Analistas preveem alta da produção industrial

Crescimento de 1,2% é o que esperam, na média, dez instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data para a produção industrial em outubro, na comparação com setembro, descontados efeitos sazonais. Apesar do avanço projetado, os economistas se mostram cautelosos em suas avaliações, e destacam que tal aumento não significará que a indústria recobrou o caminho do crescimento, após a queda de 1% em setembro, que interrompeu uma sequência de três altas mensais consecutivas.

Fatores como o arrefecimento da demanda interna e as incertezas que rondam a economia internacional, afirmam eles, colocam um ponto de interrogação no que se refere ao desempenho da indústria nos próximos meses.

Para o dado de outubro, que será divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as projeções de crescimento variam entre 0,6% e 1,7%. Há a expectativa que outubro seja o primeiro mês, desde agosto de 2011, de elevação na produção industrial na comparação com o mesmo mês do ano anterior, com a alta girando em torno de 3%.

Apesar disso, o clima no mercado não é de otimismo. Pelo contrário. O Boletim Focus, do Banco Central, mostrou forte ajuste para baixo nas projeções para a produção industrial em 2013, que passaram de 4,20% há uma semana para 3,82%. Ao mesmo tempo, os economistas ampliaram as estimativas de contração na indústria neste ano, que passou de 2,30% para 2,38%.

A percepção de que a retomada da indústria estava se espalhando pelos setores, diz Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, se dissipou em setembro, quando 16 dos 27 ramos pesquisados pelo IBGE contabilizaram queda na produção. O cenário que se desenha para a indústria, segundo ele, é incerto, com as exportações debilitadas, dúvidas em relação à atividade econômica nos Estados Unidos e forte pressão de custos, devido aos reajustes salariais sem ganhos de produtividade.

“Reduzimos nossa projeção de crescimento da indústria em 2013 de 3,8% para 3,2%, o que dá uma média de expansão mensal de modestos 0,2%”, diz Bacciotti. “Esse resultado embute os benefícios de medidas como a redução de energia, as barreiras às importações, o câmbio mais favorável e a queda dos juros, além da base de comparação baixa.”

Bacciotti classifica como “irregular” o atual comportamento da indústria brasileira, que em sua avaliação continua ligado ao setor automobilístico. A expectativa de fim na redução do IPI de veículos – que a princípio acabaria em 31 de outubro -, elevou em 5,5% os licenciamentos apurados pela Anfavea (entidade que representa as montadoras) entre setembro e outubro, feitos os ajustes sazonais.

Esse avanço, segundo Bacciotti, justifica em grande parte o aumento de 1,2% projetado para a produção industrial no período. “Os setores que estão mais ligados à fabricação de automóveis também devem ir bem. Já os voltados para o mercado externo e para bens de capital tendem a sofrer.”

O Bradesco destaca em relatório que há sinais difusos quanto ao desempenho da produção industrial entre setembro e outubro, mas ainda assim projeta crescimento de 1,7% para o indicador no período. Entre os dados citados pelo banco, está a produção nacional de produtos químicos, que caiu 2,8%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), considerando a dessazonalização feita pela instituição.

O Bradesco ressalta que tal resultado “foi influenciado pela interrupção no fornecimento de energia elétrica que atingiu as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além de Minas Gerais, no dia 25 de outubro, comprometendo a produção por mais de uma semana”. Em sentido contrário, a produção de celulose cresceu 0,3% e a de papel subiu 0,5% no mesmo período, de acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), já livre de efeitos sazonais.

O tráfego nas estradas pedagiadas, afirma Bacciotti, também indica que a produção industrial em outubro aumentou. Dados da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) contabilizam aumento de 1,4% no fluxo de veículos entre setembro e outubro. No período, a produção de papel ondulado, usado nas embalagens, teve leve alta, de 0,1%, também em termos dessazonalizados.

“Mas, em novembro, com a menor venda de veículos, teremos uma nova queda na produção, de cerca de 0,2%, que será sucedida por mais uma alta, ao redor de 1,2% em dezembro, quando o movimento de antecipação de compra puxará de novo as vendas de automóveis”, prevê Bacciotti, referindo-se ao encerramento do desconto no IPI de veículos, previsto para 31 de dezembro.

