Atraso no pagamento de empréstimo cresce 80% na China
Os grandes bancos chineses registraram alta de até 80% no volume de atrasos no pagamento de empréstimos, em um sinal de que a quantidade de créditos de má qualidade em seus balanços tende a crescer. A situação é agravada pela desaceleração além do esperado da economia chinesa, que corre o risco de ter expansão inferior à meta de 7,5% fixada pelo governo para este ano.
As dificuldades financeiras tiveram destaque ontem na imprensa oficial chinesa A agência estatal de notícias Xinhua distribuiu reportagem com o título “Risco de créditos ruins paira sobre o setor bancário”. Citando fontes anônimas do segmento, o Global Times, editado pelo Partido Comunista, alertou: “Bancos encontrarão período difícil a qualquer momento”.
A Xinhua observou que sete dos 16 bancos chineses com capital aberto registraram aumento no porcentual de empréstimos irrecuperáveis no primeiro semestre, segundo resultados financeiros divulgados nos últimos dias. Ainda assim, a média geral de créditos podres não subiu e ficou em 0,9%.
O problema é que a demora na quitação de financiamentos teve altas consideráveis, em uma indicação de que pelo menos parte deles não será paga no futuro.
“Os bancos comerciais chineses enfrentam um elevado risco de aumento nos empréstimos de má qualidade, em parte como consequência da farra de crédito para sustentar o massivo pacote de estímulo de três anos atrás”, ressaltou o texto da Xinhua.
Segundo a agência de notícias, o risco pode se agravar em razão da tentativa de alguns governos locais de lançar uma nova onda de estímulo diante de crescentes sinais de desaceleração.
A preocupação com a deterioração da saúde do setor financeiro em um ambiente de menor crescimento é um dos fatores que inibe uma ação mais agressiva de Pequim para reverter o movimento de desaceleração econômica.
O Índice de Compra de Gerentes do HSBC divulgado ontem caiu pelo décimo mês consecutivo e fechou em 47,6 pontos, o menor patamar desde março de 2009.
Resultados inferiores a 50 indicam contração da atividade econômica. Com o menor crescimento, um número cada vez maior de empresas enfrenta dificuldades para saldar suas dívidas.
Cálculo da Bloomberg apontou elevação média de 27% no atraso de pagamentos de empréstimos dos cinco maiores bancos do país nos seis meses terminados em junho, quando o valor do potencial calote atingiu 416 bilhões de yuans (R$ 133,23 bilhões).
Maior banco do país, o Industrial and Commercial Bank of China disse que o volume de créditos de má qualidade caiu de 0,94% do total em dezembro para 0,89% em junho.
Mas seu balanço indicou que a situação vai piorar no futuro: os atrasos de pagamento inferiores a 90 dias tiveram alta de 60%, para 80 bilhões de yuans (R$ 25,62 bilhões). Os que superaram 90 dias aumentaram em 7%, para 62 bilhões de yuans (R$ 19,86 bilhões).
Com crise, setor industrial cai em todo o mundo
O Globo
A divulgação ontem do chamado Índice de Gerentes de Compras de Produção Industrial (PMI, em inglês), medido pelo instituto Markit, de vários países voltou a pintar um quadro cinza dos efeitos da crise global no setor industrial. Na União Europeia (UE), o setor industrial recuou mais rapidamente que o previsto por analistas. Sem apoio dos governos, que lutam para reduzir seus déficits fiscais, nem mesmo os descontos de preços efetuados pelo setor estimularam as encomendas às indústrias europeias. A contração, antes concentrada nas economias periféricas do bloco, agora chegou a países como Alemanha e França. O PMI dos 17 países da zona do euro caiu para 45,1 pontos, abaixo da leitura preliminar de 45,3, porém melhor do que os 44 pontos de julho. É o 13º mês em que o índice fica abaixo de 50 pontos.
Na China, segundo motor da economia mundial, o setor industrial também mostra sinais de abalo com a crise global. O PMI do setor em agosto foi de 47,6 pontos, menor nível desde março de 2009. Em julho, o índice fora de 49,3. Já o PMI oficial do governo chinês recuou para 49,2. Neste caso, foi a primeira vez desde novembro de 2011 que o PMI oficial ficou abaixo de 50 pontos.
No Brasil, o setor mostrou contração pelo quinto mês consecutivo, embora o recuo tenha sido menos intenso. Em agosto, o PMI brasileiro alcançou 49,3 pontos, comparados a 48,7 em julho e 48,5 em junho. Um valor abaixo de 50 indica contração. Segundo o instituto, “os dados de agosto indicaram uma deterioração marginal apenas nas condições de negócios do setor industrial do Brasil”.
De acordo com a pesquisa, várias empresas citaram os elevados preços de venda como motivo para a redução das novas encomendas. O volume de novos pedidos para exportação também caiu ao longo do mês, numa tendência observada desde abril de 2011. Porém, a taxa de declínio foi a mais fraca desde março. Cerca de 5% das empresas relataram uma redução na entrada de novos trabalhos provenientes do exterior, com 2% registrando aumento, citando a fraqueza da economia global.
