Desempenho fraco da indústria pode levar CNI a revisar projeções para 2012

O fraco desempenho da indústria em setembro levou a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a diminuir o otimismo em relação à recuperação do setor. As projeções feitas para este ano – crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e de 1,9% da indústria de transformação – serão revistas em breve.

“A recuperação da indústria, que todos estão esperando para este último período do ano, está mais fraca do que o previsto “, disse o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. “O resultado para o último trimestre pode ser pior do que o estimado.”

Segundo a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada pela CNI, a utilização da capacidade instalada ficou estável em setembro ante agosto, em dados dessazonalizados, mantendo patamar de 80,9%. Em setembro deste ano, sem ajuste, o indicador ficou em 82,1%.

A pesquisa também mostrou que o faturamento real da indústria recuou 1,7% no período, ante agosto, feitos os ajustes sazonais, e caiu 0,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O emprego ficou estável em setembro, na comparação com o mês anterior, e teve retração de 0,6% ante setembro de 2011. O número de horas trabalhadas caiu 0,7% na indústria em setembro, ante agosto, com ajuste. Em relação a setembro de 2011, houve diminuição de 3,8%.

A massa salarial real na indústria teve desempenho negativo em setembro, com queda de 0,6% ante agosto. O dado é deflacionado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mas não é dessazonalizado. Em comparação com setembro de 2011, o indicador recuou 0,1%. O rendimento médio real, que não é dessazonalizado, mas corrigido pela inflação, caiu 1% ante agosto e cresceu 0,6% em relação a setembro de 2011.


Dilma rejeita mudanças na MP do setor elétrico

O Globo

Em jantar no Palácio da Alvorada, anteontem, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não vai aceitar que o Congresso mude o texto da medida provisória 579/2012, para aumentar o valor da indenização e o teto tarifário para os novos contratos do setor elétrico. O recado foi dado ao relator da MP, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). O texto estabelece novas regras para o setor elétrico e reduz as tarifas ao consumidor e à indústria, 20% em média, a partir de fevereiro. O objetivo é reduzir o Custo Brasil e aumentar a competitividade das empresas brasileiras.

– Aqueles que não concordarem, devolvam a concessão – afirmou Dilma.

A proposta é antecipar a renovação dos contratos que vencem até 2017, desde que as empresas aceitem as novas condições. O governo pagará indenizações de mais de R$ 20 bilhões no total para geradoras e transmissoras que renovarem seus contratos até 2024 cobrando tarifas menores.

Fitch reavalia Eletrobras

A razão desse pagamento é ressarcir investimentos ainda não amortizados. As concessões de quem não aceitar as novas condições irão a leilão. O montante anunciado, porém, ficou muito abaixo do esperado pelas companhias. Deputados e senadores apresentaram emendas à MP para tentar aumentar esses valores, e as empresas ameaçam ir à Justiça. A Eletrobras, por exemplo, esperava receber R$ 30 bilhões e terá R$ 14 bilhões.

Os critérios para renovação das concessões do setor elétrico adotados pelo governo levou a agência de rating Fitch colocar ontem em perspectiva negativa a nota de classificação de risco da Eletrobras, empresa considerada a mais afetada pelas medidas, atualmente de BBB (grau de investimento). Segundo a Fitch, a indenização de R$ 14 bilhões oferecida pelo governo não seria suficiente para a empresa compensar os novos patamares de tarifas. Um rebaixamento da nota significaria custos maiores para a empresa financiar seus projetos. A Fitch também alertou para impactos de neutro a negativo em outras empresas do setor, como a Cteep, Copel e Cemig.

fiscalização contra apagão

O Palácio do Planalto pretende fazer um cavalo de batalha em torno disso e aposta que deputados e senadores não terão coragem de votar contra a redução de tarifa. A presidente sustentou ainda que não há descumprimento de contrato.

– O país carregou nos últimos 15 anos a precificação desses ativos, feita pelo Fernando Henrique (Cardoso), para acumular lucros gigantescos para o setor – disse um dos presentes no jantar, dando o tom da conversa com Dilma.