“A tendência é que a indústria mantenha por mais algum tempo esse passo de sobe um pouquinho, cai um pouquinho”, diz, Thaís Zara, da Rosenberg & Associados. Para ela, é difícil vislumbrar uma recuperação sustentável da indústria. O quadro internacional, afirma, ainda é incerto – o que mina a confiança do empresário e prejudica as exportações -, ao mesmo tempo em que a demanda no ambiente doméstico já não cresce no ritmo de antigamente, devido ao alto patamar de endividamento das famílias, à seletividade dos bancos na concessão de crédito e ao já baixo nível de desemprego no país. “Em 2013, a expectativa é que a indústria cresça 2%, o que não neutraliza a queda esperada de 2,5% neste ano”, diz Thaís.


Floresta Amazônica perde 240 mil km2

O Estado de S. Paulo

Apesar da redução do desmatamento no Brasil, a Floresta Amazônica continua a desaparecer do mapa em ritmo alarmante no continente. Em dez anos, de 2000 a 2010, a Amazônia perdeu cerca de 240 mil quilômetros quadrados de cobertura florestal, uma área do tamanho do Reino Unido e pouco menor que o Estado de São Paulo. Oitenta por cento desse desmatamento ocorreu no Brasil, que tem – de longe – a maior área de floresta do continente (62%).

Os dados são do atlas Amazônia sob Pressão, publicado hoje pela Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (Raisg), formada por 11 organizações dos 9 países amazônicos -Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Periodicamente, a Raisg publica mapas, gráficos e tabelas com dados detalhados sobre o desenvolvimento – e a destruição – da região.

O desmatamento acumulado na década corresponde a 4,5% da área de floresta que estava de pé até o início do século (68,8 milhões de km²).

O Brasil foi o país que mais desmatou, mas também o que combateu o desmatamento com mais eficiência nos últimos cinco anos do período (2005-2010), em que a taxa anual de desmate caiu de 19 mil para 7 mil km². Mais recentemente, no período 2011-2012, o índice caiu ainda mais, para cerca de 4,6 mil km² – a taxa mais baixa já registrada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde 1988.

“Tudo o que o Brasil faz tem enorme influência nos outros países amazônicos”, diz o coordenador-geral do Raisg, Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA). Nesse sentido, o País tem dado um bom exemplo com seus sistemas de monitoramento via satélite. Ao mesmo tempo, dá sinais preocupantes com a ocupação desordenada e predatória da floresta e com as discussões do Código Florestal.

O balanço geral do atlas é preocupante, apesar de 45% da região estar coberta por unidades de conservação e terras indígenas (comparado a 41% em 2009). Segundo Ricardo, as ameaças à floresta “têm aumentado exponencialmente”.

“O famoso arco do desmatamento na fronteira leste da Amazônia brasileira se juntou ao das terras baixas da Amazônia boliviana. Em cima disso, temos o arco dos interesses pela exploração de petróleo, gás e hidrelétricas nos países andinos. Além do enorme volume de interesses de mineração sobreposto a várias áreas protegidas”, diz ele. Segundo o atlas, há 171 hidrelétricas em operação na Amazônia e 246 projetadas ou em estudo.


Crescimento fraco muda projeções do mercado

Valor Econômico

O crescimento mais fraco que o esperado da economia no terceiro trimestre provocou uma rodada de revisões em estimativas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, que agora estão mais próximas de 1%. As dúvidas quanto à recuperação projetada para 2013 também ficaram mais fortes após a alta de apenas 0,6% do PIB entre o segundo e o terceiro trimestres, feitos os ajustes sazonais, e apontam para avanço abaixo de 4% no próximo ano, segundo analistas.

Divulgado ontem pelo Banco Central, o boletim Focus mostrou que a mediana de apostas para o PIB recuou de 1,50% para 1,27% entre a semana passada e a atual, enquanto as projeções para 2013 foram reduzidas de 3,94% para 3,70%.

Economistas não descartaram o cenário de recuperação mais expressiva da economia nos três meses finais do ano, mas afirmam que o dado decepcionante do terceiro trimestre impede crescimento acima de 1% em 2012, assim como colocam perspectivas menos otimistas para o investimento em 2013.

Para aumentar 1,5% na média do ano, o PIB precisaria subir 3,7% no último trimestre em relação a igual período de 2011, calcula Thiago Carlos, da Link Investimentos. “No terceiro trimestre, o crescimento nessa comparação foi de apenas 0,9%”, observa o economista, que revisou de 1,4% para 1% sua estimativa para a alta do PIB em 2012.

