Comércio mundial tem queda pelo 3º mês

O comércio mundial continua caindo, refletindo menor demanda global e menos poder de compra de consumidores, principalmente nas economias desenvolvidas. Em agosto, as exportações e importações declinaram 0,4% em relação ao mês anterior, em queda pelo terceiro mês consecutivo, conforme dados divulgados ontem pelo Centro de Análise Econômica (CPB, em inglês), da Holanda, cujas cifras são acompanhadas atentamente pela Organização Mundial de Comércio (OMC).

No acumulado entre janeiro e agosto, a expansão ficou próxima de 2%, em comparação com o mesmo período de 2011. A OMC já revisou para baixo suas projeções, de 3,7% para 2,5% de crescimento do comércio internacional em volume, em 2012, diante da deterioração maior que a esperada no crescimento da economia mundial.

As transações comerciais de agosto sugerem que a expansão continuará quase nula para o resto do ano. A consultoria Capital Economics, de Londres, estima que o comércio mundial em volume não crescerá mais de 2% em 2012, comparado a 5,8% no ano passado e 215,1% em 2010.

Em agosto, as economias emergentes registraram queda tanto nas exportações como nas importações. Por sua vez, o Japão teve a maior queda nas importações, de 3,9%, comparado a julho. E os EUA, um maior declínio nas exportações, de 2,6%

A produção industrial global estagnou em agosto, depois de leve alta de 0,3% em julho. A produção declinou nos EUA e também no Japão e na Europa Central.


Vale reduz investimentos, prepara venda de ativos e busca sócios para projetos

O Estado de S. Paulo

A Vale anunciou ontem a entrada em novo ritmo de crescimento. O tom cauteloso adotado pelo diretor de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, para explicar o tombo de quase 60% no lucro da mineradora no terceiro trimestre não deixou dúvidas de que o momento é de ajustes, o que inclui investimentos menores, venda de ativos menos rentáveis e a busca de mais parceiros para seus projetos.

Sem adiantar cifras, o executivo afirmou apenas que o orçamento para 2013 será menor que o deste ano. Inicialmente, os investimentos para este ano chegariam a US$ 21 bilhões. Até setembro, a cifra alocada foi de US$ 12,253 bilhões. “O momento é de se fazer mais com menos.”

Siani lembra que o investimento a ser anunciado ainda será o maior entre as empresas privadas brasileiras. “A Vale tem sido ágil ao se adaptar (à atual realidade da economia mundial).”

Ontem, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, participou de audiência com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Saiu pelos fundos, fugindo ao cerco dos jornalistas. Segundo fontes do governo, Ferreira comunicou a Dilma interesse da Vale em participar de concessão de ferrovias.

Investidores viram com bons olhos a mudança da Vale. As ações subiram forte, apesar do lucro em queda. A “arrumação de casa” ficará mais clara em novembro, quando a Vale anunciará seu plano estratégico. Todas as atenções estarão voltadas ao megaprojeto Serra Sul, no Pará. Orçado em US$ 19,5 bilhões e com capacidade para 90 milhões de toneladas de minério, o investimento é prioritário.

Para conseguir caixa para desenvolver Serra Sul com tranquilidade, a companhia já programa novos desinvestimentos. Em maio, a Vale vendeu seu ativo de carvão térmico na Colômbia por não considerar o segmento no seu foco estratégico. Siani adianta que outras operações estão no radar para os próximos “seis, 12 e 18 meses”. E deu algumas pistas.

Segundo ele, as vendas vão se concentrar em ativos no exterior, fora do foco estratégico da empresa e considerados “pequenos para o tamanho da Vale”. A expectativa é de que siga a mesma linha da venda de ativos de carvão térmico na Colômbia e os de Caulim, nos Estados Unidos.

Além desse movimento, a Vale pretende ampliar parcerias para reduzir o desembolso de recursos. Mas Siani avisa que as associações não vão incluir os ativos de minério de ferro, carro-chefe da companhia. Com as parcerias, a ideia é desenvolver bons projetos sem que a Vale precise desembolsar tanto. “Nosso intuito é viabilizar os projetos e não interrompê-los.” A escolha dos parceiros, revelou, vai se dar pela visão de longo prazo e pelo objetivo de ampliar os ativos.