BCE dá mais um sinal de intervenção no mercado
O Estado de S. Paulo
O Banco Central Europeu (BCE) deu ontem mais um sinal de que vai intervir no mercado de dívidas soberanas. De acordo com balanço divulgado em Frankfurt, a autoridade monetária manteve congelado seu Programa de Mercados de Títulos (SMP) na última semana, o que, somado a declarações de Mario Draghi, foi interpretado pelos mercados como mais um indicativo de que a instituição vai substituir o mecanismo de intervenção. A iniciativa, que gera atritos com a Alemanha, deve ser anunciada na quinta-feira.
O SMP havia sido criado em maio de 2010, ainda na gestão do ex-presidente do BCE Jean-Claude Trichet, na primeira vez em que a autoridade monetária interveio comprando dívida. Há seis meses, ele segue inoperante, o que deixou no caixa da instituição € 209 bilhões em obrigações soberanas.
Para os investidores europeus, o fato de que a autoridade monetária tenha mais uma vez decidido manter essa reserva é sinal de que um novo programa de compra de títulos está em gestação. Nos bastidores de Frankfurt, Berlim, Paris e Bruxelas, líderes políticos e autoridades econômicas negociam os detalhes do programa de compra de títulos que deverá ser lançado na próxima reunião de política monetária do BCE.
A tendência é de que a compra seja feita com recursos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e do Mecanismo Europeu de Estabilidade, assim como de fundos regionais. A aquisição deve se concentrar em títulos de curta maturidade, para evitar contestações jurídicas em países como a Alemanha e ainda manter a pressão sobre os beneficiários para que encaminhem reformas estruturais.
O BCE pretende passar a intervir no mercado secundário de títulos da dívida – onde são negociadas obrigações que estão em poder de investidores privados – para reduzir a pressão sobre os juros de Espanha e Itália.
Desde que Mario Draghi indicou que o BCE adotaria essa medida, os juros sobre papéis com longa maturidade – dez anos – caíram. Em reunião fechada do Parlamento Europeu, Draghi voltou a afirmar que a crise da zona do euro “justifica o papel voluntarista do BCE”. Para ele, é responsabilidade da autoridade monetária “intervir no mercado de dívida”.
A decisão do conselho do BCE de adotar o programa contraria o presidente do Banco Central da Alemanha (Bundesbank), Jens Weidmann, que reclamou em público na semana passada contra a aquisição de obrigações soberanas. Ainda assim, as declarações de Draghi, reveladas por deputados que participaram da reunião, animaram os mercados ontem. Todas as bolsas da Europa fecharam no azul.
Embora a provável intervenção no mercado de dívidas esteja reduzindo a instabilidade nas bolsas, a turbulência do sistema financeiro da Espanha segue preocupando os investidores. Ontem, o Tesouro de Madri anunciou a injeção de € 4,5 bilhões na recapitalização do banco Bankia, o mais abalado pela crise de liquidez do sistema financeiro local.
Socorro. Ainda ontem, Andaluzia se tornou a quarta “comunidade autônoma” da Espanha a solicitar socorro financeiro ao governo central. O pedido, de € 1 bilhão, reitera a gravidade da crise financeira na qual o país está submerso. Antes da Andaluzia, Múrcia, Valência e Catalunha já haviam solicitado auxílio.
Periferia do euro fracassa em cumprir metas fiscais
Valor Econômico
Mais uma região da Espanha pedindo ajuda de urgência e a “troica” de credores da Grécia aparentemente sugerindo seis dias de trabalho por semana ilustraram ontem como países da periferia da zona do euro enfrentam crescentes dificuldades para cumprir as duras metas de ajuste fiscal.
O governo regional de Andaluzia, a região mais populosa da Espanha, anunciou que pedirá socorro de urgência de € 1 bilhão junto ao governo central, diante de seus problemas de liquidez.
Trata-se da quarta região espanhola a pedir resgate, depois de Catalunha, Valência e Múrcia. O governo de Mariano Rajoy, que criou um fundo especial de € 18 bilhoes para as regiões, está por sua vez sendo empurrado a acelerar um pedido de resgate junto à União Europeia.
A periferia europeia tem dificuldades para cumprir as metas fiscais sem implementar novas medidas de austeridade, que são também politicamente difíceis.
Nos sete primeiros meses do ano, o déficit orçamentário espanhol alcançou 4,6% do PIB, mais alto do que no ano passado. O resultado é atribuído ao aumento de quase 10% nas despesas, principalmente nas transferências para regiões em crise de liquidez.
O governo de Rajoy insiste que baixará o déficit publico de 8,9% do PIB em 2011 a 6,3% neste ano. Mas analistas notam que a Espanha fez a mesma promessa no ano passado, e o resultado foi déficit de 3% do PIB a mais do que a meta.
A Grécia enfrenta por sua vez mais riscos. A troica de credores da Grécia (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu) retorna nesta semana a Atenas para decidir se o país fez o suficientemente para obter a liberação da parcela de € 31 bilhões da ajuda internacional.