A presidente citou ainda o apagão do último dia 26, que atingiu o Nordeste e áreas do Tocantins e do Pará, causado por uma pane em uma linha da Taesa, controlada pela Cemig. A presidente disse que os técnicos chegaram à conclusão que foi um erro de operação, uma falha no sistema de trabalho. Para evitar a repetição de problemas como esse, disse querer que as empresas fiscalizem umas às outras.


Apesar de crédito contido, mercado não espera ação do BCE

Valor Econômico

Em um ano na presidência do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi vem reiteradamente alertando para as condições de crédito na zona do euro, motivo pelo qual não só levou a cabo reduções na taxa de juros (“repo rate”) para 0,75% como também da taxa de depósito, para zero.

No mais, injetou € 1 trilhão nas operações de LTRO (de refinanciamento de longo prazo) e anunciou em setembro o programa de compra de ativos OMT (“Outright Monetary Transactions”), dando a possibilidade de os países membros terem seus títulos soberanos comprados no secundário pelo ESM (Mecanismo Europeu de Estabilidade) sob condicionalidades. Este último ainda não estreou porque não houve demanda oficial dos países na alça de mira do mercado e que não estão na tutela da troica, como Espanha e Itália.

Apesar da oferta de dinheiro a custos tão baixos, o crédito continua com taxas de crescimento negativas, o que está na base das reclamações de Draghi de que os mecanismos de transmissão monetária estão, na verdade, obstruídos.

A julgar pela última pesquisa do BCE sobre empréstimos bancários (“Banking Lending Survey”, relativa ao terceiro trimestre), isso é verdade. A oferta de crédito está mais restrita e a demanda, mais tímida. Houve aumento líquido do número de bancos que reportaram restrições de oferta de crédito a empresas não financeiras (15%) e ao consumidor (3%). O mesmo ocorreu com os empréstimos hipotecários (12%). Os bancos também mostraram maior queda líquida na demanda de empresas não financeiras (28%), crédito ao consumo (22%) e imobiliário (25%).

A questão é: o que mais o BCE pode fazer para “rodar a roda”?

Para as 12 casas consultadas pelo Valor Data, nada será anunciado hoje na reunião do BCE. Bank of America Merrill Lynch, Bank of Ireland, BNP Paribas, Citi, Deutsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, J.P. Morgan, Jefferies, Morgan Stanley, Nomura e UBS acreditam que o BCE não alterará a taxa básica de juros da zona do euro. A maioria deles também acredita que não haverá detalhamento do programa OMT.

Há razões para não se esperar ações agora: as novas projeções para a economia da região só serão divulgadas na reunião de dezembro e, se não houve ativação do OMT, não há razões para o detalhamento do programa.

As últimas projeções do BCE mostraram elevação da inflação média de 1,6% para 1,9% em 2013 e PIB médio com crescimento de 0,5% – de 1% em junho. Em dezembro, veremos o que mudou na percepção do banco central, inclusive seu primeiro olhar para 2014. Do lado da inflação, é bom lembrar que boa parte da alta neste ano decorreu de aumento de impostos e preços administrados. Sendo assim, não é razoável imaginar que esses efeitos impediriam o BCE de continuar a afrouxar a política monetária se necessário, ainda mais em um contexto de crescimento pífio.

Nesse sentido, três das casas consultadas aventam a possibilidade de uma redução na taxa de juros a partir de dezembro. Para o Citi, se o BCE sinalizar no comunicado desta semana que os riscos para baixo em suas projeções podem se materializar, estará deixando a porta aberta para um corte no mês que vem. O banco acredita, contudo, que ainda que o juro seja reduzido, a taxa de depósitos provavelmente será mantida em zero, o que estreitaria o corredor entre elas de 75 para 50 pontos-base. Essa opinião é compartilhada pelo J.P. Morgan, que julga improvável uma taxa de depósitos negativa no curto prazo.

A equipe de pesquisa econômica do Morgan Stanley, por outro lado, acredita que em dezembro o BCE cortará em 25 pontos-base tanto os juros quanto a taxa de depósitos, mantendo a distância entre elas em 75 pontos – caso contrário, o impacto do afrouxamento monetário será reduzido.