Segundo Carlos, o setor de intermediação financeira, que recuou 1,7% na passagem do segundo para o terceiro trimestre, vai mostrar desempenho mais favorável no fim do ano, assim como o investimento, que caiu 2% na comparação anterior, mas apenas um trimestre positivo da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida do que se investe em máquinas e construção civil) será pouco para salvar o resultado do ano, diz. Para 2013, o analista da Link cortou sua previsão para o crescimento econômico de 4% para 3,2%, tendo em vista comportamento menos robusto dos investimentos.

A indústria também deve crescer menos no próximo ano de acordo com as novas estimativas do mercado, cenário que também acaba por afetar decisões de investir no período. De acordo com o Focus, a mediana de projeções para a alta da produção em 2013 diminuiu de 4,2% para 3,8% entre a semana passada e a atual.


País compra menos máquinas e equipamentos em novembro

Valor Econômico

Como ocorreu em agosto, as importações de máquinas e equipamentos para a indústria voltaram a cair em novembro em comparação com o mesmo mês do ano passado – um indicativo da disposição de investimento dos empresários nacionais. A queda chegou a 11,5% quando comparadas as médias diárias de novembro deste ano com as registradas no mesmo mês de 2011. Em relação a outubro deste ano, as compras no exterior dos chamados bens de capital caíram 2,4%.

Entre janeiro e novembro, as compras de bens de capital no exterior ainda mostram uma pequena alta, de 1,1% em relação às médias diárias do mesmo período do ano passado. A maior influência na queda das importações em novembro se deu com as compras de automóveis (menos 45%), o que fez caírem em 28% as importações de bens duráveis. Houve queda também nas compras de mobiliário doméstico (16%) e de máquinas e aparelhos para casa (15%).

Já as compras externas de bens não duráveis continuam crescendo, ainda que ligeiramente, 0,8%, uma indicação de que parte dos estímulos ao consumo ainda têm provocado demanda por produtos do exterior. É notável o aumento nas importações de produtos de beleza e higiene pessoal, que chegou a 24%, de vestuário e outras confecções têxteis (mais 12%) e produtos alimentícios (6,2% acima da média diária de novembro de 2011).

Os chineses são os principais fornecedores dos produtos importados pelo Brasil, embora, em novembro, os Estados Unidos tenham vendido mais ao mercado brasileiro. O resultado acumulado desde janeiro levou a China ao primeiro lugar entre as origens das importações brasileiras, o que fez o país trocar de lugar com os Estados Unidos como maior parceiro comercial também na importação. Chega a US$ 31,7 bilhões o total vendido pelos chineses, US$ 300 milhões a mais do que os EUA venderam ao Brasil em 2011 e quase US$ 700 milhões acima do que os brasileiros compraram dos americanos entre janeiro e novembro deste ano.

Segundo a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, o desempenho das vendas do Brasil à União Europeia foi uma surpresa em novembro, com um aumento, na média diária das exportações, de 2,1%. “Chama atenção a retomada das vendas brasileiras para a União Europeia”, comentou a secretária, lembrando que, desde o ano passado, a crise externa vem afetando o comércio com os europeus.

Em relação a outubro, a média diárias das vendas brasileiras ao bloco europeu aumentou mais de 5%, embora a soma das exportações do ano ainda seja quase 8% inferior à do mesmo período de 2011. A exportações aos EUA deixaram de crescer e caíram 24%.

Tatiana reconheceu que os brasileiros ainda enfrentam dificuldades nas vendas à Argentina, mas atribuiu a queda de 21% nas exportações ao vizinho a produtos não sujeitos ao controle de importações exercido pelo governo local. “Houve queda nas vendas de aviões e combustível, que não dependem de monitoramento oficial”, disse.


Indústria se estabiliza na Europa e na China, mas cai nos EUA e Japão

Valor Econômico

A atividade industrial global se estabilizou em novembro, em meio a evidências de recuperação na China e contração menor na Europa. Mas, para analistas, os indicadores continuam a apontar para frágil crescimento econômico global e fortes divergências regionais.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria global subiu de 48,8 em outubro para 49,7 em novembro. Foi a primeira melhora na atividade em cinco meses, ainda que marginal. O fluxo de novas encomendas caiu em ritmo menor. Para a Markit, empresa britânica que elabora o índice, foi a menor deterioração na demanda desde junho.