Mas os dados de julho mostram superávit primário abaixo do previsto e receita fiscal 9% inferior ao esperado, refletindo a fragilidade da economia do país. Apesar de penosas medidas de austeridade, o sentimento comum é de que gregos dificilmente conseguirão baixar o déficit publico de 9,3% atualmente para menos de 3% até 2014.
Nesse cenário, a troica já teria recomendado ao governo grego uma profunda flexibilização no mercado de trabalho, incluindo a ampliação da semana de trabalho para seis dias, segundo notícia de um jornal grego repetida no resto da imprensa europeia ontem. A troica teria também sugerido que as demissões sejam facilitadas.
A Itália também continua no radar. O ministro das Finanças Vittorio Grilli admitiu que o país vai ultrapassar sua meta de déficit público por causa de uma conjuntura econômica pior do que a esperada. A expectativa é de que o PIB italiano caia 2,4% neste ano. Mas o ministro insistiu que o governo não fará corte adicional nas despesas, porque está em linha com as promessas feitas à União Europeia.
A profunda recessão em Portugal igualmente afetou muito as finanças públicas. O déficit público caiu até julho. De um lado, a receita fiscal declinou 3,5%, mas de outro os gastos com salários baixaram significativamente. Analistas acreditam que a troica de credores poderá agora elevar a meta de déficit público de 3,5% para 4,5% do PIB em 2012.
A Irlanda, por sua vez, continua se saindo melhor que os países do sul. O déficit parece sob controle e a expectativa é de o país voltar ao mercado para vender títulos públicos antes dos outros em crise.
Enquanto a periferia da zona do euro afunda na crise da dívida, a Alemanha tem outro problema: o que fazer para melhorar o rendimento de seu excesso de poupança de € 1,2 trilhão, acumulado graças a enormes superávits nas contas correntes.
Thomas Meyer, economista do Deutsche Bank, e Daniel Gros, diretor do Ceps, um respeitado centro de estudos em Bruxelas, sugerem a criação por Berlim de um fundo soberano para o país investir no exterior e ter melhor rendimento.
Troica sugere a gregos trabalhar no sábado
Valor Econômico
O grupo de credores da Grécia, que inclui o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE), sugeriu que o país aumente a semana de trabalho no país dos atuais cinco para seis dias, como forma de aumentar a produtividade e melhorar as perspectivas econômicas do país. A informação foi publicada pelo diário financeiro Imerisia, na semana em que a Grécia recebe a visita de representantes do grupo, conhecido como troica, credor do resgate de € 130 bilhões concedido aos gregos.
O país finaliza um plano de cortes de € 11,6 bilhões para reduzir seu déficit orçamentário. Segundo o jornal Kathimerini, metade do volume cortado está nos rendimentos da previdência social. Outras sugestões da troica, segundo a mídia local, foram a redução para 11 horas do tempo de descanso entre uma jornada e da indenização aos demitidos e do tempo do aviso prévio pela metade.
Os gregos precisam aprovar os cortes até o fim do mês para que a receber segunda parcela, de € 31 bilhões, do resgate. Caso a destinação da verba seja rejeitada, Atenas precisará decretar moratória por não poder pagar os vencimentos mais urgentes da dívida pública.
Vendas de carros no Brasil têm recorde: 420 mil
O Globo
O temor de que o governo pusesse fim à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que foi prorrogada por mais dois meses, fez as vendas de carros dispararem em agosto. Com um salto de 15,3% sobre julho, que já tinha sido um bom mês, com 364,2 mil unidades vendidas, o comércio de veículos no mês passado alcançaram o total de 420.080 (incluindo automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões), nova marca histórica do setor. O recorde anterior era dezembro de 2010, com 381,6 mil unidades comercializadas. Em comparação a agosto de 2011, as vendas do mês passado foram 28% maiores.
Se considerados somente automóveis e comerciais leves, o segmento mais beneficiado pelos descontos e isenção do IPI pelo governo, foram 405 mil unidades vendidas, também o maior volume para um único mês nos 55 anos de história da indústria automobilística no Brasil. A média de vendas diárias também subiu, passando de 16 mil em julho para cerca de 18 mil em agosto.
Assim, nos oito primeiros meses do ano o total de veículos vendidos no país já soma 2.501.430 unidades, volume 5,5% acima do total vendido em igual período de 2011.
Segundo uma fonte da indústria, o corte do IPI não só neutralizou a queda das vendas – que até maio haviam recuado 4,8% sobre os cinco primeiros meses de 2011 – como deve garantir mais um ano de expansão do mercado automotivo brasileiro. A alta ficaria próxima da previsão inicial da entidade, da ordem de 4% a 5%, ou cerca de 4 milhões de unidades vendidas.
– A expectativa é que o mercado mantenha esse ritmo dinâmico das vendas, mas abaixo da base de agosto – disse a fonte.
Economista: volume não se sustenta
Para o economista e consultor de varejo automotivo Ayrton Fontes, o recorde histórico de vendas em agosto deveu-se exclusivamente à antecipação de compra de mais de cem mil veículos, motivada pelo temor dos consumidores de perderem o benefício de um IPI menor. Para ele, esse nível de vendas não se sustenta e deverá ser “descontado” nos meses de setembro e outubro. As fortes campanhas publicitárias nos meios de comunicação, enfatizando a perspectiva de o governo de acabar com o benefício do IPI, também ajudaram na decisão de antecipar as compras do carro novo.
