Republicanos admitem ceder por apcto fiscal nos EUA

Dois dias após a reeleição de Barack Obama, a Casa Branca e os republicanos deram os passos iniciais para negociações envolvendo o abismo fiscal, termo usado para designar o risco de impasse no Congresso sobre cortes de gastos e o fim de isenções, que devem retirar US$ 600 bilhões da economia. Ontem, a administração Obama e membros do Partido Democrata reagiram com otimismo à declaração do presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, que na quarta-feira defendeu o diálogo entre os dois lados em busca de um ponto de equilíbrio. Boehner admitiu aumento nos impostos, embora sem detalhar quais – até então, os republicanos apoiavam a redução no déficit apenas por meio do corte nos gastos, sem elevação de tributos. Se há quatro anos a vitória de Obama foi atribuída aos jovens e negros, desta vez os hispânicos foram os fiéis da balança. O democrata obteve 71% dos votos de eleitores que se descrevem como hispânicos, ante 27% de Mitt Romney.

Presidente republicano da Câmara dos Deputados deixa claro que partido deve ouvir mensagem das urnas e não descarta a possibilidade de aceitar medidas que incluam aumento de impostos para reduzir déficit; acordo tem de sair até 31 de dezembro

Dois dias após a eleição e com o presidente Barack Obama ainda descansando, a Casa Branca e os republicanos deram sinais de conciliação para iniciar as negociações sobre o chamado “abismo fiscal”, termo usado para designar o risco de impasse no Congresso sobre cortes de gastos e o fim de isenções fiscais, que devem enxugar US$ 600 bilhões da economia. O tema deve dominar a agenda política dos EUA até o fim do ano.

Ao longo do dia de ontem, o governo Obama e membros do Partido Democrata reagiram com otimismo à declaração do presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, que na quarta-feira defendeu o diálogo entre os dois lados para atingirem um ponto de equilíbrio, deixando claro ainda que reconhece o recado das urnas com a vitória de Obama e admitindo até mesmo um aumentos nos impostos, embora sem detalhar quais.

Até agora, os republicanos apoiavam a redução no déficit apenas por meio do corte nos gastos, sem aumento nas alíquotas de imposto. “Eu fiquei muito sensibilizado com o tom apresentado pelo presidente da Câmara, Boehner. Ele basicamente disse estar disposto a discutir o lado da arrecadação de impostos, algo que muitos de seu partido discordam. Também afirmou que o presidente venceu a eleição e deve nos liderar”, afirmou o senador democrata Charles Schumer, de Nova York.

David Axelrod, principal estrategista político democrata, afirmou que “todos devem ler os resultados e entender que o voto foi para uma cooperação. É preciso estar com a cabeça aberta”, disse.

A Casa Branca afirmou que Obama conversou com Boehner e outros membros do Congresso desde a sua vitória nas eleições, em busca de um acordo para evitar o abismo fiscal. “O presidente reiterou seu compromisso em busca de soluções bipartidárias, por meio da redução do déficit de uma forma balanceada, com cortes para a classe média e os pequenos negócios”, relata a presidência, por meio de um comunicado.

O presidente tem maioria no Senado, mas os republicanos ainda controlam a Câmara. Os dois lados têm até 31 de dezembro para chegar a um acordo e evitar o abismo fiscal. Caso contrário, a redução nos impostos para toda a população e também para empresas, além de uma drástica redução nos gastos, serão implementadas imediatamente. Na Ásia, as bolsas fecharam com quedas acentuadas, o que já havia ocorrido nos EUA na quarta-feira.

Programas educacionais, de saúde e militares do governo serão imediatamente afetados. Economistas de diferentes correntes ideológicas preveem uma recessão se isso ocorrer.

Para os democratas, é necessário um acordo para reduzir os gastos e a manutenção na redução dos impostos apenas para os que recebem menos de US$ 250 mil por ano. Os republicanos defendem cortes ainda mais fortes e são a favor da manutenção na redução nos impostos para todos os americanos, independentemente da faixa de renda.