As parcerias devem incluir os segmentos de níquel, fertilizantes e carvão. Os negócios na área de logística, como portos e ferrovias, também serão reavaliados.

O executivo não adiantou qual será o futuro dos ativos de óleo e gás da mineradora. Entretanto, informou que a companhia já recebeu propostas de compra.


Governo grego manterá cortes mesmo sem apoio

O Estado de S. Paulo

O ministro das Finanças, Yannis Stournaras, disse que o governo grego apresentará um plano de cortes orçamentários de bilhões de euros a autoridades da zona do euro e que apesar da recusa de seus parceiros na coalização governista a apoiar qualquer reforma trabalhista, prosseguirá com os cortes exigidos.

“Este é o único obstáculo que resta para termos um acordo. Eu espero que eles concordem”, afirmou Stournaras, acrescentando que é altamente improvável que os credores do país aceitem compromissos adicionais sobre as necessidades de empréstimos de resgate.

Ele afirmou que o Esquerda Democrática deveria aprovar o pacote de austeridade o mais rápido possível, mas que, independentemente do que o partido decidir, o próximo conjunto de medidas de austeridade será apresentado ao Parlamento na próxima semana.

“Exaustão”. O ministro cancelou ontem uma aparição no Parlamento depois de ir ao hospital por causa de sintomas de gripe e exaustão. Stournaras foi aconselhado a descansar. “Ele foi ao médico e diagnosticado com exaustão e gripe forte”, disse um porta-voz do Ministério das Finanças.

O predecessor de Stournaras, Vassilis Rapanos, foi levado às pressas ao hospital depois de ter sido nomeado ministro em junho, reclamando de fortes dores abdominais, náusea e diarreia. Poucos dias depois ele recusou o cargo.

O ex-ministro de Finanças Evangelos Venizelos, um dos três líderes da coalizão conservadora da Grécia que teve papel importante na negociação do segundo resgate de 130 bilhões foi hospitalizado em novembro por causa de problemas estomacais.


Empréstimos caem 1,3% na zona do euro

O Estado de S. Paulo

A injeção de 1 trilhão pelo Banco Central Europeu (BCE) pode ter servido como um balão de oxigênio para bancos da Espanha ou da Itália. Mas dados revelados ontem confirmam que esse dinheiro não chegou até as famílias e os empréstimos dados por bancos a privados voltou a se contrair.

Apenas no mês de setembro, a redução de empréstimos nos 17 países da zona do euro foi de 1,3%. Agosto já havia registrado uma queda de 0,6%. Desde abril, a queda nos empréstimos chegou a mais de 143 bilhões.

Parte da queda é explicada diante dos esforços de bancos em reduzir suas balanças de pagamentos e responder às novas exigências de capital da União Europeia. Nos últimos dias, bancos como Santander, Credit Suisse e UBS anunciaram plano para reduzir custos pelos maus resultados.

A injeção de recursos pelo BCE tem criado atritos entre os europeus e países como o Brasil, que acusam Bruxelas de ter inundado o mercado com dinheiro que, no lugar de incentivar a economia, acaba indo para investimentos especulativos.

Para analistas, o risco é de que a Europa siga o caminho do Japão no início dos anos 90. Tóquio registrou queda significativa dos créditos, o que acabou tendo levando o país para a sua “década perdida”.


Emenda indica que Espanha vai acessar crédito de 60 bi

O Estado de S. Paulo

A Espanha deverá acessar os 60 bilhões de uma linha de crédito europeia definida em junho para recapitalizar seus bancos em dificuldades. É o que indica uma emenda a um projeto de lei no Congresso, embora o governo ainda planeje usar apenas 40 bilhões desse montante.

A proposta – uma emenda de um projeto de lei sobre reforma do setor financeiro – ainda não foi votada. Ela foi apresentado pelo Partido Popular, que tem maioria absoluta. A reforma do setor financeiro tem de ser aprovada antes do fim de novembro, como parte das condições para a Espanha conseguir ajuda para seus bancos.

Uma porta-voz do Ministério da Economia disse que a medida tem o objetivo de garantir que o governo tenha fundos suficientes para sustentar os bancos, mas ainda estima que apenas cerca de 40 bilhões serão usados.

Um teste de estresse independente do sistema financeiro da Espanha publicado no mês passado mostrou que os bancos precisam de cerca de 60 bilhões para resistir à séria contração da economia.