O Deutsche Bank defende que a necessidade do corte é evidente diante das condições da economia, mas demorará para ser reconhecida pelo BCE, tanto que novas ações viriam apenas no fim do terceiro trimestre de 2013.

Dada a escassez de novidades no comunicado, é provável que Draghi seja novamente pressionado na sessão de perguntas e respostas da conferência de imprensa sobre o (não) pedido de resgate da Espanha, a situação da Grécia e as condicionalidades do OMT. O presidente do BCE, contudo, deve continuar a se esquivar das perguntas relacionadas à Espanha e, segundo o Nomura, deverá repetir as respostas conferidas na última reunião: que o OMT está pronto para ser ativado e que um resgate depende apenas da decisão dos governos. De novo: o BCE não pode fazer pelos países o que eles mesmos não fazem.

Em tempo: O Banco da Inglaterra (BoE) deve ficar quieto nesta reunião, segundo a pesquisa Valor Data. O programa de compras de ativos, de 375 bilhões de libras, acaba neste mês, e 11 das 12 casas consultadas não contam com sua extensão. O Goldman Sachs é o único a acreditar que o BoE anunciará uma expansão de 25 bilhões de libras esta semana, por haver necessidade de mais estímulos.


Inflação de serviços continua elevada

Valor Econômico

O IPCA de outubro mostrou mais uma vez um quadro inflacionário pouco confortável, embora não explosivo. A alta de 0,59% do indicador não se resumiu às pressões mais fortes dos grupos de alimentação e bebidas e vestuário. O índice de difusão, que mostra o percentual de itens com variação positiva, atingiu 68,8% no mês passado, acima dos 66,3% de setembro. É o número mais alto desde 2005, como destacou o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman, sócio da Schwartsman & Associados. Isso mostra uma inflação mais disseminada, que subiu bastante não apenas por causa do avanço de 1,36% de alimentação e bebidas.

Chama a atenção a alta de 0,51% dos serviços, idêntica à de setembro, mesmo num mês em que o item empregado doméstico, com grande peso no grupo, caiu 0,16%. A questão é que vários outros itens subiram com força. Entre os serviços pessoais, cabeleireiro avançou 1,1% em outubro, por exemplo. Já o subgrupo consertos e manutenção teve alta de 1,05%. Alimentação fora do domicílio, incluído pelo BC no grupo de serviços a partir deste ano, subiu 0,99% – aumento que também reflete a alta forte de alimentos e bebidas.

O mercado de trabalho aquecido, com desemprego baixo e rendimento crescente, abre espaço para os prestadores de serviços promoverem altas mais salgadas de preços. Em 12 meses, o grupo subiu 7,98%, uma fonte importante de pressão para o IPCA, que teve aumento de 5,45% no período.

Outro sinal de que a inflação mais elevada não se deve apenas à alta de alimentos ou ao vestuário é dado pelo comportamento dos núcleos, que buscam excluir, ou pelo menos diminuir, o peso dos itens mais voláteis. O núcleo por dupla ponderação, que reduz a influência dos itens que mais oscilam, subiu 0,55% em outubro, mais que o 0,51% de setembro.

Em 12 meses, o aumento é de 5,59%, bem acima do centro da meta, de 4,5%. O núcleo calculado por médias aparadas com suavização – que elimina as 20% maiores altas e 20% maiores baixas e dilui em 12 meses alguns itens, como preços administrados – teve alta de 0,54% em outubro e de 5,69% em 12 meses, segundo cálculos da LCA Consultores.

Mas não houve apenas más notícias no front inflacionário. A alta de 1,36% dos alimentos no IPCA de outubro já ficou abaixo da variação de 1,56% registrada pelo grupo no IPCA-15, indicando desaceleração nas cotações desses produtos. Além disso, o IGP-DI de outubro teve deflação de 0,31%, puxado para baixo pela queda 1,34% dos preços agropecuários e de 0,42% dos preços industriais, sempre no atacado. Alimentos em queda no atacado vão produzir algum alívio no varejo, tirando pressão dos IPCs.