A declaração de Boehner de quarta-feira foi uma mudança no posicionamento dos opositores, embora ainda não tenha sido apoiada por outras figuras importantes do partido, como o deputado Paul Ryan, candidato a vice na derrotada chapa de Mitt Romney. As agências de risco, como a Moody”s, ameaçam reduzir a nota dos EUA caso não haja um acordo para evitar o abismo fiscal antes de 31 de dezembro.


BC prevê superávit primário “sem ajustes” em 2013

Valor Econômico

O Banco Central (BC) não espera que volte a se repetir em 2013 o remendo que será feito este ano pelo governo para o cumprimento da meta de superávit primário do setor público. Ontem, durante a apresentação do Boletim Regional do BC, no Recife, o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton Araújo, disse que as projeções da autoridade monetária para a economia do país em 2013 estão baseadas em um superávit primário “sem ajustes”.

Apesar do desconforto com o aumento dos gastos do governo, Araújo preferiu não polemizar com o Ministério da Fazenda, que disse quarta-feira que não seria possível atingir este ano o superávit de R$ 139,8 bilhões, correspondente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). A economia do governo, segundo o ministro Guido Mantega, deve chegar a 2,5% do PIB. A diferença será abatida dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Hamilton disse que a retomada da atividade econômica deve ajudar o governo a atingir a meta do superávit em 2013. “Sobre as questões fiscais, nós ouvimos e, eventualmente, fazemos alguma colocação, mas em outras instâncias”, disse o diretor, que descartou um processo de descaracterização do tripé formado por regime de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário.

O diretor afirmou que relatórios do BC já vinham alertando há algum tempo sobre a escalada nos gastos do governo. “Do ponto de vista de comunicação, viemos paulatinamente ajustando. Na ata do Copom de junho, víamos uma política fiscal de contenção; na ata de julho, já víamos na zona de neutralidade; no relatório de setembro, víamos a política fiscal ligeiramente expansionista. Em outubro, víamos a política fiscal já expansionista”, disse Hamilton.

Ainda assim, a autoridade monetária continua projetando para o terceiro trimestre do próximo ano a convergência da inflação para o centro da meta, de 4,5%. Segundo Hamilton, o choque nos preços das commodities agrícolas, causado principalmente pela seca que atingiu os Estados Unidos, já arrefeceu e não deve prejudicar a convergência do IPCA para a meta. O diretor do BC rechaçou as críticas de que a trajetória de “não linearidade” da inflação estaria confundindo o mercado.

“Eu acho que está bem claro. O que foi dito primeiramente é que a inflação estava convergindo para a trajetória de meta e, por conseguinte, recuando. Depois, se disse que a economia estava sendo alcançada por pressões temporárias de preços, mas que voltaria para a trajetória de convergência. Por uma inferência lógica, é imediato que a trajetória de convergência sobe e depois volta. Se você junta os três conjuntos de informação, não dá pra chegar à outra conclusão que não essa”, afirmou Hamilton.

Sobre as perspectivas para a oferta de crédito, o diretor do Banco Central disse que os executivos financeiros ouvidos pela autoridade monetária vêm demonstrando que o “sentimento mais defensivo ficou para trás”. De acordo com ele, as perspectivas para o mercado de crédito estão melhores tanto no segmento de pessoas físicas como entre as empresas. Para o financiamento habitacional, no entanto, Hamilton apontou tendência de estabilidade.


Países adotam táticas diversas para metas de inflação

Valor Econômico

Brasil, México, Chile e Turquia têm seguido trilhas diferentes na implementação do regime de metas de inflação nos últimos anos, evidenciando as divergências na condução da política monetária no pós-crise. Enquanto México e Chile se mantêm bastante fiéis às regras tradicionais do sistema e preservam o câmbio flutuante, a Turquia optou por uma trilha bem menos convencional desde o fim de 2010 – há uma banda para os juros, que variam de 5% a 9,5% ao ano, e um câmbio que pouco oscila.

O Brasil fica num meio termo. O Banco Central baixou os juros com força desde agosto de 2011, não há preocupação em trazer a inflação a ferro e fogo para o centro da meta, de 4,5%, e o câmbio passou a flutuar num intervalo estreito, entre R$ 2 e R$ 2,10. Mas, diferentemente da Turquia, a inflação no Brasil não tem estourado o teto e a política monetária é bem menos heterodoxa que a do BC turco (ver abaixo).