Rating

Ainda ontem, a agência de classificação de crédito Standard & Poor”s reduziu os ratings de vários bancos franceses, incluindo BNP Paribas, advertindo que eles estão ficando mais expostos a uma possível prolongada recessão na zona do euro.

Citando riscos econômicos, incluindo um mercado imobiliário superaquecido na França, a S&P cortou os ratings que medem o risco de contraparte do BNP e de dois bancos menores, que não são listados em bolsas. A agência também alterou a perspectiva de dez bancos, incluindo o Societé Générale e o Crédit Agricole de “estável” para “negativa”. O BNP se recusou a comentar.

Bancos franceses têm diminuído sua exposição a economias periféricas da zona do euro, incluindo a Grécia, ao longo do ano passado. No entanto, eles têm grande exposição à Itália, que está em recessão. “Os riscos econômicos sob os quais bancos franceses operam aumentaram, em nossa opinião, deixando-os moderadamente mais expostos à possibilidade de uma recessão mais prolongada na zona do euro”, disse a S&P em comunicado.

O rating do BNP foi reduzido de AA- para A+. A S&P também cortou os ratings de contraparte do Solfea, uma subsidiária da companhia elétrica GDF Suez de A para A- e da Cofidis, um braço de crédito de consumidor do banco cooperativo Crédit Mutuel, de A- para BBB+.

A perspectiva para esses três bancos é negativa. A S&P também disse ter perspectiva para o Societé Générale, Crédit Agricole, BPCE, Crédit Mutuel, Banque Postale e RCI Banque, controlado pela Renault.


Congresso infla Orçamento

Correio Braziliense

O orçamento de 2013 para lá de otimista enviado pelo governo ao Congresso, em agosto deste ano, ancorado num crescimento da economia de 4,5%, não foi suficiente. A Câmara e o Senado pretendem inflar ainda mais as receitas do ano que vem para acomodar mais despesas, como as tradicionais emendas de parlamentares. O relator do Comitê de Receitas da Lei Orçamentária para 2013, na Comissão Mista de Orçamento, deputado Claudio Puty (PT-PA), aumentou em R$ 23,8 bilhões a previsão da arrecadação.

No relatório apresentado ontem, além de acreditar que a economia vai crescer 4,5% — o que o mercado já descartou e que nem o governo acredita mais —, o deputado aposta no aumento del3% da massa salarial para o incremento de recursos nos cofres públicos maior que o esperado pelo Palácio do Planalto. O relator admitiu que parte do dinheiro incluído se destina a emendas parlamentares e às compensações da Lei Kandir a estados e municípios que perdem com impostos menores sobre as exportações.

Com a entrega do relatório, o próximo passo será a votação pelos integrantes da Comissão Mista, o que deve acontecer na próxima semana. A partir daí, abre-se o prazo para apresentação de emendas. O projeto de Orçamento precisa ser apreciado pelo plenário do Congresso até 22 de dezembro.

Para o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria, os números estão inflados demais. de crescimento de 3,8%, com viés de baixa. Isso fica bem abaixo da estimativa do relator”, afirma. Para ele, a massa salarial, que ajuda a aumentar a receita das contribuições previdenciárias, aumentará, mas o impacto sobre as receitas não será tão expressivo por conta das desonerações da folha de pagamento das empresas. O governo substituiu, a partir de setembro, os 20% de contribuição patronal de 40 setores produtivos pelo percentual de 1% e 2% sobre o faturamento.

O acréscimo de receitas não previstas no projeto orçamentário do Executivo já é tradição no Congresso. O deputado Cláudio Puty alega que o governo é “conservador” em relação à estimativa de arrecadação e que, por isso, o Legislativo acaba revisando os valores. Com governo e Congresso inflando receitas, o que acontece na prática é a constante revisão do Orçamento pelo Ministério do Planejamento durante o ano de sua execução.

Frustração

Porém, desde 2009, até as reestimativas feitas pelo governo para se adequar à realidade do que entra e sai dos cofres públicos têm sido frustradas e sistematicamente ajustadas por conta da crise internacional. O mesmo acontecerá em 2013, na avaliação de Felipe Salto. “Não tem nada de novo nisso”, constata ele.