O ponto é que a inflação de serviços tende a seguir elevada. O mercado de trabalho segue firme, e a economia se recupera, ainda que a um ritmo não muito forte. Para este ano, o IPCA deve fechar na casa de 5,5%, percentual que pode se repetir em 2013, mesmo com o corte das tarifas de energia tirando algo como 0,6 ponto percentual do IPCA. A convergência para o centro da meta, de 4,5% parece muito improvável.


Desembolsos do BNDES em outubro atingem R$ 14 bi, 5% acima do projetado

Valor Econômico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desembolsou em outubro R$ 14 bilhões, 5% a mais que o valor projetado pelo banco para o período. A informação foi dada ontem pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho. De acordo com ele, a expectativa de desembolso para o ano permanece por volta dos R$ 150 bilhões. Coutinho participou de evento promovido pela Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro.

“Se a demanda de fato se acelerar, nós poderemos chegar lá, vamos trabalhar eficientemente”, disse Coutinho, que destacou que a demanda de consultas nas linhas de operação indireta aumentaram em outubro. Ele também destacou que a posição “mais seletiva” dos bancos públicos para liberar empréstimos para empresas, em função do crescimento da inadimplência desde o ano passado, tende a se atenuar na medida em que a economia retomar o crescimento.

O ritmo mais lento de desembolsos tem levado o mercado a considerar que o governo pode decidir, mais uma vez, pela extensão do Programa de Sustentação do Investimento, com taxas de 2,5% para o financiamento de bens de capital, investimento e tecnologia, que tem previsão para se encerrar em dezembro. O prazo anterior era agosto.

“Em tese nós temos que trabalhar com o PSI até o fim do ano”, afirmou o presidente do BNDES, que evitou dizer se o programa será estendido ou não.

Coutinho reiterou ainda que há a previsão de que o empréstimo para a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará, seja aprovado ainda neste ano. “Nós estamos trabalhando para concluir a aprovação este ano”, disse Coutinho.


Inflação continua se equilibrando no fio da navalha

O Estado de S. Paulo

O choque na oferta de alimentos, que entrou pela porta de uma grande seca nos Estados Unidos e se espalhou por mercados cerealistas locais, parece ter esgotado a capacidade de empurrar a inflação para cima. Nem por isso o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é base para o sistema de metas de inflação, deixará de sofrer o impacto de altas de outros preços. É certo que o índice continuará a evoluir no fio da navalha, embora sem ameaça de superar o teto da meta.

Vilões, mais uma vez, da elevação do IPCA em outubro, os alimentos já deram o que tinham de dar para desviar o índice da rota desejada para o centro da meta de inflação. Também divulgado ontem, o Índice Geral de Preços (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas, apontou deflação, causada principalmente pelo recuo dos preços agrícolas no Índice de Preços no Atacado, principal elemento da composição do IGP. É uma indicação segura de que, nos próximos meses, os alimentos darão folga aos índices ao consumidor.

Com a saída de cena dos alimentos, porém, outros grupos de preços devem manter a inflação sob pressão. Em outubro, houve altas em seis dos nove grupos do IPCA, com destaque para vestuário, que subiu além do previsto, mesmo para o período de mudança de coleções e consequente alta nos preços. Também os preços dos veículos voltaram a subir.

Todas as medidas de núcleo de inflação continuaram avançando em relação a setembro. E, mesmo quando se exclui o item alimentos, o índice de difusão de altas, tomado o conjunto de preços do IPCA, manteve-se em torno de 65%. O fato de a difusão das altas ter se estabilizado não indica despreocupação. Ao contrário, mostra que as pressões atingem quase dois terços dos preços.

A difusão das altas nos preços, contudo, não pode ser tomada como indicativo de descontrole nos índices de inflação. Nos próximos meses, os analistas preveem alívio nas pressões em alimentos e vestuário e novas altas em itens dos grupos habitação, transportes e despesas pessoais.

Tudo bem medido, as projeções apontam para elevações mensais do IPCA entre 0,5% e 0,6%, nos dois meses que faltam para fechar o ano. Isso significa que continuará a subir, mas não a ponto de escapar das vizinhanças de 5,5% – ponto equidistante entre o centro e o teto da meta de inflação.


