Analistas projetam PIB de 1,2% no 3º tri

As medidas adotadas pelo governo para estimular o consumo e, com isso, reativar a produção da indústria, tiveram efeito mais pronunciado no terceiro trimestre, na avaliação de economistas ouvidos pelo Valor, e contribuíram para que a economia mostrasse retomada mais forte no período. A média das projeções de 11 consultorias e instituições financeiras coletadas pelo Valor Data é de expansão de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) entre o segundo e o terceiro trimestres, feitos os ajustes sazonais. A estimativa embute forte aceleração da economia em relação ao crescimento de 0,4% observado entre abril e junho e, se confirmada, reforça o discurso das autoridades econômicas de que a economia ganhou tração recentemente. As projeções variam de alta de 0,9% a avanço de 1,3% no trimestre. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado amanhã.

Para analistas, ocorreu um equilíbrio maior entre as forças que impulsionaram o avanço da atividade no período, com contribuições positivas dos três componentes pelo lado da oferta: indústria, serviços e agropecuária. Já o consumo das famílias também seguiu firme, com estimativas entre avanço de 0,7% e 1,5%, influenciado por estímulos tributários e condições ainda bastante favoráveis do mercado de trabalho. A nota negativa, mais uma vez, deve vir dos investimentos. A projeção é que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e equipamentos e na construção civil) tenha recuado 1% entre julho e setembro, amargando assim o quinto trimestre consecutivo de retração dos investimentos.

De acordo com os cálculos do Bradesco, entre julho e setembro a economia brasileira cresceu 1,2% em relação ao segundo trimestre. Esse número, se confirmado, será a taxa de expansão mais forte da economia desde o segundo trimestre de 2010, quando o PIB avançou ligeiramente mais, 1,3%.

Para Robson Pereira, economista do Bradesco, os estímulos adotados pelo governo para reativar a produção industrial, principalmente a redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, favoreceram a normalização dos estoques e o aumento da atividade nas fábricas no período. Pereira projeta que, no PIB, o segmento industrial terá alta de 0,5% na passagem trimestral, avanço apenas um pouco menor do que o do setor de serviços, com crescimento esperado de 0,8%. Essa retomada mais “equilibrada” vai diminuir o descompasso entre os dois ramos de atividade. O setor de serviços, motor da economia no período recente, avançou 1,6% nos quatro trimestres encerrados em junho, enquanto a indústria, com dificuldades de competitividade, recuou 0,4% no período.

Marcelo Arnosti, economista-chefe da BB-DTVM, afirma que as medidas de estímulo, aliadas ao crescimento da renda e da população ocupada no período, também contribuíram para que a demanda interna se acelerasse. O economista projeta alta de 1,4% do consumo das famílias no período. O setor externo, que pesou no último trimestre, agora deve contribuir com 0,5 ponto percentual de crescimento. Para Arnosti, as importações recuarão 1%, condizente com cenário de avanço ainda muito modesto dos investimentos, que costumam ser grandes demandantes de produtos importados.

Para Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores, o investimento repetiu no terceiro trimestre a queda de 0,7% verificada entre abril e junho. “O investimento só deve se recuperar no quarto trimestre, quando teremos um avanço forte, de cerca de 4% sobre o terceiro trimestre”, afirma.

Aurélio Bicalho, do Itaú, projeta alta de 1% do investimento no último trimestre do ano, mas é cauteloso ao afirmar que os projetos não deslancham com mais rapidez porque o ambiente externo segue conturbado e há dúvidas em relação ao desempenho da economia com a retirada dos incentivos.


Cai uso de energia na indústria

Valor Econômico

O cenário econômico internacional desfavorável foi o principal responsável pela queda de 0,9% no consumo de energia da indústria em outubro, na comparação com igual mês de 2011, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A Resenha Mensal do Mercado de Energia Elétrica, divulgada ontem pela EPE, ressalta que a baixa demanda internacional afeta a produção e o consumo de energia dos setores exportadores brasileiros.

“Continua-se verificando menor consumo de energia elétrica nos setores voltados à exportação, como os da cadeia minero-metalúrgica”, diz a EPE.

