Pesquisa mostra início de redução nos preços dos imóveis
Num cenário de crescimento econômico menor e de estoques elevados de imóveis, já se começa a falar, no mercado, da possibilidade de queda de preços das unidades. Até o fim do ano, a avaliação recorrente era que os valores ficariam estáveis, em 2013, acompanhando a inflação. Segundo o diretor-geral do portal Zap Imóveis, Eduardo Schaeffer, os preços dos imóveis terão queda real nos próximos meses.
Em janeiro, os imóveis anunciados em seis das 16 cidades incluídas no Índice FipeZap Ampliado – realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o Zap – tiveram queda real ante dezembro, tendo como base a inflação medida pelo IPCA. Houve retração real em Brasília, Recife, Santo André (SP), São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP) e Niterói (RJ). Em Brasília e no Recife, foi registrada redução nominal, de 0,1% e 0,2%, respectivamente.
O Índice FipeZap Ampliado apontou alta na média nacional de preços por m2 das 16 cidades pesquisadas de 1% em janeiro ante dezembro, para R$ 6,350 mil. A variação do Índice FipeZap Composto, que abrange sete cidades – São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Recife, Fortaleza e Salvador – foi de 0,9%.
“Os preços não vão acompanhar a inflação. Vai haver uma pequena queda real nos próximos meses. Está havendo uma acomodação”, afirmou Schaeffer. O representante do Zap disse não esperar redução nominal dos valores. Conforme Schaeffer, o crescimento e o investimento do país abaixo do que se esperava resultam na perspectiva de queda real. “Isso gera um compasso de espera no consumidor. Há um freio no frenesi da compra de imóveis, com queda no ritmo e pequeno recuo real dos preços”, afirmou.
Diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), Luiz Paulo Pompéia espera queda nominal no preço por m2 dos lançamentos da cidade de São Paulo de 5% a 10% em 2013. Conforme Pompéia, em 2012, o preço médio por m2 dos imóveis de um dormitório foi de R$ 9,550 mil; de dois dormitórios, R$ 5,957 mil; de três, R$ 6,5 mil; e de quatro dormitórios, R$ 8,877 mil. “Esses valores estão altos demais”, diz, ressaltando a concessão de descontos por várias incorporadoras desde o ano passado e os estoques elevados de imóveis.
A Embraesp projeta que os lançamentos na capital paulista ficarão em torno de 27 mil unidades em 2013, ante 27,835 mil em 2012 e 38,149 mil, em 2011.
O controlador da Rodobens Negócios Imobiliários, Waldemar Verdi Junior, diz que há espaço para alta de preços em regiões ainda não desenvolvidas no interior do país. Nos grandes centros pode haver queda de preços, segundo ele. “Acredito em alguma desvalorização nos grandes centros onde os preços foram muito apreciados nos últimos anos. No interior de Estados desenvolvidos, pode haver valorização e, nas novas regiões em desenvolvimento, haverá apreciação dos preços”, diz. A empresa atua em cidades do interior e capitais de menor porte.
“O consumidor está mais esgrimador, com mais cuidado na compra. O momento é de consumo consciente”, diz o presidente da imobiliária focada em imóveis novos com descontos Realton, Rogério Santos. Segundo ele, o cenário é de estabilização de preços. “É muito difícil que haja decréscimo de preços, por causa dos custos dos insumos e de a margem das empresas já estar no limite”, diz.
Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP, também afirma que, em função dos custos dos insumos, é “muito difícil que os preços caiam”. “A tendência dos preços é de estabilidade, acompanhando a inflação”, diz Bernardes.
Conforme o Barômetro do Mercado Imobiliário, levantamento que abrange as unidades anunciadas no portal imobiliário Agente Imóvel, os preços de imóveis da cidade de São Paulo subiram 17% em 2012, para R$ 6,678 mil por m2. No último trimestre, a maior valorização por bairro foi registrada na Vila Madalena, com alta de 13,7%, seguida pela Vila Romana com 12,7%. Na ponta oposta, as maiores quedas do trimestre foram registradas na Vila Uberabinha e em Cerqueira César, com redução de 2% no preço médio por m2 nos dois casos.
