Setor industrial está mais otimista em relação à recuperação, mostram pesquisas

O setor industrial se mostra otimista no início deste ano em relação à recuperação da produção no primeiro trimestre. Isso é o que indicam os resultados de dois indicadores divulgados ontem – o Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Fundação Getulio Vargas (FGV), e a Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Para Aloisio Campelo, superintendente-adjunto de ciclos econômicos da FGV, a estabilidade do ICI na passagem de dezembro para janeiro revela uma situação mais equilibrada do setor, com ânimo mais moderado no segmento de bens duráveis após a volta gradual do IPI, mas aceleração em outros setores que conseguiram ajustar seus estoques e começaram a reagir com mais fôlego.

Após alta de 1,1% em dezembro ante novembro, feitos os ajustes sazonais, a confiança dos empresários, de acordo com o indicador da FGV, subiu 0,1% no primeiro mês do ano, para 106,5 pontos, situando-se acima da média histórica de 104,8 pontos pelo quinto mês consecutivo.

Para Campelo, sinais favoráveis vieram da alta de 0,6% no setor de bens de capital, que, no ano passado, sofreu com o tombo do investimento e ainda encontra-se superestocado, mas que mostra perspectivas de aumento da produção nos próximos três meses e mais otimismo num horizonte mais longo, de seis meses. “O setor de bens de capital está saindo de uma situação muito ruim e começando a ver um horizonte um pouco melhor”, afirmou.

Outra notícia favorável veio do aumento do nível de utilização da capacidade instalada, que subiu 0,3 ponto percentual entre dezembro e janeiro, para 84,4%, maior nível desde fevereiro de 2011. Segundo Campelo, esse movimento confirma que a recuperação da atividade industrial está ocorrendo.

Os estoques, por sua vez, continuaram em processo de ajuste e são outro ponto a favor de uma retomada da produção na avaliação do economista da FGV. O segmento de bens de capital tem mais estoques para queimar, mas a parcela de empresários que relatam estoques acima do normal diminuiu na passagem mensal, de 27,5% para 23,4%.

Também de acordo com indicador de expectativas da CNI, a indústria elevou o otimismo em relação à demanda nos próximos seis meses. O índice passou de 54,6 pontos em dezembro do ano passado para 58,4 pontos em janeiro. “Apesar da retração da atividade, os industriais estão otimistas com o futuro”, afirma a CNI, lembrando que o indicador deste mês ficou acima dos registrados em janeiro de 2011 e 2012.

Em relação à compra de matérias-primas, o indicador de expectativa teve avanço no período, passando de 52,3 pontos para 55,8 pontos entre dezembro de 2012 e janeiro deste ano. As perspectivas de exportações para os próximos seis meses registraram leve queda para 51,8 pontos, ante 52,6 pontos em dezembro.

A CNI também apontou que a situação financeira das indústrias melhorou no último trimestre de 2012. O indicador, divulgado ontem, subiu para 50,2 pontos, ante 48,6 pontos nos três meses anteriores.

Com a alta, o índice ficou acima dos 50 pontos, o que indica que os “empresários ficaram satisfeitos com a situação financeira pela primeira vez no ano”. No quarto trimestre de 2011, o indicador marcava 50,4 pontos. Valores acima de 50 indicam satisfação com o quesito analisado e resultados abaixo resultam de avaliação negativa.


Governo revisa para R$ 39 bi pagamentos do PAC em 2012

Valor Econômico

Além de utilizar os recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB) e a antecipação de dividendos de estatais federais, o governo federal inflou os pagamentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para conseguir abater um valor mais expressivo de investimentos da meta de superávit primário consolidada de 2012, que soma R$ 139,8 bilhões.

Números apresentados pelo Tesouro Nacional mostram que os valores pagos do PAC totalizaram R$ 39,3 bilhões em 2012. Porém, todos os números divulgados anteriormente foram revisados. Por exemplo, na divulgação referente a novembro, o governo informou que havia pago R$ 28,4 bilhões de PAC no acumulado de janeiro a novembro. Esse montante, no entanto, saltou para R$ 35,7 bilhões no mesmo período.

Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, os dados foram revisados para incluir despesas como programas na área da defesa, educação e desenvolvimento social e de combate à fome. Mas Augustin ressaltou que esse tipo de ajuste também ocorreu em outros anos. No total, os investimentos em 2012 somaram R$ 59,4 bilhões.

