BC indica alta superior a 1% da economia em 2012

A economia brasileira cresceu pelo segundo mês consecutivo em novembro de 2012, de acordo com o índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O indicador subiu 0,4% em relação ao mês anterior, mesmo porcentual de outubro ante setembro. Nos 12 meses até novembro, o IBC-Br subiu 1,66%. Nos 11 meses de 2012, o crescimento acumulado é de 1,68%.

Os números apontam um desempenho acima de 1% no fechamento de 2012. Com isso, o indicador do BC deve ficar acima dos números oficiais do Produto Interno Bruto (PIB), que serão conhecidos no início de março, pelas projeções do mercado.

Os dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até setembro,últimos disponíveis, mostram crescimento acumulado de 0,7% em 2012 em relação ao ano anterior, enquanto os números do IBC-Br indicam alta de 1,2%.

O IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia ao longo dos meses e é considerado prévia mensal do PIB. As diferenças entre os dois indicadores, principalmente no terceiro trimestre, levantaram dúvidas sobre essa percepção. Mesmo assim, os economistas continuam a utilizar o dado como parâmetro para suas projeções.

Indicador útil

Em dezembro, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos, afirmou que o IBC-Br não é medida de PIB, mas apenas “um indicador útil para o BC e para o setor privado” para se avaliar a atividade econômica. “Se o IBC-Br acertasse na mosca é que seria surpreendente.”

Para o economista-chefe da LCA, Bráulio Borges, o IBC-Br ainda é um indicador importante para medir a atividade. Com base no índice do BC, que cresceu em novembro o dobro do esperado pelo mercado, ele revisou a projeção de alta do PIB de 1% para 1,1% em 2012. Para dezembro, espera estabilidade. “A indústria foi muito afetada em dezembro, inclusive por conta do número menor de dias úteis, mas o comércio deve ter um resultado muito bom.”

Eduardo Velho, economista-chefe da Planner Investimentos, também espera que o indicador mostre estabilidade em dezembro. Para o PIB de 2012, o economista projeta 0,98%. “O ano de 2013 vai depender muito da recuperação do investimento, que não deve ser suficiente para garantir um crescimento próximo de 4%”, diz o economista, que projeta expansão de 3%.

Dólares

O BC também divulgou ontem os números da entrada de dólares no País. Nas duas primeiras semanas de janeiro, houve entrada líquida de US$ 254 milhões. A saída líquida de US$ 2,058 bilhões nas operações comerciais foi mais que compensada pela entrada de US$ 2,313 bilhões no segmento financeiro, onde são registrados investimentos estrangeiros e captações de empréstimos, por exemplo.


Obama desafia lobby e lança pacote contra armas

O Estado de S. Paulo

Mesmo diante da incerteza sobre a aprovação do Congresso, o presidente dos EUA, Barack Obama, vai apresentar um projeto de lei que proíbe a venda de armas de assalto e restringe o acesso a munições explosivas. Por decreto, outras 23 medidas serão adotadas para tentar reduzir a violência armada no país e prevenir massacres como o da escola de Newtown, em dezembro.

“Nós próximos dias, vou usar o peso desse posto (a presidência dos EUA) para tornar essas medidas realidade. Se apenas uma vida pode ser salva, temos a obrigação de tentar”, afirmou Obama, rodeado por crianças em um encontro com parentes das vítimas de Newtown. “Nossa primeira missão como sociedade é manter nossas crianças seguras. Seremos julgados por isso e as suas vozes devem nos levar a essa mudança”, completou.

Obama insistiu que os lobbies no Congresso contrários às medidas, “interessados nos seus próprios lucros”, defenderão que a Casa Branca está ferindo o direito de porte de armas, resguardado pela Segunda Emenda da Constituição. Como, reação, instigou a população a pressionar seus congressistas.

“Quero deixar uma coisa absolutamente clara: como muitos americanos, eu acredito na garantia da Segunda Emenda (da Constituição) ao direito individual do porte de armas”, afirmou, ciente do elevado apoio popular a essa regra.

Dentre os 23 decretos presidenciais a serem editados nos próximos dias, 4 preveem a melhoria do atual sistema de checagem de antecedentes criminais e de histórico de doença mental de quem quiser comprar uma arma. Para melhorar a troca de informações com os Estados, o governo convocou as agências federais a manter atualizado esse sistema. No caso de doentes mentais, o governo antecipará medidas previstas na reforma da Saúde para garantir o acesso ao tratamento gratuito.