Congresso recebe proposta para mineração em março, diz Lobão
Valor Econômico
Com a retomada das discussões pelo governo sobre o novo código de mineração, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, arriscou ontem uma nova previsão de envio da proposta de regulamento ao Legislativo. “Acredito que até março essa mensagem possa estar sendo enviada ao Congresso”, disse ao chegar para a solenidade que marcou o início do ano legislativo de 2013.
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, tem coordenado reuniões entre técnicos do governo e empresários do setor de mineração nas últimas semanas, com o objetivo de retomar as discussões sobre o tema. Na semana passada, Gleisi chegou a afirmar que a determinação de concluir as discussões, ouvido o setor privado, partiu da própria presidente Dilma Rousseff.
Segundo Lobão, o governo está cuidando neste momento do “aperfeiçoamento” do modelo de exploração. “Estamos examinado ponto a ponto, artigo por artigo. Sempre melhorando tudo aquilo que foi feito no começo”, afirmou o ministro.
O novo marco regulatório do setor prevê a atualização do código com novas regras para exploração de minas. O governo tem o interesse de replicar alguns mecanismos de regulação de outros segmentos para aperfeiçoar sua atuação na área de mineração. Isso inclui a licitação de minas com grande potencial exploratório, o que inclui o pagamento de participação especial para empreendimentos considerados altamente lucrativos.
Além disso, o novo marco regulatório prevê a criação de uma agência reguladora e o aumento das alíquotas de royalties. A proposta original tinha a previsão de envio ao Congresso Nacional de três projetos de lei.
Ao conceder entrevista, o ministro falou ainda sobre a expectativa do governo em relação à conclusão do plano de reestruturação da Eletrobras, medida que prevê a redução de custos na gestão das empresas do grupo. “Acreditamos que dentro de, no máximo, 40 dias já tenhamos uma solução definida”, disse.
A reestruturação da estatal é tida como fundamental para adequar a empresa à nova realidade dos contratos que foram renovados antecipadamente no fim do ano passado. Tal medida garantiu, juntamente com o corte de encargos no setor, a redução das tarifas de energia elétrica. As empresas que acataram o plano de renovação das concessões sofreram um corte na remuneração.
Ontem, Lobão também comentou sobre possibilidade de o governo adotar novas medidas de estímulo para o setor de etanol. Ao questionado sobre a hipótese de redução das alíquotas de PIS e Cofins, o ministro reiterou que o governo continua estudando.
“Estamos examinando um conjunto de medidas, entre as quais, medidas de estímulo para o setor de etanol. Não temos nenhuma decisão ainda”. afirmou. Tal decisão não teria sido tomada até o ano passado por falta de espaço fiscal.
Na semana passada, o governo anunciou a antecipação do aumento do percentual de etanol na gasolina, que passará de 20% para 25% a partir de maio.
Produção de petróleo e gás natural cai 3% em 2012
Valor Econômico
Em dezembro do ano passado, o Brasil produziu 4,9% menos petróleo que no mesmo mês de 2011, mas a marca de 2,105 milhões de barris/dia foi suficiente para superar em 2,9% o resultado verificado em novembro. Com isso, a produção média brasileira de petróleo em 2012 alcançou 2,061 milhões de barris diários, com redução de 2,07% em comparação com o contabilizado no ano anterior.
De acordo com o Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural, de dezembro de 2012, divulgado ontem pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção nacional de gás natural em dezembro, de 76,2 milhões de metros cúbicos/dia, foi recorde. O volume é 6,8% superior ao observado em dezembro de 2011.
A produção de petróleo e gás natural no Brasil, somada, totalizou 2,584 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/dia) em dezembro de 2012. O montante é 2,95% inferior ao observado em igual período do ano passado, de 2,663 milhões de boe/dia. O campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos, registrou a maior produção em dezembro, totalizando 346 mil barris de óleo equivalente por dia.
Segundo a ANP, o volume de queima de gás natural em dezembro de 2012 foi de 4,3 milhões de metros cúbicos por dia. O montante foi 15,2% menor que o observado no mesmo mês de 2011 e 4,7% inferior em comparação com novembro do ano passado.