O México e, principalmente, o Chile têm obtido melhores resultados em termos de inflação e crescimento do que a Turquia, país que vê neste ano uma combinação de alta de preços ainda forte e um crescimento baixo, com elevado déficit em conta corrente. No Brasil, a inflação tem ficado acima do centro da meta, a despeito do fraco crescimento, embora abaixo do teto, de 6,5%.

Chefe de pesquisa para mercados emergentes das Américas da Nomura Securities, Tony Volpon diferencia a atuação dos bancos centrais no auge da crise, no momento que se seguiu à quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, e nos anos mais recentes. No período de maior turbulência, disseminaram-se estratégias menos ortodoxas, diz ele. Passado o período mais agudo da crise, os BCs de países como Chile e México a voltaram a um modelo “bastante ortodoxo” do regime de metas. “Não há uma grande mudança se você comparar como eles atuam hoje e como atuavam antes da crise.”

O câmbio permanece flutuante nos dois países, o que ajuda a absorver eventuais choques externos, como oscilações de commodities, diz o chefe de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos. No Brasil, lembra ele, há quase seis meses a moeda flutua entre R$ 2 e R$ 2,10.

Há diferenças entre a condução da política monetária no México e no Chile. No caso mexicano, a taxa básica, que terminou 2008 em 8,25%, recuou para 4,5% em sete cortes consecutivos ao longo de 2009. Permanece desde julho daquele ano nesse nível, mesmo com a inflação rodando sempre acima do centro da meta, de 3%, e muitas vezes acima do teto, de 4%. No Chile, o juro mergulhou dos 8,25% em dezembro de 2008 para 0,5% ao ano em julho de 2009, nível em que ficou até maio de 2010. Em junho daquele ano passou a subir, batendo em 5,25% em junho do ano passado. Em janeiro deste ano, caiu para 5% e aí ficou, mesmo com a inflação abaixo de 3% no acumulado em 12 meses desde junho.

Segundo o analista-sênior para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), Robert Wood, “o México definiu um centro do alvo ambicioso há alguns anos, de 3%, mas na prática foi incapaz de ancorar as expectativas de inflação nesse nível”. Nos 12 meses até outubro, a inflação “cheia” mexicana ficou em 4,6%, em grande parte devido à alta dos preços agrícolas, que começaram a perder força. O núcleo – que exclui alguns itens como alimentos – está em 3,6% em 12 meses e os serviços, um pouco acima de 2%, o que ajuda a entender por que o BC mexicano não eleva os juros apesar de o índice “cheio” estar acima do teto. Já o crescimento do país neste ano deve ficar um pouco abaixo de 4% – o FMI projeta 3,8%.

Mesmo sem elevar os juros desde 2009, o BC do México mantém uma retórica de atenção em relação à trajetória dos preços. “Nos comunicados, o BC sempre se mostra preocupado com a inflação”, diz Ramos, que, em comparação, vê com reservas o tom adotado pelo BC brasileiro, que pinta um quadro inflacionário favorável mesmo quando as previsões para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) contidas no seu relatório trimestral de inflação não indicam a convergência para os 4,5%.

O BC do Chile não tem hesitado em fazer mudanças bruscas nos juros, para cima ou para baixo. País com elevado grau de abertura comercial, o Chile tem uma inflação muito mais influenciada pelo cenário externo, lembra Ramos. A inflação, que bateu em 9,85% nos 12 meses até outubro de 2008, fechou 2009 em queda de 1,5%. Dois anos depois, aumentou para 4,4%, o que levou à reação do BC chileno.

“A instituição tem a maior credibilidade entre os BCs da América Latina. Com isso, os cortes agressivos depois da quebra do Lehman Brothers não preocuparam os mercados”, diz Wood, avaliando, contudo, que em 2008 o BC chileno demorou para elevar os juros num quadro em que o choque de preços de alimentos e combustíveis contaminou a inflação.

O Chile tem uma combinação bastante saudável de crescimento e inflação. Em 2012, o PIB crescerá 5%, segundo o FMI, e a expectativa é que os preços ao consumidor tenham alta um pouco inferior a 3%.