O consumo industrial de energia em outubro, de 15.034 GWh, ficou em linha com o do mês exatamente anterior, mas foi 0,9% menos que os 15.671 GWh de outubro do ano passado.

No geral, o consumo de energia elétrica no país subiu 2,8% em outubro, na comparação com outubro de 2011. O consumo no mês passado ficou em 37.764 GWh, diante de 36.745 GWh em outubro de 2011.

Com o resultado de outubro, a EPE revisou para baixo a previsão de crescimento do consumo de energia em 2012, de 3,5% em setembro para 3,3% agora.


Dilma quer maior integração com Argentina

Valor Econômico

A presidente Dilma Rousseff defendeu, ontem, na Argentina, uma maior integração entre as indústrias dos dois países. Conciliadora, a presidente foi pouco contundente nas críticas à política comercial do país vizinho e parceiro do Mercosul.

“Não podemos negar o impacto adverso das restrições administrativas sobre o intercâmbio comercial, mas temos que admitir que o desempenho do comércio em 2012 sofre impacto da situação global”, disse a presidente, minimizando o efeito que as restrições argentinas provocaram nas exportações brasileiras.

Para Dilma, “a integração entre Brasil e Argentina exige de nós um diálogo permanente” para que os países possam construir “uma das mais importantes parcerias deste hemisfério e no mundo”, afirmou. “Temos que olhar Brasil e Argentina como sócios de um grande empreendimento binacional. Somos sócios de primeira grandeza.”

Ao participar da cerimônia de encerramento da 18ª Conferência da União Industrial Argentina, Dilma convidou os empresários argentinos a investir massivamente no Brasil. Ela enfatizou que o Brasil está de portas abertas para o investimento, principalmente nos setores de petróleo e gás, e destacou a atratividade do Brasil para o mercado argentino.

Para a presidente, “os investimentos recíprocos serão cada vez mais decisivos “, explicou. “Temos um quadro internacional que nos impõe a necessidade de cooperação” disse Dilma, referindo-se a crise econômica mundial. “Nossa tarefa é trabalhar por uma mentalidade de negocio binacional.”

Nos últimos dois anos, o Brasil investiu US$ 6 bilhões na Argentina em setores como mineração, têxtil e construção civil. No mesmo período, vieram da argentina cerca de US$ 3 bilhões para investimentos produtivos. A corrente de comércio entre Brasil e Argentina passou de US$ 2 bilhões em 1990 para US$ 39,6 bilhões em 2011. Até outubro de 2012, o fluxo foi de US$ 28,3 bilhões, que representa 82% de todo o comércio brasileiro com o Mercosul.

Durante o evento, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, afirmou que o país não tem a intenção de dar outro calote nos pagamentos aos credores internacionais. A afirmação ocorreu semanas após o “Financial Times” ter sugerido que o país pode estar à beira de um “default”, em consequência de uma decisão da Justiça americana, determinando que o país faça o pagamento do serviço da dívida sobre os bônus não reestruturados, em ação movida nos Estados Unidos. “Vamos honrar nossos compromissos como corresponde a um país que recuperou a autoestima “, disse Cristina.


Após 8 meses, endividamento das famílias cai pela primeira vez

O Estado de S. Paulo

O endividamento das famílias caiu pela primeira vez no ano, depois de subir por oito meses seguidos. Segundo o Banco Central, a dívida total dos brasileiros com o sistema bancário correspondia, em setembro, a 44,39% da renda acumulada nos últimos 12 meses, abaixo do recorde de 44,5% em agosto.

A mudança de tendência em relação ao verificado, principalmente, no início do ano é confirmada por outro indicador. Também houve queda no comprometimento da renda do consumidor com o pagamento mensal de prestações com dívidas bancárias, que recuou pelo segundo mês, para 22% do salário, ante 22,2% no mês anterior. O porcentual ainda está próximo do recorde de 22,4% de outubro de 2011.

Esse último dado é dividido em duas partes pelo Banco Central. A parcela das prestações que corresponde ao pagamento de juros caiu pelo terceiro mês, para 7,62% em setembro, menor nível em 15 meses.

Esse é um dos principais fatores que ajudaram a reduzir o gasto mensal com dívidas e é explicado pela queda dos juros bancários nos últimos meses, que estão nos menores níveis da história. Já a parte que se refere à amortização do principal das dívidas caiu pelo segundo mês, de 14,41% para 14,38% no mesmo período.

