pelo câmbio desfavorável, especialmente nos segmentos exportadores.

Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, o baixo investimento reflete, em parte, a incerteza com as regras no Brasil. O desempenho, segundo ele, está amparado essencialmente na baixa confiança dos empresários, não só pelos fatores de risco da crise externa, mas também pelas incertezas sobre as regras domésticas para investimentos produtivos. “O conjunto de regras muda muito rápido no Brasil e desestimula o investimento”, diz Schwartsman.

Com a taxa de investimento tão baixa, a avaliação do economista é de que o PIB potencial do País, que é a capacidade da economia crescer sem pressão inflacionária, está ainda mais distante das taxas entre 4% e 4,5%. “Essa convicção não existe mais”. O investimento reduzido, diz, também está associado à baixa qualidade dos desembolsos do governo, que amplia o gasto público corrente e tem menos espaço para aplicar.

Queda de exportações prejudica a atividade

O desequilíbrio da balança comercial também deu forte contribuição para o baixo crescimento do PIB no segundo trimestre. O economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, destaca a queda das exportações (-3,9% ante o primeiro trimestre), especialmente de itens manufaturados para a Argentina. “Esta questão vem sendo minimizada, mas agora ficou claro que está havendo um vazamento externo do PIB”, diz Leal.

“Apesar da desvalorização importante em relação ao nível do dólar no início do ano, as exportações não reagem rapidamente”, diz Rochlin, do Ibmec e da FGV, ao lembrar que relações comerciais que vêm sendo desfeitas pelo problemas de competitividade levam tempo para serem retomadas, mesmo em um cenário de moeda mais favorável.

Para Rochlin, o protecionismo do governo argentino teve influência negativa no PIB brasileiro, mas de maneira mais modesta do que o cenário internacional. “Conta mais a desaceleração global da demanda gerada pela crise na Europa e nos Estados Unidos”, opina.

Economistas projetam PIB inferior a 2% em 2012

Mesmo com a piora dos números de investimento, PIB industrial e de contas externas entre os meses de abril e junho, Schwartsman mantém sua previsão de crescimento de 1,5% para o ano de 2012, mas avalia que essa taxa agora está no teto de suas estimativas e que aumentou a hipótese de que o PIB cresça menos do que isso neste ano.

A ajuda positiva, segundo ele, deverá vir do consumo das famílias. Apesar do crescimento de apenas 0,6% do primeiro para o segundo trimestre, Schwartsman avalia que o consumo das famílias vem mostrando um crescimento sustentado e tem espaço para crescer daqui para o final do ano, conforme se der também o recuo do inadimplência.

Já o economista-chefe da LCA, Braulio Borges, manteve sua projeção de expansão da economia de 1,7% para 2012. “Com os fortes estímulos fiscais anunciados pelo governo nesta semana, entre eles juros reais negativos para quem comprar caminhões, o PIB deve pegar tração no segundo semestre, puxado por investimentos”, disse.


Tivemos e temos espaço para usar políticas contracíclicas, diz diretor do BC

Agência Estado

O diretor de regulação do sistema financeiro, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou nesta sexta-feira que a recuperação da economia brasileira está em curso, impulsionada por “uma forte dinâmica de demanda interna”. Esse processo, segundo ele, está sendo sustentado pela criação de empregos, renda em expansão, maior inclusão social, “impulsionada pelo efeito cumulativo da redução de juros e spreads” e reforçada por políticas de oferta de infraestrutura que vão aumentar a produtividade do País.

“Essa combinação é comum a todas as experiências internacionais exitosas e a sua implementação coordenada garante a sustentabilidade do nosso crescimento e, no médio e longo prazo, o aumento da nossa produtividade”, apontou.

Crédito

Awazu deu um recado indireto às avaliações críticas segundo as quais o avanço do crédito no Brasil está ocorrendo de forma muito rápida e pode provocar um processo negativo de alavancagem como já ocorreu com alguns países. “Chegou-se a falar de esgotamento do nosso modelo e questionar a capacidade do nosso crescimento limitado por excesso de endividamento das famílias”, disse, para acrescentar: “O Banco Central está permanentemente atento a sinais de risco sistêmico, mas é preciso sempre distinguir as tendências estruturais dos movimentos cíclicos e conjunturais”, apontou.