– Esse volume de vendas não se sustenta nos próximos meses, em que as vendas podem ficar abaixo dos 300 mil veículos. O consumidor está endividado, o crédito já não é mais o mesmo, e os prazos mais longos, apesar de existirem no papel, estão muito limitados – avalia Fontes.
O economista prevê que o crescimento anual das vendas do setor não deve passar de 2%.
– O que é um bom resultado. Se não houvesse esse benefício do IPI, o setor fecharia no negativo – completou Fontes.
Vale é punida por Justiça na Suíça
O Estado de S. Paulo
A Vale foi derrotada ontem no Tribunal Federal da Suíça. A Justiça daquele país rejeitou um recurso da empresa, que em março foi multada em valor equivalente a US$ 233 milhões por ser acusada de repatriar lucros de suas atividades internacionais para a Suíça, justamente onde se beneficia de uma exoneração fiscal. Agora, a Justiça Suíça tem caminho livre para reduzir os benefícios fiscais dados à empresa e exigir o pagamento da multa pelo desrespeitado ao acordo fiscal com o país.
A Vale informou, por escrito, que “a decisão não é final, não trata do mérito e não tem, portanto, qualquer consequência imediata”, acrescentando que não comenta “processos em andamento”.
A empresa é acusada de repatriar de forma irregular lucros de todas suas atividades pelo mundo para a Suíça, justamente onde se beneficiava de uma exoneração fiscal que agora está sendo questionada. Graças a manobras fiscais e seu escritório na Suíça, autoridades suspeitam que a Vale deixou de pagar US$ 3 bilhões em impostos desde 2006.
Um processo havia sido aberto pelas autoridades federais suíças para modificar de forma substancial a exoneração fiscal que a Vale havia recebido em 2006, quando abriu seu escritório na região de Vaud. Na época, a brasileira indicou que o usaria como sua sede europeia. Naquele ano, a Vale previa lucros de US$ 35 milhões e criaria empregos na região. Entre 2006 e 2011, pagou menos de US$ 300 milhões em impostos graças ao convênio.
Mas cálculos do governo mostraram que a empresa acabou repatriando para os bancos suíços todo lucro de suas atividades internacionais, no valor de mais de US$ 5 bilhões ao ano, ferindo os compromissos e se beneficiando da exoneração de taxas.
De acordo com a investigação das autoridades, a Vale passou a registrar também em Vaud suas filiais que estavam espalhadas por vários países, principalmente as que estavam em centros offshore (paraísos fiscais). Segundo a Junta Comercial de Vaud, depois da instalação da Vale International na região, outras sete empresas se incorporaram à companhia brasileira, entre elas a Itabira Rio Doce Company e a RDIF Overseas Limited.
As duas empresas, antes de serem transferidas a Vaud, tinham sede em Nassau, nas Bahamas. Outras que se incorporaram à Vale International foram a CVRD Overseas Ltd e a SRV Reinsurance Company SA , ambas de Georgetown nas Ilhas Cayman. De Bermudas vieram a Brasamerican Ltd e CMM Overseas SA.
Revisão. O governo suíço levou o caso aos tribunais, exigindo revisão do tratamento dado à Vale, como uma punição por não ter respeitado os acordos. A administração federal considerou, há cinco meses, que a Vale não cumpriu sua palavra e, como punição, quase dobrou a cobrança relativa aos lucros entre 2006 e 2009. Para completar, a isenção foi reduzida de 80% para 60%.
Na época, a mineradora decidiu apelar, alegando que não havia violado acordos e tentando barrar o processo de revisão.
“Por enquanto, tratamos da questão de procedimento”, disse o chefe da Administração de Impostos de Vaud, Philippe Maillard. “Agora que o Tribunal Federal se pronunciou, vamos continuar para definir a questão de fundo”, completou.
A empresa chegou a justificar para parte da imprensa que a briga era uma disputa política entre partidos da região de Vaud, onde tem seu escritório. Mas documentos obtidos pelo Estado mostram que o assunto já estava no radar do Departamento de Finanças da Suíça. Ontem, o Tribunal também obrigou a empresa a pagar US$ 66 mil em custos do processo.
Maioria dos alemães quer a Grécia fora do euro
O Estado de S. Paulo
Uma pesquisa do Instituto Harris divulgada ontem pelo jornal britânico “Financial Times” apontou que 54% dos alemães querem ver a Grécia fora da zona do euro e apenas 26% acreditam que o país conseguirá pagar os empréstimos. A sondagem mostra a forte animosidade da opinião pública da maior economia da Europa em relação ao país que mais precisou ser socorrido até aqui. Para efeitos de comparação, na Itália apenas 21% da população é contra o uso da moeda única pelos gregos. Na Espanha, são 27%. Entre os franceses, 32% entendem que seria melhor a Grécia deixar a zona do euro.
Investimento em ferrovias pode crescer R$ 25 bi após concessões
O Estado de S. Paulo
O pacote de concessões anunciado pelo governo federal poderá ampliar em R$ 25 bilhões os investimentos em ferrovias de 2013 a 2016. A estimativa é do superintendente da Área de Acompanhamento e Pesquisa Econômica (APE) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fernando Puga.