Os três analistas destacam, no caso chileno, o papel da política fiscal para a sustentação do crescimento robusto com inflação sob controle. Ramos lembra que o país gera superávits expressivos em momentos de fartura e eleva gastos no período de vacas magras.

Ao comparar o regime de metas de inflação brasileiro com o mexicano e o chileno, os analistas enfatizam outra diferença. Enquanto no Chile e no México o alvo é de 3%, com 1 ponto porcentual de tolerância para cima ou para baixo, a meta brasileira é consideravelmente mais alta – o centro é de 4,5%, com 2 pontos de intervalo.

Para Ramos, mesmo com um alvo mais alto, a autoridade monetária brasileira tem se mostrado confortável com um IPCA entre 5% e 5,5%, tendendo a reagir apenas se o indicador se aproximar de 6%. E o mais provável, segundo ele, é que o primeiro instrumento a ser usado pelo BC nessa situação não será a taxa de juros, mas uma eventual valorização do câmbio e medidas fiscais e de restrição ao crédito.

Para Wood, vários fatores têm impedido a adoção pelo Brasil de um arcabouço de controle da inflação mais próximo de países como México, Chile e Colômbia. “Eles incluem um maior nível de indexação, uma dívida mais pesada e uma infraestrutura financeira construída num cenário de alta inflação e juros elevados que ainda não foi totalmente desmontada”, afirma ele, ressalvando, a importância das mudança nas regras de remuneração da poupança. Gargalos estruturais resultantes de uma baixa taxa de investimento também atrapalham, diz Wood, que destaca a necessidade de contenção dos gastos correntes.


Argentina trava importações

Correio Braziliense

Os exportadores brasileiros estão frustrados com a maneira como o governo vem conduzindo as negociações para reduzir as barreiras não tarifárias impostas pela Argentina às importações. A demora em conquistar avanços é quase a mesma enfrentada pelas empresas para obter as polêmicas Declarações Juradas de Antecipação de Importação (Djai) — uma das dificuldades para a entrada de produtos estrangeiros criadas em fevereiro deste ano pela presidente Cristina Kirchner.

“O Brasil tem procurado dialogar com a Argentina, mas a grande questão é que essa negociação só ocorre quando a situação está muito crítica. Ela atinge só o varejo, ou seja, caso a caso, e isso irrita os exportadores porque não se chega a uma solução para todos”, explicou o consultor Welber Barral.

Os exportadores de carne suína viram suas exportações despencar 40% em outubro e têm procurado equilibrar a situação aumentando as vendas no mercado interno e para a Ásia. Montadoras instaladas na Argentina estão com problemas nas linhas de produção devido ao atraso na entrega de peças do Brasil, e algumas tiveram que adiar o lançamento de novos modelos.

Perdas

Ontem, foi realizada em São Paulo uma nova rodada de conversas entre a secretária de Comércio Exterior brasileira, Tatiana Prazeres, e o secretário de Comércio Interior argentino, Gillermo Moreno, mas sem qualquer avanço. Em nota, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) informou apenas que a secretária relatou os problemas enfrentados pelos exportadores brasileiros e avaliou, que “após reunião realizada em junho, na Argentina, o comércio apresentou melhoras”.

Para especialistas, os métodos usados por Cristina Kirchner para barrar as importações e elevar o saldo comercial e as reservas em dólares (atualmente de US$ 45 bilhões) visam, principalmente, garantir o pagamento das compras de energia. O país vizinho não para de sofrer apagões, como o que causou o cancelamento do jogo entre as seleções do Brasil e da Argentina no Superclássico das Américas, no mês passado.

O Brasil é a maior vítima das barreiras. Um levantamento do Mdic com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) revela que, de janeiro a setembro deste ano, as exportações nacionais recuaram 19,4% sobre o mesmo período de 2011. Enquanto isso, as vendas dos demais fornecedores caíram apenas 3,4%.

“O país está perdendo espaço para China, Estados Unidos e União Europeia”, destacou Barral. O superavit de quase US$ 6 bilhões no ano passado foi reduzido para menos de US$ 2 bilhões até outubro deste ano, conforme dados do Mdic. No mês passado, pela primeira vez desde junho de 2009, o país registrou saldo negativo na balança com o país vizinho.