Casa própria

Apesar de o endividamento continuar em níveis elevados, o Banco Central avalia que parte da alta nos últimos anos se deve à ampliação do crédito imobiliário, que são dívidas de alto valor, mas com prazo de pagamento mais longo.

Esse é um dos fatores que explicam por que o endividamento total é quase o dobro da parcela que é usada mensalmente para pagar dívidas. Além disso, a instituição vem afirmando que muitos consumidores trocaram o comprometimento da renda com aluguel – que não entra nas estatísticas do Banco Central – pela prestação da casa própria. O governo diz ainda que o grau de endividamento de famílias e empresas no Brasil é muito mais baixo que em países avançados que hoje estão em crise.

O comprometimento da renda é calculado pelo Banco Central com base nos valores mensais pagos no serviço das dívidas, apenas com o sistema financeiro, e na renda das famílias (descontados os impostos). Para calcular o endividamento total, considera a massa salarial em 12 meses e o valor total das dívidas bancárias em um determinado mês.

Hoje, o Banco Central divulga os dados de crédito para o mês de outubro. Em setembro, a greve dos bancos contribui para o aumento dos juros e para a redução na liberação de empréstimos. Dados parciais para o mês passado ainda mostravam queda nas concessões e alta de juros para pessoas físicas.


Calotes aumentam

Correio Braziliense

O brasileiro está menos endividado, mas tem mais contas em atraso.De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) referente a novembro, o percentual das famílias com contas a pagar foi de 59,0%, ante 59,2% em outubro. Por outro lado, o índice dos inadimplentes passou de 20,5% no mês passado para 21,0% neste. Das pessoas que admitiram não estar em dia com os débitos, 6,8% declararam não ter condições de honrá-los.

De acordo com Marianne Hanson, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entidade responsável pela Peic, a redução no número de endividados é considerada pequena para esta época do ano. “O 13º salário tende a limitar a alta das dívidas em novembro e em dezembro. E, em 2012, ainda há uma série de estímulos para que as pessoas possam pegar empréstimos e financiar bens de consumo duráveis.Mas nós estamos vendo que isso não está tendo muito impacto. Os brasileiros estão mais cautelosos”, disse.

Apesar de ter as mais elevadas taxas de juros, o cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida—74,9%. Em seguida, aparecem os carnês (17,2%) e o financiamento de carros (12,3%). O cheque pré-datado é o que tem menos registros (2,0%). Segundo Marianne, apesar disso, as famílias estão mais otimistas em relação à sua capacidade de pagamento. “O perfil do endividamento melhorou. As pessoas estão usando o crédito mais para a compra de bens duráveis, categoria que elas consideram um investimento. E isso certamente vai se refletir nas compras de Natal.”


China vai crescer 7,5%

Correio Braziliense

O governo da China está seguro de que vai alcançar a meta de crescimento econômico de 7,5% em 2012, afirmou ontem o ministro do Comércio, Chen Deming. “Nos primeiros três trimestres, a economia cresceu 7,7% ante o ano anterior. Portanto, com certeza, nós podemos atingir a meta, ou mesmo superá-la”, afirmou Chen.

Mesmo atingindo o objetivo, a China terá neste ano o ritmo de expansão mais fraco desde 1999, depois de apresentar desaceleração por sete trimestres consecutivos. Apesar disso, a taxa de crescimento do país do ultrapassa de longe todas as principais economias do mundo. De acordo com analistas, a segunda economia do planeta deve crescer 7,7% em 2012.

Pequim tem feito um programa de ajuste das políticas econômicas — cortando taxas de juros, liberando mais dinheiro para empréstimos e aprovando uma série de projetos de infraestrutura— num esforço para estimular o nível de atividade. Bastante exposta ao comércio global, a economia chinesa foi prejudicada pela lenta recuperação nos Estados Unidos e pela crise persistente na União Europeia — os dois maiores mercados dos produtos fabricados no país.

As exportações de US$ 1,9 trilhão foram equivalentes a aproximadamente 31% do PIB em 2011, de acordo o Banco Mundial. Estima-se que cerca de 200 milhões de empregos chineses sejam sustentados pelo setor externo.