Segundo cálculos do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), porém, os valores calculados pelo governo no pacote anunciado há duas semanas podem estar superestimados, o que pode inflar as estimativas.
A equipe de economistas do BNDES está revisando o levantamento sobre perspectivas de investimentos para os próximos quatro anos. O mapeamento atual refere-se ao período 2012-2015. A edição 2013-2016 do estudo, que incorporará os investimentos previstos nas concessões, está previsto para ser divulgado neste mês. A estimativa em rodovias levará mais tempo, pois o trabalho de revisão não terminou, completou Puga.
“O investimento projetado em ferrovias para os próximos quatro anos aumentou em 50% com esse PAC (Concessões)”, afirmou Puga ao Estado, referindo-se a como o pacote de concessões foi apelidado.
A versão mais recente do estudo do BNDES, atualizada em maio, previa investimento de R$ 45 bilhões em ferrovias de 2012 a 2015. A revisão que já estava em curso em julho ampliaria o valor para cerca de R$ 50 bilhões. Na edição 2013-2016, os investimentos em ferrovias deverão ficar em torno de R$ 75 bilhões.
No mapeamento datado de maio, o setor ferroviário é o quarto que mais investe. No total, a perspectiva de investimento em infraestrutura está em R$ 401 bilhões, com destaque para os setores de energia elétrica (R$ 158 bilhões), telecomunicações (R$ 74 bilhões) e transporte rodoviário (R$ 53 bilhões). Esses valores também estão em revisão.
O exagero nas estimativas oficiais pode chegar a três vezes, segundo cálculos do Ilos. No pacote anunciado pelo governo em 15 de agosto, foram previstos R$ 91 bilhões em investimentos para 10 mil quilômetros em ferrovias. Na média, o investimento seria de R$ 9,1 milhões por quilômetro.
Segundo Paulo Fleury, professor da Coppead (UFRJ) e diretor do Ilos, a equipe do instituto já fez esse cálculo com valores divulgados em projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2009. O resultado foi cerca de R$ 3 milhões por quilômetro de ferrovia.
Produção tem 5º mês seguido de contração
O Estado de S. Paulo
Em meio ao recuo da produção e do volume de novos negócios, a indústria brasileira recuou pelo quinto mês seguido em agosto. O ritmo, porém, foi menos intenso, voltando aos níveis de abril e maio, segundo o Índice de Gerentes de Compras de Produção Industrial (PMI) divulgado ontem. Hoje, o IBGE divulga os dados de julho da produção industrial.
Em agosto o PMI, compilado pelo instituto Markit, atingiu 49,3, ante 48,7 em julho e 48,5 em junho. Apesar da melhora no indicador, ele permanece abaixo da marca de 50 que separa contração de expansão, segundo pesquisa. “Os dados de agosto indicaram uma deterioração marginal apenas nas condições de negócios do setor industrial do Brasil”, disse o instituto em nota.
Tanto a produção quanto o volume de novos pedidos caíram ao longo do mês pela quinta vez seguida, porém as taxas de contração foram marginais e as mais fracas nos últimos cinco meses. De acordo com a pesquisa, várias empresas citaram os preços altos como motivo para a redução das novas encomendas.
O volume de novos pedidos para exportação também caiu ao longo do mês, em tendência observada desde abril de 2011. Porém, a taxa de declínio foi a mais fraca desde março. Cerca de 5% das empresas relataram redução na entrada de novos trabalhos vindos do exterior, com 2% registrando aumento, citando a fraqueza da economia global. “As evidências sugeriram que as exportações foram afetadas pelas condições econômicas globais fracas”, afirmou o Markit.
Acompanhando esse cenário, o nível de emprego industrial também recuou pelo quinto mês seguido, e 6% das empresas reduziram pessoal em relação a julho, ante 3% que contrataram. Mesmo assim, a taxa de redução foi a mais fraca em três meses.
As empresas ainda relataram a alta de preços de transporte, de produtos alimentícios e do aço. Além disso, a taxa de inflação de preço de insumos igualou em agosto o recorde de 14 meses.
Outros países. O PMI chinês caiu para 47,6 em agosto, no menor nível desde março de 2009, ante 49,3 de julho. O indicador de Alemanha e França, as duas maiores economias da zona do euro, se fortaleceram em agosto, enquanto na Itália houve uma piora. Nos três países, porém, o índice continuou abaixo de 50, o que significa que o setor permaneceu em contração.
Cabral confirma parceria privada no Galeão
O Globo
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, confirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff deverá optar por uma parceria com um grande operador privado para administrar o Aeroporto do Galeão. Após reunião no Ministério da Fazenda, onde obteve a ampliação dos limites de endividamento do estado, o governador disse que a presidente apontou que a Infraero vai se associar a uma empresa com larga experiência em administração de aeroportos para fazer a gestão compartilhada do Galeão.
Antes um ferrenho defensor da privatização, Cabral elogiou a decisão do Palácio do Planalto, por considerar que ela vai “encurtar caminhos”.