Dos R$ 39,3 bilhões de PAC que podem ser abatidos do superávit primário, Augustin afirmou que utilizou R$ 10,5 bilhões para assegurar a meta do governo central de 2012. De janeiro a dezembro, o superávit primário do governo central – que inclui contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – foi de R$ 88,528 bilhões (2,01% do PIB). O resultado ficou abaixo da meta de R$ 97 bilhões estabelecida em lei, mas dentro do resultado ajustado de R$ 71,4 bilhões. No mês passado, o superávit foi recorde, de R$ 28,324 bilhões.

O restante dos investimentos do PAC – R$ 28,8 bilhões – será utilizado para compensar a economia de Estados e municípios, que segundo o próprio secretário, ficará expressivamente abaixo da meta de R$ 42,8 bilhões. Esses números serão divulgados hoje pelo Banco Central (BC).

A economia para pagamento de juros em 2012 foi garantida graças ao resgate de R$ 12,4 bilhões do FSB e à antecipação de dividendos de R$ 28,019 bilhões, sendo R$ 7,644 bilhões em dezembro. Somente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) transferiu R$ 12,937 bilhões, seguido pela Caixa Econômica Federal (R$ 7,7 bilhões), Banco do Brasil (R$ 2,970 bilhões) e Petrobras (R$ 1,886 bilhão).

Para 2013, Augustin reiterou que a meta prevista na Lei Diretrizes Orçamentárias (LDO) é de 3,1%, ou R$ 155,9 bilhões. No entanto, conforme já havia antecipado ao Valor PRO, não estão descartados “aperfeiçoamentos”, principalmente no que se refere a Estados e municípios. O secretário reforçou que aperfeiçoar não quer dizer afrouxar sua relação com Estados e municípios. Eles continuarão tendo uma meta a cumprir.

Apesar das críticas do mercado, o secretário voltou a defender as medidas tomadas no fim do ano passado, como o saque do FSB e o resgate antecipado de dividendos. “O governo não fez manobra alguma. O governo cumpriu rigorosamente todas as determinações legais”, disse.

No caso dos aportes no BNDES, Augustin afirmou ver “total relação entre os valores que emprestamos ao BNDES e a redução da Selic”. Para o secretário, se o governo não emprestasse os recursos, haveria pressão inflacionária quando o país crescesse, o que implicaria aumento da Selic e da dívida brasileira.


Analistas esperam desaceleração da inflação no atacado

Valor Econômico

Na expectativa de entrada de safras mais favoráveis de milho e da soja e também por causa da valorização do real observada entre dezembro e janeiro, economistas esperam forte desaceleração dos preços no atacado neste mês. A inflação ao consumidor, no entanto, deve superar alta de 1% e os reflexos da deflação dos produtos agropecuários só serão percebidos no varejo entre fevereiro e março. A média das estimativas de dez consultorias e instituições financeiras consultadas pelo Valor Data é de alta de 0,32% do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em janeiro, ante variação positiva de 0,68% um mês antes. As projeções variam entre avanço de 0,22% a 0,40%. A Fundação Getulio Vargas divulgará o resultado hoje às 8h.

A Tendências Consultoria estima alta de 0,39% do IGP-M neste mês e a economista Alessandra Ribeiro afirma que o principal fator para a perda de fôlego do índice na passagem mensal será os preços agropecuários, que vão deixar avanço de 1,40% em dezembro para mostrar deflação de 0,23% em janeiro. A economista afirma que produtos com grande peso na composição do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), como a soja e o milho, mostrarão trajetória mais favorável em janeiro do que no mês anterior, quando pressões pontuais levaram a um repique das cotações desses grãos.

Para a economista, esses produtos devem apresentar resultado em linha com o observado no IGP – DI, em que a soja teve deflação de 4,49%, enquanto o milho avançou apenas 0,63%. A expectativa de boas safras neste ano está contribuindo para a desaceleração, avalia Alessandra, assim como a valorização do real em relação ao dólar ao longo do último mês. No fim do ano passado, a taxa de câmbio chegou a se aproximar de R$ 2,15, mas o movimento recente de valorização levou a moeda americana a ser cotada ontem abaixo do patamar de R$ 2,00. “Como são itens comercializáveis, essa valorização do real contribui para que os preços em moeda doméstica cedam mais rapidamente”, afirma a economista.