O diretor ilustrou sua tese com a afirmação que o processo de aprofundamento financeiro que ocorreu em outros países, ainda está em curso no Brasil. “O nosso crédito cresce rapidamente, mas ainda representa um porcentual baixo em relação ao nosso PIB e em relação a outros países comparáveis”, apontou. Segundo ele, a proporção de concessão de crédito em relação ao PIB indica que “ainda comporta espaço de crescimento com segurança.”

Redução de Juros

No dia em que completa um ano o atual ciclo de redução dos juros, que levou a Selic de 12,50% para 7,50% ao ano, Awazu ressaltou que a decisão do BC foi adotada com base em estritos parâmetros técnicos. “Não foi por sorte e nem por aposta que o Banco Central, há exatamente um ano, usando seu julgamento e a sua autonomia operacional, foi capaz de recalibrar tempestivamente sua política de juros para uma deterioração previsível das condições macrofinanceiras globais e implementar com sucesso um ciclo de afrouxamento das nossas condições monetárias”, afirmou.

O comentário do diretor do BC é um contraponto às avaliações feitas 24 horas depois do início do ciclo de redução dos juros, em primeiro de setembro de 2011. O ex-presidente do BC, Gustavo Loyola, chegou a afirmar que o Banco Central teria abandonado o regime de metas de inflação, enquanto outro ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, divulgou naquele dia um informe especial para clientes, cujo título dizia: “Metas de inflação: Recquiescat in Pacem”, o que, numa tradução livre do latim quer dizer “Descanse em Paz.”

Infraestrutura

Para Awazu há espaço para que o País avance em infraestrutura, o que permitirá a elevação dos investimentos e da poupança interna.

“O Brasil tem uma agenda ampla em implementação: estabilidade macroeconômica com inclusão social; solidez do sistema financeiro; aumento da produtividade e da qualidade do capital humano e da infraestrutura; e melhora do nosso arcabouço institucional regulatório”, apontou Awazu.

“E temos instrumentos e instituições já exaustivamente testados com sucesso por crises no Brasil: colchões de liquidez apoiando nosso regime de câmbio flutuante, regras fiscais responsáveis institucionalizadas e um bem sucedido regime de metas para a inflação”, acrescentou. “Os sucessos no curto prazo fornecem as bases para nossa agenda de médio e longo prazo”, disse.

Bancos

Para ele, as instituições bancárias no Brasil estão com condições muito favoráveis, pois são sólidas e apresentam bons parâmetros de liquidez. “Nossas instituições encontram-se bem capitalizadas, permitindo que absorvamos choques extremos de atividade ou de falência de conglomerados econômicos mantendo a conformidade aos padrões internacionais de capital e liquidez”, destacou.

De acordo com o diretor do BC, o Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial avaliaram que a supervisão do sistema financeiro no Brasil, sobretudo a relacionada aos conglomerados bancários, foi classificada como “forte e sofisticada, tendo recebido a avaliação mais elevada entre os países do G-20 no que se refere à adequação” às práticas internacionais.

“Como exemplo, destaca-se o amplo poder conferido ao BC pela regulamentação em vigor para fazer alertas preventivos em caso de descumprimento de normas e exigir a correção imediata de problemas identificados pela supervisão, limitando-se o risco da deterioração da saúde financeira de uma instituição”, ponderou.


Opção de financiamento via BNDES inibe IPOs no Brasil, dizem especialistas

Agência Estado

A atuação estatal no financiamento das empresas impede que um maior número de companhias busque recursos via abertura de capital na bolsa de valores. A opinião é do presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Cunha. Segundo ele, estimular que um maior número de organizações acessem o mercado de capitais via uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) é o grande desafio do segmento.

“Este número não cresce, pois as empresas instaladas no Brasil não precisam abrir capital”, afirmou, explicando que o governo as financia por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “As companhias não precisam ter o trabalho e todo o custo envolvido na abertura de capital se há uma alternativa de financiamento”, comparou.