– O Galeão teve, a meu ver, a solução mais inteligente que a presidente encontrou para encurtar caminhos. Existe o modelo tradicional de concessões. OK, ele é bom. Mas o modelo que a presidente encontrou de gestão compartilhada, a meu ver, é moderno e inteligente – considerou.
Conforme o GLOBO mostrou no último dia 24, depois de conceder os terminais de Guarulhos (SP), Viracopos (Campinas) e Brasília à iniciativa privada, o Palácio do Planalto repensou a estratégia de administração dos aeroportos e passou a considerar que não apenas o Galeão, mas Confins (MG), tenha um novo modelo de administração, para assegurar eficiência na gestão dos dois terminais que tiveram o maior crescimento de fluxo de passageiros em 2011 – de 21% e 31,9%, respectivamente – e evitar prejuízos à Infraero.
A expectativa é que a Infraero tenha de cortar 15% dos custeios, sobretudo nos novos contratos com fornecedores, para compensar a perda de receitas que terá a partir de outubro, quando entra em vigor o novo modelo de administração dos três aeroportos concedidos à iniciativa privada, pelo qual a participação da Infraero cairá de 100% pra 49%.
Justificando a mudança de rumo, Cabral disse que o Galeão precisa investir em gestão:
– Queremos que a escada rolante funcione, que a bagagem chegue rapidamente, que o banheiro funcione, que esteja limpo, que a manutenção seja feita com qualidade. Precisamos de gestão.
Brasil só recupera 6º lugar entre os ricos em 2015
O Estado de S. Paulo
O Brasil só deve recuperar a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo em 2015. Até lá, o Reino Unido mantém o sexto lugar e o Brasil permanece um passo atrás, em sétimo, segundo levantamento da Austin Rating, preparado a pedido da Agência Estado. O estudo levou em consideração as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) tanto para a expansão do PIB quanto para o câmbio, de 2012 a 2015.
A economia brasileira cresceu menos do que o esperado em 2012, mas o câmbio teve um papel considerável na perda de posição do País no ranking das principais economias do planeta. Enquanto houve forte desvalorização do real frente ao dólar, a libra esterlina sofreu valorização em relação à moeda americana.
O cenário não deve se alterar até o fim do ano, a menos que haja uma inversão na tendência do câmbio ou que a economia brasileira cresça mais do que os 2,5% esperados pelo FMI, e a economia britânica fique abaixo dos 0,2% de expansão no ano.
“A diferença entre o PIB do Reino Unido e do Brasil é bem pequena, de US$ 2,929 bilhões. O FMI fará uma revisão nas estimativas no fim de setembro. O Brasil até pode manter a posição conquistada (a 6ª posição), mas desde que o câmbio mude ou que a previsão para o crescimento do Reino Unido também”, calculou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, responsável pelo levantamento.
Agostini explica que o FMI estima uma desvalorização de 10% do real frente ao dólar em 2012, seguida de uma desvalorização média de 3,5% até 2015. Já para o Reino Unido, o FMI projeta uma valorização de 2% da libra esterlina sobre o dólar em 2012, seguida de uma desvalorização média de apenas 0,1% até 2015.
Paralelamente, o fundo estima um crescimento de 2,5% do PIB brasileiro em 2012, e de 0,2% para o Reino Unido no ano.
Entretanto, para o período de 2013 em diante, enquanto a projeção do Brasil fica relativamente estável, em 4,1%, a estimativa de avanço no PIB para o Reino Unido sobe.
“Ou seja, mesmo o PIB do Brasil subindo de 2,5% em 2012 para 4,2% em 2013, a perda da desvalorização do real é maior do que a da libra. Além disso, o crescimento do Reino Unido aumenta de patamar até 2015, enquanto o Brasil fica estável em 4,1%”, atentou Agostini.
Redução de projeção do PIB de 2012 por analistas é generalizada entre setores
Valor Econômico
A redução da projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2012 pela quinta semana consecutiva no boletim Focus, do Banco Central, foi disseminada entre os três setores que compõem o indicador. Nesta semana, a mediana das projeções de crescimento para o PIB recuou de 1,73% para 1,64%. Para 2013, a expectativa se manteve em crescimento de 4%.
O previsão para o PIB industrial foi a que sofreu maior reajuste nesta semana. No último boletim, o mercado esperava crescimento de 0,51% do PIB do setor em 2012. No Focus desta semana, a expectativa recuou para crescimento de 0,05%.
De acordo com dados do IBGE divulgados na sexta-feira, o PIB da indústria recuou 2,5% no segundo trimestre deste ano, na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve contração de 2,4%.
A previsão de PIB do setor agropecuário em 2012 também foi reajustada, de queda de 0,40% na semana passada para queda de 0,48% nesta semana. O PIB agropecuário cresceu 4,9% na comparação dessazonalizada entre o segundo e o primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE.
Já o setor de serviços, que responde pela maior parte da economia brasileira, teve suas projeções de crescimento em 2012 revisadas de 2,48% na semana passada para 2,42% nesta semana. No PIB do segundo trimestre, serviços cresceu 0,7% na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior.