Panelaço

Nem os argentinos aguentam mais os desmandos de Cristina Kirchner. Os opositores, convocados por redes sociais, marcaram um panelaço ontem para protestar contra a insegurança, o limite na compra de dólares e os planos de uma segunda reeleição da presidente. Manifestações ocorreram em Buenos Aires e até em Londres. Cristina, que sucedeu ao marido, Néstor Kirchner, morto em 2010, foi eleita com 54% dos votos em outubro de 2011. Tem mandato até 2015


Bancos aumentam provisão contra calote em R$ 9 bilhões

O Globo

Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú Unibanco e Santander aumentaram em 26,4% as provisões para pagamentos em atraso em setembro deste ano contra o mesmo mês de 2011: de R$ 37,13 bilhões para R$ 46,92 bilhões, R$ 9,7 bilhões a mais, mostra estudo da Austin Rating. No BB, as provisões cresceram 20,4%, de R$ 8,76 bilhões para R$ 10,55 bilhões. Simultaneamente, os índices de inadimplência acima de 90 dias continuam em ascensão, embora em ritmo mais lento que no início do ano. Até agora, só Bradesco e Itaú registraram retração no calote, de 0,1% e de 0,2%, respectivamente. Já a inadimplência do BB subiu 0,02%: de 2,15%, em junho, para 2,17% em setembro.

– As provisões tiveram impacto nos resultados, sim, sobretudo no Santander e no Itaú. Mas é importante ter provisão. Provisão não é perda, é apenas uma estimativa do não recebimento. É preciso acompanhar esses números ao longo do tempo. Se consecutivamente as provisões crescerem muito, aí sim pode preocupar – disse Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating.

Maior instituição financeira da América Latina, o BB viu seu lucro encolher 10,5% no acumulado dos primeiros nove meses deste ano. De acordo com balanço publicado ontem, o ganho no período foi de R$ 8,24 bilhões, contra R$ 9,21 bilhões de janeiro a setembro de 2011. Considerando apenas o terceiro trimestre, a queda foi de 5,6% (de R$ 2,89 bilhões, no mesmo período do ano passado, para R$ 2,72 bilhões agora). Assim como os três principais bancos privados do país (Bradesco, Itaú Unibanco e Santander), o BB também foi afetado pela queda dos juros básicos (Selic), que reduziu a margem financeira das operações, e pelo aumento das despesas com provisões para devedores, que pesaram nos resultados.

O lucro líquido de BB, Bradesco, Itaú e Santander, somado, caiu 7,42% de setembro de 2011 para o mesmo mês deste ano – de R$ 31,14 bilhões para R$ 28,83 bilhões, ainda segundo o levantamento da Austin. A concessão de empréstimos nos quatro bancos, porém, cresceu 12,27% do terceiro trimestre de 2011 para este ano, de R$ 1,18 trilhão para R$ 1,33 trilhão. Só no BB, a carteira atingiu R$ 532,3 bilhões, aumento de 20,5% em 12 meses. A previsão do banco é encerrar o ano com crescimento entre 17% e 21%. O resultado do BB puxou forte queda das ações do banco na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa): os papéis ordinários (ON, com direito a voto) recuaram 4,45%, terceira maior queda do Ibovespa, índice de referência da Bolsa.

– A queda do nosso lucro foi muito pequena. A comparação da Selic de hoje com a de um ano atrás já explica a maior parte dessa queda. Também houve a pressão da redução dos spreads , que era natural. Mas os volumes compensarão. Ter uma grande carteira de crédito é a nossa aposta – afirmou o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do BB, Ivan Souza Monteiro.

Fase de transição

Apesar dos lucros menores e de provisões e inadimplência maiores, analistas do setor financeiro veem uma fase de transição das instituições financeiras. Segundo eles, os bancos estão se adaptando ao novo cenário macroeconômico e financeiro, à procura de um modelo de negócios adequado aos juros em queda, compensando-os com o ganho de escala na concessão de crédito com menos risco. João Augusto Frota Salles, analista de bancos da Lopes Filho Consultoria, pondera ainda que as provisões crescem naturalmente quando a carteira de crédito aumenta.