Qualquer leitura abaixo de 50 indica contração da atividade; acima disso, há expansão. Andrew Kenningham, da Capital Economics, de Londres, disse em nota que a experiência recente sugere que índice acima de 45 já é consistente com crescimento global. Os dados de novembro, em todo caso, indicam expansão de apenas cerca de 2% da economia mundial, nível considerado historicamente baixo e com muita capacidade ociosa.

O resultado de novembro é misto. Houve melhoras em algumas grandes economias, como China, zona do euro e Reino Unido, mas deterioração nos EUA e no Japão.

O contraste é claro entre os setores industriais da zona do euro e dos EUA em novembro. Subiu 0,7% o primeiro, e caiu 2,2% os EUA. A queda americana foi a surpresa, considerando a melhora na produção nas outras regiões.

Certos analistas atribuem o resultado ao impacto do furacão Sandy. Mas outros acham que o principal fator de queda em novas encomendas, portanto em novos negócios, é o abismo fiscal (“fiscal cliff”) – mistura de cerca de US$ 650 bilhões (4% do PIB) de corte de gastos e aumento de impostos que pode entrar em vigor no ano que vem, a menos que um acordo seja alcançado até 31 de dezembro entre o governo e o Congresso. Assim, se democratas e republicanos chegarem a um acordo para evitar o abismo, poderão ajudar numa recuperação maior nos EUA.

O desenvolvimento mais encorajador é a nova evidência de recuperação da economia chinesa. O PMI industrial chinês alcançou seu melhor nível em 13 meses, de 50,5. A flexibilização na política monetária teve o efeito desejado de estabilizar a economia. Mas, se o quadro geral é encorajador, a recuperação chinesa parece desequilibrada, quase inteiramente atribuída às grandes empresas. Não houve melhora entre as médias, e as pequenas empresas dizem ter enfrentado em novembro as piores condições em seis meses.

No caso dos emergentes, houve maior expansão no México e na Índia. Rússia, Brasil, Indonésia, Turquia e Vietnã tiveram alta fraca.

Sem surpresa, a zona do euro continua a ser o grande problema da economia mundial. Apesar de ligeira melhora no PMI, o índice ainda é consistente com queda no PIB. A Capital Economics prevê recessão mesmo nas grandes economias, como Alemanha e França.

A conclusão é que a moderada recuperação na China e nos EUA vai continuar. A queda continua na Europa, e o Japão segue frágil.


Grécia vai recomprar 30 bi em títulos

O Estado de S. Paulo

A Grécia anunciou que vai usar 10 bilhões para recomprar 30 bilhões em títulos da própria dívida, na esperança de reduzir seu déficit. A medida era uma das exigências impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Europa para liberar recursos no valor de 44 bilhões. A recompra será feita com um desconto de até 70% e vai representar perdas para os investidores privados que detêm papéis do Tesouro grego.

No entanto, para investidores, existe a garantia de que esses papéis serão trocados por bônus do fundo de resgate europeu. Alguns já advertiram ontem mesmo que não estão dispostos perder mais. Mas o mercado reagiu de forma positiva, com o risco dos países do sul da Europa em franca queda depois do anúncio.

Até o fim da semana, investidores poderão registrar o interesse em fechar acordos com o Estado grego. As vendas ocorrerão por meio de leilões na Holanda. Ontem, o ministro grego de Finanças, Yannis Stournaras, apresentou o projeto aos demais governos da zona do euro, esperando convencer seus parceiros de que já podem liberar o cheque de resgate para a Grécia.

Os gregos estão aguardando o dinheiro desde junho e têm alertado que, se não receberem os recursos, terão sérias dificuldades para pagar as contas. “A Grécia precisa ainda fazer esforços e mostrar que vai cumprir suas responsabilidades”, declarou a ministra de Finanças da Áustria, Maria Fekter. “Eles não podem só esperar que haverá uma redução da dívida e que não precisarão fazer mais nada”, disse.

“Tudo vai depender da vontade das autoridades gregas”, declarou Pierre Moscovici, ministro de Finanças da França.