Após a entrega do relatório do projeto de lei do Orçamento de 2013, o próximo passo é a votação pelos integrantes da Comissão Mista, o que deve acontecer na próxima semana, segundo previsão do seu presidente, deputado Paulo Pimenta (PT-RS). A partir daí, abre-se o prazo para apresentação de emendas para os relatores setoriais definirem quais serão atendidas. O projeto do Orçamento precisa ser apreciado pelo plenário do Congresso até o dia 22 de dezembro.

Concessões

De acordo com o relatório, dos R$ 23,8 bilhões a mais de receitas, R$ 13,4 bilhões serão de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal e R$ 2,7 bilhões pelo INSS. As concessões públicas vão gerar mais R$ 3,3 bilhões do que o previsto pelo governo, além de R$ 2,3 bilhões a mais em dividendos das estatais e R$ 2,1 bilhões provenientes de aumento com compensações financeiras de recursos minerais. Mas uma pequena parte desse acréscimo, R$ 1,8 bilhão, vai para estados e municípios.

Segundo Puty, não foram levados em consideração os royalties referentes aos leilões da camada pré-sal, pois as normas regulamentadoras ainda não foram aprovadas pelo Congresso. A concessão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Viracopos (SP) vão gerar R$ 900 milhões e o pagamento pelas concessões da banda 4G de telefonia celular, R$ 369 milhões.


BNDES financiará pacote de portos e aeroportos

O Estado de S. Paulo

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar dois terços de todos os investimentos previstos no plano de concessões de portos e aeroportos, que o governo deve lançar em novembro.

Segundo o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho, a decisão é “participar pesadamente do financiamento das infraestruturas de logística” do País. Essa participação também inclui a concessão de empréstimos para obras em rodovias e ferrovias.

“Deveremos financiar um porcentual importante, dois terços em média, de todo o investimento em portos e aeroportos”, enfatizou o executivo ontem, após participar de solenidade no Palácio do Planalto. “São infraestruturas que têm um prazo de maturação relativamente longo e demandam um crédito de longo prazo”, explicou.

Coutinho estima que a emissão de títulos (debêntures) para financiar projetos de infraestrutura poderá girar de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões no próximo ano. “Acho que o potencial de emissão de debêntures para infraestrutura é muito grande, já a partir do próximo ano”, afirmou.

Incentivos

A primeira etapa do programa de logística, lançada em agosto pela presidente Dilma Rousseff, trata das concessões de ferrovias e rodovias. O plano do governo prevê um total de R$ 133 bilhões em investimentos num período de 25 anos. Agora será a vez dos portos e aeroportos. O plano tem por objetivo incentivar investimentos públicos e privados na infraestrutura do País.

Os ajustes feitos pelo governo nas regras sobre a emissão desse tipo de papel devem ajudar a aumentar o apetite por esse tipo de mecanismo, usado para captar recursos no mercado financeiro. Os investidores que comprarem essas debêntures estão isentos do pagamento de Imposto de Renda.

“Essa lei foi aperfeiçoada e estamos em tratativas com bancos de investimentos e fundos de pensão, de maneira a tornar esse um instrumento de mobilização de poupança e de compartilhamento do financiamento de longo prazo junto com o BNDES”, informou.

Coutinho ponderou que, com a queda da taxa de juros, os títulos do Tesouro Nacional passaram a oferecer rendimento mais baixo. Assim, tanto os fundos de investimento – para remunerar seus cotistas -, quanto os fundos de pensão, precisam buscar novas alternativas de rendimento mais alto. “E não há nada melhor do que os investimentos em infraestrutura”, garantiu.

Segundo o presidente do BNDES, investimentos em rodovias, portos e aeroportos podem oferecer retorno com perfil de longo prazo e com risco relativamente baixo.

“O prazo dessas debêntures tem de ser, no mínimo, de quatro anos. Mas, idealmente, essas debêntures têm de ser compatíveis com os prazos dos investimentos”, explicou. “Elas precisam ter prazos longos, senão todos os investimentos de longo prazo ficam por conta do BNDES, que já está sobrecarregado”, completou.


Cresce déficit comercial da indústria de transformação

Valor Econômico

Estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostra que o déficit da balança comercial da indústria de transformação se aprofundou este ano. De janeiro a setembro do ano passado, o saldo negativo era de US$ 35,3 bilhões. No mesmo período deste ano, o déficit foi de US$ 38,7 bilhões.