A produção brasileira na camada pré-sal alcançou 292,5 mil boe/dia em dezembro de 2012, com alta de 45% em relação a igual período de 2011, e de 7,5% em relação ao mês exatamente anterior. A produção de petróleo no pré-sal atingiu 242,7 mil barris por dia enquanto a de gás natural registrou 7,9 milhões de metros cúbicos por dia.
O total produzido tem origem em 15 poços, sendo dois no Campo de Jubarte; quatro no Campo de Lula; um em reservatório compartilhado pelos Campos de Caratinga e Barracuda; dois em Marlim Leste; um em reservatório compartilhado por Marlim e Voador e cinco no Baleia Azul.
Alimentos têm alta de até 324%
Correio Braziliense
O novo ano trouxe uma temporada de muita chuva e estrago no bolso do consumidor. Com o grande volume de precipitações, houve uma verdadeira disparada nos preços de legumes, verduras e frutas. O clima afeta diretamente a produção: estraga os alimentos mais sensíveis, e o que não é perdido vai para as gôndolas dos mercados com qualidade ruim. Com a escassez, itens comuns na mesa do brasileiro já estão até 300% mais caros. É o caso do quiabo, que passou de R$ 2,97, o quilo, para R$ 12,59, alta de 323,9%.
“Desde dezembro, houve registro de 15 horas seguidas de chuva em um único dia. Assim, alimentos mais frágeis acabam prejudicados. Além disso, a procura por eles continua elevada, o que faz com que os preços subam, mesmo que o produto tenha baixa qualidade”, ressalta o presidente da Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), Wilder Santos. Os brasileiros já sentiram o aumento do custo de vida no orçamento. Em alguns estabelecimentos percorridos pelo Correio, faltam folhagens como rúcula e alface — verduras que ficaram até 79,8% e 28,6% mais caras, respectivamente (veja quadro).
Os preços inflacionados fizeram a aposentada Maria Helena Pinho Alencar, 63 anos, desistir de alguns itens comuns na mesa de casa. “Cheguei a pagar, na semana passada, R$ 4 no quilo do tomate. Agora, está custando R$ 7,99. Ou seja: não vou comprar”, reclamou. Segundo Maria, dois meses atrás, ela conseguia driblar as altas dos preços ao trocar produtos pelos da estação. Mas hoje nem isso, nem as promoções estão valendo a pena. “Se eu não comprar direto no centro de distribuição de hortaliças e frutas, pago bem mais. E a qualidade é péssima”, comparou.
O funcionário público Célio Rodrigues, 51, e a aposentada Leila Faria, 54, lamentam a qualidade do que encontram nas prateleiras. “Além do preço lá no alto, o alface, por exemplo, está ruim”, disse ele. Leila conta que também teve de reduzir a lista de hortifruti que consome. O repolho, por exemplo, está custando, no estabelecimento onde o casal estava ontem, R$ 3,19 — em promoção, pode chegar a R$ 2,99. “Faz três meses que eu não compro. Ficou muito caro, e, quando o encontro, as folhas estão murchas e amarelas”, observou a aposentada.
No cultivo
Os prejuízos para quem vive do cultivo também são grandes. Alguns produtores estimam perda de até 70% da safra. Por isso, são obrigados a reajustar o que é aproveitável para tentar minimizar esse impacto. O agricultor Ricardo Airton Krewer, 37, conta que, na chácara dele, em Planaltina, as culturas mais atingidas pela variação climática foram as de pimentão, tomate e repolho. “Nos últimos meses, passamos de um período com dias de sol forte para outro com chuvas intensas. A plantação sofreu bastante”, contou.
Para exemplificar, Ricardo conta que a caixa com 20kg de tomate, normalmente vendida entre R$ 25 e R$ 40, chega hoje a R$ 100. Parte desse custo, ressalta o produtor Edson Luiz Bernardes Ferreira, 52, do Núcleo Rural do Torto, deve-se aos efeitos da chuva também nas rodovias. “A água acaba com as estradas, o que dificulta o transporte do pouco que sobrou.” Ele estima ter perdido entre 60% e 70% do que cultivou. O prejuízo só não foi maior porque, quando as chuvas se intensificaram, parte da produção já estava em fase de colheita. “O que tem ido para os supermercados é bem inferior ao que é vendido no resto do ano.”