Natacha Perez, economista do Banco Fator, projeta recuo de 0,9% dos produtos agropecuários neste mês, decisivo para a perspectiva de alta de 0,24% do IGP-M em janeiro. Para ela, a expectativa da entrada da nova safra da soja e do milho está levando a uma queda dos preços desses grãos, movimento que foi reforçado pelo aumento dos embarques de soja e milho anunciados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Segundo Natacha, uma parte importante das terras agriculturáveis nos Estados Unidos ainda apresenta problemas com a seca, mas como não há expectativa de nova quebra de safra, os preços respondem com trajetória de baixa.

Para Marcelo Arnositi, economista-chefe da BB-DTVM, esses produtos começaram a mostrar tendência de queda no fim de dezembro, o que pode ter sido marginalmente reforçado pela valorização do real no período.

Natacha, do Fator, acredita ainda que o impacto do câmbio ocorre principalmente nos preços industriais. Para a economista, é esse movimento que explica em grande parte a projeção de alta de 0,23% desse grupo em janeiro, ante avanço de 0,46% um mês antes. “Produtos siderúrgicos e químicos, por exemplo, são fortemente impactados pela valorização do real”, afirma.

Natacha projeta que o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que tem peso de 60% no índice geral, vai mostrar deflação de 0,08% nesta leitura, com influência também da desaceleração esperada para os preços agropecuários. Alessandra, da Tendência, projeta IPA um pouco mais forte, mas ainda menor do que em dezembro, de 0,2%.

Para a inflação ao consumidor, que representa 30% do IGP-M, a perspectiva é de alta ainda forte. Os preços dos alimentos in natura seguem pressionados pelo período de chuvas e a projeção é de alta de 1,03% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) em janeiro, ante avanço de 0,73% observado no mês anterior, nos cálculos da Tendências.

“O grupo alimentação dará a principal contribuição negativa, mas também projetamos aceleração de despesas pessoais, por causa do reajuste de preços de cigarro, e de transportes”, afirma Alessandra, da Tendências. O aumento das tarifas de ônibus urbano em São Paulo e no Rio de Janeiro foi adiado a pedido do governo federal, para evitar alta ainda maior da inflação ao consumidor em janeiro, mas reajuste em outras capitais, por exemplo, vão pressionar o grupo transportes.

Nos próximos meses, no entanto, a desaceleração dos alimentos no atacado deve chegar ao varejo, contribuindo para leituras mais positivas em fevereiro e março, segundo a economista.

Natacha, do Banco Fator, concorda. A economista calcula que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial de inflação, vai subir 0,78% em janeiro e 0,25% em fevereiro. Para essa trajetória de desaceleração, afirma, está embutida a perspectiva de queda de 18% das tarifas de energia ao consumidor e avanço bem menor do grupo alimentação.

Último item a compor o IGP-M, com peso de 10%, o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) avançou 0,39% em janeiro, variação mais forte do que a alta de 0,29% observada no mês anterior, conforme já divulgado pela FGV na sexta-feira.


Ação coordenada põe o dólar em novo patamar

Valor Econômico

Remando contra a maré do mercado, alguns especialistas avaliam que faz pouco sentido atrelar o real mais valorizado visto nos últimos dias ao que seria uma nova estratégia do Banco Central para controlar a inflação. Mesmo porque o resultado obtido sobre os preços seria bastante tímido.

Segundo Luciano Sobral, sócio da gestora de recursos Fram Capital, a própria autoridade monetária estima que 10% de variação do câmbio representaria um impacto entre 0,3% e 0,4% na inflação anual. Dessa forma, o BC teria que permitir uma valorização do real muito grande para ajudar a conter os preços de forma significativa, o que não parece ser o que Sobral chama de “estratégia primária” do BC. “Às vezes o mercado lê coisas que não necessariamente são o pensamento do BC”, diz.

Nas contas da Tendências Consultoria, um câmbio médio de R$ 1,985 neste primeiro trimestre (ante R$ 2,06 no último trimestre de 2012), e que permanecesse neste nível pelo restante do ano, abriria espaço para uma queda de 0,14 ponto percentual na inflação ao consumidor do período.

Diante do quadro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) projetado pela Tendências cederia de 5,8% para 5,66% em 2013. Para Alessandra Ribeiro, economista da Tendências, como o governo busca evitar que a inflação fique acima de 6% no ano, uma atuação do BC no sentido de permitir que o dólar teste o piso de R$ 2,00 seria benéfica. Porém, a economista não acredita que a autoridade monetária esteja atuando neste sentido. “Acho pouco provável que o governo deixe esse câmbio muito abaixo do nível atual, pois [o câmbio] é uma bandeira do governo para impulsionar a indústria e, consequentemente, o PIB”.