O governo americano também lançará uma campanha sobre responsabilidade e segurança no uso de arma e vai redirecionar fundos para as pesquisas sobre violência armada do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, suspensos desde 2006. A indústria de armas será pressionada pelo governo a desenvolver tecnologias de segurança mais eficazes e todas as munições colhidas em investigações criminais terão de ser rastreadas.


Desonerações tributárias somam R$ 53 bi em 2013

Valor Econômico

As desonerações tributárias adotadas ao longo do ano passado devem somar R$ 53,2 bilhões em 2013 e R$ 62 bilhões em 2014, de acordo com levantamento feito pela Receita Federal a pedido do Valor. Parte das renúncias fiscais foi anunciada pelo governo para estimular a economia, como a redução de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para crédito à pessoa física. Outras foram destinadas a conter a inflação, caso da redução de tributos incidentes sobre a gasolina e diesel.

Não estão contemplados nessa conta a reforma do PIS e da Cofins, por exemplo, que o governo pretende detalhar neste ano e que pode resultar em renúncia fiscal de R$ 9,8 bilhões no ano.

Apenas com a redução a zero da alíquota da Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide) que indice sobre a gasolina e o diesel, o governo projeta arrecadar R$ 11,3 bilhões a menos neste e no próximo ano. Em 2012, o governo já teve que lidar com frustração de receita com esse tributo, ao zerar a Cide para impedir que o reajuste de combustíveis chegasse ao consumidor e pressionasse ainda mais a inflação, que encerrou o ano com alta de 5,84%.

Ao mesmo tempo, o governo adorou uma série de medidas com o objetivo de incentivar o consumo e os investimentos. As diversas reduções da alíquota de IPI anunciadas no ano passado – para bens de capital, materiais de construção, móveis, carros e eletrodomésticos da linha branca – terão impacto estimado de R$ 8 bilhões nas contas públicas em 2013. Para alguns produtos, como automóveis, haverá recomposição gradual da alíquota.

Para as contas públicas de 2014, são medidas de caráter mais permanente que devem ter o maior impacto, principalmente a desoneração da folha de pagamentos para 42 setores. A renúncia fiscal prevista com a substituição da contribuição previdenciária patronal sobre a folha de salários por alíquota de 1% a 2% do faturamento bruto é estimada pela Receita Federal em R$ 13,3 bilhões em 2013, valor que subirá para R$ 16,2 bilhões no próximo ano.

Nessa conta, ficou de fora, por exemplo, a reforma do PIS e da Cofins prevista pela equipe econômica. No fim do ano passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu a inclusão na lei orçamentária de 2013 uma estimativa de perda de receita de R$ 9,8 bilhões por causa da redução de alíquotas do PIS /Cofins, que beneficiará setores a serem definidos.


Governo discute meta de superávit menor

Valor Econômico

As críticas à área econômica pelo uso de manobras fiscais em 2012 fortaleceram dentro do governo o debate em torno da perseguição de uma meta de superávit primário menor neste ano. Embora ainda técnica, as discussões envolvem duas hipóteses. Na primeira, a redução da meta seria explícita. Outra é favorável à manutenção do valor do superávit primário, porém, com o anúncio claro de que o governo fará uma economia menor, considerando o abatimento dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O entendimento de técnicos é que a sinalização concreta do governo de que vai perseguir uma meta inferior aos R$ 155,9 bilhões estabelecidos para o setor consolidado ou o equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano evitaria desgastes como o que aconteceu em 2012. O governo já sinalizou que pode abater até R$ 25 bilhões da meta de um total autorizado pelo Congresso Nacional de R$ 45,2 bilhões.

No fim do ano passado, o Executivo recorreu a manobras fiscais como uso de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano do Brasil (FSB) e antecipação de dividendos para garantir a meta de superávit primário e, dessa forma, garantir o cumprimento da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A engenharia financeira – mal explicada pelo governo – acabou colocando em risco a credibilidade das contas públicas e provocou desconforto no Palácio do Planalto.

Segundo fonte da área econômica, esse debate técnico em torno da perseguição de um superávit primário menor neste ano ainda não foi levado ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas as declarações recentes do ministro apontam que ele teria mais simpatia pela manutenção do superávit no atual patamar mas com menção clara do valor que será abatimento da meta. “Há no Orçamento de 2013 válvula de escape de R$ 25 bilhões que poderíamos abater”, afirmou Mantega recentemente ao Valor PRO. “Podemos abater a título de investimento ou de desoneração. Vai depender se nós vamos fazer mais desonerações, e nós pretendemos fazer mais, e do comportamento da economia”, acrescentou o ministro.

Na área econômica, pelo menos, em um ponto há consenso. Para garantir a continuidade da trajetória de queda da relação dívida/PIB não é necessário fazer um superávit primário de 3,1% do PIB, ou seja, pode ser perseguido um valor inferior.