Para aliviar o peso dos hortifruti no bolso, Wilder Santos, da Ceasa, sugere que os consumidores substituam os itens com maior aumento por outros mais em conta. “O ideal é pesquisar e trocar na hora de comprar”, disse. A empregada doméstica Domingas Soares, 47, segue o conselho à risca. “Não levo mais tomate nem cenoura: estão muito caros. Já vi produtos que, geralmente, não custam mais que R$ 4, o quilo, por R$ 7. É um absurdo. O jeito é não comprar agora e esperar o fim das chuvas, já que todo ano o episódio se repete”, resignou-se.
Bancos oficiais turbinam dívida federal
Valor Econômico
Turbinado principalmente pelos aportes ao BNDES nos últimos anos, o endividamento contraído pelo governo para reforçar as disponibilidades financeiras e a capacidade de crédito dos bancos oficiais responde por mais de um quinto da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna brasileira (DPMFi), cujo saldo fechou 2012 em R$ 1,916 trilhão. Dados do Banco Central mostram que, na mesma data, o estoque de créditos concedidos pelo governo a essas instituições somava R$ 406,93 bilhões.
Só em 2012, o valor deu um salto de 27,5%, aumentando R$ 87,78 bilhões, pois era de R$ 319,15 bilhões no fim de 2011. A ajuda aos bancos provoca impacto sobre a dívida pública porque, para poder aportar os recursos, o Tesouro emite títulos. Os recursos são entregues na forma de papéis da DPMFi, que podem ser negociados no mercado secundário, reforçando de imediato os ativos de maior liquidez das instituições.
O estoque informado pelo BC inclui apenas o que está classificado como créditos do governo às instituições financeiras oficiais e, portanto, não considera capitalizações propriamente ditas. Ou seja, deixa de fora o que o Tesouro injetou nos bancos para aumento de capital social.
Ultimamente, as capitalizações têm sido feitas com entrega de ações de outras empresas estatais, em vez de títulos públicos, como ocorreu recentemente em operação envolvendo entrega de ações da Petrobras à Caixa Econômica Federal. Porém, no passado, por várias vezes, principalmente nos anos 1990, o governo já se endividou também para capitalizar seus bancos.
Além dos valores originalmente emprestados, o saldo de quase R$ 407 bilhões apontado pelo BC considera juros e correção monetária ao longo dos anos. Mas a dívida que o Tesouro originalmente contraiu para poder emprestar aos bancos também foi corrigida.
Em uma década, o valor dos créditos em questão aumentou mais de 3.300%, pois eles eram de R$ 11,8 bilhões no fim de 2002. São hoje mais de 34 vezes o que eram naquela época, portanto. Medidos como proporção da dívida mobiliária federal interna também deram um salto enorme no período, de 2,1% para cerca de 21%.
A injeção de recursos públicos nos bancos oficiais na forma de créditos do Tesouro cresceu principalmente a partir do segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No fim de 2006, último ano do primeiro mandato, o saldo era de R$ 12,343 bilhões, montante então equivalente a 1,12% da DPMFi.
As injeções no BNDES são a principal origem dos quase R$ 407 bilhões apurados pelo BC. Os créditos do governo federal junto ao BNDES fecharam 2012 em R$ 371,673 bilhões, mais de 31 vezes o que eram no fim de 2002 (R$ 11,8 bilhões). Do início de 2003 até fim de 2006, quando atingiram R$ 9,953 bilhões, se reduziram. Mas voltaram a aumentar a partir de 2008 e, desde então, têm dado um salto todos os anos.
Outros bancos também foram beneficiados. Só em 2012, por exemplo, a Caixa Econômica Federal recebeu R$ 13 bilhões e o Banco do Brasil, R$ 8,1 bilhões, por determinação de uma medida provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff em setembro. Os recursos foram contratados na forma de Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD), dívidas sem prazo definido de vencimento, para que pudessem ser considerados no patrimônio de referência (PR) e aumentar a capacidade dos dois bancos de conceder empréstimos e financiamentos. É com base no PR que são definidos os limites operacionais das instituições financeiras no Brasil.