Atualmente, o mercado brasileiro conta, conforme o superintendente de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, Geraldo Soares, com menos de 400 empresas de capital aberto e cerca de 600 mil investidores pessoas físicas, sendo que na verdade, apenas por volta 180 mil operam na prática. “É um mercado muito pequeno”, disse, ao moderar o debate de abertura do segundo dia do Congresso da Associação Nacional dos Analistas e Profissionais de Investimento de Mercado de Capitais (Apimec).

No debate, Cunha criticou o que chama de “ativismo” do governo que, na sua opinião, inibe o mercado de capitais, que ainda de acordo com suas palavras seria visto como um “centro de jogatina e gente rica” por Brasília. Prova disso, segundo ele, é a incidência de alta tributação sobre o mercado de capitais, como a taxação sobre o ganho de capital (dividendos).

A estrategista da Fator Corretora Lika Takahashi acrescentou que a mão pesada do governo não é uma exclusividade do Brasil e que parte disso ocorreu por conta da crise financeira global.

Perspectivas

Para o diretor de renda variável da Bradesco Asset Management (Bram), Herculano Anibal Alves, as perspectivas para o futuro são positivas e as empresas devem passar a buscar mais o mercado de capitais para financiar o seu crescimento. “Além de algumas companhias não conseguirem crédito via o BNDES, a melhora no cenário externo deve trazer novas empresas para a bolsa”, justificou.

Também há a necessidade, na opinião de Alves e de outros especialistas que participam do evento da Apimec, de fomentar o mercado interno de investidores para reduzir a dependência do capital externo, como a isenção para investidores que aplicam menos de R$ 20 mil via fundos de ações, como ocorre no investimento direto em ações. E o momento atual é, conforme eles, propício em meio à queda dos juros e, consequentemente, menor rentabilidade dos ativos de renda fixa, que já está fazendo com que investidores pessoas físicas e institucionais (fundos de pensão, seguradoras etc) diversifiquem suas apostas em troca de um melhor retorno.

O diretor de investimentos da Fundação Cesp, Jorge Simino, destacou que o comportamento do investidor pessoa física só será mudado com educação financeira. “Ainda estamos atrasados neste quesito. Os órgãos que gravitam no mercado de capitais precisam se debruçar mais neste tema”, avaliou ele.

Os executivos presentes também chamaram atenção para a cultura de curto prazo aplicada no Brasil. Rafael Maisonnave, diretor da Tarpon Investimentos, acredita que a reversão disso se dará no longo prazo.


BNDES continuará liberando crédito robusto, diz Mantega

Agencia Estado

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta quinta-feira que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai continuar liberando grandes volumes de crédito, conforme anunciado na quarta-feira pelo governo na renovação e ampliação de medidas de estímulo à economia.

O ministro disse que parte da inadimplência no País é causada pela restrição de crédito imposta pelos bancos, mas ponderou que ela está caindo. “A queda da Selic para patamares quase civilizados vai estimular o mercado de dívida privada”, afirmou, citando que, nos últimos anos, esse mercado ficou “atrofiado”. “No Brasil, os títulos privados corporativos representam apenas 0,4% do IB.”

O ministro disse ainda que a nova política cambial também é importante nesse processo. “O câmbio estava valorizado e praticamos uma política de desvalorização para tornar o real mais competitivo”, afirmou. “Já são quatro meses com dólar acima de R$ 2, uma situação que vai se consolidando.”

Mantega disse que os concorrentes do País têm manipulado o câmbio para baratear seus produtos em até 40%. “Não por produtividade ou competência, mas situação cambial”, afirmou. “Continuaremos trabalhando na direção de termos um real desvalorizado para dar competitividade às nossas empresas.” Ele disse, ainda, que o déficit nominal do Brasil continuará caindo com a ajuda da taxa de juros, enquanto em outros países a situação é de piora.


Bernanke não anuncia novas medidas, mas indica que poderá atuar

Agência Dow Jones

O presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, em seu discurso no simpósio anual em Jackson Hole, apontou repetidamente para a possibilidade de mais ações de estímulo e defendeu vigorosamente os benefícios do uso que o banco central fez no passado de políticas não-convencionais para impulsionar a economia dos Estados Unidos.