“Ainda tenho dúvidas de quantos investidores vão participar da recompra diante dos preços oferecidos”, disse Diego Iscaro, da IHS Global Insight. Para Ricardo Barbieri, analista do Mizuho, a oferta feita pelos gregos pode ser uma boa oportunidade para o investidor que esteja pensando em reduzir ao máximo sua exposição no mercado grego. Bancos locais têm sido pressionados pelas autoridades para que participem do esforço.

Se a medida promete reduzir o valor da dívida grega e levar perdas ao setor privado, o que ainda não está claro é o que os governos europeus estão dispostos a fazer para ajudar. Pelo plano, a Grécia terá de ter uma dívida máxima de 124% do PIB até 2020. Em 2014, a projeção é de que a taxa seja de 191% do PIB.

O governo alemão insiste que não tem como apoiar um perdão da dívida grega, principalmente diante do fato de que a chanceler Angela Merkel enfrenta eleições em 2013. No fim de semana, porém, a alemã deu sinal de flexibilização de sua posição.

Indústria

Enquanto a situação grega ainda domina a agenda da UE, o bloco sabe que terá de lidar de forma urgente com a competitividade industrial. Ontem, o índice que mede o grau de encomendas das indústrias, elaborado pela Markit, registrou a marca de 46,2 pontos em novembro. Números abaixo de 50 representam contração. Mas a taxa é melhor do que o registrado em outubro.

A queda de novembro representou a 16.ª seguida. Para Chris Williamson, economista-chefe da Markit, os dados revelam que a recessão na zona do euro teria se aprofundado no último trimestre de 2012. Analistas, porém, comemoraram o fato de que a contração do mês passado tenha sido a menor. Mas admitem que uma reviravolta na economia europeia estaria distante.

Na Alemanha, o índice registrou o nono mês de queda. Mas, assim como no resto da Europa, a redução perdeu força. A queda foi a menor desde março. “Os números continuam em queda. Mas estão caindo menos”, disse Tim Moore, da Markit.


Energia barata em xeque

O Globo

O prazo para as concessionárias de energia aderirem aos termos da medida provisória (MP) 579 para a renovação dos contratos se encerra hoje, e com a recusa de Celesc, Copel e Cesp à adesão integral das novas regras, pelo menos um quarto da potência de geração ficará de fora, o que, segundo analistas, coloca em risco a meta de redução das tarifas em 20,2%, em média, a partir de fevereiro. Só a Cesp tem duas das cinco maiores usinas com contrato por vencer. Com a revisão do cálculo das indenizações, na sexta-feira, que ampliou o valor em R$ 10 bilhões, o governo esperava a adesão integral das empresas.

Dessa queda, 13,2 pontos percentuais referem-se à redução por conta da renovação das concessões de geração e transmissão nos moldes propostos, e o resto, a desonerações. No setor de transmissão, a tendência é de adesão total após o aumento das indenizações.

Com a recusa de parte das empresas, o Tesouro Nacional poderá elevar ainda mais os aportes no setor elétrico, previstos inicialmente em R$ 3,3 bilhões, para fazer frente à quebra das expectativas e para cumprir a promessa da presidente Dilma Rousseff de redução das tarifas. As empresas torcem por mudanças na MP ao longo de sua tramitação por condições mais favoráveis para a renovação de seus contratos.

Cesp rejeita e ação dispara 8,88%

Os acionistas da Eletrobras, que responde por mais de 60% do total da potência a vencer, aprovaram a renovação em Assembleia Geral Extraordinária, com 95,06% de votos a favor e 4,9% contra. As ações PNB (preferenciais, sem direito a voto) da Eletrobras recuaram 0,21%, a R$ 9,63, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), enquanto Eletrobras ON (ordinária, com voto) caiu 2,61%, a R$ 7,45.

Parte dos acionistas minoritários da Eletrobras ingressou com representação junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) alegando conflito de interesses. O argumento é que a União, controladora da empresa, também é responsável pela indenização. A CVM, porém, entendeu que agora não teria condições de avaliar a questão, disse o diretor financeiro e de relações com Investidores da Eletrobras, Armando Casado, que presidiu a assembleia.

Quanto à possibilidade de os acionistas recorrerem à Justiça, ele explicou que permitiu que todos os votos contrários a decisão fizessem parte do dossiê da AGE, para serem avaliados. A assembleia aprovou as regras para a renovação das concessões do grupo que vencem entre 2015 e 2017, sendo 16 usinas hidrelétricas e 49 mil quilômetros de linhas de transmissão. Com a renovação, a partir de 2013 a remuneração da Eletrobras passará para 70% do valor atual.