As operações envolvendo IHCD respondiam, no fim de 2012, pelos R$ 35,26 bilhões restantes do total de quase R$ 407 bilhões de créditos do governo junto aos bancos federais. Nem BC nem Tesouro Nacional informaram a cifra discriminada por banco. Os últimos balanços publicados indicam que, pelo menos em setembro, o montante estava concentrado basicamente na Caixa e no Banco do Brasil.
Com o reforço ordenado pela MP nº 581, o saldo dos IHCD envolvendo Tesouro e Caixa, que já tinha recebido recursos dessa forma antes, alcançou R$ 27,8 bilhões em setembro. No balanço do BB, também já apareciam, na mesma data, os R$ 8,1 bilhões autorizados na MP. Havia ainda cerca de R$ 1 bilhão classificado dessa forma no balanço do Banco do Nordeste (BNB) por conta de um aporte feito em 2010.
FMI elogia ação do BC para esfriar a economia
O Estado de S. Paulo
Estudo do Fundo avalia que Brasil fez uso “adequado” das medidas macroprudenciais, que reduziram ritmo do crédito entre 2010 e 2011. A crise financeira global levou muitos países a usarem a política monetária para estimular a economia, normalmente baixando juros. Alguns desses países, como o Brasil, tiveram de usar em paralelo políticas macroprudenciais para corrigir certas distorções. Uma equipe de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um estudo ontem que conclui que a interação entre essas duas políticas ainda não é clara.
O FMI considera que o Brasil usou de forma “apropriada” política monetária e medidas macroprudenciais em 2010/2011. Naquele período, preocupado com um possível superaquecimento da economia, o governo passou a tentar restringir o crescimento do crédito. Com isso, exigiu dos bancos reservas maiores de capital para determinadas linhas de empréstimo, como financiamento a veículos e consignado. Os economistas do Fundo destacam, ao estudar o caso brasileiro, que o País conseguiu naquele momento estabilidade de preços e financeira.
Apesar de considerar essas medidas apropriadas no exemplo brasileiro, o FMI destaca que precisaria de mais evidências e mais estudos para chegar a conclusões sobre a interação entre política monetária e medidas macroprudenciais. O número de países que adotaram ambas as políticas em paralelo e com metas claras ainda é limitado. Além do Brasil, o relatório cita alguns outros, como Israel, Polônia, Turquia, Suécia e Coreia do Sul. Sabendo melhor como elas interagem, o Fundo poderia fazer recomendações de adoção dessas políticas.
Se de um lado muito se conhece sobre a política monetária e seus efeitos na economia, de outro, pouco se sabe das políticas macroprudenciais, ressalta o estudo do FMI. “O conhecimento da eficácia de medidas macroprudenciais não se compara ao da política monetária, limitando o que pode ser conhecido sobre a interação entre essas duas políticas”, conclui o estudo do FMI. Mundo ideal. No mundo ideal, o estudo do FMI destaca que a política monetária deve garantir a estabilidade de preços, enquanto medidas macroprudenciais devem minar potenciais fontes de instabilidade financeira. Mas, na prática, isso nem sempre é possível e uma dessas políticas pode ter duplo objetivo.
Os governos podem ter dificuldades em encontrar os alvos certos para a política macroprudencial, pois o conhecimento é limitado e as instituições, imperfeitas. Assim, podem falhar em evitar as instabilidade financeira. Por isso, a política monetária acaba sendo usada, em alguns casos, para conseguir essa estabilidade. Para elaborar o relatório, os economistas do FMI estudaram casos específicos da adoção das duas políticas, no período de 2000 a 2011. Além do Brasil, outros países, como Turquia, Coreia e mercados da Europa, foram avaliados.
No caso dos Estados Unidos, em 2007, ou seja, pouco antes do estouro da maior crise desde 1929, o Fundo Monetário especula se uma política monetária frouxa, com juros muito baixos, e a falta de adoção de políticas macroprudenciais naquele ano, ajudaram a reduzir a estabilidade do setor financeiro.
Remédio antibolha
As medidas macroprudenciais são adotadas por bancos centrais para evitar uma expansão inadequada dos empréstimos. No Brasil, atingiram principalmente o mercado de veículos.