Fed vê expansão moderada nos EUA

Correio Braziliense

A economia norte-americana avançou “moderadamente” entre as últimas três semanas de outubro e a primeira quinzena de novembro, segundo o Livro Bege, um relatório de conjuntura publicado periodicamente pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos).

O Fed registrou, além disso, uma situação díspar entre as diferentes áreas do país, devido às consequências da passagem do furacão Sandy pela Costa Leste dos Estados Unidos. “A piora da situação na região de Nova York foi atribuída às perturbações ocasionadas pela supertempestade no fim de outubro, que se estenderam em novembro”, informou a autoridade monetária.

O relatório, que reúne evidências sobre a economia baseadas nos contatos corporativos do Fed, também encontrou poucos sinais de pressão inflacionária. Isso deve tranquilizar o órgão, que lançou em setembro um programa de aquisição mensal de US$ 40 bilhões em ativos lastreados em hipotecas. A autoridade monetária disse que a compra de ativos continuará até que haja uma melhora significativa na perspectiva do mercado de trabalho.


BC interrompe ciclo de cortes e juro fica em 7,25%

O Estado de S. Paulo

O Banco Central manteve ontem a taxa básica de juros em 7,25% ao ano e interrompeu o ciclo de cortes iniciado em agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,5%. A instituição também indicou que não deve mexer tão cedo na taxa que serve de referência para o custo do crédito e para a maioria das aplicações financeiras, pois a economia brasileira só agora começa a se recuperar e a crise nos países desenvolvidos segue sem solução.

A decisão foi unânime e já era esperada pela maioria dos economistas. A instituição também repetiu as afirmações feitas ao final da reunião anterior, em outubro, quando foi realizado o último corte de juros.

Para o Banco Central, a estabilidade dos juros “por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear”.

Ao justificar a manutenção, a instituição citou ainda o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, mesma avaliação feita no começo do mês passado.

Essa foi a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano. Agora, os diretores do BC só voltam a se reunir nos dias 15 e 16 de janeiro. A expectativa da maior parte do mercado financeiro é que os juros continuem no patamar atual, pelo menos até o fim de 2013.

Sequência

Entre agosto do ano passado e outubro de 2012, foram realizados dez cortes seguidos nos juros, que estão hoje no menor patamar da história recente. As taxas para consumidores e empresas também atingiram mínimos históricos.

A inflação, por outro lado, está em 5,45% nos últimos 12 meses, acima do centro da meta de 4,5%. Já a atividade econômica só agora começa a se recuperar, o que deve fazer com que o crescimento nos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff registre a segunda pior média da história recente, atrás apenas do governo Collor.

As previsões oficiais de crescimento para este ano são de 1,6%, pelo BC, e de 2%, pelo Ministério da Fazenda. Para o próximo ano, analistas já começaram a reduzir suas estimativas, cuja média está agora abaixo de 4%.

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos do verificado no resto do mundo.

Disse, no entanto, que a instituição poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário. Segundo Tombini, a explicação para a contradição entre o consumo alto estimulado pelos juros baixos e o fraco crescimento econômico é que o BC só administra a demanda. E o entrave hoje está na oferta, que depende de outras políticas de governo.

O diretor de investimentos da Lecca, Samy Balassiano, projeta um crescimento em torno de 3,5%. Para o economista, esse patamar já deve puxar para cima a inflação e levar o BC a elevar os juros no segundo semestre de 2013. “Eu acredito em uma retomada mais forte da economia a partir de março, com o cenário mundial começando a melhorar um pouco, e a inflação vai levar a um ajuste nos juros.”

Em relação aos cortes já realizados, Balassiano diz que alguns analistas ficaram assustados no começo, mas a decisão de reduzir os juros já em 2011 foi acertada. “Não foi uma política inflacionária, porque havia uma demanda mundial reprimida. O BC deu a pancada nos juros para tentar reanimar a economia, mas isso não aconteceu devido ao tamanho da crise internacional”, afirmou. “A gente não conseguiu crescer, mesmo com juros baixos, mas não tivemos nenhuma disparada da inflação.”

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