Segundo uma fonte que participou da assembleia, um dos questionamentos é que a Eletrobras não encomendou um estudo aprofundado sobre a prorrogação das concessões. Na sede da empresa, do lado de fora da assembleia, representantes dos funcionários fizeram manifestação contra a medida. Eles temem demissões. Apesar de ter admitido a possibilidade de venda de ativos, o diretor financeiro da Eletrobras garantiu que não haverá cortes. Mas disse que existem Planos de Demissão Voluntária (PDV) sendo realizados, por exemplo em Furnas.

Pela manhã, a Eletrobras divulgou comunicado ao mercado, afirmando que o novo decreto que revê as indenizações assegura a possibilidade de a empresa submeter à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até 31 de dezembro de 2013, informações complementares necessárias para o cálculo das obras de reforço e melhoramentos dos empreendimentos de geração realizados até 31 de dezembro de 2012, o que favorecerá os acionistas.

Responsável por cerca de 8% da capacidade de geração de energia do país, a Cesp rejeitou as condições para a renovação antecipada da concessão de três de suas principais usinas (Ilha Solteira, Três Irmãos e Jupiá), que juntas respondem por mais de 70% de sua produção. Com isso, as ações da Cesp saltaram 8,88%, a R$ 19, maior variação da Bovespa e o maior avanço desde 12 de dezembro de 2008 (9,09%).

– A proposta, analisada do ponto de vista econômico e financeiro, tornava a situação da empresa inadequada por vários motivos – disse o presidente da Cesp, Mauro Arce.

Essa posição, se mantida, significará que a energia da Cesp continuará sendo vendida pelos preços atuais, o que dificultaria o cumprimento da meta de redução nas tarifas. Mas Mario Roque Bonini, técnico em planejamento e gestão da Fundação do Desenvolvimento Administrativo de São Paulo (Fundap), diz que essa redução será diluída entre várias regiões, pois a composição da tarifa para o consumidor conta com diversos fornecedores:

– O impacto da decisão da Cesp tem significância, mas não é o fim do mundo. Tem de ver a carteira de fornecedores de energia de cada distribuidora.

Apesar da recusa, o governo de São Paulo, controlador da Cesp, deixou claro que está disposto a negociar. O secretário de Energia do estado, José Aníbal, irá a Brasília hoje:

– A MP não foi votada ainda, então há tempo para conversar. O propósito de reduzir o preço da energia é bom e convergimos integralmente com o governo, mas dentro do que é razoável.

O presidente da Cesp afirmou que toda a geração dessas usinas ficaria comprometida para o mercado cativo, o que obrigaria a companhia a comprar energia no mercado livre para cumprir o que já foi vendido até 2015. Ele estimou que isso representaria um gasto de R$ 800 milhões por ano.

A Cemig, geradora, transmissora e distribuidora de energia do governo de Minas Gerais, só tomará uma decisão hoje pela manhã, pois ontem o Conselho de Administração não obteve consenso. Cemig PN recuou 0,97%, a R$ 25,42. Já a assembleia da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep) aceitou a proposta. Com isso, suas ações PN caíram 2,72%, a R$ 30,40. Na sexta-feira, a Celesc rejeitou a proposta, mas a Copel aprovou.

Com ganhos fortes de incorporadoras, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, avançou 1,27%, aos 58.202 pontos. Petrobras PN subiu 1,82%, a R$ 19,00, enquanto OGX Petróleo ON caiu 5,64%, a R$ 4,35. Em Nova York, o Dow Jones caiu 0,46%, e Nasdaq, 0,27%.


Balança comercial registra pior saldo para o mês em 12 anos

O Estado de S. Paulo

A regularização dos registros das importações de combustíveis e lubrificantes pela Petrobrás levou a balança comercial brasileira a registrar o pior saldo para meses de novembro dos últimos 12 anos. O déficit comercial no mês passado foi de US$ 186 milhões. Este ano, a balança só havia apresentado déficit comercial em janeiro.