Como alternativa às perdas, nos primeiros nove meses do ano os bancos reforçaram seu caixa com a cobrança de tarifas, cuja receita cresceu 13,37%. Mas analistas ponderam que esse aumento se deve muito à ampliação na base de correntistas dos bancos. Só no BB, por exemplo, foram três milhões de novos clientes desde janeiro.

– Os bancos buscam fazer com que as receitas de serviços cubram o custo com pessoal. Hoje eles têm uma folga. Essa relação é de 130% ou 120%. Mas creio que isso caia um pouco a curto prazo, pela concorrência dos bancos públicos. Para mim, o diferencial de ganhos, que o Bradesco já mostra, será em seguro e previdência – explicou Salles, da Lopes Filho


Cortes assombram instituições europeias

Valor Econômico

Os bancos de investimentos europeus vão cortar os gastos com pessoal em pelo menos um quinto e eliminar dezenas de milhares de empregos nos próximos anos, segundo preveem consultores e especialistas em recrutamento. Isso porque a regulamentação mais rígida e a economia mais fraca estão levando as instituições a repensarem seus modelos de negócios.

A decisão tomada pelo UBS na semana passada, de eliminar 10 mil empregos lançou as atenções sobre um setor que, cinco anos depois da crise financeira, ainda tenta resolver sua ineficiência.

“Muitas operações de negócios com títulos foram construídas em torno da maximização da receita – as técnicas de gerenciamento de custos ficaram em segundo plano”, diz Adrian Harkin, sócio da KPMG. “Se prestar atenção ao que os bancos anunciaram após a crise financeira, verá que isso chega a 10% de suas bases de custos. Mas o sentimento do mercado é de que os custos terão de baixar pelo menos duas vezes para que os bancos voltem a ser competitivos.”

Stephane Rambosson, sócia administrativa da Veni Partners, que atua na área de consultoria executiva, estima que os bancos europeus eliminarão vários milhares de empregos mais nos próximos anos, enquanto tentam melhorar os fracos níveis de lucratividade.

Os bancos europeus estão sofrendo com problemas cíclicos como a economia fraca, a menor atividade nos negócios com títulos, os custos mais altos de financiamento e o cenário de juros baixos, que contribuem para as dificuldades estruturais que surgem sob uma regulamentação mais rígida, e tornam certas áreas de negócios antieconômicas para todos os participantes, menos os maiores.

Após os cortes amplos dos últimos anos, vários bancos decidiram este ano adotar medidas mais decisivas para desativar negócios menos satisfatórios. O UBS vai desistir de quase todos os negócios com renda fixa, e em algum momento terá reduzido sua força de trabalho em mais de um terço em relação ao nível pré-crise.

Outro exemplo é o banco japonês Nomura, que vai eliminar várias centenas de empregos em suas operações europeias de banco de investimentos e títulos negociados à vista, como parte de um esforço de corte de custos de US$ 1 bilhão.

E o Royal Bank of Scotland (RBS) do Reino Unido anunciou este ano 3,5 mil demissões no momento em que decide pelo fechamento ou venda de seus negócios de corretagem de valores, negociação à vista de títulos e negócios com ações, para se concentrar em áreas como as de renda fixa e gerenciamento de riscos.

Alguns dos maiores bancos da Europa, como o Deutsche Bank e o Crédit Suisse, estão em sua maioria reduzindo os custos em todos os seus setores, e não apenas em áreas de negócios específicas, o que está levando analistas a questionar se medidas mais arrojadas não seriam necessárias para o setor como um todo.

“Vamos testemunhar uma reversão da expansão exagerada do pré-crise”, diz Jon Terry, um sócio da PwC. “Esses bancos que estão com problemas estarão mais inclinados a adotar medidas mais radicais. Isso está sendo reforçado pela necessidade de os bancos de investimentos concentrarem-se nas áreas em que podem ganhar dinheiro.”