A fatia dos produtos da indústria de transformação na exportação brasileira avançou de 57,7%, de janeiro a setembro de 2011, para 58,3% em igual período de 2012. O cálculo leva em consideração a classificação dos bens exportados pelos critérios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O aumento, porém, não se deve ao bom desempenho dos industrializados, mas sim a uma perda de participação, provocada por queda de preços, dos produtos da agropecuária e da extração mineral, diz o economista Rogério César de Souza, do Iedi.

Para Souza, a recuperação do saldo da balança de transformação não deve acontecer de forma imediata, mesmo com real mais desvalorizado em relação ao dólar. Para o economista do Iedi, o longo tempo de depreciação da moeda nacional fez diferença. “Isso alterou o arranjo da cadeia produtiva doméstica”. A desestruturação, diz, faz com que seja necessário prazo maior para reverter a deterioração. Além disso, contribuem negativamente a queda de demanda pela desaceleração econômica da China, da Europa e dos Estados Unidos.

Olhando a exportação pela classificação da intensidade tecnológica, é possível ver um déficit menor dos produtos de alta tecnologia em relação ao ano passado. Mesmo assim, o saldo negativo continua alto. O déficit de US$ 22,6 bilhões no acumulado até setembro só não é maior que o de 2011.

Os embarques de alta tecnologia somaram nos primeiros nove meses deste ano US$ 7,1 bilhões, o que significa elevação de 6% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações desses produtos tiveram leve recuo, de 0,6%.

A maior deterioração da balança da indústria de transformação foi puxada pela indústria de média-alta tecnologia, que apresentou aumento do déficit, e pelo segmento de baixa tecnologia, que apresentou superávit menor do que do ano passado.

A indústria de média-alta tecnologia é, desde 2008, a que mais contribui para o déficit da indústria de transformação. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o segmento apresentou saldo negativo de US$ 39,3 bilhões, o que representa US$ 1 bilhão a mais de déficit em relação ao mesmo período do ano passado.

Dentro da média-alta tecnologia, chama atenção o setor de veículos, reboque e semirreboques. Levando em conta o período de janeiro a setembro, esse segmento era superavitário até 2008. A partir de 2009, a deterioração acentuou-se ano a ano e chegou a um déficit de US$ 5,4 bilhões nos primeiros nove meses de 2012, ante saldo negativo de US$ 5 bilhões em igual período de 2011.

O desempenho das indústrias de média-baixa tecnologia e de baixa tecnologia preocupa, diz Souza. A balança dos bens de média-baixa tecnologia era superavitária de janeiro a setembro desde 1989, o início da série levantada pelo Iedi. A partir de 2010, porém, o saldo desse tipo de indústria passou a ter sinal negativo. Nos primeiros nove meses de 2012, o déficit foi de US$ 5,5 bilhões, o que significa queda de 1,8% no saldo negativo em relação ao ano passado.

Na indústria de média-baixa tecnologia, diz Souza, os setores mais importantes são os de produtos metálicos e os de produtos de petróleo refinado. Os déficits da indústria de petróleo refinado costumavam ser compensados pelos saldos positivos dos produtos metálicos. Nos últimos três anos, porém, os superávits dos produtos metálicos não foram suficientes para fazer essa compensação, considerando-se os nove primeiros meses do ano.

O setor de baixa tecnologia foi o único superavitário no acumulado até setembro. O saldo positivo, porém, caiu de US$ 31,8 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado para US$ 28,7 bilhões este ano. A deterioração foi provocada por elevação das importações e queda nas exportações. Os embarques de produtos de baixa tecnologia somaram US$ 42,6 bilhões no acumulado até setembro, o que significa recuo de 5,7% em relação a igual período de 2011. A importação desses tipos de bens somou US$ 13,9 bilhões, com alta de 3,7%.

Dentro da baixa tecnologia, as exportações mais representativas são as da indústria de alimentos, bebidas e fumo, que somaram US$ 31,9 bilhões no acumulado até setembro deste ano. Essa venda ao exterior foi 5,1% menor do que a do ano passado.

As importações, porém, tiveram elevação. A importação de alimentos, bebidas e fumo, assim como a de têxteis e calçados, bateu recorde para o período. Foram desembarcados, no acumulado até setembro, US$ 5,1 bilhões em alimentos e bebidas e US$ 5,2 bilhões em têxteis e calçados.

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