Porém, existe a avaliação de que se isso for admitido publicamente, haverá uma pressão adicional por aumento de gastos de custeio, despesa que a área econômica tenta reduzir. Outra preocupação é com o fato de o Banco Central (BC) trabalhar com a meta cheia de superávit primário para definir a taxa de juros necessária para manter a inflação sob controle. Qualquer alteração nesse aspecto, poderia influenciar na tendência da taxa básica de juros (Selic).

Ao deixar claro o desejo de perseguir uma meta de superávit menor, o governo pode até trazer surpresas positivas neste ano, caso a retomada da economia brasileira se confirme, proporcionando uma elevação da arrecadação de impostos. Nos últimos meses de 2012, o governo verificou que dificilmente a meta de superávit primário para o ano seria cumprida. Mas a decisão final da área econômica foi a de utilizar os instrumentos legais existentes para garantir a meta.

Uma alteração do valor do superávit primário só poderia ter acontecido com o envio de um projeto de lei pelo Executivo ajustando os valores na LDO. Isso não seria um fato inédito. Em 2009, o governo baixou essa economia de 3,8% do PIB para 2,5% do PIB.

Como o governo não solicitou formalmente um ajuste na LDO, a não realização da meta em 2012 significaria o descumprimento de uma lei que poderia implicar a reprovação das contas públicas pelo Congresso Nacional e, até mesmo, a abertura de processos específicos cuja punição mais grave é a perda do cargo.


Investimento estrangeiro direto cai na China

Valor Econômico

Em 2012, os investimentos estrangeiros diretos (IED) na China caíram pela primeira vez desde 2009, com a desaceleração do crescimento da economia e com a migração dos fabricantes para mercados dotados de mão de obra mais barata. A queda contrasta com os gastos chineses em investimentos diretos externos, que dispararam para um valor recorde.

O ingresso de IED na China recuou 4,5% em dezembro, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, para US$ 11,7 bilhões, segundo dados do Ministério do Comércio chinês divulgados ontem em Pequim. Foi a 13ª retração num período de 14 meses. No ano como um todo, o afluxo de recursos caiu 3,7%, para US$ 111,7 bilhões, enquanto os investimentos não financeiros chineses no exterior aumentaram 28,6%, para US$ 77,2 bilhões.

A China está pouco a pouco ficando menos atrativa como destino de fábricas, diante da alta dos custos. O país, ao mesmo tempo, canaliza parte de seus US$ 3,3 trilhões em reservas cambiais para investimentos no exterior. A guinada dos investimentos externos diretos poderá beneficiar países como a Indonésia e o Vietnã, entre outros, segundo o HSBC Holdings. “É uma tendência inevitável os custos da mão de obra continuarem subindo na China”, disse Shi Lei, analista da corretora Founder Securities em Pequim.

A entrada de investimentos externos diretos deve ser comparada com a queda de 5,4%, para US$ 8,3 bilhões, registrada em novembro. Os investimentos diretos da China no exterior aumentaram 25%, para US$ 62,5 bilhões, nos 11 primeiros meses de 2012.

A relevância dos investimentos estrangeiros diretos na China está diminuindo num momento em que os dirigentes do país, a segunda maior economia mundial, ampliam seus gastos em infraestrutura doméstica e diante da expansão interna do crédito. A participação de recursos externos no total dos investimentos em ativos fixos na China caiu do pico de 11,8%, computado em 1996, para 1,5% em 2011, segundo dados divulgados pelo Departamento Nacional de Estatística chinês.

Fabricantes globais com uso intensivo de mão de obra estão deixando a China e se instalando em outros países asiáticos, disse Trinh Nguyen, economista do HSBC Holdings de Hong Kong. Os ingressos em investimentos do setor têxtil na China encolheram 18,9% nos três primeiros trimestres de 2012.

Os investimentos diretos da China no exterior deverão ultrapassar os ingressos de aplicações diretas no país dentro de um ano, segundo Shen Jianguang, economista-chefe para a Ásia da Mizuho Securities Asia. O órgão regulador cambial chinês informou na segunda-feira que criou uma nova divisão para empregar as reservas do país, as maiores do mundo, no apoio a empresas chinesas no exterior.

O governo chinês divulgará amanhã dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, sobre a produção industrial, sobre as vendas de varejo de dezembro e sobre os investimentos em ativos fixos do ano como um todo. O crescimento da economia chinesa deve ter se acelerado para 7,8% no período outubro-dezembro, em comparação com o mesmo intervalo de 2011, segundo pesquisa da Bloomberg News.

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