Outubro tem maior saída de dólares em 28 meses

Valor Econômico

O aumento nas remessas de lucros e dividendos ao exterior por empresas estrangeiras instaladas no Brasil é o responsável pela forte saída de dólares do país, de US$ 3,823 bilhões, em outubro, terceiro mês seguido de fluxo cambial negativo – o pior resultado desde junho de 2010. Para os próximos meses, a expectativa é de fluxo fraco, por conta dessas remessas e pela percepção que as constantes intervenções do governo no câmbio têm mantido afastados parte dos investidores estrangeiros.

A dúvida agora é se o Banco Central terá de inverter a mão em algum momento e oferecer liquidez ao mercado, já que o fluxo negativo levou os bancos a fecharem outubro com posição vendida de US$ 3,658 bilhões no dólar à vista. Essa é a primeira vez que essas instituições encerram um mês apostando na desvalorização da moeda americana desde dezembro de 2011. Para economistas, leilões de venda de moeda à vista pelo BC não condizem com a atual política cambial, dado que a valorização do real poderia colocar em risco a ainda tímida retomada da indústria.

Para Roberto Serra, gestor da Fram Capital, uma saída para o BC seria realizar leilões de venda de dólares conjugados com leilões de compra.

“Esse tipo de operação não tira dólar das reservas, e, como tem volta (o BC recompra os dólares), o impacto no dólar seria mais leve”, diz. O BC, porém, só lançará mão desse instrumento caso o fluxo continue negativo, com saídas iguais ou mais fortes que as mais recentes, diz. “Não vejo cenário de recuperação firme no fluxo nos próximos meses, mas precisaria haver saídas muito volumosas para que o BC se visse obrigado a prover liquidez ao mercado.”

A última vez em que o BC fez leilão de empréstimo com compromisso de recompra foi em dezembro de 2011, mas acabou não aceitando nenhuma proposta.

“Esse fluxo foi significativo, sim, mas já estava dentro do preço desde meados de julho. O mercado já sabia que haveria mais saídas que entradas em outubro”, diz Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do Banco Paulista. Ele concorda que o fluxo deve se manter perto do equilíbrio nestes últimos dois meses do ano. Dessa forma, não seria necessário que o BC oferecesse dólares para suprir o mercado. Para ele, nem mesmo a proximidade com o teto da banda cambial do BC, de R$ 2,05, seria suficiente para que a autoridade monetária atuasse na ponta vendedora.

“O BC não quer o dólar perto de R$ 2 nem muito perto de R$ 2,05. Mas o detalhe é que, mais para cima, ele tem mais paciência”, diz.

O grande fluxo negativo de outubro, na opinião de Tiago Carlos, economista da Link Investimentos, foi algo pontual, especialmente na conta financeira, que apenas no último dia do mês registrou saída líquida de US$ 3,037 bilhões. Nesse dia, além de remessas de lucros e dividendos, houve também uma saída significativa relacionada ao pagamento da compra de uma empresa estrangeira por uma corporação brasileira.

“Pelo volume e pela concentração num único dia, é possível dizer que foi algo muito restrito. Não significa que saídas volumosas vão ser tendência agora”, disse. Apesar da expectativa de saídas de dólares até pelo menos dezembro, Carlos acredita que a taxa de câmbio continuará oscilando entre R$ 2,02 e R$ 2,05. O economista considera que os níveis ainda elevados do Investimento Estrangeiro Direto (IED) ainda devem evitar um colapso do fluxo. “Essa conta ainda continua firme. E ainda tem as captações de empresas, que também não vão deixar o fluxo ficar ainda mais negativo.”

Em outubro, até o dia 19, segundo dados mais recentes do BC, o IED já somava US$ 3,8 bilhões, mais da metade da previsão do BC para o mês cheio, de US$ 6 bilhões.

O impacto do fluxo no dólar ontem foi limitado, com a moeda subindo 0,10% a R$ 2,034. Segundo Rodrigues, o ganho na terça foi devido a uma saída “pontual” de dólares do país, uma vez que o mercado já esperava fluxo negativo em outubro.

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