Essas áreas estarão espalhadas de maneira mais esparsa num mundo de regras de capital muito mais rígidas. A regulamentação que se aproxima – como a CRD4, a aplicação europeia das regras de capital do Acordo da Basileia 3 – tornará algumas linhas de negócios, como as operações com renda fixa, economicamente viáveis apenas para os bancos maiores, ou aqueles com estruturas de financiamento menores.

Analistas acreditam que o Crédit Suisse, que assim como o UBS está amarrado por regras de capital particularmente duras na Suíça, e que nunca figurou entre as principais instituições em negócios com renda fixa, sofrerá pressões parecidas para encolher, assim como ocorre com seus concorrentes domésticos maiores. O banco já está trabalhando em um programa, anunciado no ano passado, de 3,5 mil demissões, e fontes acreditam que seu plano para a redução dos custos em outros 2 bilhões de francos (US$ 2,1 bilhões) levará à demissão de pelo menos mais 2 mil funcionários.

Em outras áreas, como a de fusões e aquisições, ou consultoria de mercados de capitais, que não estão sendo atingidas pelas despesas maiores, e sim pela fraqueza da economia e pelo desânimo do mercado, a maioria dos bancos deverá manter suas credenciais, mas recorrendo a profissionais mais jovens e com salários menores.

“Veremos uma situação em que os banqueiros mais bem pagos sairão e pessoas com salários menores serão recrutadas para as mesmas posições, para fazer o modelo de negócios trabalhar nessas áreas específicas”, diz Terry.

Mas alguns dos maiores cortes ocorrerão nos frequentemente ineficientes departamentos de apoio administrativo. Rambosson, da Veni Partners, diz: “Um dos maiores problemas é que a relação entre as áreas de atendimento e apoio administrativo explodiu. Em certas áreas, a proporção está em um para três ou um para quatro. São custos fixos enormes e isso terá de mudar”.

O número de empregos nos departamentos de atendimento caiu – 9% nos dez maiores bancos de investimentos globalizados desde 2010, segundo dados da Coalition -, mas os bancos aumentaram os “staffs” de apoio administrativo nos últimos anos, especialmente em áreas como as de conformidade e prevenção de riscos.

Mas os bancos estão mudando de caminho, uma vez que precisam encontrar meios para melhorar seus retornos historicamente baixos. “Os bancos de investimentos estão finalmente caminhando para um modelo de serviços em áreas que não têm contato direto com os clientes, que é algo que outros setores já fizeram há muitos anos”, afirma Harkin.

Os custos com funcionários respondem por até 70% dos gastos dos bancos de investimentos, um nível muito maior que o das instituições de varejo, que partiram para a redução de despesas há duas décadas. O Deutsche Bank, por exemplo, pretende reduzir seus custos de infraestrutura em 23% nos próximos anos.

Parte desses empregos está sendo transferida para lugares como o leste europeu e a Ásia, mas outros simplesmente deixam de existir, uma vez que funções de apoio anteriormente separadas estão agora sendo unificadas. “Há dois jeitos de os bancos de investimentos reduzirem seus altos custos com a remuneração de funcionários: demitir pessoas ou substituí-las por outras mais baratas”, diz Terry.


FMI vê risco nos EUA

Correio Braziliense

O crescimento global parece estar se estabilizando após esforços recentes para lidar com a crise da dívida em que a Zona do Euro está submersa, embora a atividade econômica permaneça lenta, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Em relatório preparado para a reunião dos últimos dias 4 e 5 entre ministros das Finanças do G-20, grupo que reúne as principais economias do mundo, publicado ontem, o FMI alerta que a crise europeia e a ameaça de um impasse nos Estados Unidos sobre aumentos de impostos e cortes de gastos representam os maiores riscos para o mundo.

“Autoridades dos EUA devem agir com rapidez para evitar o chamado ‘abismo fiscal’ e elevar o teto da dívida”, afirma o relatório. A economia norte-americana pode cair em recessão caso o Congresso não consiga contornar um pacote de elevações tributárias e cortes de gastos automáticos no próximo ano.

O FMI considerou ainda apropriado colocar a consolidação fiscal de lado em mercados emergentes, em favor de esforços para impulsionar a demanda. E que países da Zona do Euro devem implementar planos de ajuste fiscal e, se necessário, solicitar apoio financeiro de fundos europeus.

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