Em uma repetição do comunicado emitido pelo comitê de política monetária do Fed no começo deste mês, Bernanke disse que o Fed “vai fornecer acomodação política adicional conforme o necessário” para promover a recuperação econômica e dar suporte para o mercado de trabalho. A autoridade também destacou as profundas preocupações com o ritmo da recuperação econômica dos Estados Unidos, considerando-a “longe do satisfatório”, e citou preocupações com o fraco crescimento do mercado de trabalho do país.

Em análise dos passos dados pelo Fed no passado, incluindo os programas de compra de bônus, Bernanke disse que os esforços do banco central para impulsionar a economia “têm sido e continuam sendo eficientes no fornecimento de acomodação financeira”. “Os custos das políticas não-tradicionais, quando avaliadas cuidadosamente, parecem gerenciáveis, o que significa que nós não devemos descartar mais uso de tais políticas se as condições econômicas justificarem isso”, declarou Bernanke.

Os programas de compra de bônus do Fed forneceram “suporte significativo” para a economia e não prejudicaram as expectativas de inflação estável, segundo Bernanke. O presidente do Fed respondeu a algumas preocupações frequentes sobre o potencial custo da adoção de mais programas de estímulo, argumentando que nenhuma dessas preocupações parecem ter potencial para contrabalançar os benefícios.

Mercado de trabalho

Os membros do Fed têm indicado que a decisão sobre uma terceira rodada de relaxamento quantitativo (QE3, na sigla em inglês) depende do progresso na redução da taxa de desemprego. “A estagnação do mercado de trabalho, em especial, é uma séria preocupação, em parte porque os níveis persistentemente altos de desemprego vão causar danos estruturais para a nossa economia que podem durar muitos anos.”

O presidente do Fed detalhou outros problemas enfrentados pela economia dos Estados Unidos, incluindo o baixo nível de atividade no mercado imobiliário, os orçamentos apertados nos níveis estadual e local e a persistente incerteza sobre a crise na Europa.

A ata da última reunião de política monetária do Fed mostrou que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acreditavam que precisariam fornecer estímulos adicionais para a economia “em breve”, a menos que o crescimento se acelerasse substancialmente. Bernanke disse hoje que o Fed ainda tem grandes receios sobre a recuperação econômica, mesmo após uma série de indicadores econômicos recentes, que têm vindo melhor do que o esperado.

A próxima reunião de política monetária do Fed acontece nos dias 12 e 13 de setembro.

Comunicação

Em seu discurso, Bernanke defendeu o uso de ferramentas de comunicação para a política monetária, como por exemplo a promessa do banco central dos EUA de manter a taxa básica de juros em níveis excepcionalmente baixos até pelos menos o fim de 2014.

“Previsões para a taxa de juros que diminuam as expectativas do setor privado em relação à taxa de juros de curto prazo reduzem as taxas de juros de longo prazo, levando a condições financeiras mais acomodatícias. … É certamente verdade que, ao longo do tempo, investidores e analistas têm adiado consideravelmente a previsão para a data na qual esperam que as taxas de juros comecem a subir; além disso, as expectativas atuais parecem se alinhar muito bem com a previsão do Fomc”, comentou Bernanke, se referindo ao Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Mas o presidente do Fed ressaltou que a previsão para os juros baixos até 2014 não é “uma promessa incondicional”. “É uma declaração sobre o julgamento coletivo do Fomc sobre o rumo da política monetária que provavelmente se provará apropriado, dados os objetivos do Comitê e suas previsões para a economia”.

Compra de bônus

Segundo Bernanke, um estudo mostrou que as duas primeiras rodadas de relaxamento quantitativo impulsionaram o crescimento da economia em quase 3% e ampliaram os empregos no setor privado em mais de 2 milhões.

“Simulações de modelo realizadas pelo Federal Reserve no geral descobriram que os programas de compra de ativos forneceram ajuda significativa para a economia”, afirmou Bernanke no pronunciamento.

Bernanke observou que os cálculos sobre os efeitos macroeconômicos dos programas de relaxamento quantitativo precisam ser tratados com cuidado, mas disse que “uma leitura equilibrada das evidências sustenta a conclusão de que as compras de bônus forneceram suporte para a recuperação econômica ao mesmo tempo que mitigaram os riscos deflacionários”. As informações são da Dow Jones.

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