Para o economista Flavio Serrano, do BES Investimento, a redução na estimativa de crescimento do PIB em 2012, apontada pelo boletim Focus, resulta de um ajuste de dados, após contabilizadas as informações sobre o desempenho da economia brasileira no segundo trimestre, divulgadas na sexta-feira.
De acordo com Serrano, não houve no mercado uma mudança de expectativa em relação à atividade econômica no Brasil em 2012. “Os dados do PIB do segundo trimestre só reforçaram um cenário que já era conhecido, de investimento fraco e consumo ainda forte. O que vemos agora no Focus são apenas ajustes.”
O economista explica que, devido ao baixo nível de crescimento projetado para a economia brasileira neste ano, pequenas modificações fazem diferença. “Se os dados confirmados do trimestre trazem alguma diferença em relação aos números estimados, ainda que mínima, isso altera a projeção para o ano, mesmo que não tenha havido mudança nas estimativas para os trimestres seguintes.”
Já os números da produção industrial, diz Serrano, foram influenciados também pela proximidade de divulgação da Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física. Hoje, o IBGE apresentará os resultados referentes a julho.
Governo avalia incentivos para o Mercado de Capitais
Valor Econômico
Com a queda da taxa básica de juros (Selic), o governo prepara a regulamentação de um elenco de novos produtos financeiros – sobretudo de instrumentos de dívida privada – para dar impulso ao mercado de capitais. Estão na lista a concessão de isenção de Imposto de Renda (IR) para Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) de infraestrutura e a criação, com possivel incentivo fiscal, de novos formatos de Exchange Traded Funds (ETF), fundos com cotas negociadas na bolsa. Hoje no Brasil há ETFs de ações, mas não existem produtos de renda fixa ou os chamados ETFs sintéticos, que usam derivativos para reproduzir o comportamento dos ativos de referência.
Outra discussão refere-se a estímulos para os residentes no país aplicarem em papéis de longo prazo emitidos pelo setor privado. Ao contrário dos investidores estrangeiros, os domésticos não são isentos do Imposto de Renda.
Após as eleições de outubro o Ministério da Fazenda vai propor ao Congresso Nacional essas isenções, dentre outras iniciativas. Há um grupo de trabalho no Ministério da Fazenda, coordenado pelo secretário executivo, Nelson Barbosa, cujo objetivo é preparar medidas de desenvolvimento do mercado de capitais, oportunidade que se abre agora, quando a taxa básica real aproxima-se da normalidade. Um dos princípios que norteiam esse trabalho é desindexar a indústria de fundos do DI (Depósito Interfinanceiro, o juro praticado no interbancário) e da taxa de câmbio e alongar os prazos dos investimentos. Longo prazo, nesse debate, é entendido como prazo médio superior a 4 anos.
Tudo será feito na forma de incentivos, tanto para atrelar a remuneração dos títulos a uma taxa prefixada ou a um índice de preços quanto o alongamento de prazos.
Em entrevista ao Valor, Barbosa afirmou que o governo analisa sugestão vinda do próprio mercado financeiro de desonerar do IR, à semelhança do que já ocorre hoje com as debêntures, os FIDCs de infraestrutura. Trata-se, porém, de um desenho mais complicado, explicou, por que esse é um fundo de recebíveis que, nos moldes das debêntures, não pode ter prazo inferior a 4 anos. O FIDC tem três fluxos de caixa: o da empresa de infraestrutura, o do fundo e o do cotista. A ideia é isentar do IR o fluxo de caixa da empresa. A regulamentação será feita sobre a forma do contrato da empresa (por exemplo, a que vai administrar o aeroporto de Guarulhos) com o fundo, de tal maneira que o fundo reproduza as mesmas condições de uma debênture.
A expectativa do governo é que os fundos de recebíveis de infraestrutura sejam um instrumento de forte atração do capital estrangeiro para as novas concessões recém anunciadas, de rodovias e ferrovias, e para as que ainda vão ser divulgadas, de portos e aeroportos. Serão, também, instrumentos atrativos para os fundos de pensão que terão que buscar rendimentos para além da Selic, conforme suas metas atuariais.
Os argumentos que os representantes do mercado financeiro levaram ao secretário executivo são de que o capital externo já conhece bem os fundos de recebíveis no Brasil e eles trazem menos risco do que as debêntures.
Outra questão ainda em análise é se eles terão liquidez diária ou não. Se o investidor abrir mão da liquidez diária, poderá usufruir de maior taxa de retorno. “O mercado diz que se fizermos isso vai entrar muito recurso externo nas concessões”, disse Barbosa.
Atualmente os estrangeiros são isentos do IR tanto nas aplicações em títulos públicos quanto privados de longo prazo, especificamente em papéis ligados à infraestrutura e a investimentos. Já os residentes pagam IR nos títulos federais e nos privados de longo prazo, mas não pagam quando os títulos são vinculados a obras de infraestrutura. Como o Ministério da Fazenda não pretende estender o benefício fiscal para estimular os residentes a aplicarem em papéis privados de mais longo prazo – conceito que envolve “duration” (prazo médio do papel, ponderado pelo fluxo de caixa da amortização do principal da dívida ao investidor) superior a 4 anos – a ideia é desenvolver algum outro tipo de atrativo. “Podemos trabalhar no conceito de “duration””, disse Barbosa.