Para Sobral, da Fram Capital, as intervenções recentes do BC representariam mais um ajuste fino. “Até porque acredito que para este Banco Central não faz muita diferença se a inflação é 5%, 5,3% ou 5,6%”. Sobral diz que um câmbio mais valorizado até ajudaria a conter os preços, barateando, importações. A questão, diz, é que, como bem apontou o próprio BC em sua última ata, a recuperação mais fraca da atividade decorre de problemas na oferta, e não na demanda.

Logo, diz ele, a raiz do problema não seria o consumo, mas a negociação de salários. “A massa salarial cresce há muito tempo acima da inflação e isso implica em ganho de poder de compra para os consumidores. Essa é, no fundo, a pressão de oferta que o BC enxerga, o que não se resolve com movimento de 2%, 3% no câmbio”. Sobral afirma que a inflação brasileira é estruturalmente alta, sustentada, sobretudo, pelos preços dos serviços que são uma função quase direta do nível de emprego. “A raiz estrutural da inflação não está no câmbio nem no preço dos importados e disso o BC está bastante consciente”.

Segundo Sobral, o que o mercado tem visto novamente neste ano é um mundo saindo de ativos considerados seguros e correndo para o risco. “Colocando o real nessa equação, é uma moeda que tende a performar melhor quando o mundo está em busca de risco. Talvez parte da explicação esteja aí e não diretamente na preocupação do BC com a inflação”. Para Sobral, aparente mudança de comportamento do BC – que sinalizava uma banda maior para o dólar, entre R$ 2,05 e R$ 2,10 no fim do ano passado – estaria, na avaliação de Sobral, muito mais ligada a uma atuação para conter a volatilidade da moeda. “Acho que se o Banco Central vir que existe um fluxo de recursos que justifique o câmbio ir para R$ 1,95 ele vai deixar escorregar. Se ele achar que é exagerado, que é mais capital especulativo, vai se preocupar”.

José Julio Senna, pesquisador da área de economia aplicada do Ibre/FGV e responsável por estudos sobre política monetária, faz outra leitura da trajetória do dólar. Para o ex-diretor do Banco Central, a fraca demanda externa talvez tenha enfraquecido a visão do governo de que um real muito desvalorizado teoricamente estimularia a economia por meio das transações no exterior.

“Em volume, as exportações mundiais crescem a um ritmo de 2% ao ano. Como não é por aí que vamos estimular a economia, talvez seja melhor deixar o câmbio quieto para que ele não atrapalhar um outro componente, o investimento”, diz ele.

Mas afirmar que o governo desejaria um real abaixo de R$ 2, para Senna, seria demais. “Em referência a esse assunto, o governo já disse que tanto a redução do juro quanto a depreciação do real fazem parte das mudanças estruturais pelas quais passam a economia. Logo voltar atrás agora seria um recuo, do ponto de vista do traçado da estratégia, forte demais”.

Segundo Senna, pode ser que daqui para frente a orientação seja que o BC evite que o câmbio venha abaixo de R$ 2. “Mas os participantes de mercado, permanentemente de olho em oportunidades de ganho, vão testar isso. Logo, essa história promete não se encerrar no curto prazo.”


Estrangeiros buscam aquisições

Valor Econômico

O movimento de fusões e aquisições no setor de energias renováveis continuará intenso neste ano no Brasil, especialmente no segmento de energia eólica. “Estamos falando com vários interessados. Esse é um setor que passará por um processo de consolidação no país”, afirma Marco Gonçalves, sócio e chefe da área de fusões e aquisições do BTG Pactual. Segundo Vittorio Perone, sócio da área de energia do banco brasileiro, empresas que ainda não estão presentes no país – da Ásia, EUA e Europa – estão em busca de oportunidades, além das próprias elétricas tradicionais estabelecidas no Brasil.

De acordo com os dois executivos, é impossível estimar, neste momento, quantos dos negócios atualmente em curso chegarão à reta final. Mas é esperado que o setor continue ativo neste ano.

A redução das taxas de retorno forçará as empresas a obter ganhos de escala para rentabilizar os seus negócios, o que contribui para um aumento no número de aquisições, afirma Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Ela estima que já existam empresas trabalhando com taxas de retorno abaixo de 8% no país. Perone prevê, contudo, que as taxas de rentabilidade exigidas pelos investidores tendem a se estabilizar e que já estariam em um patamar aceitável.