No acumulado do ano, a balança registra um superávit de US$ 17,185 bilhões, 33,9% a menos que o valor registrado de janeiro a novembro de 2011. As exportações acumulam queda de 4,7%, ao somarem US$ 222,8 bilhões, e as importações apresentam uma retração de 1,1%, totalizando US$ 205,6 bilhões. A secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, previu ontem que as vendas externas este ano fecharão com uma queda em torno de 5% em relação ao ano passado. “O cenário de fechamento é próximo do que temos hoje”, disse.

Apesar da retração, a secretária ressaltou que o resultado estará perto do recorde de 2011. “Estamos muito mais próximos do ano recorde de 2011 do que de outros anos anteriores”, afirmou. Em setembro, o MDIC avisou que estava abandonando a meta de atingir vendas externas de US$ 264 bilhões em 2012, mas previu que elas ficariam próximas ao valor do ano passado de US$ 257 bilhões. “Este ano tende a ser importante para o comércio exterior. Será o segundo melhor resultado para exportações e importações”, afirmou.

Regularizações

Tatiana disse que o déficit comercial em novembro pode ser explicado pela regularização dos registros das importações de combustíveis e lubrificantes pela Petrobrás. “Boa parte das operações que precisariam ser regularizadas já ocorreu em novembro”, disse a secretária. O saldo da terceira semana de novembro, que ficou negativo em USS 952 milhões, já tinha sido o pior resultado semanal dos últimos 15 anos por conta do aumento das importações de combustíveis e lubrificantes.

Reportagem do Estado mostrou que as importações de petróleo e derivados realizadas pela Petrobrás estavam subestimadas por uma diferença de metodologia de registro das operações entre o MDIC e a estatal. O ministério registra a compra após o desembaraço da operação de comércio exterior, o que ocorre com defasagem. A Receita dá até 50 dias para que a Petrobrás entregue os documentos ao MDIC. O prazo para regularização desses produtos foi alterado em julho, o que provocou um represamento dos dados.

Outro destaque no mês passado foi o recorde das exportações de manufaturados para novembro, que somaram US$ 8,259 bilhões. Foi a única categoria a registrar alta em relação ao mesmo período de 2011. Os embarques de manufaturados cresceram 5% puxados por plataforma para exploração de petróleo, óleos combustíveis, aviões, laminados planos, açúcar refinado e etanol.


A menos de um mês do Natal, calote em alta emperra o varejo

O Estado de S. Paulo

O varejo encerrou novembro com fraco desempenho de vendas e em trajetória de desaceleração no ano. Isso indica que, até momento, os negócios, especialmente a prazo, ainda não deslancharam por ocasião do Natal, apesar dos juros cadentes. Endividamento e inadimplência elevados são os principais obstáculos a uma reação do crédito ao consumidor que, segundo projeção da Serasa Experian, deve ocorrer a partir de abril de 2013.

No mês passado, as consultas para venda financiadas cresceram apenas 0,2% em relação ao mesmo período de 2012, levando-se em conta o mesmo número de dias úteis, segundo pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), baseada numa amostra de dados de clientes da empresa Boa Vista Serviços. O volume de negócios com cheque aumentou 1,8%, nas mesmas bases de comparação. E, na média dos dois sistemas, o ritmo de crescimento foi de 1%.

De janeiro a novembro, a taxa média de crescimento das vendas à vista e a prazo foi de 2,7%. Em outubro, esse indicador era maior, crescia 2,9%. Isso indica uma tendência de desaceleração. “O feriados prolongados de novembro prejudicaram as vendas. Foi uma desaceleração circunstancial”, diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Mas o prognóstico do presidente da entidade, Rogério Amato, é que o pagamento da 1.ª parcela do 13º salário combinado com o aumento do emprego e da renda deve mudar essa tendência este mês.

De toda forma, o crescimento de 2,7% do varejo no ano, até novembro, é consistente com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), diz Alfieri. Como varejo normalmente cresce dois pontos a cima do PIB, por esses números a economia brasileira estaria crescendo 0,7%.

Calote

Na análise do assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, a venda a prazo não deve ser nada espetacular neste Natal e só vai reagir em abril do ano que vem, conforme aponta o indicador de perspectiva de crédito ao consumidor para seis meses, que considera 325 variáveis. Endividamento elevado e calote em alta impedem o deslanche do crédito.

No mês passado, a inadimplência líquida, que considera o saldo entre calotes e renegociações em relação às vendas a crédito de três meses anteriores voltou a subir e atingiu 3,7%.

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