” Qual a “duration” de uma LFT? Ela é de cinco anos, mas, como é um título indexado à taxa Selic, na verdade o prazo dela é de um dia. É isso que estamos estudando com o pessoal de mercado financeiro. Uma LFT de cinco anos (atrelada à Selic) não é igual a uma NTN-B de cinco anos (indexada ao IPCA).”
Os Exchange Traded Funds (ETF) são fundos que reproduzem a rentabilidade de um determinado ativo – por exemplo, uma ação de uma empresa – e o governo quer instituir de forma mais disseminada esse tipo de investimento no país, que é bastante popular no exterior. “O Ibovespa é meio isso, mas não está bem formatado. O PIBB do BNDES, também”, comentou Barbosa.
O que se discute no grupo de trabalho é como será a tributação do rendimento desse fundo e se o governo pode dar incentivo fiscal, como a isenção do IR, num papel que está sempre trocando de ativos e cujo prazo deverá ser de mais de dez anos. Isso está sendo avaliado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), explicou o secretário.
Além dessas iniciativas, o grupo está preparando a regulamentação das empresas de “factoring”, dentre outras propostas sob exame.
Proposta de Orçamento infla receitas
Valor Econômico
Mesmo com todas as desonerações tributárias que estão programadas para o próximo ano, o governo prevê recorde histórico da arrecadação em 2013. A receita bruta total da União estimada na proposta orçamentária, encaminhada na semana passada ao Congresso Nacional, equivale a 24,7% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar nunca antes atingido. Em 2011, a receita bruta ficou em 23,92% do PIB, e em 22,45% do PIB em 2010.
A avaliação preliminar feita por consultores da Comissão Mista de Orçamento do Congresso sobre a proposta orçamentária é que a previsão do governo para a arrecadação veio muito alta, o que pressupõe um forte crescimento econômico no próximo ano. Caso contrário, haverá frustração de receita, o que terá implicações negativas na execução orçamentária, principalmente no tocante à obtenção da meta de superávit primário.
Em valores nominais, a arrecadação bruta total da União, ou seja, antes das transferências constitucionais para Estados e municípios, deve atingir R$ 1,229 trilhão, segundo a previsão do governo – R$ 139,2 bilhões a mais do que o estimado para este ano no relatório de avaliação de receitas e despesas relativo ao terceiro bimestre.
A arrecadação tributária administrada pela Receita Federal (não inclui a receita previdenciária), por exemplo, atingirá R$ 762,9 bilhões no próximo ano, segundo estimativa do governo. Isso representará um aumento de 12,7% em relação à previsão para este ano, que consta do relatório de avaliação do terceiro bimestre. O crescimento, no entanto, será ainda maior, porque a previsão para este ano não incorpora a frustração de cerca de R$ 5 bilhões ocorrida em julho.
Neste ano, a desaceleração da economia provocou uma grande frustração da arrecadação administrada pela Receita, em virtude, principalmente, da queda da lucratividade das empresas. Durante a entrevista que concedeu na apresentação da proposta orçamentária para 2013, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a estimativa da receita foi elaborada com base na previsão de crescimento de 4,5% da economia em 2013. Segundo o ministro, quando a economia cresce muito, a receita tributária aumenta ainda mais.
O governo prevê também uma forte expansão da receita previdenciária no próximo ano, que deve atingir R$ 314,1 bilhões ante R$ 272,3 bilhões neste ano, de acordo com o relatório do terceiro bimestre. O aumento nominal será, portanto, de 15,3%. Na previsão da receita previdenciária para 2013, no entanto, o governo incluiu um repasse de R$ 5,2 bilhões do Tesouro para os cofres da Previdência Social por conta de compensações por perdas relacionadas com a desoneração da folha de salários das empresas de alguns setores da economia. Essas empresas foram autorizadas a substituir a contribuição patronal ao INSS por uma contribuição sobre o faturamento e o Tesouro terá que cobrir eventuais perdas.
A previsão para a receita com royalties do petróleo (cota parte de compensações financeiras) é de R$ 45,1 bilhões em 2013 ante R$ 36,2 bilhões projetados para este ano, segundo o relatório do terceiro bimestre – um aumento de 24,6%. Ainda não é possível identificar as razões para uma expansão dessa magnitude, pois o mercado não projeta uma elevação muito expressiva do preço do petróleo no mercado internacional no próximo ano e a cotação do dólar está estabilizada em torno de R$ 2.
A estimativa para a arrecadação com dividendos das empresas estatais de R$ 26,3 bilhões também foi considerada fora do padrão pelos consultores. Isso porque, nos últimos anos, o governo tem colocado na proposta orçamentária valores baixos para os dividendos. Ao longo do ano, para compensar frustrações de outras receitas, ele eleva a estimativa dessa receita. Neste ano, por exemplo, a previsão que constava da proposta orçamentária era de R$ 20,4 bilhões e, no relatório do terceiro bimestre, a projeção foi elevada para R$ 26,5 bilhões.