“O último leilão não serviu para nada, só para passar nervoso”, disse Elbia, ao se referir aos baixos no certame realizado em dezembro, quando o MWh da energia eólica foi vendido por R$ 88, o mais baixo na série histórica.

Devido à oferta de fontes alternativas (vento, sol e biomassa), o mercado brasileiro ocupará cada vez mais uma posição de destaque. Em 2012, o Brasil já respondeu por duas das cinco maiores aquisições no setor de energias renováveis no mundo, ambas no segmento de geração eólica: a aquisição da Bons Ventos pela CPFL, por US$ 529 milhões e a aquisição de 40,6% da Desenvix pela Statkraft, da Noruega, por US$ 529 milhões.

Com essas duas operações, o BTG foi o banco que, no ano passado, mais assessorou fusões e aquisições no mundo no mercado de energias renováveis, segundo uma pesquisa feita pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF). As operações também renderam ao escritório brasileiro de advocacia Machado Meyer um primeiro lugar no globo, ao liderar o ranking de assessores jurídicos em fusões e aquisições no setor.

Segundo Perona, os desenvolvedores independentes ainda possuem uma grande participação no mercado brasileiro, sobretudo no setor de energia eólica, que expandiu-se mais rapidamente no país. Em outros países, onde o setor deslanchou mais cedo, nos anos 90, muitos dos empreendedores pioneiros saíram de cena e foram adquiridos por grandes empresas.

O modelo escolhido pelo governo brasileiro para o desenvolvimento do setor de energias renováveis, baseado em leilões com preços competitivos e não em subsídios, faz com que os projetos no Brasil tenham uma situação financeira mais sólida, diz Perona. Não é esperado que as empresas no país venham a passar pela mesma onda de quebradeira vivida pelas companhias nos Estados Unidos, na Europa e Ásia. Para a presidente da Abeeólica, o Brasil está “mais imune” a esse tipo de problema


Brasil atrai mais trabalhadores estrangeiros

O Globo

O número de autorizações de trabalho concedidas a estrangeiros somou 73.022 em 2012, uma alta de 3,5% em relação ao ano anterior. O aumento foi ainda mais significativo na categoria empregos permanentes. Neste caso, foram concedidos 5.835 vistos, um volume 26% acima do contabilizado em 2011.

Na categoria de empregos permanentes, com autorização de dois anos ou mais, o setor de petróleo liderou a lista de atividades mais buscadas, seguido por serviços de engenharia, consultoria empresarial, fabricação de automóveis e construção civil.

Entre as nacionalidades dos estrangeiros que migraram para o Brasil no ano passado, Portugal foi o país que mais enviou trabalhadores (848 vistos de trabalho). Depois dos portugueses, destacaram-se os chineses, os americanos e os espanhóis.

– O número final de mais de 70 mil vistos é um dado bruto, que envolve situações bem distintas: desde a vinda de um técnico para consertar uma máquina até o profissional que vem para o Brasil trabalhar em uma empresa brasileira, traz a família e se enraíza mais no país – explica Paulo Sérgio de Almeida, presidente do Conselho Nacional de Imigração.

São Paulo atraiu mais imigrantes

De acordo com Almeida, São Paulo foi o estado que mais atraiu trabalhadores, com 2.891 vistos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 1.446 autorizações. Minas Gerais veio em terceiro lugar, com 361 imigrantes. Em termos de ocupações, as principais são em níveis gerenciais, nas áreas de produção e operações, de pesquisa e desenvolvimento, analistas de negócios e analistas de sistemas. Técnicos em mineração e engenheiros também se destacaram. Já o número de diretores de empresas cresceu 22%.

– No caso dos diretores, isso significa que novas empresas de capital estrangeiro que se estabeleceram no Brasil estão trazendo seus executivos para trabalhar aqui – explica Almeida.

Outro dado relevante, destaca ele, diz respeito às pessoas físicas que trazem para o Brasil suas economias para investir no país, em geral abrindo uma firma ou se associando a alguma empresa. Neste caso, houve 1.176 autorizações, volume que corresponde a um aumento de 15%. Os investimentos desses estrangeiros somaram, no ano passado, R$ 286,4 milhões.

De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Imigração, o governo tem buscado formas de simplificar o ingresso de trabalhadores estrangeiros. Uma das saída é a redução do volume de documentos exigidos e a realização de todo o procedimento pela internet.

– Estamos trabalhando em uma nova política, para trazermos trabalhadores qualificados para o Brasil – enfatiza Almeida.

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